Vida De Monstro - Livro Três - A Guerra escrita por Mateus Kamui


Capítulo 9
IX - Will


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo fresquinho para todos, primeiro capitulo do Will após seu retorno e o começo do confronto com os deuses



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IX – Will

Quando atravessamos o portal não encontramos deus algum então tivemos que começar uma longa busca atrás de qualquer mínima informação. Deive disse que a melhor escolha no momento seria ir atrás da mina de seu pai, o mestre anão deveria saber de informações preciosas. Então partimos e já caminhávamos a mais de um dia quando avistei.

Devo dizer que fiquei realmente surpreso ao avistar em primeira mão uma mina anã. Por fora lembrava apenas uma montanha como qualquer outra, mas quando se dizia as palavras corretas a entrada se revelava e ai sim você entendia o que havia de grandioso ali.

A parte interna da montanha era um amontoado de túneis que lembrava Edoras, a terra dos elfos da noite, e sabia que a “chefe” teve a mesma impressão. Mas diferente do mundo dos elfos da noite aquele local era totalmente iluminado por centenas de lâmpadas incandescentes e haviam trilhos espalhados pelo chão onde anões passavam levando carrinhos de mineração recheados de pedras e cascalhos.

Não importava onde estávamos havia sempre um anão negro minerando as paredes da mina, mas só depois percebemos que aquela era a primeira parte da mina, a parte superior.

No subterrâneo da mina era que ficava a casa dos anões e era essa a parte realmente surpreendente. Em um momento estávamos em algo que era uma mina como qualquer outra e no outro momento parecíamos ter entrado dentro de um castelo. Imensos corredores esculpidos na própria pedra se revelavam a nossa frente, todos cheios de colunas recheadas de desenhos de criaturas místicas e de runas anões, cada corredor daquele comportava facilmente quarenta pessoas uma ao lado da outra e ainda sobrava um bom espaço.

Andamos por mais bons minutos até sairmos do corredor onde estávamos e chegarmos a outro corredor tão largo quanto o anterior e andamos por mais longos minutos até que finalmente paramos em frente a uma enorme porta com mais de oito metros de altura e cinco de comprimento, não havia desenho algum na porta, ela era apenas um pedaço de pedra gigantesca que se movia, ou pelo menos eu penso que se move mesmo que seja difícil mover algo que tinha algumas toneladas:

-Só seremos capazes de entrar se algum de nós mexer a porta – disse Deive se sentando no chão – E isso pode demorar

-Você me subestima estimado pupilo de mestre anão – falei me aproximando da porta e dando um soco em cada porta fazendo com que elas se abrissem

-Você é bastante forte demônio

-Talvez, ou essas portas é que são mais leves do que pensei

-Todos dizem isso

Nosso quinteto adentrou a sala que havia após o salão e devo dizer que os boatos sobre a excelente hospitalidade dos anões era muito real.

Assim que pisamos dentro do local cinco anões vieram até nós e nos levaram para se sentar em confortáveis cadeiras de carvalho com almofadas de penas de gansos. Em poucos segundos mais de cinqüenta pratos diferentes foram postos à nossa frente junto de vinte garrafas cheias de cerveja.

Aquilo lembrava o banquete entregue pelo rei Oberon no nosso último dia em Arcádia, mas aquele parecia mais grandioso de alguma maneira.

Ninguém comeu muito com exceção da “chefe” e de Deive que pareciam famintos, pois só faltaram comer a mesa, os pratos e talheres. Posso não ter comigo tanto quanto eles, mas aproveitei o máximo possível a excelente cerveja que ali foi servida, era simplesmente a melhor cerveja que já tive o prazer de provar:

-Espero que estejam aproveitando o máximo possível – disse alguém entrando no recinto

Ele era um homem de um metro e dez, cabelos e barbas negras que batiam um pouco abaixo da sua cintura, ele vestia uma armadura completa com exceção do elmo que trazia na mão e nas suas costas ele trazia um martelo de guerra maior até mesmo do que eu. Seu rosto era quadrado, com orelhas pequenas, nariz largo e achatado, além de ter olhos castanho escuros. Partes da armadura e do martelo eram adornados com as runas anões:

-Eu sou Kili, filho de Fili e pai de Deive, mestre anão das colinas de ferro e das montanhas azuis

-É um prazer conhecê-lo honorável mestre anão – disse andando em direção ao mestre anão e me ajoelhei a sua frente – Eu, William Maquiavel, filho do lorde Byron Maquiavel, venho a sua presença me busca de informações sábio mestre

-Sei de sua urgência em conseguir as informações que anseia príncipe do inferno, meu filho em informou tudo, mas no momento eu gostaria de festejar um pouco

-E não o culpo por isso grande mestre anão

O mestre anão se sentou em uma das cadeiras e agarrou um porco banhado e recheado com mel e um tipo de gordura vegetal e começou a comer em largas mordidas. Passamos mais quarenta minutos no banquete improvisado e então o mestre anão limpou sua boca e barba engorduras e cheias de cerveja em um pano que lhe foi entregue:

-Pronto – disse o mestre Kili batendo na sua barriga – Agora pode começar suas devidas perguntas príncipe

-Só gostaria de saber a localização do deus Odin sábio mestre anão – disse bebendo mais um gole de cerveja

-O deus nórdico maldito – o mestre anão coçou sua barba que ainda estava um pouco suja – A última noticia que tive dele ele estava indo para a America no norte

-America no norte? O que ela tem haver com os nórdicos?

-Os vikings foram os primeiros a chegar a America do norte Will – disse Amy limpando a boca – Vários séculos antes de Colombo os vikings e sua cultura haviam chegado aquelas terras, mas meu conhecimento só vai até ai, não tenho a mínima idéia do que fizeram por lá

-Eles levaram suas runas lá e gravaram em algumas pedras da região que estão perdidas – disse o mestre anão tomando um gole de cerveja direto da jarra que secou ao fim do enorme gole – Mas parece que o deus nórdico sabe onde elas estão

-E do que essas runas seriam capazes? – perguntou Oberon que foi o que menos comeu entre nós

-De acelerar o processo de renascimento dos deuses nórdicos, Odin fez questão de deixá-las bem longe do seu império para jamais suspeitarem de sua localização, nós só descobrimos suas existências recentemente e já mandamos uma equipe ir atrás das pedras, mas nenhum deles voltou

-Sem sombra de duvidas foram vencidos pelo deus – disse a “chefe” que ainda não havia parado de comer – Isso só aumenta nossa urgência em ir até lá

-Não adianta, o deus até onde sabemos saiu de lá a menos de quatro horas e caminha de volta para cá para terminar o ritual

-Então temos que pará-lo no caminho de volta – falei levantando da cadeira – Foi um prazer conhecer sua mina grande mestre anão, mas temos que nos retirar com prioridade

-Sei disso príncipe e se não estivesse na posição que estou também iria lutar

-Então me permita partir nessa aventura meu pai – disse Deive se erguendo da sua cadeira com os olhos brilhando – Sou seu pupilo e sucessor e acredito que não aja prova maior de que estou pronto para sucedê-lo do que partir em busca de eliminar os deuses e representar os anões negros quando recebermos as glorias por esta enorme missão concluída, uma missão que não meço as palavras ao dizer que é tão importante quanto a do grande Thorin ao tentar unificar anões e elfos ou quando fez o ato que até hoje é lembrado em nossa mais sublime canção, a vitoria do grande mestre anão contra um dragão

Senti meu corpo tremer, Rubys preferiu ficar fora da mina e agradecia por isso, se ele escutasse aquilo não ficaria nem um poço feliz:

-Tens certeza Deive? – perguntou o mestre anão com uma voz obviamente preocupada – Tu és meu único filho, meu único herdeiro e meu único pupilo, não posso arriscar que morra

-Meu grupo possui a filha do exterminador, o atual rei dos elfos, a “chefe” dos elfos da noite e um príncipe do inferno, jamais poderia imaginar um grupo mais honrado, forte e digno para que eu fizesse parte meu pai, meu senhor e meu mestre, tu tens que me permitir ir

O mestre anão se ergue da cadeira e me encarou:

-Não posso permitir que você vá

-Então permita que ele leve consigo companheiros de sua mesma raça em que o senhor deposite confiança – disse retribuindo o olhar do mestre anão – Não se sentira mais seguro assim?

-Nenhum de nós tem noção de até onde vai o poder de um deus príncipe, não posso arriscar

-Se não pode confiar no demônio e nem em seu filho mestre anão então confie em mim – disse o rei Oberon emitindo um brilho de confiança e nobreza de seus olhos violetas – Garanto que farei o impossível para proteger seu filho mesmo que isso custe a minha vida, prometo pela vida e honra de meu pai e pelo pacto que um dia uniu nossos povos, se os anões no passado puderam confiar em nós elfos então eles podem confiar novamente

O mestre anão se sentou e virou uma jarra de cerveja na boca banhando todo seu rosto, barba e armadura de cerveja escura. O mestre anão então jogou seu jarro para longe e respirou fundo, depois alisou seu dedo anelar direito onde havia um anel de ouro adornado de pequenas runas:

-Meu povo nunca se esquece de suas promessas – disse o mestre anão se erguendo novamente – Poucos sabem, mas os elfos presentearam os anões com sete anéis, um para cada mestre anão, os anéis eram nossa lembrança do pacto de paz como as espadas “As Gêmeas” deviam ter sido a lembrança dos elfos, mas pelo que soube uma delas foi destruída

-Foi, mas seus restos já foram achados – disse Deive tirando os pedaços da espada que entreguei para ele e que ele guardou dentro de sua mochila

Kili andou até aqueles pedaços com os olhos maravilhados:

-Isto só pode ser uma brincadeira

-Garanto que não mestre anão – disse andando para próximo dos dois – Eu mesmo era o portador desses pedaços até entregá-los para seu filho e seu que você pode perceber só de olhar que são os pedaços originais de Thorin

O mestre anão passou os dedos pelos fragmentos da lâmina lendária e abriu um largo sorriso:

-Entendo se é dessa maneira então permito que meu filho parta para a missão acompanhado de mais três anões a minha escolha, e os pedaços da espada devem ser entregues de volta para o príncipe do inferno, com ele esteve e para ele devem retornar

-Tem certeza disso mestre anão? – perguntei encarando aquele homem sorridente

-Mas é claro, e o rei elfo apóia minha decisão?

-Com toda a certeza mestre anão – disse Arvendui com um sorriso no rosto

-Ótimo, se querem mesmo impedir o deus então partam imediatamente, antes de chegarem a porta da mina meus três escolhidos já estarão lá os esperando

Saímos imediatamente do salão, tínhamos que continuar a caçada em busca de um deus. Queria continuar mais tempo naquele lugar, aprender mais, mas não tínhamos tempo, pelo menos agora.

Caminhamos lentamente em direção a saída e dessa vez demoramos bem mais do que demoramos para chegar ate ali, devia ser pela moleza que sentíamos após ficar com o estômago tão cheio depois daquele banquete e não era só de comida, a própria cerveja era muito calórica e me deixou de estômago cheio mesmo nem mastigando direito a comida do banquete.

Quando chegamos a entrada três anões já nos esperavam, todos tinham rostos idênticos, trigêmeos. Possuíam rostos redondos e avermelhados, com cabelos e barbas negras, vestiam apenas um conjunto de roupas e botas de couro e carregavam consigo apenas um machado de batalha cada e uma enorme garrafa de cerveja:

-Quem diria que seriam vocês os selecionados não é mesmo? – disse Deive abraçando os três anões com força – Meus bons companheiros de aventura quero que conheçam Boli, Noli e Zoli, filhos de Tyrion que é conhecido como o mais inteligente anão que já nasceu

Todos os anões vieram um por um e nós abraçaram, o abraço de cada um era mais forte do que o do anterior e por pouco não tive a coluna partida em pedacinhos:

-É um prazer conhecer a todos – disse o mais baixo dos trigêmeos – Eu sou Boli

-E eu sou Noli – disse aquele que tinha o maior cabelo entre os três

-E eu sou Zoli – disse aquele que tinha a altura de Noli e o tamanho da barba de Boli

-É um tremendo prazer conhecer todos – disse Amy enquanto saiamos da mina e Rubys veio voando na nossa direção

-Um dragão!

O anão chamado Boli correu para trás de uma pedra e acabou escorrendo no caminho e acabou batendo a cabeça na pedra e não se escondendo. Todos começaram a rir vendo aquela imagem:

-Apressado como sempre Boli – disse Zoli rindo mais do que todos os outros

-Não precisava ter medo Boli – falei acariciando o focinho de Rubys – Ele não machuca ninguém a não ser que eu mande ou que ele te veja como uma ameaça

-Bom saber – disse Boli ser levantando e limpando rapidamente sua roupa – Mas isso não significa que vou chegar perto dele – Rubys bufou e Boli recuou quase tropeçando de novo

-Não vamos ficar parados apenas rindo não é mesmo? – disse a “chefe” olhando para o céu que já estava banhado pela luz laranja do crepúsculo

-Claro que não – falou Noli andando já a frente de todos acompanhado por Deive – Essa região não possui bons lugares para se passar a noite além da mina então ou começamos a andar agora ou então dormiremos no relento

-Quanto tempo até uma região aceitável? – perguntei seguindo o grupo ao lado de Amy

-Se andarmos nesse ritmo chegaremos lá por volta das oito e meia da noite

-Então é bom apressarmos o passo, antes das oito já quero estar com o acampamento montado

Aceleramos o passo no meio daquela imensidão de terra. O local ao qual Noli citou eu havia percebido antes enquanto andávamos até a mina várias horas atrás. De acordo com o relógio que Arvendui trouxe já era sete e quarenta e cinco quando chegamos ao local em questão. Era o começo de uma floresta de pinheiros e na entrada da floresta havia uma enorme pedra com uma abertura que lembrava uma onda e cabia facilmente todos nós oito ali, Rubys teria que dormir do lado de fora da pedra, mas não acho que ele se importasse com isso.

O rei dos elfos foi até a floresta e vinte minutos depois voltou com vários gravetos e folhas secas:

-Acho que é suficiente para uma fogueira

No instante em que ele colocou tudo no chão estalei os dedos e tínhamos fogo, não precisávamos daquilo, eu poderia manter uma fogueira mesmo sem ter nada para queimar, mas não queria fazer o sacrifício do rei ser em vão. O material da fogueira deveria ter acabado em poucos minutos com uma chama com o calor que eu tinha invocado, mas estava controlando tudo mentalmente para podermos ficar com calor o suficiente por toda a noite e ainda assim enganar o rei:

-Que tal uma história? – perguntou Amy abraçada comigo, era bom ficar ao ar livre com a sua garota mesmo que não estivessem sozinhos

-Eu sei uma historia, eu sei uma historia – disse Noli erguendo o braço

-Então pode falar

-É sobre o grande Thorin, o dia em que ele matou um dragão

-Deive citou isso algumas horas atrás

-Essa historia reflete perfeitamente os anões e a sua soberania no subterrâneo – Noli começou a fazer sombras com a luz da fogueira representando algo que deveria ser Thorin e outra representando algo que deveria ser o dragão – A muitos e muitos anos atrás vivia um anão chamado Thorin e esse anão estava em uma aventura para se tornar um mestre anão e acabou por se encontrar com um dragão, ele estava investigando um castelo quando descobriu ser o lar de um dragão

Rubys colocou sua cabeça para dentro da caverna, ele estava acima da pedra então sua cabeça apareceu de cima e Boli tomou um susto ao vê-la:

-Dizem que o dragão venceu Thorin no primeiro confronto e o grande anão quase morreu, mas ele foi salvo por um elfo e dizem que foi ai que o grande anão começou a pensar em uma possível trégua entre as raças, após estar curado Thorin retornou ao castelo e dessa vez já previamente preparado, ele armou para o dragão e ambos acabaram caindo em uma caverna que havia próxima do castelo, ninguém sabe o que aconteceu dentro da caverna, mas só sabemos que Thorin saiu de dentro dela vitorioso e com a cabeça do dragão em mãos, ele mal tinha ferimentos, era quase como se suas forças tivessem aumentado pelo simples fato de estar no subterrâneo, desde aquele dia todos os povos temem enfrentar os anões embaixo da terra

-Isso é um fato – falei mexendo no fogo com o dedo – Sempre fui avisado de nunca enfrentar um anão no subterrâneo, é quase como se fosse lhes dado um poder sobrenatural enquanto eles estivessem abaixo da terra, se for para enfrentar um deles que seja na terra ou em uma montanha, dizem que vocês são claustrofóbicos

-Não somos claustrofóbicos, só não gostamos de lugares altos e nem de alto mar – disse Zoli bebendo um gole de cerveja

Depois daquela história mais historias foram contadas sobre grandes mestres anões do passado além de uma coletânea de piadas anões que cá entre nós eram muito boas. Em poucas horas todos nós já dormíamos incluindo Rubys que soltava algo parecido com um ronco misturado a fumaça e algumas faíscas.

Acordei sentindo algo mexendo no meu corpo e quando abro meus olhos vejo uma Amy entretida mexendo nos meus músculos:

-O que pensa estar fazendo pequena pervertida? – pensei que ela fosse ficar envergonhada e vermelha com a pergunta, mas ela simplesmente continuou passando sua mão por todo o meu corpo e só me respondeu quando acabou

-Só observando algo – seu rosto parecia pensador e entretido ao mesmo tempo

-E o que seria?

-Tem uma energia estranha saindo do seu corpo, uma energia que nunca vi antes

-Deve ser energia etéria, a energia que compõe os deuses, ainda devem ter resquícios dela proveniente da minha luta co Plutão?

-Foi difícil?

-O que?

-A luta com o deus? – pensei que ela tivesse perguntado por estar preocupada comigo, mas seu rosto mostrava era uma curiosidade anormal

-Claro que foi e só saí vivo graças as técnicas

-Que você ainda não disse quais são

-Porque mesmo que eu contasse você não seria capaz de repeti-las

-Você é um chato as vezes – Amy saiu de cima de mim e começou a se espreguiçar, uma luz cinzenta cobria aos poucos a floresta, estava amanhecendo – Mas pelo menos eu vou ver suas técnicas em primeira mão quando você enfrentar Odin

-Na verdade eu acho que não

-E por que não?

-Pode ser perigoso você ficar por perto na hora, ainda não controlo direito

-Como assim não controla direito?

Antes que Amy me forçasse a dizer certas coisas que eu não deveria dizer Deive apareceu nas minhas costas me cutucando:

-Que bom que já acordaram, vamos só acordar os elfos dorminhocos ali e vamos partir, já traçamos todo o caminho e estimamos o tempo, se sairmos daqui a no máximo vinte minutos e andarmos em um ritmo um pouco maior que o de ontem poderemos alcançar Odin por volta das quatro da tarde e isso já contando com duas rápidas paradas para descansar e fazer um lanche

-Obrigado de novo Deive – os anões eram realmente criaturas fieis e organizadas quando assim desejavam – Não sei o que faria se não tivesse você e seus companheiros

-Provavelmente jamais acharia o deus – disse Boli aparecendo com um enorme sorriso no rosto

-Tem razão Boli, tem razão

O anão sorriu ainda mais. Todos os quatro eram excelentes companhias e se um dia tivesse a oportunidade voltaria a visitá-los para ouvir suas piadas e historias, podem dizer que anões são serem brutos e tudo mais, mas são os melhores contadores de historias sem duvidas, principalmente quando usam truques com sombras.

Saímos cinco minutos antes do previsto com a “chefe” ainda bastante sonolenta mesmo não querendo assumir. A caminhada parecia simples no começo, mas em poucas horas já tínhamos que passar por algumas depressões e morros bem chatos de atravessar, Rubys é que deveria estar gostando já que ele ficava apenas lá voando calmamente pelo céu sem se preocupar com obstáculo algum ou problema de clima ou vento. O dragão vermelho parecia ter ganho alguns centímetros desde que retornei e junto com o tamanho seu poder também aumentava e era provável que em um caso extremo eu fosse precisar da magia draconiana, enfrentar Plutão foi muito mais difícil do que imaginei e ele nem mesmo fazia parte da elite.

Diferente do previsto por Deive nós não paramos duas vezes, mas apenas uma vez por volta do meio dia e meia, dessa forma chegamos ao nosso destino algum tempo antes do previsto, tempo esse suficiente para achar um deus nórdico executando um ritual de magia.

Odin estava parado no meio de uma clareira erguendo uma placa de pedra negra e recitando palavras que eu não compreendia, ao seu redor runas brilhavam em um tom cinza e o chão parecia estar aberto com uma enorme ruptura de onde emanava mais luz:

-Desculpe interromper deus – falei sendo o primeiro a pisar na clareira, nas minhas costas pude ver Amy puxando a adaga de Caim, Oberon puxando sua espada élfica, a “chefe” preparando uma lança em mãos e os quatro anões puxando machados de batalha

Odin parou por um momento, mas a luz não cessou:

-Vocês me acharam bem antes do que eu esperava – disse o deus se virando na nossa direção

Não posso negar que poderia confundir facilmente Odin com um anão se não fosse pela seus um metro e oitenta de altura, ele era extremamente forte, com uma longa barba cinza e cabelos cinzas bem grandes também, se vestia com trajes vikings, mas bem mais volumosos e adornados, usava um tapa-olho e portava além da pedra negra uma lança que estava nas suas costas:

-Que bom que achamos, assim podemos impedir esse seu plano idiota

-Talvez sim, talvez não jovem demônio

Ao lado de Odin parte da energia cinza começou a tomar forma, em pouco tempo tínhamos na nossa frente um homem de dois metros e cinco de altura, cabelos e barba ruiva volumosos, vestia-se com peles e portava em mãos um martelo com uma cabeça enorme, mas com o cabo que só poderia ser carregado com uma mão, além disso o homem usava um cinto e luvas e tinha olhos vermelhos que pareciam os de um demônio e não de um deus:

-Presenciem em primeira mão jovens o renascimento de meu filho Thor – disse Odin com um sorriso no rosto e o deus ruivo também sorriu

-Fazem muitos milênios desde que lhe vi pela última vez meu pai – disse Thor abraçando seu pai

-Eu sei meu filho, mas agora não precisamos mais nos preocupar, logo Babalathe ira retornar e sem aquele demônio maldito vivo não teremos que nos preocupar com nada

O demônio maldito só podia ser um demônio, Nero:

-Acho que meus punhos não concordam com isso Odin, senhor dos deuses nórdicos, terei que eliminá-los daqui agora

-Você pensa que é capaz disso pequeno demônio? Você pode ter os olhos de Nero, mas não chega nem aos seus pés

Senti meu sangue esquentar, ele estava me provocando e isso não acabaria bem:

-Não use o nome dele seu desgraçado – meus braços se cobriram de chamas

-Você acha mesmo que pode me enfrentar? Pobre rapaz a juventude cega seus olhos da diferença de nossos poderes, mas se o que quer é uma luta então uma luta terá, Thor é mais do o que o suficiente para acabar com seus companheiros e o dragão estúpido que nos sobrevoa, mas nem por isso só ele ira ressuscitar

Mais energia cinza começou a se agrupar próxima de Odin:

-Presencie demônio o retorno de Tyr! – gritou o deus nórdico com mais um sorriso no rosto, mas nada se formou a partir da energia cinza além de chamas amareladas – Não! Onde está Tyr?

-Ele não pode voltar ainda meu querido Odin, mas eu vim no seu lugar – disse uma voz vinda das chamas

-Não! Todos menos você!

-Ora é assim que me recebe senhor dos Aesir? – as chamas começaram a tomar forma revelando uma criatura muito parecida com os elfos, mas seus olhos eram amarelos intensos como suas chamas e ele se vestia como um menestrel e tinha um sorriso macabro no rosto – É assim que me recebe? Logo eu o grande Loki?

-Maldito seja! Como conseguiu enganar meu feitiço de invocação?

-Ora meu caro Odin não sou eu o deus das trapaças e travessuras? – o deus risonho se aproximou de Odin e passou a mão na sua barba e depois se afastou – Sei muito bem que se dependesse de você eu nunca retornaria a vida então resolvi fazer uma brincadeirinha com Tyr e peguei seu lugar

Odin puxou sua lança, pensei que eu enfrentaria o deus, mas pelo rosto do senhor dos nórdicos a batalha seria com outro ser:

-Só não o mato nesse mesmo instante Loki, o traiçoeiro, porque o senhor Babalathe precisara de toda a ajuda possível, mesmo que seja a sua ajuda

-Obrigado por me permitir viver o grande Odin – algo me dizia que se Loki desejasse ele não seria vencido – Mas então quem são esses rostos que por mim são desconhecidos? – disse o deus risonho apontando para nós com fascínio nos olhos

-Um grupo enviado para nos eliminar – o senhor dos Aesir apontou sua lança na minha direção – E que devem ser eliminados

-Sei que com a sua personalidade você gostaria de eliminar todos pai – disse Thor se aproximando de seu pai e colocando a mão em seu ombro direito – Mas eu também quero derramar sangue depois de tantos anos

-Que assim seja então meu filho, você também gostaria de lutar Loki? – o deus risonho deu de ombros – Que assim seja então!

Odin bateu sua lança no chão e runas cinzas banharam o ar, por um instante fiquei com a visão ocultada pela luz, mas então ela sumiu e revelou que agora estávamos divididos, três linhas partiam a clareira em três regiões, a primeira só havia eu o deus supremo, na outra estava Amy, Oberon e a “chefe” juntos de Loki e na terceira os quatro anões preparavam seus martelos para enfrentar o martelo de Thor:

-Poderá agora me provar seu valor pequeno demônio – disse Odin rodando sua lança e apontando para meu coração – Faz tempo desde que minha Gungnir derramou sangue de demônios

-E já faz alguns dias que minhas mãos não derramam sangue de deuses

Estalei os dedos e comecei a me concentrar, aquelas barreiras deviam ser fortes o suficiente para agüentar meus ataques, isso era bom, desse jeito poderia usar as técnicas sem me preocupar em destruir todo o norte da Europa com as explosões:

-Prepare-se Odin – falei começando a concentrar a energia – Você será a segunda criatura que verá essa minha verdadeira forma fora do inferno

Senti a energia infernal me corrompendo aos poucos, meus músculos começaram a se expandir, minha pele foi tomando tons cinzentos, minha pupila foi ficando vermelha, minha esclera foi ficando negra, meus cabelos, unhas e dentes aumentaram, minhas veias e artérias incharam e o sangue do avatar foi substituindo por magma que parecia brilhar por debaixo da pele cinza e grotesca, estava transformado:

-Vamos começar deus! – gritei avançando na direção de Odin e implorando mentalmente para que a barreira do deus agüentasse meu poder


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Notas finais do capítulo

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