Vida De Monstro - Livro Três - A Guerra escrita por Mateus Kamui


Capítulo 10
X - Amy


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo fresquinho para todos e espero que gostem :)



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X – Amy

Ao nosso redor runas cinzas e escuras geravam uma espécie de campo de força opaco que impedia parte da visão, mas mesmo assim ainda era possível silhuetas se movendo do outro lado e uma delas parecia um monstro. Só podia ser Will.

Fiquei encarando aquela silhueta monstruosa até que por pouco uma bola de fogo não me acertou. Estava enfrentando um deus e não deveria perder o foco.

Loki mandou mais um golpe de fogo e assim que Oberon as cortou do deus da trapaça com sua espada o deus se transformou em uma serpente que ia abocanhar o rei se Alatariel não tivesse mandado um golpe certeiro na garganta da serpente que simplesmente caiu para o lado e se transformou em um lobo feroz que partiu a lança como se ela fosse um graveto.

O lobo enorme e cinza soltou algo que deveria ser um riso. Aquele desgraçado estava só brincando com a gente, mas logo ele iria se arrepender disso.

O lobo se transformou em uma enorme águia com olhos vermelhos brilhantes que desceu do céu em um vôo rasante e agarrou Arvendui levando-o em direção ao céu. A “chefe” correu até um arco e flecha que estava no chão e mandou três flechadas. A primeira quase rasgou a orelha do rei, a segunda chegou próxima da cabeça da águia e a terceira acertou em cheio a sua asa direita fazendo a águia largar Arvendui e começar a cair.

Por pouco o rei não se machucou, Alatariel o pegou antes que ele caísse e ele não devia ser algo tão difícil de se pegar com a força que ela tinha. Enquanto isso a águia se transformava novamente e dessa vez em um elefante africano:

-Adeus pirralhos – disse Loki na forma de elefante e cuspindo fogo amarelo pela sua tromba

Por pouco os elfos não foram queimados, tudo graças a espada de Oberon que cortou as chamas como se elas não fossem nada, mas se aquele ritmo de combate se mantivesse logo os dois iriam perder e a pior parte é que eu não acho que consiga usar o feitiço certo antes disso acontecer.

Desde manhã eu estava analisando a energia presente em Will pra ver se conseguia entendê-la e dessa forma saber como ela se gera, se condensa e como ela se esvai, se pudesse compreender tudo isso e gerar as palavras místicas corretas invocando as forças corretas poderiam gerar uma magia de execração. Se Morgana estivesse ali não duvido nada que ela iria me proibir de tentar algo tão estúpido, feitiços de execração eram os mais complexos, nem mesmo os de renascimento chegavam perto deles. Execração era uma arte proibida e uma magia negra porque com aquilo eu poderia banir qualquer criatura para qualquer lugar contanto que eu soubesse o que dizer e contanto que eu entendesse quem  ou o que eu estava execrando, ai faltava a energia suficiente para executar o feitiço que deveria ser mais do que o suficiente para me matar.

Uma pedra passou a três centímetros da minha cara, mas eu nem tentei me esquivar, não podia perder tempo e concentração com isso mesmo dois elfos estando lutando com um deus ao lado, meu namorado demônio lutando contra outro deus sozinho e quatro anões enfrentando outro deus e o barulho do choque dos ataques não era um auxilio na situação, eu poderia tentar lutar normalmente, mas Loki e os outros eram fortes demais para eu confrontar com magia normal, ou eu usava magia negra, aquela magia negra, ou eu não teria chances contra os deuses, tudo porque sou uma fraca inútil!!!

Uma rajada de fogo veio em direção ao meio peito, mas não podia me mexer, tinha que receber de frente ou então perderia todo o feitiço. Já dava para sentir o calor do fogo se aproximando quando uma sombra me cobre. Quando percebo Rubys estava na minha frente com uma cara seria, eu acho que aquela era a cara normal dele mesmo, mas parecia seria.

Rubys bufou e avançou na direção do elefante, pensei que seria um combate titânico, mas não durou tanto, em quinze segundos Rubys já estavam com suas presas cravadas na garganta do elefante, ele era imune as chamas de Loki então o deus perdia sua vantagem contra o dragão.

Loki se transformou em algum tipo de camundongo e correu para longe o mais rápido possível e então se materializou novamente na sua forma élfica, ele estava ferido com um rasgo enorme no pescoço, um buraco no braço e alguns arranhões pelo corpo, suas transformações não o curavam, apenas aliviavam as feridas só que o ferimento que Rubys provou foi tão grande que ele não conseguiu amenizá-lo com sucesso e teve que retornar ao normal e aquela era a minha chance.

Cada segundo que Rubys me ganhou era precioso e eu tinha que aproveitar o máximo, já podia sentir as energias ao meu redor se alterando e o espaço parecia se romper lentamente ao meu redor. O mundo estava se desfazendo ao meu redor pelo poder do feitiço, já podia sentir a matéria deixando de existir e as energias espirituais me rondando:

-Eu, Amy Winchester, ordeno a você que vá embora para as profundezas das terras etéreas, eu ordeno! Vá! Vá Loki! – as palavras não foram pronunciadas em nenhuma língua atual, mas sim na antiga língua enochiana, a língua do poder e da magia primordial  

O ar, o chão, as dimensões, tudo estava tremendo, a energia do deus estavam se perturbando, ele parecia estar tendo convulsões, seu corpo expandia e retraia, parecia que ele iria explodir e no outro segundo parecia que ele estava sendo esmagado, o corpo dele estava se desfazendo. Mas então tudo parou:

-Essa foi por pouco – disse o deus rindo e no outro segundo ele estava na minha frente esbanjando um sorriso que ia literalmente de um lado ao outro da sua bochecha – Você, pequena bruxa, tentou me execrar? Você tentou execrar um deus? – senti as mãos deles agarrando minha garganta com força, meu corpo não conseguia se mover e mesmo o deus não fazendo tanta força assim eu sentia o ar me faltar, o feitiço tinha consumido minha energia vital mais do que eu esperava, muito mais do que eu esperava – Tola criança, você esqueceu o atributo principal da execração, o nome, mas não meu nome divino, meu nome humano

Mais uma mancada gigantesca feita por mim, a maior incompetente do mundo! Deuses não era originalmente deuses, ou pelo menos era isso que dizia o diário da minha mãe, eles eram seres humanos que ascenderam a divindade graças a energia adquirida de crenças de outras pessoas, não necessariamente o nome divino era o nome do deus quando ele era humano

Podia sentir minha vista escurecendo quando o deus me jogou para longe e correu para o lado oposto, Rubys aparou minha queda com sua cauda e encarou o deus cuspindo fogo pelas narinas:

-Filhote de dragão estúpido – disse Loki tocando seu ferimento que ainda não havia se fechado – Vai me pagar por esse rasgo aqui, eu vou te mostrar o que significa ser um réptil de verdade

Loki se transformou em uma gigantesca serpente, maior até mesmo do que me lembrava da serpente avatar de Jacob, aquela coisa devia ter mais de cinqüenta metros facilmente, tinha olhos vermelhos e parecia ter fogo saindo das narinas:

-Você me paga dragão estúpido! – disse Loki com uma voz que mais lembrava o sibilar de uma cobra

A parede cinza que nos envolvia ficou mais densa ainda como se ela estivesse ficando mais forte, provavelmente para poder suportar a força de Loki que só aumentava. Se eu não tivesse tentado e falhado esse feitiço estúpido eu não estaria naquele estado impotente.

Loki veio na nossa direção e Rubys foi na dele. O choque dos dois gerou uma onda de ar que me fez rolar pelo chão alguns metros. Agarrei a adaga de Caim e implorei por mais poder, a adaga atendeu. Em poucos segundos estava com a aura negra me cobrindo e sentia tanto minha força física quanto mágica de volta mesmo aquilo sendo apenas uma ilusão:

-Julgamento de Atlas! – gritei e antes que Loki conseguisse arrancar uma das asas de Rubys com uma mordida a sua forma de gigantesca serpente despencou no chão, senti meu corpo querendo despencar também, mas me mantive em pé – Matem ele agora!

Assim que gritei Oberon avançou com a espada em mãos mirando na cabeça de Loki e partiu-a ao meio com um único golpe. Sangue escorreu pelo chão molhando tudo e eu caí no chão. Minha cabeça doía e eu não conseguia sentir meu corpo, a mesma coisa que aconteceu na luta de Magicka, os mesmo atos estúpidos que foram além do limite e agora eu estava pagando o preço até obter Feé e me curar:

-Você está bem? – Oberon estava machucado, sangue escorria do seu peito, eu não lembro dele ter se machucado, na verdade eu não lembrava de quase nada, minha cabeça girava e minhas memórias pareciam folhas ao vento voando para longe, e longe..... e longe

Explosão!!!

Tomei um susto enorme, mas não consegui erguer o corpo em resposta. Ao meu lado estava uma enorme sombra feita por uma criatura cinza monstruosa e com membros músculos desproporcionais a sua altura além de estar cheio de ferimentos e soltando um liquido brilhante por eles:

-Mercumes – senti uma luz verde me cobrindo e os movimentos do meu corpo retornando aos poucos – Você não devia se esforçar tanto – a voz disse e mesmo ela estando monstruosa eu reconheci de quem era

-Eu tinha que fazer algo, mas não acho que deu certo sendo a inútil que eu sou

Senti um tapa me acertando, não foi bem um tapa já que apenas três dedos me acertaram a cara e não a mão inteira, mas mesmo assim doeu. A figura cinza se aproximou de mim e encarei aqueles olhos cheios de raiva:

-Já disse que você não é uma inútil – Will me tocou o rosto com suas mãos monstruosas – Quantas vezes vou ter que repetir isso?

-Quantas eu quiser – senti meu corpo funcionando perfeitamente – E vai ter que me ensinar essa magia

-Você não poderia aprender mesmo que quisesse – ele tinha razão, o primeiro segredo para aprender a magia draconiana era saber a língua dos dragões, a segunda era ter um dragão e eu não tinha nenhum dos dois

O Will monstruoso se virou na direção de Odin, o deus estava acabado, cheio de arranhões que soltavam sangue e com a roupa queimada, mas ainda assim não parecia afetado. Odin estava ao lado de Thor e o deus ruivo carregava algo nas mãos, na esquerda ele segurava um Deive desacordado e na outra trazia três cabeças, eram as cabeças dos anões:

-Como foi? – perguntou o deus mais velho com sua lança cheia de sangue e percebi que o sangue era de Will, e não era bem sangue, era brilhante, lembrava até lava

-Bem fácil, os anões não foram problemas – disse Thor jogando as cabeças para longe e erguendo Deive – Só deixei esse daqui vivo porque ele foi o que me deu mais trabalho então prometi que só o mataria depois dele ver todos os amigos mortos

-Que seja, pelo menos Loki foi morto e por isso temos que ao menos dar aos nossos inimigos uma morte rápida por essa ajuda

Odin apontou sua lança para Will e Thor pegou seu martelo após jogar Deive para o canto:

-Ainda vai lutar demônio? – perguntou Odin emanando uma aura cinza terrível

-Eu ainda nem comecei deus – disse Will estralando seus dedos

-Você é arrogante príncipe do inferno

-Você é que ainda não entendeu deus, eu realmente ainda não comecei, a verdadeira luta só começa agora

Aos poucos o corpo monstruoso de Will foi sumindo e em menos de um minuto ele estava de volta a forma normal (e bem mais bonita cá entre nós) dele:

-Por que você fez isso demônio? Agora não poderá me enfrentar com todo seu poder demoníaco

-Tem certeza? – a íris de Will ficou vermelha e um sorriso se formou – Deixe então que eu te mostre a técnica lendária capaz de matar até os deuses Odin, a técnica que fez com que Plutão fosse mandando de volta para o local de onde ele nunca deveria ter saído e para onde eu vou mandar você e seu filho agora

Will gerou uma pequena bola de fogo na palma da sua mão a apontou na direção de Odin. Meu demônio sorriu e aos poucos uma fumaça negra começou a sair de seus poros e a bola de fogo rubra aos poucos foi absorvendo a fumaça e se escurecendo até ficar negra como se fosse feita de trevas e escuridão e não fogo:

-Presencie Odin – disse Will com um sorriso no rosto gigantesco – O seu fim!

Will arremessou a pequena bola de fogo na direção do deus, mas Thor se meteu no caminho e acertou a bola de fogo negro com seu martelo, o lendário Mjölnir. Pensei que ou o martelo faria a bola ser destruída ou o haveria uma explosão, mas nenhuma das duas coisas aconteceu.

Mjölnir acertou a bola de fogo, mas a bola de fogo não se desfez, ela na verdade simplesmente começou a se espalhar pelo martelo como se ele fosse feito de algo extremamente inflamável. Thor tentava balançar o martelo com força e velocidade para espalhar as chamas, mas elas não pareciam se mover, a única coisa que faziam era se alastrar pelo martelo lendário até que chegaram em Thor.

O deus começou a entrar em desespero, seu corpo parecia ter entrado em combustão espontânea, diferente do martelo o corpo dele se queimou em menos de quinze segundos, era quase como se as chamas preferissem a carne dele do que o metal místico do martelo mesmo que ela fosse capaz de destruir ambos:

-O que é isso? – pela primeira vez eu vi aquela cara em Odin, uma cara de puro desespero – Como você aprendeu a usar isso? O último usuário devia estar morto, o próprio Babalathe matou o maldito do Nero!

-Nunca mais diga o nome dele entendeu? – senti meu corpo tremer, a voz de Will saiu em um tom diabólico e sombrio, um tom que eu nunca havia visto antes em nenhum momento de ódio dele, era quase como se ele estivesse na sua forma monstruosa novamente

-O que vai fazer se eu disser?

-Dou a você o mesmo destino do seu filho

Thor gritou, pensei que ele estivesse morto em meio as chamas, mas ele só ficou gritando e se jogou em cima de Loki e as chamas se espalharam por ambos:

-Você pode ter me impedido de trazer os outros demônio – disse Odin invocando runas no ar – Mas não deixarei que mate meu filho

As runas nos cobriram de luz e então tudo se iluminou com uma luz cegante. Quando voltei a enxergar todos estavam ali, menos Odin e Thor. Onde antes tinha o corpo de uma serpente agora só haviam cinzas:

-Loki está morto e impedimos o plano de Odin, acho que fomos bem para nosso primeiro confronto – disse Oberon com um sorriso e observando o local

-Nós fomos péssimos – Will falou andando até Deive e colocando-o sobre o corpo de Rubys – Perdemos três dos nossos e Odin e Thor escaparam vivos, só matamos um deus, devíamos ter matado os três, devia ter pensando que Odin teria runas de teletransporte prontas, assim poderia impedi-lo ou ao menos rastreá-lo

Will começou a recitar a sua palavra mágica de cura, Mercumes, e não apenas uma vez, mas três no total e aos poucos o corpo de Deive começou a se regenerar. Ao fim do processo o anão parecia como novo, mas ainda não tinha acordado e Rubys parecia extremamente cansado:

-Pode descansar jovem amigo – disse Will alisando a cabeça do dragão e então Rubys bufou se sentando no chão

Montamos acampamento ali mesmo, estávamos cansados, com fome, com sede e precisávamos descansar antes de dar a noticia para o mestre anão que havíamos perdido três dos nossos e o filho dele quase morreu brutalmente espancado e nós não fizemos nada para impedir.

A noite demorou pra cair e antes mesmo do por do sol começar Oberon e Alatariel já dormiam juntos em um canto. Os dois elfos podiam ser de raças diferentes, mas eles formavam um casal bonito. Andei até o meu par e me deitei ao lado dele, o corpo quente dele impedia que o frio que fazia agora me incomodasse:

-Você poderia falar um pouco do que aconteceu com você agora? – perguntei com o rosto enfiado entre os braços dele e observando o começo da noite

-Quando for capaz de fazer magia novamente – Will disse colocando o rosto nos meus cabelos

-Ainda deve demorar um tempo, talvez só amanhã a noite ou até depois de amanhã

-Então amanhã a noite ou depois de amanhã eu te conto, não tenho segredos com você Amy, eu vou te contar tudo que quiser, mas só peço que tenha paciência, não é fácil achar as palavras certas

Abracei ele ainda mais forte, não podia cobrar mais coisas dele do que ele já estava sendo cobrado, ou poderia? O quanto eu estava sabendo dele ultimamente? O quanto eu realmente sei sobre ele na verdade? Eu amava ele e não era algo apenas carnal, era algo mais profundo e eu sabia disso, mas mesmo assim eu não tinha lá tantos motivos para amá-lo, ele era lindo, inteligente, amável, corajoso, mas ele também era frio, cruel, sádico, sinistro e cheio de segredos que ele não queria revelar. Não conseguia entender porque disso? Ele não confiava em mim o suficiente e ficava inventando algo assim? Buscar palavras corretas? Pra que isso? Ele podia me dizer na cara, eu sou a namorada dele, eu sou a pessoa em que ele deveria poder confiar e me falar sem precisar se preocupar com que tipo de palavras usar, eu sei que ele já havia feito sacrifícios e um deles até foi pra me salvar da morte, mas mesmo assim ele não conseguia confiar em mim. Será que ele não entendia que isso só me fazia me sentir pior? Será que ele não entendia que isso só me fazia me sentir mais inútil? Inútil a tal ponto que não sou digna nem da confiança dele?

Senti um peteleco me acertando bem no meio da testa e levantei tocando minha testa que ardia de dor:

-Por que fez isso? – perguntei esfregando o local do peteleco

-Você estava tendo péssimos pensamentos – Will disse com uma cara neutra e como se isso justificasse aquele peteleco fortíssimo – E quando digo péssimos são péssimos mesmo, horríveis e cheios de idéias sobre morte, mesmo que isso só se manifestasse bem no fundo e não fossem pensamentos de assassinato, apenas de suicídio – ele me encarou como se esperasse alguma justificativa, mas dei a pior resposta possível, o silencio – Que tal começar a falar?

-Você me fala o que aconteceu com você?

Will suspirou e encarou o chão, alguma coisa havia acontecido com ele e isso havia mudado ele nas partes que eu podia enxergar, e na parte mais profunda que ele não falava. Ele então encarou o céu e podia ver a dificuldade física que ele passava enquanto ao menos pensava no que dizer. Como poderia cobrar logo dele isso então?

-Desculpe – falei indo abraçá-lo, mas antes que o fizesse foi ele que me abraçou

-Eu sei que desde que cheguei não tenho falado muito Amy – o hálito quente e gostoso dele tocava o meu rosto e pescoço – E não posso cobrar que você me entenda por isso, não seria justo com você, sei que não o único que estou sofrendo, o único que está tendo dificuldades, o único que se sente inútil, o único que se sente traído por todos ao seu redor, mas ainda assim é difícil superar

No fim ele era igualzinho a mim, ele estava passando pela mesma coisa, mas de uma forma um pouco diferente:

-Desculpe – repeti no ouvido dele

-Você é a única pessoa de quem eu não cobraria tal palavra e ato Amy, mas se quer mesmo se desculpar me prometa que nunca mais vai pensar isso de novo mesmo que não seja a primeira vez e que você já tivesse me prometido isso antes – ele me olhou nos olhos e senti o coração bater mais forte

-Do que adianta prometer se não vou conseguir lutar contra isso e vou poder apagar isso da cabeça?

-Mas você pode – ele me levantou, mas não tirava os olhos dos meus – E vai, eu não sei o que está causando essa energia ruim em cima de você, mas sei que você pode superar isso, você é a única que pode superar isso e não precisa ser sozinha, eu estou aqui você se lembra?

-E eu também estou aqui Will se você não se lembra? – tirei a vista dos olhos dele por um momento e vi um sorriso se formando na cara dele e provavelmente na minha também

-Eu nunca vou me esquecer disso, você não deixa – ele me deu um beijo lento e muito quente nós dois sentidos que essa palavra poderia assumir naquela situação – Eu quero que você saiba Amy Winchester que não importa em que situação estejamos, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, eu sempre vou estar com você e nem mesmo a morte vai nos separar, eu não permitiria

Ele me deu mais um beijo e me colocou lentamente no chão. Senti suas mãos passando pelo meu corpo espalhando aquele calor corporal dele que parecia a cada segundo maior. Queria dizer para ele parar, mas antes que pudesse falar alguma palavra ele já me dava mais e mais beijos e ia tirando lentamente a minha camisa. Senti os lábios quentes dele tocando minha barriga aos poucos, beijos demorados e repetidos vários vezes e que ia aos pouquinhos descendo enquanto ele tirava minha calça. Devia dizer para ele parar, mas as palavras não saiam e antes que ele chegasse a um ponto em que eu realmente deveria dizer para ele parar ou então iríamos parar em um novo patamar no nosso relacionamento ele mesmo fez questão de parar.

Encarei o rosto dele, estava vermelha tanto de vergonha quanto de calor, meu corpo parecia ferver, mas mesmo assim dava para notar o espanto no rosto de Will:

-Desde quando você tem uma tatuagem Amy? – Will parecia assustando e quando finalmente processei o que ele dizia tomei um susto

-Como assim tatuagem? – olhei para a minha cintura, realmente havia uma tatuagem ali e ela lembrava as escrituras enochianas – Mas o que diabos é isso?!!!!!

Alatariel e Arvendui se ergueram do chão com um pulo e Rubys ergue a cabeça olhando na minha direção. A tatuagem lentamente sumia enquanto sentia o frio da noite me cobrindo:

-Pode me responder apenas duas perguntas? – indagou a “chefe” chegando perto da gente – O que era aquela coisa na sua cintura que está sumindo e se vocês têm uma camisinha ai?

A tatuagem realmente sumia, mas ao escutar o comentário da “chefe” fiquei com ainda mais vergonha e a tatuagem voltou a aparecer:

-Alatariel! – Oberon estava vermelho de vergonha também e Will acompanhava a gente nisso

-O que? Eu li que os humanos usam esse negocio quando vão transar para não contrair doenças e terem filhos, devíamos começar a usar isso para não termos nenhum tipo de hibrido Oberon

O rei dos elfos ficou tão vermelho que parecia desmaiar, ele chegou a se apoiar numa árvore e eu também queria fazer isso. Coloquei minha roupa de volta o mais rápido que pude e percebi que a tatuagem voltava a sumir:

-Vocês ainda não responderam a minha pergunta – disse a “chefe” sem entender o porque das nossas caras

-Nós também não sabemos o que era aquela tatuagem “chefe” – disse Will se aproximando de mim e me pegando pela cintura – E acho que você sabe tanto quanto nos

-Isso eu te garanto – disse tocando na minha cintura, nunca havia visto aquilo e algo me dizia que aquilo era mais do que importante, podia sentir forças estranhas saindo dali e vi quando Sombra e Lua se aproximaram, não havia visto os meus dois avatares até agora e algo me dizia que eles tinham a ver, mesmo que indiretamente, com aquela tatuagem – O que vocês tem pra mim?

Lua me mostrou seu bico e nele havia um pedaço de papel amarelado. Peguei o pedaço do bico de Lua e abri o pedaço e papel que era maior do que aparentava, ele mostrava um desenho de uma criatura humanóide, ele era pequenino e tinha uma cabeça um pouco maior do que deveria, já havia visto um daqueles, mesmo que o desenho não fosse tão bom quanto os de Michael eu sabia o que era aquilo:

-Isso é um leprechaun – aquelas coisas eram muito, mas muito irritantes mesmo, só quem já tentou matar um sabe do sufoco e stress que é – O que isso tem haver com a tatuagem Lua?

Sombra começou a soltar grunhidos altos e agudos e por um momento eu pensei que ele pudesse estar me chamando de idiota:

-Deixe me ver isso – Oberon pegou o papel em mãos ainda com o rosto vermelho e o ar pareceu mudar ao nosso redor – Isso não é um leprechaun senhorita Winchester

-E o que é então? Qual é Oberon eu já enfrentei um desses antes e acho que poderia reconhecer um novamente

-Mas eu lhe digo novamente senhorita Winchester que isso não é um leprechaun, é algo muito mais poderoso do que qualquer um deles poderia se tornar um dia

-O que é?

-Você já viu vários desses mesmo estando em outra forma

Olhei para Sombra e ele me mandou um olhar como se reforçar-se a parte do idiota:

-Um espírito – falei pegando o papel das mãos de Oberon – Isso é um espírito?

-Não é uma certeza, mas tenho quase certeza, meu pai uma vez me falou sobre todos os espíritos que haviam resolvido ficar na Terra e não nos seguir para Arcádia e na lista ele citou um ser que protegia as terras irlandesas e adjacentes e disse que jamais abandonaria seus protegidos, os seres que nasceram e cresceram naquela região, os leprechaun, e para se tornar ainda mais intimo dessa raça ele tomou a forma de um deles

Encarei Sombra de novo, não era apenas aquilo que ele queria me dizer, algo bem no fundo dos olhos vermelhos dele indicavam que ainda havia mais alguma coisa que eu tinha que perceber e então encarei Lua e vi que ela estava pousada em cima de um adormecido Deive. Não sei até onde eu havia entendido do recado, mas devia ter entendido o suficiente já que Sombra bateu suas asas indicando algo que expressava felicidade:

-Temos que chegar as minas do mestre anão agora! – gritei correndo na frente de todos

Ninguém fez pergunta alguma, o único motivo pelo qual demoraram foi porque tinham que desmanchar rapidamente o acampamento improvisado e Will tinha que acordar Deive. Estava na frente de todos por mais de cinqüenta metros de diferença, perto de mim somente Lua, Sombra e Rubys que voava a dezenas de metros acima da minha cabeça.

Sentia meu corpo se mover cada vez mais rápido, um vigor assustador tomava conta de mim, lembro de caçadas quando era bem mais nova, haviam ocasiões que aquilo acontecia, que eu podia ir além do que jamais sonhei fisicamente, mas depois disso me sentia mal porque sempre falhava. Era quase como uma maldição, quanto mais eu me esforçar-se maior era meu erro, quanto mais alto eu ousasse subir maior seria a minha queda. Senti aquele estranho vigor ir sumindo aos poucos, o peso do erro voltou a me assolar e no mesmo momento fiz questão de me lembrar das palavras de Will e toquei na adaga de Caim.

Dava para sentir minha aura dourada se misturando a aura negra da adaga, ainda estava longe do meu destino então precisaria usar aquilo, e mesmo que não precisasse eu usaria, eu tinha que usar para provar a mim mesma que eu era capaz, era capaz de ir além e de não falhar.

Comecei a recitar as palavras em enochiano, aprender a língua foi difícil, principalmente em um mês, ainda não sabia as palavras direito e nem como dizer certas expressões e conjugar certos verbos, e isso devia me preocupar, um erro e eu poderia acabar destruindo a mim mesma. Mas não era hora para eu ter esses ataques de falta de confiança. Eu era filha do exterminador e da maior maga da atualidade, irmã-prima de um lobisomem e namorada de um demônio, não ia ter um ataque de incerteza logo agora, não depois de tudo!

Senti meu corpo ficando mais leve, cada segundo mais leve, o tempo corria diferente, o espaço parecia distorcido, eu podia enxergar espíritos e força sobrenaturais se movendo ao meu redor e então tudo se apagou.

Eu havia dobrado o espaço, manipulado as três dimensões para gerar um portal interligando o local que eu estava na floresta para a mina do mestre anão que naquele momento estava cheia de sangue, buracos, fumaça e corpos de anões e de enormes criaturas de mais de três metros todas deformadas, golens, criações de um mago:

-Seja bem vinda Amy Winchester, mesmo que tenha que admitir que você chegou bem mais rápido do que eu esperava – na minha frente estava um homem vestindo um roupão branco volumoso e tinha um frasco em mãos cheio de um liquido escuro – Não acho que deva se lembrar de mim

O cheiro de ervas fez meu cérebro funcionar e lembrei automaticamente, jamais esqueceria de um mago meia-vida a serviço dos the killers:

-Nicolas Flamel – disse girando a adaga de Caim na minha mão e me preparando para atacar – Algo me diz que você tem uma resposta para uma pergunta que eu quero

-Então que tal vir pegar sua resposta – o velho Flamel sorriu pegando um frasco de dentro de suas vestes

Rodei novamente a adaga e avancei.


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Notas finais do capítulo

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