Confissões De Uma Adolescente escrita por Beatriz
Notas iniciais do capítulo
Volteeeeeei! Sei que demorei DEMAIS e com isso perdi algumas leitoras, mas espero em breve recuperá-las. A criatividade estava em falta aqui e também estou me dedicando a outra fic, então foram esses alguns dos motivos. Aconselho que vocês leiam o penúltimo capítulo antes de começar esse, para lembrar dos acontecimentos.
Subi para o meu quarto e fui correndo chamar o Lucas no Skype pra contar pra ele sobre o meu fim de semana e minha nova vida. Logo que contei ele começou um discurso sobre eu estar louca de sair com um garoto (Nicolas) que eu mal conhecia e ainda ter ficado bêbada com ele. Lucas dissera que essa não era a Caroline que ele conhecia e que eu tinha decepcionado ele. Nunca fora minha intenção decepcionar meu melhor amigo, eu só queria contar que estou conseguindo me divertir e queria que ele tivesse me apoiado e ficado feliz por mim, mas não foi isso que aconteceu. Eu jamais tinha tido oportunidade de viver minha adolescência, sair, beber, rir, como outra adolescente qualquer e agora estava conseguindo me soltar um pouco, deixar de lado a insegurança. Talvez o Lucas tivesse feito drama ou tido um pouco de ciúmes do Nicolas.
Desliguei o skype porque se não nós íamos brigar e eu não queria isso. Coloquei meu pijama e fiquei desenhando até pegar no sono. Desenhar era o meu robby, e quase ninguém sabia disso, exceto o Lucas. Ele já tinha visto alguns dos meus desenhos, mas só alguns, porque eu não gostava de dividí-los nem mostrá-los para ninguém. Era uma coisa muito pessoal.
No outro dia acordei com um barulho infernal vindo lá debaixo e desci para ver o que era. Parei na metade da escada quando avistei minha mãe e minha irmã brigando. Gritavam alto demais, e minha mãe dava uns tapas na Ju. Eu já estava acostumada a ver essa cena, e sinceramente já não aguentava mais. Continuei a descer as escadas sem que elas percebessem a minha presença e continuassem a gritar e se bater.
-Vocês estão loucas? Querem se matar? -Gritei já na sala.
-Sai daqui Caroline, se não vai sobrar pra você, não se mete! -Minha mãe respondeu gritando.
-Parem, parem vocês duas! Eu já to cansada de ver essa palhaçada toda semana. É você dando seu showzinho de loucura e eu e minha irmã sempre levando a culpa. Chega! -Bati a mão na porta como se quisesse colocar ordem e comecei a chorar.
-Para, mãe. Sai daqui! -Minha irmã gritava empurrando minha mãe. -Carol, tá tudo bem. Já passou. -Ela veio em minha direção e me abraçou.
Aquele abraço era tão acolhedor, tão "everythings gonna be alright"... Continuei a chorar, simplesmente não conseguia parar.
-Vem, vamos subir. Para de chorar, por favor. -A Ju me dizia enquanto me levava para o quarto.
Eu só conseguia chorar e pensar em quanto eu tinha uma irmã tão linda, carinhosa, e eu quase nunca dava valor a isso. Sentamos na cama, ainda abraçadas e ela começou a chorar também.
-Para, por favor, eu imploro. Já tá tudo bem. Te ver chorar dói em mim, Carol. -Ela falava pra mim.
-Eu não consigo. -Falava entre soluços. Tá doendo demais.
-O que tá doendo?
-Tudo, o coração, o corpo, tudo.
-Como assim? Fala pra mim, Carol. Guardar só vai piorar as coisas, eu tô aqui.
Pobre Ju, nem imaginava sobre meus cortes, crises etc.
-Sabe, as coisas não andam fáceis para mim... Na verdade, nunca foram.
-Sobre o que você está falando? -A Ju perguntou assustada.
-Sobre isso. -Levantei minhas mangas da blusa e tirei minhas meias. Meus pulsos, ah o que dizer... Eles estavam cheios de cicatrizes e marcas de sangue, o que significava que não havia muito tempo que eu tinha me cortado. Meus pés, ah o que dizer... Cheios de cicatrizes, CHEIOS. Eu tinha escrito com lâminas "help me" e outras frases de ajuda e auto-controle, essas coisas. Na hora em que a Ju viu ela fez uma cara muito assustada e começou a desabar em lágrimas.
-O que é isso, Caroline? Não me diga... Não, eu não posso estar vendo isso. -Ela dizia chorando e olhando fixamente para os cortes.
-Sim, cortes. E eles estão aí faz um bom tempo, nunca desaparecem, mas surgem outros por cima e do lado deles. -Eu falei fria.
-Caroline, você se corta? Como assim? Por que? Eu nunca pude imaginar.
-Faz três anos que eu me corto, e é claro, ninguém imagina. É por isso que em dias de calor eu estou de blusa, meia e tênis, pra que ninguém perceba... -Respondi e abaixei a cabeça.
-Você precisa de ajuda, meu Deus! Eu não sei o que fazer, jamais pensei que...
-Você jamais pensou que eu pudesse fazer esse tipo de coisas. Eu sei. -Interrompi ela, completando a frase.
Expliquei pra ela tudo que eu passava, sentia etc e nós choramos e conversamos mais e mais.
-Vamos descer e vamos contar isso pra mãe agora. -A Ju disse num tom sério.
-O que? Você acha que eu estou louca? NUNCA! Ela não vai saber de nada, Juliana, nada.
-Ela tem que saber, você precisa de ajuda. Não sei qual tipo de ajuda, mas você precisa.
-Ela vai querer me bater, vai me chamar de louca, dizer que eu não tenho motivos pra isso e vai querer me internar. Eu já até sei.
-Foda-se o que ela disser, vamos descer agora. -Ela disse me levantando da cama e indo em direção a porta.
Descemos e minha mãe estava sentada no sofá como se nada tivesse acontecido. Aparentava calma, assistindo tv e comendo pipoca. Ela tinha essas crises de loucura as vezes, então já tinha acostumado e provavelmente ela já estaria calma, se eu bem a conhecia.
-Mãe, temos que falar com você. -A Juliana disse num tom suave enquanto segurava minha mão.
-O que foi? -Minha mãe perguntou calma também.
-Sabe... -Nós sentamos no sofá de frente para ela. -A Carol está tendo vários problemas, e eles não vem de ontem. Faz um tempo, e são problemas sérios, que requerem ajuda.
-Que tipo de problemas? -Ela deu ênfase na palavra "problemas".
-Auto-mutilação e bulimia. -Minha irmã respondeu seca enquanto eu estava de cabeça baixa sem dizer nenhuma palavra.
-O QUE? -Minha mãe perguntou assustada.
-É, e eu só fui descobrir hoje. Na verdade, ela mesma me contou na hora em que subimos para o quarto.
Dito e feito. Minha mãe começou a fazer o discurso hipócrita e desnecessário dela, dizendo que eu não tinha motivos, me chamando de louca e tudo aquilo. Todas aquelas palavras só me machucavam mais e mais.
-Chega, mãe! Ela precisa de ajuda, e não críticas e essas palavras insensíveis. -A Ju falou séria.
-Ok. Eu quero ouvir da boca dela.
-Anda, Carol. Diz logo. -A Juliana me cutucou.
-Eu sofro de auto-mutilação, bulimia e crises de bipolaridade já faz três anos. -Eu disse seca e encarando minha mãe.
-E...? -A Ju disse como se faltasse eu dizer algo.
-E eu preciso de ajuda. -Completei.
Ficamos conversando sobre aquilo por mais umas duas horas seguidas, eu chorei, minha irmã chorou, até minha mãe. Por mais impossível que isso parecesse.
-Então ficou resolvido que amanhã eu vou marcar psicólogo e psiquiatra pra você e depois veremos se precisaremos tomar outras providências mais sérias. -Minha mãe disse olhando pra mim.
-Eu quero que você pare. Segure até quando conseguir, e quando der vontade de se cortar, me chama, me liga, sei lá. Eu vou correndo te ajudar, eu prometo. -Minha irmã me prometeu.
Resolvemos tudo e eu subi para o meu quarto. Troquei sms com o Nicolas e marcamos de nos encontrar no dia seguinte. Chamei o Lucas no skype, ele estava online, mas nada de responder, então deixei quieto. Tomei meu banho e fiquei refletindo sobre o que tinha acontecido. Por três anos eu escondi meus problemas de todos, fingi que estava feliz, me escondi por trás de sorrisos falsos, e hoje em questão de cinco horas revelei tudo. Todos os meus problemas, tudo que estava guardando só pra mim. Isso era estranho.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Até breve, eu juro! Hehuehuhe, bjs :)