Planeta Astrozona escrita por Natália


Capítulo 4
A Antiga Astrozona




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Era mais um final de tarde e lá estava eu, repondo meu sono atrasado. Sozinha naquele quarto, eu troquei meu pijama rosado por uma camiseta preta, uma jaqueta de couro bege e tênis branco, ainda estava um tempo frio e acinzentado. Desci os degraus da escada decorada da mansão e prossegui para a sala de jogos, onde o clima estava ainda pior que o que nos acercara.

– Eu sabia que se referia a mim, como um estraga-prazeres. – Reclamava Shaka

– Oras, sabia, porque no mínimo reconhece isso – Retrucou Bia.

Shaka apenas olhou seriamente a garota e logo abaixou a cabeça, pensativo, porém, percebia-se sua face nada amigável. A garota tornou a dar mirabolantes risadas, sem se preocupar com o que poderia acontecer. Ele tornou a olhá-la novamente, e a garota parou de rir em um segundo.

– Ok, pode continuar com suas briguinhas, eu tentei separar e é isso que você faz, se é o que vocês gostam, podem continuar.

– Shaka, eu estava brincando, pode parar, não me interpreta mal, por favor. Você estava certo em ter separado minha briga, mas segura essa sua lua escorpiana.

– Pois é, mexeu com a pessoa errada, agora sonhe comigo essa noite – respondeu Shaka com olhares maliciosos, porém maliciosos em todos os sentidos.

Não resisti apenas em acompanhar e perguntei:

– Bia, você brigou então?

– Sim amiga e o Shaka, que é um virginiano chato, com uma lua mais chata ainda, não curtiu ver-me defender as minhas teses sobre o tal assunto.

– É porque você é agressiva demais em suas opiniões, e você bagunça as coisas por aqui, acho isso bem pisciano. Talvez ainda não tenha se acostumado com a ideia de que isso não é igual a Astrozona. Aliás, sua bagunça é tanta que... Você já tomou banho hoje? – Disse Shaka.

– Que pergunta, eu sou bagunceira, mas higiênica, tomo três banhos por dia.

– Ah. De qualquer maneira, arrume um virginiano para dar um trato em você, é uma boa dica.

– Pode deixar que eu mesma seguirei meus conselhos.

– Ok, Ok, agora se me der licença, terei de voltar aos meus afazeres, tenham uma boa tarde, moças!

E assim que o loiro saiu da sala, Bia ousou-me a reclamar:

– Ele é um insuportável, não aguento mais ter ele mandando em mim. Não consigo viver sabendo que alguém manda em mim, não consigo ser toda organizadinha sempre, eu preciso de liberdade total. Você já desistiu da proposta de visitar a Astrozona?

– Não Bia, pelo contrário, na verdade, eu acho que acabaria indo lá sem você mesmo. – Dizia eu enquanto dava um riso sem graça.

– Pois agora, vai ser um pouquinho diferente, nós vamos lá, e eu quero que seja AGORA. – disse Bia enquanto me encarava com um olhar caloroso e cheio de desafio.

Ela puxou-me pelo braço em direção ao nosso quarto, para que iniciássemos nossa aventura.


***


Fora uma longa viagem, carregávamos uma grande mochila e já estávamos perto de nosso destino.

– Amiga, já chegamos, é bem ali – Disse eu apontando para a mansão a nossa frente.

– Vamos lá ! – extravagou-se Bia, enquanto corria em sua direção, e minhas costas, apenas doíam.

Chegando lá, Bia não deixou de disparar:

– Esse lugar tem um cheiro de mofo desgraçado, como está feio, nunca imaginei que estaria assim.

– É verdade, está pior do que quando eu cheguei, estão cada vez mais desistindo daqui.

– Nesse caso, acho que merece uma limpeza!

– Nada disso – eu ri – Viemos aqui pra fazer algumas investigações, certo? No final, não importa se o lugar está sujo, você é mais antiga que eu e pode me ajudar.

– Ai amiga, eu não sei de nada do passado disso aqui, estou desde o ano passado, mas a única coisa que faço é comer, beber e dormir. Desde que entrei isso é parado, quase não se tem mistério, e eu também não sou de ficar me focando neles.

– Você só pode estar de brincadeira – estapeei minha cara – como pode não se ligar aos mistérios de um lugar como esse?

– Não sei amiga, nunca me liguei muito a essas coisas, mas no momento, só me vem na cabeça, limpar a este lugar.

– Tanta coisa pra se fazer por aqui e você preocupada com isso, não consigo entender.

O clima deu uma rápida esfriada e Bia resolveu falar.

– Continue nessa sua obcessão de caçar coisas. Ei, tem Bom Ar na sua mochila?

– Sei lá, dá uma olhada aí.

Bia revirou minha mochila e fez uma cara um tanto reprovativa:

– Um livro sobre Sherlock Homes, uma lupa, um caderno de anotações, uma lanterna, luvas.. Caramba, você não está se achando a detetive com isso não, né?

– Pare de me atrapalhar, e feche minha mochila.

– M-Mas ..

– Já disse pra fechar.

– Ahh .. você é chata também, quer saber, deixa que eu arrumo esse local.

– Quer arrumar um lugar, depois de reclamar que não tem liberdade pra fazer bagunça?

– Ahh, mas é bem diferente. Sou bagunceira, mas contra as sujeiras e mofos, eu também tenho meu lado perfeccionista, tá bom?

– Tudo bem então.

Bia continuou a procurar outras coisas, mas dessa vez em sua mochila, e encontrou até coisas que não esperava:

– Ahh, que emoção! Mal posso acreditar que eu guardei minhas purpurinas, confetes e enfeites!

– Quê? O que você levou? Confundiu com o Carnaval é? Pois saiba, que o carnaval está sendo fora do nosso deserto, muito menos nessa mansão.

– Na verdade, eu peguei tudo o que vi pela frente, semana retrasada teve festa de carnaval na Entendendo e sobraram essas coisinhas como enfeite. Estou doida pra dar uma geral nesse lugar, mas antes... Eu já volto.

– Ai .. Fazer o que, né? – Lamentei, esperando ter alguma ajuda especial.


***



– Mas que droga de demora é essa? O que ela pensa que está fazendo? – reclamava, sentindo falta da doidinha, porém parei pra pensar – Pelo menos sem ela aqui, eu raciocínio melhor.

Na mesma hora, ela chegou, toda serelepe, deu um giro e com a voz mais estridente e alegre do que já era, disse-me:

– AHHH! Olha como estou fofa, amiga. Achei esse vestidinho colorido e frufru dentro da minha mochila. Está perfeito pra eu limpar com ele, ainda combina com estas sapatilhas vermelhas que estou usando.

– Está digna amiga, agora comece o trabalho, logo pagarei pelo seu trabalho.

– Não será preciso. – Disse enquanto estava segurando uma vassoura e um espanador que encontrou pelo caminho.



***


Passaram-se poucos minutos desde então, até que Bia decidiu ligar o grande rádio que por ali havia. Mesmo empoeirado, seu som era potente.

– Essa rádio é assim. PERFEEEEITA! Está tocando Trem da Alegria, que alegria! – Esbanjou Bia, com nítido exagero.

– Trem da Alegria? Ah não, tanta coisa melhor – disse eu, enquanto me levantava e ia em direção ao móvel.

Ousei em trocar de rádio para desespero da minha amiga, que me lançou ódio em seu olhar.

– É pra colocar, no Trenzinho da Alegria!

– Nada disso, querida, Kiss FM é muito melhor.

– Trenzinho da Alegria.

– Kiss FM

– Trem da Alegria.

– Kiss FM

E continuamos nessa disputa infantil, até chegarmos ao ponto de ver quem grita mais alto, isso enquanto não corríamos o risco de quebrar o coitado do rádio. Bia revoltada parou de gritar comigo, e aumentou o som no máximo, insistindo na sua rádio. Assim que ela voltou a varrer, em passos quase imperceptíveis, mudei rapidamente para a minha rádio que deslanchava em um poderoso rock do Metallica. Bia se doeu de gritar para que aquele som estridente parasse e eu mal conseguia escutá-la, sem saber o que fazer, ela não conseguia nem sequer tirar suas mãos dos ouvidos. Deitei no sofá cheio de pó e fiquei apreciando o som. Porém, a música já estava em seu final e ali terminou. Rapidamente, Bia baixou o volume e mudou para a rádio que tocara, sua música também havia terminado. Ela me encarou com um olhar totalmente feio, nossos gostos não se batiam, e assim continuamos em nossos afazeres, sem nos falar por um bom tempo.

Porém, por trás dessa infantilidade toda, engana-se quem pensa que estávamos sozinhas. Em um dos andares mais altos da mansão, duas garotas extremamente adeptas as baladas e as festas, ouvindo nossa espécie de competição, começaram a soltar suas teorias.

– Ai Thaís, colega, acho que vai rolar um festão por aqui, você ouviu o volume do som? Estou aqui, mas ainda achei super alto.

– Eu ouvi o babado sim, Letícia, eu sei que o gosto dessas pessoas não era dos melhores, mas com certeza vai ter uma super festa por aqui.

– É óbvio que só colocaram estas músicas para testar, não deve ter nada que preste na rádio agora né?

– É verdade, amiga. Devem estar com rios de CD de pop e eletrônica. Aiii... Eu preciso me arrumar, estou horrorosa. – Disse Thaís enquanto arrumava o cabelo.

– Que isso, colega, você está um arraso, vamos, melhore essa sua autoestima, garota. Pense só no tanto de gatinhos que não vão estar colados em você.

– Sim! É por isso que preciso me certificar que estarei mesmo bonita, vamos nos arrumar, temos que brilhar hoje.

– E não vamos esquecer-nos de divulgar para o pessoal.

Logo as duas partiram em direção ao lugar que moravam: À Entendendo Astrologia.


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Notas finais do capítulo

Nome: Thaís Leite
Idade: 17 anos
Signo: Peixes

Nome: Letícia
Idade: 18 anos
Signo: Leão



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