Planeta Astrozona escrita por Natália


Capítulo 3
Olá, companheiros!




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Voltei ao meu quarto decidida a deixar a mansão ao amanhecer – já que não seria sano deixa-la naquelas horas, ainda mais sendo um caminho tão longo – então subi para o meu quarto. Passar uma noite ali não faria mal. E devo admitir que eu estava cansada.

Ao subir as escadas, prestei atenção aos detalhes em dourado que estavam delicadamente desenhados na parede marrom clara. Paredes essas que se estendiam pelos corredores, onde ficavam as entradas dos quartos. Mas, talvez pela minha distração ou pelo sono que começava a chegar, esqueci-me de qual era a porta do meu quarto e ia seguir reto até ouvir uma voz em algum lugar atrás de mim.



– Hey! – Chamou ela e eu me virei. Demorei dois segundos para liga-la a foto do porta-retratos do quarto. A garota de rosto meigo e infantil.

– Ah, oi. – Disse acordando-me dos meus pensamentos.

– Acho que seu quarto é aqui. – Ela disse.

Olhei para os lados e sorri envergonhada.

– Acho que sim.


Entramos então no quarto. Ela fechou a porta e depois sorriu pra mim.


– Acontece. – Ela disse divertida. - É seu primeiro dia aqui.

– Espera... – Disse com estranheza, mas ainda assim simpática. - Como sabia que era eu?

– Shaka me disse que teríamos uma colega de quarto. – Ela disse caminhando até sua cama e abrindo o criado-mudo, tirando alguns papeis de lá. - E depois que ele te apresentou eu só liguei os fatos.

– Ah... – Sibilei.

Aqueles papeis tinham desenhos que me despertaram a curiosidade. Eu não conseguia tirar os olhos deles.

– Só que... – Eu pausei, recuperando a atenção. - Não vou ficar... Aqui.

Ela virou-se para mim.

– Por quê?

– Não acho que combino tanto com isso aqui. – Eu disse.


Ela baixou o olhar. Eu estava começando a gostar da desconhecida. Tinha algo... Fofo nela. Fofo é a palavra? Enfim...


– Fora que meus pais devem estar preocupados. – Eu disse, agora pensando no óbvio e me sentindo idiota. - Tem algum telefone aqui?

Porque não pensei nisso antes?

– Ter, tenho. Mas não pega sinal aqui. – Ela disse e eu franzi a testa. - Você já notou que isso aqui não é uma casa normal, não é?

– Acredite, já! – Ironizei.

Ela riu.

– Aqui estudamos astrologia. – Ela disse, rindo ainda. - E outras coisinhas mais.

– Que seria...?

– Nada é o que parece, Na-Natália... – Ela pausou. - É esse seu nome? – Confirmei com a cabeça. - A propósito, o meu é Bianca. Mas pode me chamar de Bia.

– Pode me chamar de Naty. – Eu disse sorrindo.

– Você já fez seu mapa, não fez?

– Não. – Respondi. - Digo, já. Mas não aqui.

– Você não preencheu seus dados? – Ela indagou.

– Sim.

– Então, seu mapa deve estar lá embaixo. – Ela disse, se levantando. - Esse é o meu.

Ela me entregou um dos papeis que já havia pegado antes.

– Pisciana? Eu sou escorpiana. – Eu disse.

– Bem vinda, Naty escorpiana. – Ela disse de um jeito engraçado. - Logo eles devem entregar o seu também.

Eu apenas abri um grande sorriso, um sorriso que manifestava meu agradecimento por aquela garota simpática.



Passaram-se alguns minutos desde então, havíamos acabado de tomar um banho noturno, e enquanto penteava meu cabelo, Bia contava-me mais sobre Astrologia. Em um instante, a porta do quarto abre, e deparo com o rosto masculino daquele retrato.


De andar descolado e um olhar galanteador, logo que me viu, fez questão de soltar um cumprimento simpático e divertido:


– Olá garota. Então é você a novata apresentada. Bem-vinda – disse enquanto emendava um sorriso.

– Ah Naty, esse é o Byll, um libriano fogoso que só vendo. – Disse-me Bia enquanto não conseguia segurar a risada – Ele tem um affair com uma garota daqui – completou com uma piscadela.

– Inclusive, estava com ela agorinha mesmo – Disse Byll. – E cada vez mais fico louco por aquela doce canceriana da Vênus taurina. Quanto glamour em uma pessoa apenas, meu coração libriano não consegue disfarçar isso.

– Vênus taurina? Em uma canceriana? Isso deve ser raro, não? Afinal, suponho que Vênus esteja em um signo anterior e posterior – Tentei corrigir em um momento de iniciante.

– Não Naty, Vênus pode estar até dois signos depois, ou antes. Leão, virgem, LIBRA, está certo, não há nada raro. – indagou Bia – Eu acho, vai que eu esteja falando algo de errado – riu a garota - mas acho que é isso mesmo.

Entendendo a explicação da minha amiga, Byll também se propôs a perguntar:

– Um Libriano poderia ter Vênus em Sagitário? Ou só em Escorpião?

Nesse momento abri o laptop mais próximo e em busca de ter certeza, pesquisei sobre o assunto, que confirmou a informação dada.

– Poxa, gostaria de ter Vênus em Sagitário – Disse Byll entristecido.

– Qual a sua Vênus? – perguntei

– É em virgem, não quero sofrer com essa Vênus caída.

– A minha em aquário – disse Bia.

– A minha é em escorpião, ela está em detrimento e não sou a pessoa mais sortuda no amor.

Ambos concordaram que a minha Vênus era super ciumenta e comentei:

– Não sou ciumenta, sou possessiva, só não me deixo demonstrar, embora tenha mais isso quando a pessoa me passa insegurança.


E então passamos a noite falando sobre nossas Vênus, como se uma multidão de gente estivesse no meio, e éramos apenas três ...





Uma tempestade se alarmava do lado de fora, as cortinas do quarto não paravam de balancear, meus parceiros dormiam como anjos, mas eu, eu não conseguia dormir. Virava ambos os lados e ainda pensativa, se deveria deixar aquele local. Eu havia gostado muito de meus companheiros, mas eu queria minha vida de volta também. Ah, droga, as horas do relógio já marcavam 5 horas da manhã, quanto antes eu sair daquele lugar, melhor. Fui direto em meu criado, recolhi todas as coisas que haviam sobrado. Para encarar a chuva, achei em um dos guarda-roupas um grande casaco marrom, calça e uma bota para me proteger da forte chuva. Coloquei minhas coisas em uma bolsa envelope que avistei e meu chapéu preto.


Foi ai que a porta se abriu. Era o Tony.


– Natália? Já está acordada? O Shaka mandou avisar que vai ter uma reunião lá embaixo para ajudar aos novatos com os mapas.

– Ah, eu estou com sono...


Mal acabei de falar e me vi sendo conduzida de forma nada delicada pela mão de Tony.


– Ei, que pressa é essa?

– É que o chefe está com pressa, você está atrasada!

– Atrasada? Tem noção da hora?

– Pois sempre foi assim, Shaka sempre passa a madrugada intacto.

“Realmente, isso é mais estranho do que pensei” – Refleti.


Chegando na sala principal, sentei-me no sofá azul. Eis que Shaka começa seu discurso.


– Por meio desta, venho avisá-los, que nessa reunião, estarei dando dicas de como se portar nessa mansão. É um evento feito no último sábado de todo mês. No final, também entregarei a cada um, uma folha com o Mapa Natal de vocês.


Ahh, só sei que a reunião demorou nada menos que 2 horas, longa, detalhista e chata.




Ao término da reunião, fiz questão de conversar com Shaka:


– Por que me chamou para esta reunião, sabendo que eu ia embora daqui?

– Te chamei de última hora, eu não ia, mas ainda sim era novata, poderia ter mudado de ideia, então na duvida, decidi arriscar.

– Não era necessário, eu disse que ia sair essa madrugada, poderia ter feito a reunião um pouco depois se estava em dúvidas. Shaka não respondeu e continuei – Tome isto – disse enquanto esticava minha mão com o papel.

– Pode ficar com você. – disse Shaka em tom calmo e pouco firme – Servirá de lembrança pelos poucos momentos que passou aqui.

Retirei minha mão e continuei:

– Tudo bem, apesar de esse lugar ser um tanto bizarro, até que gostei daqui. Você, a Bia ... vão ficar na memória.

– Assim espero.

– Me acompanhe até a saída, tudo bem?

– Ok.


E assim fomos... Quando chegamos à sala de recepção, Shaka me disse:


– Tem certeza que quer ir hoje ainda? O tempo está chuvoso.

– Sim, não se preocupe, ficará tudo bem. – Adiantei.

– Ok então, boa sorte!

Eu sorri e agradeci, demos um grande abraço e segui em direção à porta, com Shaka ali me olhando de longe.


Tão perto de abrir a porta que me levaria a outra dimensão, porém ouço a voz do inevitável.


– Naty?! Não se vá.

Eu apenas olhei para trás e vi a loirinha me encarando com seu olhar inocente e face triste. Ela retesou-se um pouco a partir do momento que me virei bruscamente em sua direção. Era tímida, mas um amor.

– Desculpa te incomodar assim. Talvez seja egoísmo da minha parte, mas eu estava me sentido um pouco "murcha" antes de você chegar.

Eu continuei escutando tudo silenciosamente. Mas o sorriso sincero que brotava na minha boca a encorajou a continuar.

– É tão bom ter uma colega de quarto, uma amiga... nova. Pense bem e, por favor, fique. Sabe, as pessoas me aturam aqui. Em casa, eu perturbava todo mundo e ninguém gostava de mim. Então... se você não foi com a minha cara eu vou entender.

– Bia! O que é isso, menina? - Ela riu em meio a um clima gostoso de amizade - É claro que eu fui com a sua cara e confesso que conhecer você me fez pensar em voltar atrás na minha decisão de ir embora, e olha que, para algo me fazer voltar atrás, tem que ser muito especial.

Os olhos da loira se iluminaram. Ela era doidinha e eu não me surpreendi quando ela praticamente pulou em cima de mim e me abraçou

– AAAAAAH. Então você vai mesmo ficar? Eu sabia. Eu te amo, você também me ama, tudo é lindo.

Eu não sabia se ria, se chorava ou se saia correndo. Com certeza, a última opção era a mais sábia e inteligente, mas quem disse que naquele momento eu queria ser racional? A vida precisa de sonhos e a Astrozona se transformaria na mais perfeita das ilusões.






E mais uma dia na Astrozona se passava, depois daquela emocionante cena, passei o dia todo com a minha nova amiga, que me apresentou os arredores daquele lugar. As pessoas olhavam-nos como se fossemos duas doidas, de tão extravagantes que estávamos, uma corrente elétrica que passava em nosso corpo e não podíamos chegar a sentir os efeitos de nosso choque, nós éramos o choque.

Mas nada para mim estava perfeito, não meus caros, sou muito exigente, eu ainda queria entender aquela antiga mansão que passei um mês de minha vida, o problema, é que antes eu não tinha ninguém que deve ter tido um passado por lá, para ajudar-me nessa missão, agora, eu tenho.


Meus colegas de quarto deveriam estar no 3º sono, antes que eu fizesse a burrada de deixar um livro do criado-mudo cair no chão, enquanto vasculhava uns documentos sobre a famosa mansão.


– Oras, o que está fazendo aí? – Implicou Bia.

– Que bom que perguntou, Bia, estou afim de ir naquela antiga mansão pra fazer algumas investigações, o que acha?

– Investigações? Pra que isso? – Ela riu – Não precisa ok? Estão boas as coisas do jeito que estão.

– M-mas ..

– Nada de mais, agora você vai dormir – disse enquanto puxava meu braço em direção à cama.


A reação da minha amiga foi inesperada, como ela não pôde apoiar minha ideia de investigar o passado? Seria o sono?

E de qualquer maneira, mais uma noite foi desperdiçada em um martírio de insônia.. aonde eu iria parar desse jeito?




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Notas finais do capítulo

Nome: Bianca (Bia)
Idade: 17
Signo: Peixes
-
Nome: Byll
Idade: 26
Signo: Libra



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