Capítulo 4

Ao chegarmos no apartamento, depositei todas as sacolas que carregava na cozinha. Eu agora precisava relaxar. Fui em direção banheiro com a intenção de tomar um longo e relaxante banho. Sabia que não demoraria muito mais para Edward explodir. Enchi a banheira, tirei minhas roupas e entrei.

Podia escutar ao longe que ele mexia na cozinha, imagino eu que guardando tudo em seu devido lugar. Tentei me desligar de qualquer barulho.

...

Acordei e rapidamente percebi que eu não estava onde eu pensava que estava. Lembro-me de estar na banheira, mas agora me encontrava-me nua em minha cama, enrolada pelo edredom. Já passava das 4 p.m e eu só escutava o ruído do movimento da cidade. Estava sozinha na cama. Levantei-me e vesti uma roupa qualquer já pensando em algo para comer.

Não percebi sua presença em lugar algum pelos quais passei. Fui para a cozinha e comecei a procurar os ingredientes necessários para um lanche rápido. Após tudo pronto pus tudo em uma bandeja e me dirigi para a sala, parando de uma vez ao vê-lo deitando, olhando para o teto, parecendo concentrado em algo que saía de seus fones de ouvido. Não querendo atrapalhar, fui dando meia volta, porém logo sua voz me fez parar.

- Fique.

Movi-me em direção a mesa de centro que ficava na sala. Ela era baixa, então coloquei a bandeja sobre a mesa e sentei-me no chão.

- Já comeu alguma coisa? – perguntei enquanto encarava meu prato. Droga, isso estava ficando desconfortável.

- Já.

Comecei a comer, mas passei a me sentir mal pela nossa situação atual, então tentei quebrar o gelo, tentando uma conversa qualquer.

- Eu pensei que você não estivesse em casa. Tudo estava tão silencioso.

- Hum, eu não saí daqui. Apenas estava concentrado demais.

- Hum... posso saber o que você estava escutando? – sério que eu estou ficando envergonhada por isso?

- Algumas músicas novas dos garotos. Eles me passaram ontem, mas só me lembrei delas há pouco.

- Hum – foi o que me limitei a falar.

Estava um clima bastante embaraçoso entre nós, então, após terminar de comer resolvi me retirar para lavar a louça que sujei.  Voltei à cozinha e logo comecei meu serviço.

- Acho que precisamos conversar. – sua voz me tirou dos meus devaneios.

- Amor, eu sei que tenho sido uma bitch contigo, mas eu realmente não sei o que acontece. Tenho me sentido tão exausta, tão cansada, tão... não sei. Esses dias todos indo pra cima e pra baixo, encarando todo tipo de pergunta e não dormindo bem. E nem me alimentar direito tenho conseguido. Meu apetite está uma coisa louca, eu tenho estado completamente...

- Isabella, respire, ok? – assenti – Não estou brigando contigo, apenas gostaria de saber o que tem acontecido. Mas se você está somente cansada, use esses dias para relaxar, amor. Você realmente está precisando. Eu te encontrei praticamente desmaiada na banheira. – ele se aproximou e me abraçou. Dei-lhe um beijo estalado no peito.

- Obrigada por isso, por ter me retirado de lá. Acho que estaria dormindo lá até agora, se você não tivesse me colocado na cama. Provavelmente estaria doente agora mesmo – dei um leve sorriso, percebendo o clima voltar ao normal.

Passamos o restante do dia escutando as músicas de nossos amigos, assistindo um pouco de TV e conversando amenidades. Fomos nos deitar cedo, pois estávamos cansados e, a partir do próximo dia, gostaríamos de começar a matar as saudades de nossos amigos e familiares de Edward em Londres.

...

Dia 18 de novembro

Acordamos cedo hoje. Havíamos combinado de tomarmos café da manhã na casa dos pais de Edward. Agora mesmo estávamos chegando lá. Saímos do carro e demos as mãos. Eu amava esse poder que Londres tinha de me fazer sentir tão à vontade com meu namorado. Ele tocou a campainha e esperávamos ansiosamente a porta ser aberta por... Lizzy. Ela pareceu bastante surpresa em nos ver e quando encarou o irmão logo deu um grande sorriso, abrindo a porta e nos deixando passar.

- Que saudade de você, Ed. – ela o puxou para um abraço bastante apertado. Logo o soltou e olhou para mim, veio em minha direção e deu-me um abraço bastante tímido.

- Olá, Bella. Eu acabei de viagem e não imaginava encontrá-los por aqui. Soube que a Premiere foi um arraso. Parabéns aos dois. Prometo ir em breve assistir ao filme.

Agradecemos e Edward foi logo querendo saber sobre a viagem da irmã. Logo os outros Cullen foram chegando à sala, onde nos encontrávamos. Clare e Richard nos cumprimentaram, informando que estávamos apenas esperando que Victória e Daniel chegassem para podermos desfrutar do maravilhoso café da manhã ao estilo inglês, preparado por minha sogra.

Claro que, após a chegada da irmã mais velha de Edward e seu noivo, Richard e Clare não perderam tempo em enchê-los de pressão a respeito do casamento que nunca saía e do neto que nunca chegava. Essa conversa vinha fazendo sentir-me desconfortável nos últimos tempos. E pior, essa era a primeira vez que estávamos com todos os Cullen reunidos depois do maldito mês de julho.

- Eu só acho que vocês estão nos enrolando. Daniel, você tirou nossa filha de casa e não está honrando seu compromisso como homem. – falava minha sogra, ralhando com Daniel, mas claramente brincando. Eu acho!

- Mãe, por favor, a senhora sabe muito bem que não é como se Victoria fosse realmente uma donzela virgem em perigo. Garanto que quando Daniel a levou daqui ele já havia enfiado o...

- EDWARD – Victoria gritava enquanto dava uma tapa na cabeça do irmão – cale sua maldita boca. – Edward engasgou de tanto rir. – E mamãe, por favor, seja mais razoável. Estamos vendo qual seria um bom momento para nos casarmos e...

- Vocês procuram o momento perfeito há pelo menos 4 anos – agora Richard Cullen falava.

Daniel não parecia realmente incomodado, ele ria e entrava no meio daquilo que eu achava ser brincadeira. Eu realmente estava me sentindo um tanto constrangida com o assunto. Permaneci calada, apenas observando tudo o que ocorria. Perdi uma parte da conversa enquanto estava envolvida com meus pensamentos, até que as gargalhadas me fizeram prestar atenção novamente.

- ... e eu me lembro bem do seu desespero quando era mais nova, Vic, então pare de fingir que não está desesperada para casar. – era Lizzy quem falava.

- E no seu lugar eu calava a boca, Liz. Você está mais do que atrasada aqui. Até o Edward já está quase casado – fiquei tensa com o rumo da conversa – e você... tsc tsc... absolutamente sozinha.- revidou Vic.

- Como assim, ‘até o Edward’? O que exatamente você quis dizer com isso? – agora era meu namorado que encarava a irmã mais velha – Na minha cama nunca faltou mulher.

Todos riram, inclusive meu namorado. E todos falaram algo como ‘ah, tá bom!’ , ‘ok!’, ‘até parece!’. Ele então resolveu continuar.

- Certo, eu nunca fui mesmo um cara de muitas mulheres, mas as que estiveram em minha cama, acreditem, jamais me esqueceram. Não é verdade, amor? – ele agora me olhava.

- Não sei, eu não sou uma das que estiveram em sua cama, sweetie, pois eu permaneço nela. – dei um piscadinha para ele. – E sim, você é inesquecível – falei revirando os olhos, porém ganhando um selinho.

- Vocês podem perceber como essa garota está completamente vulnerável ao meu charme? – ele voltou a falar com a família.

- Então deem vocês o neto que a mamãe tanto quer. – Victoria falou de uma vez, ainda rindo. Tenho certeza de que comecei a ficar roxa.

- Acreditem, eu tenho praticado bastante. – Ed falou engraçado.

- Pelo amor de Deus, de novo não. Será que não há nada não sexual na sua boca? – perguntei-lhe. Ele se aproximou mais de mim, mas manteve a voz no mesmo nível.

- Amor, você sabe bem o quanto minha boca pode ser sexual. – tenho certeza que arregalei os olhos e fiquei roxa, agora.

Todos riam de nós dois.

- Filho, não deixe Isabella constrangida. Não devemos fazer isso com uma mulher – defendeu-me meu sogro, sempre muito educado.

- Ela já deveria ter se acostumado, isso sim.

E foi em meio a conversas animadas que nossa manhã foi passando. Aos poucos senti a tensão se esvaindo de meu corpo. Quando o horário do almoço foi se aproximando, resolvemos ir embora. Os pais de Edward ainda tentaram nos convencer a ficar com eles para a refeição, mas nós resolvemos voltar para nossa casa, prometendo voltarmos para mais visitas antes de irmos embora de Londres.