Confissões De Uma Adolescente escrita por Beatriz


Capítulo 7
Confusões


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Fiquei pensando mais um pouco sobre tudo aquilo, depois coloquei meu fone de ouvido e peguei no sono. No outro dia acordei com o sol quente batendo nas minhas pernas através da cortina. Olhei para o despertador e vi que eram quase oito da manhã. Estranho... Por que eu teria acordado naquele horário? Sempre dormi até tarde, vai entender! Não estava com sono então levantei, fiz minha higiene, arrumei meu cabelo que por sinal estava um caos, me troquei e desci pra tomar café.

-Bom dia! -Meus pais disseram em conjunto, ambos sorrindo.

-Bom dia! -Respondi na mesma empolgação enquanto passava geleia em uma torrada.

-Então filha, fui até a escola hoje e fiz sua matrícula. Suas aulas começam na semana que vem. -Minha mãe disse calma.

-Ok, vou ver se saio pra comprar meu material hoje mesmo ou amanhã.

-Se você quiser eu posso ir com você, ou te dar um dinheiro... -Minha mãe argumentou insegura.

-Olha mãe, eu realmente ia ficar feliz de você ir junto mas é que combinei de sair com um amigo meu, então já aproveito e passo na papelaria pra comprar os materiais. -Sorri esperando que ela entendesse e não ficasse zangada comigo.

-Tudo bem, mas fica com o dinheiro. -Ela respondeu calma e colocando a mão no bolso, logo em seguida tirou uma nota de cinquenta reais e me entregou.

-Cinquenta? -Perguntei assustada. -Não vou gastar nem vinte. Obrigada, mas pode ficar. -Eu estendi a mão devolvendo o dinheiro.

-Fica com ele. -Minha mãe empurrou minha mão delicadamente. -Se não gastar no material, gasta em outra coisa, eu não me importo.

Uau! Minha mãe estava sendo carinhosa, gentil e caridosa comigo. Ela nunca fora assim...

-Bom, já que você insiste eu fico com ele, obrigada. -Sorri. -Agora tenho que ir, não sei que horas volto pra casa, mas pode ir trabalhar sossegada, tanto você quanto o papai. Qualquer coisa eu aviso a Ju. -Levantei, dei um beijo na bochecha dos meus pais e sai.

O que eu tinha acabado de fazer fora sem sentido. Eu não deveria ter saído de casa, não tinha marcado de me encontrar com ninguém, ainda eram nove da manhã. Estava meio sem rumo, sem saber para onde ir quando lembrei que havia um parque um pouco mais adiante, então fui até lá. Fiquei um tempo sentanda num banco pensando na vida e vendo algumas famílias se divertindo. Uma mãe, um pai e duas meninas pequenas que aparentavam ter de cinco a sete anos. Logo me lembrou minha família, pena que nós não saímos para lugar nenhum e nem éramos tão unidos. Meus pais sempre trabalharam muito  para nos sustentar então digamos que eles foram ausentes a minha infância toda, e a da minha irmã também.

Observando aquela cena me deu vontade de chorar, mas eu segurei. Era como nos filmes, uma família perfeita, fazendo pique-nique e brincando num dia de sol no parque. Eu sempre sonhei com aquilo quando era pequena, mas nunca tive. O tempo passou e eu nem havia percebido, olhei para a tela do meu celular e vi dez horas. Resolvi ligar pro Nicolas. Chamou, chamou, chamou e quando eu ia desligar alguém atendeu. Uma voz feminina e que eu não conhecia.

-Alô? -Ela disse do outro lado da linha com uma voz sonolenta.

-Alô, é do celular do Nicolas?

-É sim, mas ele tá dormindo. Quem é?

-É a Carol, mas deixa, não precisa acordar ele não, só diz que eu liguei por favor.

-Ta Carol, eu digo sim. Tchau.

Quem seria aquela menina que atendeu? E o que ela estaria fazendo com celular do Nicolas? Não sei. Decidi voltar pra casa já que não teria mais sentido eu ficar sozinha naquele parque.

Voltei e fiquei assistindo tv quando a Ju chegou.

-Oieeee!!! -Ela disse animada se jogando no sofá comigo.

-Nossa, por que toda essa animação?

-Acho que as coisas finalmente estão começando a dar certo. Eu e o João estamos ficando faz três meses e ele me disse que tem uma surpresa pra mim. Acho que é um pedido de namoro porque nós estávamos no shopping até agora e ele quis passar em várias lojas de joias e ficou olhando as alianças. Perguntou qual eu gostava mais, qual era o tamanho do meu dedo... É bem provável que seja isso e eu to feliz e ansiosa. -Ela sorriu de orelha a orelha.

-Poxa, que bom! Espero que seja também, o João é uma boa pessoa e nossa família gosta dele.

-É sim. Mas e você, mocinha? -A Ju me cutucou. -Nada de se apaixonar?

-Ah, eu não sei. Eu e o Nicolas estamos bem próximos, BEM próximos mesmo, mas eu não sei se quero.

-Não é você que escolhe...

-Sei disso, mas se eu puder evitar vai ser melhor. Acho que sinto alguma coisa por ele, mas é coisa pequena e que consigo disfarçar. Quando ele me liga e me chama pra sair eu fico animada, e quando estou com ele parece que tudo fica bem.

-Hmmm -Ela brincou. -Acho que isso pode ser o surgimento de uma paixão....

-Sei lá! -Eu respondi erguendo as mãos como se eu não me responsabilizasse.

Ficamos conversando e depois fomos pra cozinha fazer o almoço. Eu cozinhei então a louça era dela. Tínhamos feito esse trato. Mais tarde enquanto eu estava no meu quarto desenhando escutei a Juliana gritar meu nome. Desci e vi que ela estava com a porta principal meio aberta e estava do lado de fora conversando com alguém.

-Ju? O que foi? -Perguntei chamando a atenção dela para mim.

-Ah, o Nicolas tá aqui. Entra, Nicolas. -Ela disse abrindo a porta e em seguida ele entrou.

-Oi Carol. -Ele me deu um beijo na bochecha. -Desculpa vir sem avisar, é que estou sem créditos e não deu pra te ligar, mas a Vanessa disse que você ligou. Aí vim pra cá direto.

Então era Vanessa o nome daquela garota...

-Pois é, liguei.  Eu sai de casa mas não tinha nada pra fazer, ai achei que você já estava acordado, desculpa.

-Tudo bem, eu dormi demais mesmo.

-É... gente, eu vou subir pro meu quarto, tá? Qualquer coisa me grita. -A Ju avisou se retirando da sala.

-Então, vamos? -O Nick perguntou.

-Vamos? Onde?

-Ué, não tínhamos marcado de sair? Não sei pra onde, mas é bem mais interessante sair do que ficar mofando em casa, garanto!

-Ah sim sim, esqueci do combinado. Vamos. -Sorri e gritei a Ju que eu estava saindo.

Estávamos caminhando pela rua e o sol estava quente demais. Fiz um coque e amarrei meu casaco na cintura.

-Tenho que passar na casa de uma amiga minha, mas é só pra pegar uma apostila que eu esqueci lá. Tudo bem se nós formos agora? -Nicolas perguntou.

-Por mim tudo bem. Tenho que comprar meu material escolar e acho que vou fazer isso hoje. Depois da sua amiga nós passamos na papelaria.

-Você já se matriculou. Quando começam as suas aulas?

-Semana que vem. Na segunda.

-As minhas também. Em qual escola?

-Ixi, não tenho certeza porque minha mãe que foi me matricular mas acho que foi na "Mackenzie Thors".

-Sério? Se for lá nós vamos nos ver todos os dias, eu estudo lá.

-Nossa, que legal. -Nós sorrimos e continuamos a andar.

Depois de um tempo paramos em frente a uma pequena casa mas com uma boa aparência. O jardim depois da calçada era bem cuidado e a grama brilhava.

-Babi! -O Nicolas gritou e bateu palmas.

Não demorou muito uma menina bonita e não tão alta, com um shorts jeans e uma camiseta regata apareceu na porta. Provavelmente era a tal "Babi".

-Oi Nick! -Ela acenou e sorriu vindo em nossa direção. Depois abriu o portão e nós ficamos no jardim.

-Tudo bem? -O Nicolas perguntou beijando a bochecha dela.

-Tudo e com você? Quem é essa?

-Ah, essa é a Caroline. Ela é nova aqui na cidade e minha vizinha.

-Hm, oi Caroline. Sou a Bárbara, mas me chame de Babi, por favor. -Ela disse simpática e me deu um beijo na bochecha.

-Oi Babi. Me chama de Carol, acho melhor e mais fácil. -Nós sorrimos.

-Então... -Ela se direcionou ao Nick. -O que trouxe vocês até a minha casa?

-A minha apostila que você pegou emprestada e até hoje não devolveu, lembra?

-Foi semana passada, eu ia devolver no primeiro dia de aula se a gente não se visse antes.

-Relaxa, mas vir buscá-la mesmo.

-Tá, entra ai vocês dois. Eu vou pegar. -Babi disse subindo as escadas de dois em dois degraus.

Eu e o Nick ficamos conversando até ela descer.

-Desculpa pela demora, não estava achando. -A Babi disse entregando a apostila nas mãos do Nicolas.

-Valeu.

-Babi, será que posso beber água? -Eu perguntei tímida.

-Claro que pode, é o terceiro corredor, você vira na primeira porta e depois vira a esquerda.

A casa dela era um labirinto???

-Ela não vai saber  chegar até lá, Bárbara. Sua casa é grande e confusa demais. -O Nicolas reclamou.

-Não, então tudo bem. Quando formos embora eu passo em algum lugar e compro uma garrafinha. -Eu disse não querendo incomodar.

-Magina! -Babi sorriu. -Aqui tem água e é claro que jamais vou negar a ninguém. Vamos lá, eu vou com você até a cozinha.

-Vou ficar esperando aqui e depois nós vamos, tá Carol? -Nick perguntou enquanto sentava no sofá.

-Tá. -Respondi e fui seguindo a Babi até a cozinha.

-Aqui está. -Ela parou na frente da porta da cozinha a apontou.

-Ela é linda, sua casa é linda. -Eu elogiei.

-Não mais linda que você. -Ela deixou escapar.

Fiquei vermelha e olhei pra baixo.

-Sem copo você não vai beber água, certo? -A Babi fez a piada e riu tentando espantar o clima chato que ela tinha criado.

-É, não! -Rimos.

Ela se levantou na ponta dos pés, abriu um pequeno armário e me deu um copo. Eu me virei de costas para ela pra poder encher o copo com água quando senti duas mãos pegando levemente na minha cintura. Fiquei assustada. Antes que eu me virasse ou tivesse alguma reação, ela disse.

-Você tem uma ótima cintura e uma bunda grande. Isso é excitante. -Babi disse no pé do meu ouvido ainda segurando na minha cintura.

Aquelas palavras tinham me deixado, digamos, com tesão. Mas espera aí. Eu não era lésbica, de jeito nenhum. Como poderia ter ficado com tesão com o que uma GAROTA me disse? Eu estava sem reação. Virei para ela e nós ficamos cara a cara, quase nos beijando.

-Ba-Babi... -Eu gaguejei e ela se afastou.

-Desculpa. -Ela respondeu numa boa. -Eu curto meninas e não sei sobre você, mas o que eu disse é realmente verdade.

-Ahn... obrigada?! -Perguntei sem jeito.

-Acho que sim, afinal foi um elogio. -Nós rimos e voltamos para  sala como se nada tivesse acontecido


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Notas finais do capítulo

Voltei e agora é oficial rs! xx