Vida De Monstro - Livro Três - A Guerra escrita por Mateus Kamui


Capítulo 11
XI - Arvendui


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo fresquinho para todos os queridos leitores, espero que gostem :)



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XI – Arvendui

-Sua namorada é muito apressada – falei correndo ao lado de William

-A sua também – Alatariel estava na frente do grupo e Deive vinha logo atrás carregando sua arma e com algo que parecia temor e fúria nos olhos

-Ela não é minha namorada – disse sentindo meu rosto ficar vermelho novamente, aquela não era minha noite, havia enfrentado e sobrevivido a um deus para passar o resto do dia sendo envergonhado

-Então o que considera ser o relacionamento de vocês?

-Só temos um relacionamento extraconjugal, no máximo estaríamos, como minhas alunas dizem, “ficando”, mas acho que nem isso é, acho que ela só é a pessoa com que faço sexo regularmente

-Soube que toda vez que os humanos tentam isso não da muito certo

-Até agora está dando – ou pelo menos penso que está

O caminho era longo e cansativo se você tentava fazê-lo tarde da noite, mas Amy já não estava nem mesmo na minha vista, ela havia literalmente sumido depois que senti meio que um abalo no ar:

-O que sua namorada fez hein?

-Magia – William dizia aquela palavra com uma calma assustadora, como se aquilo fosse bom – Não sei qual, mas sei que foi isso que ela fez

-A questão é o porquê disso – falou Deive se aproximando de nos dois, o anão estava já visivelmente cansado, ele precisava descansar mais

-Algo me diz que será algo terrível contra seu povo querido amigo anão – disse William respirando fundo e acelerando seu passo tomando rapidamente a dianteira que antes pertencia a Alatariel

-Ele é incrível – falei pensando alto, William era mais jovem do que eu, mas era muito mais poderoso e determinado, principalmente determinado

-Sim é, mas isso não é o suficiente – Deive estava com o rosto vermelho e suado, ele estava quase hiperventilando  e se não descansasse ele poderia acabar desmaiando ou pior

-Você tem que descansar, os estragos que Thor causou foram muito grandes

-Três de meus amigos morreram, meu povo e meu mestre-pai pode estar em perigo e você quer que eu fique parado? – não vi fúria no rosto do anão, mas sim determinação e um senso de justiça admirável naquela raça, ele lutaria por seu povo, seja o vivo ou o morto, mas não com o intuito de vingança, mas sim em prol da sublime justiça gerada pelos punhos de um anão determinado

-Então é bom correr mais rápido jovem anão

-Eu sei não tão jovem elfo

Sorri quando nós dois aceleramos o passo, um vigor sobrenatural queimou dentro de mim e do jovem anão. Devia ser bem tarde da noite quando finalmente avistamos a entrada da mina. William já estava adentrando o lugar e não deve ter percebido o estado do lado externo da mina, o lado externo estava cheio de arranhões, buracos, fuligem e sangue, houve um combate ali, ninguém morreu, pelo menos não ali fora, fogo ou tiros foram usados e coisas bem grandes devem ter invadido já que haviam pequenas depressões no chão provavelmente causadas por seres enormes e pesados. Alatariel observava a entrada como se não quisesse entrar ali:

-O que foi? – perguntei me aproximando dela e Deive chegando ao meu lado ainda com visíveis sinais de cansaço, mas cheio de determinação

-Tem algo ruim lá dentro, o príncipe deve ter percebido também, mas ele ignorou

-E acha que não devemos ignorar?

Comecei a sentir uma energia estranha saindo dali, era como se a sombra da morte sobrevoasse o local, mas a única coisa que nos sobrevoava era Rubys e ele também parecia sentir a tal energia:

-Não podemos ficar aqui parados – Deive já ia entrar na mina quando Alatariel o segurou

-Não podemos simplesmente fazer isso anão apressado, tem algo de ruim ai e se formos sem pensar podemos morrer

-O que sugere então?

-Você conhece a mina não é mesmo querido anão? – perguntei sentindo a espada Oberon vibrando em minhas mãos, ela também sentia a estranha energia e não estava gostando

-Mas é claro, eu nasci e cresci e como pupilo e filho do mestre anão desta mina eu a conheço tão bem quanto meu próprio corpo e espírito

-Ótimo, isso vai ser mais do que útil, vamos entrar, mas não vamos seguir o caminho principal

-O que está sugerindo rei dos elfos?

-Só nos guie jovem anão, só nos guie

Entramos no local e a espada pareceu entrar em ressonância com a energia negativa que emanava da mina, ela vibrava e sua lâmina parecia se mover sozinha apontando para um ponto a noroeste da entrada e para baixo. A parte interna da mina estava pior do que a externa, haviam vários buracos e arranhões espalhados pelas colunas e corpos espalhados pelo chão, corpos de anões e de seres monstruosos e deformados. Deive se aproximou de um dos corpos dos anões e seus olhos ficaram vermelhos:

-Onde eles estão rei? – o anão perguntou rodando seu martelo

-Nordeste para baixo anão – disse olhando para a espada – Mas não podemos atacar diretamente, somos todos grandes guerreiros, não tenho duvida disso, mas veja o que aconteceu aqui, isso não é um combate comum, essas criaturas foram criadas por algum mago inimigo e não devem ter apenas esses, não podemos lutar de frente com eles, temos que chegar de surpresa

-Então eu sei o local perfeito

-Eu sabia disso – abri um sorriso enquanto seguia o anão que se esgueirava por túneis úmidos e cheios de buracos e arranhões

Quando percebi não estávamos apenas avançando em direção dos túneis, mas também subindo e descendo por escadas de degraus pequenos e baixos. Era difícil se mover por ali e haviam teias e aranhas e poeira em alguns locais indicando que aqueles caminhos não eram muito utilizados. Houve momentos em que tivemos que nos abaixar e outros que tivemos que nos espremer contra a parede. Já havíamos perdido doze minutos só andando por aqueles caminhos, mas era tudo por uma causa maior, não podia arriscar a vida de todos por uma atitude precipitada.

Quando percebi havia luz ao fim do túnel final, um local relativamente apertado e baixo, mas assim que saímos dele valeu a pena passar por ali. Estávamos acima de um salão onde um combate se seguia, sozinho William enfrentava três enormes seres de quatro metros de altura com um braço tão fino quanto um osso humano e o outro tão largo quanto um tronco de um enorme carvalho, as pernas eram finas e o tronco da criatura parecia ser inflado como um balão e suas peles eram esverdeadas.

Não podia ver nem Amy nem o mago que havia invocado aquelas coisas então ficar ali era inútil:

-Vamos continuar – disse bem baixo e cutucando Deive, ele entendeu o recado e continuou nosso caminho, Will não precisava de ajuda para lidar com aqueles três ali

Andamos por mais cinco minutos, agora sempre descendo por escadarias sujas e cheias de teias, e chegamos ao local principal. A espada Oberon continuava a tremer, mas dessa vez ela não tentava mais apontar para um local especifico, havíamos chegado e mesmo que a espada não me informasse eu saberia.

Abaixo de nós um combate acontecia, um homem vestido com uma espécie de roupão gritava palavras em algo que parecia o latim humano e arremessava vários frascos que tirava sem parar de dentro de suas roupas. Amy estava coberta por uma linda e medonha mistura de duas auras, uma negra e outra dourada que apreciam dançar belamente ao seu redor, e cortava todos os frascos antes mesmo deles se aproximaram usando uma espécie de espada feita de aura que ficava alternando entre negro e dourado.

Alguns monstros deformados rodeavam a dupla de magos, suas deformações eram dos mais diversos tipos, alguns tinha três ou quatro braços de tamanhos e larguras diferentes, outros tinham três pernas, alguns duas cabeças, outros possuíam peles de vários tons pasteis e outros simplesmente não tinham pele e se podia ver seus músculos perfeitamente como em algumas esculturas do laboratório de biologia da academia era simplesmente grotesco e nojento e cada vez mais daquelas criaturas nasciam quando os líquidos dos frascos quebrados se misturavam.

Ouvi Alatariel preparando suas lança em mãos, ela tinha mais duas nas costas que eu não tinha a mínima idéia de onde ela havia conseguido, a lança apontava diretamente na cabeça do mago cheio de frascos. Preparei minha espada e o anão fez o mesmo com seu martelo, não podíamos descer ainda, todos ali presentes eram mais fortes do que aqueles seres deformados, mas eles estavam em dezenas e nós só éramos três:

-O que fazemos? – perguntou Alatariel, ela estava tensa, era difícil para ela se manter naquela posição e não atacar

-Primeiro mude seu alvo, deixe o mago com Amy, nós matamos aqueles monstros – Alatariel apontou sua lança para o maior dos golens

Respirei fundo e tentei encontrar alguma conexão com algum espírito guardião, precisaria de ajuda. Eu tentei encontrar alguma coisa, mas só conseguia sentir uma bem fraca próxima, próxima demais, era quase como se ela estivesse a poucos metros, mas ainda assim eu não podia senti-lo ou vê-lo:

-Vamos nessa

Assim que falei Alatariel jogou sua lança direto na cabeça do maior dos golens, ou em uma de suas duas cabeças. Deive foi o primeiro que pulou e caiu esmagando as costas de um golem deformado com três braços usando seu martelo. Alatariel foi logo atrás dele puxando sua lança e cravando na garganta de um monstro tão deformado e com um cheiro horrível saindo dele que nem mesmo sabia se ele era um golem ou algo ainda mais monstruoso. Alatariel puxou sua terceira lança e cravou várias estocadas seguidas no monstro fazendo-o cair no chão morto. A “chefe” ficou com suas duas lanças e avançou em direção a mais um golem.

Pulei caindo entre três monstros e rodei minha espada partindo a suas regiões abdominais fazendo com que tripas negras e fedorentas jorrassem para fora e ouvisse grunhidos de dor e raiva vindo das bocas de dois golens, um deles não tinha boca para emitir grunhido.

Rodei novamente, mas dessa vez mirando nas pernas e partindo os joelhos das criaturas fazendo-as ir de encontro com o chão. Um golem veio na minha direção carregando algo que antes foi um pilar, abaixei me esquivando facilmente do ataque e cravei minha espada onde deveria ficar o coração da criatura. Depois de ter a espada cravada no peito do golem desci a espada gerando um rasgo no lado esquerdo do peito do monstro que grunhiu e me tentou me acertar novamente com seu pedaço de pilar. Abaixei facilmente novamente o e monstro se acertou com seu ataque e caiu no chão.

Senti algo se aproximando pelas costas e rodei um meio círculo que cortou um golem exatamente onde deveria ficar a boca do seu estômago. A criatura estremeceu e jogou no chão um martelo que deveria pertencer a um anão já morto. Assim que o golem se curvou enfiei a espada no seu queixo e coloquei força até ela conseguir transpassar o topo do crânio.

Retirei a espada facilmente e então olhei na direção dos dois magos que lutavam causando explosões em pleno ar e que jogavam fumaça para todos os lados. Não pude deixar de perceber uma confiança queimando nos olhos da jovem Winchester que nunca havia visto antes.

Aquilo me deu energia e avancei contra mais um grupo de doze golens armados com martelos e pedaços de pilares. Quando terminei com eles olhei para meus companheiros de batalha. Ao redor de Deive um total de trinta golens estavam totalmente esmagados nos mais diversos pontos de seus corpos, e o anão nem parecia cansado. Alatariel estava com apenas uma lança em mãos e cinco golens estavam tombados ao seu lado com as cabeças, gargantas e peitos cheios de furos como o maravilhoso queijo suíço que provei a algumas semanas atrás, a alguns metros de distancia haviam mais duas dezenas de corpos espetados e um deles com uma lança cravada onde deveria ficar os órgãos genitais do monstro, mas que não existia mais.

Olhei para Amy novamente e ela estava suada e suja, mas continuava disposta e com um sorriso no rosto, a sua frente estava um velho com um buraco enorme onde antes devia ficar seus intestinos que agora banhavam o chão misturados a excrementos, ácido estomacal e um líquido negro que saia do seu ferimento, ectoplasma. O velho gemia de dor e tinha largado dois frascos no chão que se misturaram e soltavam um cheiro terrível de enxofre, mas que por sorte não formou golem nenhum:

-Bom golpe jovem maga – disse o velho e conseguia escutar aquela voz fraca

-Você lutou bem velhote mesmo não tendo lutado corpo-a-corpo em momento nenhum – Amy limpou o suor que caia na sua testa, assim que sua aura negra e dourada se desfez ela pareceu começar a suar loucamente e dava para ver seu corpo tremendo

-Lutei? O que quer dizer com isso? Eu nem mesmo comecei garota

O ectoplasma negro começou a se mover e a forma símbolos no chão ao redor do corpo do velho que tinha um sorrio macabro no rosto. Todo o sangue derramado pelos anões e todo aquele fétido liquido derramado pelos golens começou a se mover em direção ao homem gordo e começaram a rodar ao redor dos símbolos feitos de ectoplasma:

-Você sabia que todos os magos que foram trazidos de volta já estão mortos? – o velho se ergueu do chão ainda com seu ferimento soltando ectoplasma, mas ele não se importava mais – Seu pai e os outros mataram todos eles, eu disse a Crowley para não confiar demais na magia, mas ele não me deu ouvidos, por sorte antes dele morrer eu consegui a informação que queria

-Qual? – Amy estava suando e suas pernas tremiam

-A muito tempo atrás eu criei um feitiço, na verdade eu aperfeiçoei um feitiço, um feitiço criado para prender espíritos ao meu bel-prazer, muitos chamam isso de magia verde, ou pelo menos assim chamavam, e com essa magia eu poderia me tornar o senhor de todos os espíritos, mas morri antes do plano estar terminado, por sorte meus descendentes continuaram isso

-Aonde está querendo chegar?

-Você vai ver, e sentir

O velho estalou os dedos e Amy começou a ficar pálida, muito pálida:

-Venha e me enfrente se puder garotinha

Amy avançou com a adaga em punhos, mas a lâmina de aura parecia tremer e quando Amy ia cortar o velho a lâmina simplesmente passou direto. As pernas da garota falharam e ela foi em direção ao chão:

-Vê Winchester? – disse o velho sorrindo na direção dela – Você é inútil

-Eu sou? – a aura de Amy começou a diminuir e ela ficou de joelhos, seus olhos estavam arregalados e ela soltou a adaga negra

-Sim você é, você é inútil, uma garotinha estúpida que só causa problemas

Lágrimas escorriam lentamente dos olhos de Amy, ela não choraria só por alguém dizer isso dela, algo estava errado ali. Olhei para algo que brilhava fracamente na região da cintura da garota, era a tatuagem que brilhava em um tom esverdeado bem escuro e bem fraco, quase imperceptível e algo me dizia que só eu conseguia enxergar:

-Sabe garota Nostradamus me alertou que você poderia ser um perigo em potencial para os planos do mestre Zan – o velho riu loucamente como se aquilo fosse a piada mais engraçada do mundo – Eu disse a ele que você não seria capaz, que você era só uma inútil, e eu estava certo

-Você estava? – Amy chorava ainda mais, o rosto ficava cada vez mais pálido, ela tremia e o suor já se misturava as lágrimas

-Mas é claro que é, me diga uma coisa que você já fez de direito? Uma coisa útil? Um ato de verdade que valha alguma coisa e que não tenha trazido prejuízos? – Amy parecia tentar pensar, mas ela chacoalhava o rosto e chorava ainda mais – Viu como você é inútil? Você nunca fez nada de útil

-Ela conquistou meu coração e devo dizer que eu acho que isso foi bem útil, pelo menos pra mim foi

William aparecia vindo de um túnel a nossa direita, ele estava com o mestre anão apoiado nos ombros e ambos estavam machucados, algo me dizia que nem todos os golens eram tão fáceis de se matar:

-Por que você está chorando Amy? – perguntou William colocando o mestre anão apoiado na parede e Deive correu para perto do pai enquanto Alatariel se aproximavam de mim

-Porque eu sou inútil Will – ela disse chorando ainda mais, ela parecia muito abalada com as palavras do homem, como se tudo de ruim da sua vida caísse sobre os ombros dela de uma vez, todos os momentos de azar dela, todas as faltas de sorte

Foi ai que tive uma espécie de epifánia. Má sorte, falta de ânimo, aquela sensação anormal de inutilidade, a tatuagem, magia verde, o fato de só eu poder enxergar a tatuagem, a imagem do espírito protetor dos leprechaun, tudo aquilo me acertou de tal forma que finalmente entendi o que estava acontecendo ali:

-William! – gritei correndo até ele que estava a poucos metros de mim e cochichei o mais baixo possível, o demônio então coçou o queixo e seus olhos ficaram vermelhos

-Tem certeza disso? – senti ódio queimando na voz e nos olhos dele

Eu não tinha certeza, mas olhei para o lado e pude jurar que vi um enorme lobo prateado me encarando, era um espírito guardião, o espírito do grande lobo, o mais poderoso entre todos os espíritos, e ele me encarava como se também esperasse a minha resposta:

-Mas é claro que eu tenho certeza, você acha que eu, o rei dos elfos, o Oberon III, professor da academia internacional e detentor da espada Oberon iria ter alguma duvida? – devo ter soado confiante já que o lobo sumiu, William estava com ainda mais raiva e podia ver um sorriso estampado na cara da “chefe”, ela sabia o que aquela raiva era capaz

-Então é bom ficar atrás de mim rei porque as coisas vão esquentar

Já dava pra sentir o calor do príncipe do inferno queimando próximo de mim, ele estava mais do que furioso, ele estava queimando do mais puro ódio. Se minhas suspeitas estivessem corretas então aquele homem era o lendário Flamel, o mago mais odiado pelos espíritos e aquele que aperfeiçoou a magia verde, a magia dos espíritos da natureza, a tal ponto que conseguia manipular qualquer espírito e usar seus poderes perfeitamente. O homem que ficou conhecido como “terror dos espíritos”.

Se minhas suspeitas estivessem corretas então a tatuagem de Amy só podia ser uma coisa, feitiços de magia verde. Não sabia como ela ganhou aquilo, mas alguém havia posto nela e já dava para ter uma perfeita idéia de quem teria colocado e de qual espírito havia sido preso a ela, e com qual missão.

O príncipe do inferno parou a poucos centímetros do mago e em momento algum Flamel demonstrou medo do demônio a sua frente que era obviamente mais forte:

-Como desfaço a magia? – perguntou William com os olhos cada vez mais vermelhos, um vermelho tão vivo que parecia brilhar como verdadeiras chamas

-Você acha que eu vou falar? – o mago era apenas alegria emitindo seu sorriso cínico e nojento – A garota é poderosa demais, Nostradamus me avisou do que ela é capaz e se ele estiver certo, e Nostradamus sempre está certo, a garota pode se tornar um problema para os planos do chefe, ela não pode viver

-Mas ela vai viver – um enorme buraco apareceu da parede e deles apareceram um dragão vermelho com cara de raiva e dois pássaros, um corvo negro e uma coruja branca – Mas você não vai

William agarrou o pescoço de Flamel com tal velocidade que nem mesmo vi quando ele se moveu. Pensei que ele fosse torturar o mago para obter respostas, mas a única coisa que escutei foi um clac e a cabeça do mago caiu formando um ângulo que acho que cabeça nenhuma deveria formar normalmente. Os sete ossos do pescoço foram quebrados tão fáceis quanto um adulto rasgaria sete folhas de papéis, ou até mais facilmente.

Cheguei a pensar que Flamel havia morrido, mas então uma fumaça escura começou a sair de dentro do corpo dele e então se misturou ao sangue de um golem que estava a poucos metros dali e um novo corpo surgiu do sangue do golem:

-Essa foi por pouco – disse o mago comum sorriso – Se tivesse me descuidado você poderia ter me matado

-Meu objetivo não era te matar, não sou eu quem vai fazer isso, mas sim Amy, eu só queria ter o prazer de ter feito algo com você antes dê-la acabar com a sua existência maldita

-Há há há – o mago riu tão loucamente que cheguei a pensar que ele poderia ter perdido a lucidez, talvez ele nunca a tivesse possuído – Essa inútil ai?

-Essa mesma

William andou na direção da sua namorada abatida e tocou o seu rosto. Ele deu um beijo nela e recitou alguma coisa no seu ouvido que fez a coloração da pele de Amy mudar no mesmo momento. Ele a ajudou a se por de pé e ambos encararam Flamel:

-Você acredita mesmo nela? – o mago falava se controlando para não rir

-Não é obvio? – respondeu o demônio com um longo sorriso – Ela é a namorada, caçadora e maga mais incrível que alguém poderia ser, pra ela acabar com você não vai ser nada não é mesmo? – o casal teve uma rápida troca de olhares e Amy simplesmente suspirou

-Você acha que eu consigo? – ela perguntou quase como um sussurro

-Vai lá – William deu uma tapinha nas costas dela colocando-a pra frente

Amy fez um aquecimento rápido e que não deve ter servido para nada, testou o peso da sua adaga negra e então suspirou. Seus dois pássaros pousaram nos seus ombros, o corvo Sombra no direito e a coruja Lua no esquerdo:

-Vocês vão me ajudar ano é? – ela perguntou e os pássaros assentiram

-Acha que devemos interromper? – perguntou Alatariel falando bem baixo no meu ouvido e senti um estranho arrepio nesse momento

-Não, se ela não conseguir então nenhum de nós vai

O silencio reinou por alguns segundos enquanto Amy apenas parecia fazer movimentos labiais que deveriam ser palavras, mas não entendi nenhuma delas mesmo fazendo leitura labial, era alguma língua que não conhecia. Aos poucos o ar foi ficando mais denso e então de um instante para o outro tudo pareceu ficar mais leve.

Minha cabeça latejou, tinha havido um aumento de pressão e então uma queda bruta, não onde eu estava, mas apenas onde Flamel estava, mas isso influenciou toda a região afetando todo mundo, mesmo que não da mesma forma que o mago. A cabeça de Flamel ficou muito estranha, seus olhos ficaram esbugalhados, sangue saia de todos seus orifícios faciais, e algo me dizia que pelos orifícios da região da baixo também. Por fora não parecia, mas sabia que por dentro seus órgãos deviam ter sido destruídos pela diferença de pressão.

Lentamente a fumaça começou a sair pelos ouvidos e foi em direção a outro monte de sangue de golem e um novo corpo apareceu. Ele não estava mais tão sorridente quanto antes:

-O que você fez? – perguntou o velho com uma face vermelha de raiva

-Cuidado com a pressão – Amy disse soltando um risinho de sua própria piada – Eu só controlei a pressão do ar, sou quase uma especialista nesse tipo de magia então pra mim é fácil

-Então quer dizer que poderia ter me matado desde o inicio?

-Sim, mas eu não estava tão confiante assim antes, quando usei magia pra chegar aqui eu estava, mas aos poucos essa confiança foi sumindo, mas agora que eu sei o porque isso não vai mais se repetir

A tatuagem no corpo de Amy começou a diminuir de brilho como se estivesse enfraquecendo e os olhos de Flamel quase saíram de seu rosto novamente:

-Você não pode – o homem realmente parecia assustado

-Claro que posso, graças a informação que o Will me deu eu acho que entendi como funciona a sua magia, não posso removê-la, parece que ela tem um elo com seu criador, mas posso enfraquecê-lo por tempo mais do que o suficiente

Amy rodou sua adaga novamente e fechou seus olhos, ela pareceu entrar em transe, mas sua aura dourada começou a rodeá-la. Os pássaros grunhiram alto e começaram a voar em direção a Flamel. Os pássaros bicavam o homem loucamente e ele lutava contra eles ridiculamente, os pássaros eram mais rápidos e pareciam até mais inteligentes.

Flamel tentou lançar algo que parecia com seu ectoplasma nos pássaros, mas eles se esquivavam e em menos de dois minutos todo o rosto do homem estava esburacado exalando liquido negro e nojento que aos poucos foi até o corpo de mais um golem gerando um novo Flamel que antes mesmo se estar completo já estava sendo perfurado novamente.

Mas nessa nova perfuração algo estava diferente, os ataques pareciam ainda mais coordenados e os furos que agora se espalhavam por todo o corpo pareciam formar um estranho desenho, uma espécie de letra de algum alfabeto desconhecido.

Antes que Flamel “morresse” novamente e criasse um novo corpo a suposta letra parecia finalizada e dela emanava uma luz dourada e então o velho mago entrou em desespero:

-O que você fez?! – ele gritava, estava realmente em desespero

Os olhos de Amy lentamente se abriram brilhando em um tom dourado que estava sendo lentamente compartilhado por seus pássaros que pousaram novamente no seu ombro. Quando os pássaros pousaram o brilho dourado sorriu e Amy abriu um largo sorriso:

-Deu certo – ela disse batendo palmas de felicidade – Mas é claro que deu

-O que você fez comigo?

-Só fiz parar a sua magia de transferência – Flamel além de desesperado começou a tremer enquanto mais e mais ectoplasma negro saia de dentro de seus buracos – Enquanto meus dois avatares aqui te furavam eles pegavam um pouco desse liquido nojento e enquanto isso eu o analisava

-Impossível

-Não se eu estiver possuindo os avatares – Flamel tremeu ainda mais – Agradeço ao seu descendente, foi ele que mostrou a forma mais eficaz de executar isso mesmo sendo bastante difícil fazer tudo estável, depois de analisar simplesmente fiz ambos te furaram formando uma letra enochiana recheada com a minha própria aura, um símbolo mágico, ou se preferir uma “tatuagem” – ela realmente fez aspas com dedos enquanto sorria – Então usei minha aura pra bloquear a saída da sua e te prender ai, simples

-Maldita seja! Malditos sejam todos da sua família! – Amy coçou sua orelha

-Você grita demais sabia disso? – ela era apenas sorrisos agora – Agora que tal darmos logo um fim definitivo a isso?

Amy segurou a adaga e preparou-se para jogá-la, respirou fundo, contou até três e então uma adaga cortou o ar velozmente acertando o crânio e partindo-o ao meio na vertical fazendo os lados da cabeça penderem para a direita e o outro para a esquerda jogando mais ectoplasma pelo chão.

A jovem “heroína” então ergue a mão apontando para a adaga e começou a se concentrar. Lentamente a adaga começou a tremer e então voltou para as mãos de Amy como se fosse um bumerangue, que por acaso é um instrumento bem interessante, devo dizer que o povo australiano é genial e com uma fauna interessantíssima:

-E agora? – perguntou Will se aproximando de Amy e colocando a mão sobre o seu ombro

-Agora temos que ajudar os anões a reconstruir esse lugar – disse a jovem maga olhando ao redor – E depois vamos atrás de uma certa pessoa

-Nesse ponto não posso deixar de concordar – falou o mestre anão tentando se levantar e ajudei Deive com isso

-Pode deixar conosco bravo mestre – disse olhando ao redor, nós iríamos ter muito trabalho pela frente 


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Notas finais do capítulo

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