O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 20
Cap. 18 Cinzas (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Esta aí a segunda parte que havia prometido... desculpem a demora pra postar, é que me enrolei um pouco...



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Greco estava mais uma vez no chão, em meio a uma cratera feita no concreto com o molde de seu corpo, a dor o atingia em todos os pontos de seu organismo e isso o deixava tonto... Também havia o problema da energia do selo, que estava se tornando pesada à medida que o combate se estendia.

Realmente o soldado obteve sucesso ao fazer com que a luta deles se afastasse um pouco da onde a mulher e o bombeiro se escondiam, mas ele não conseguiu sair da cidade. Se fosse uma batalha normal contra um selo simples, Greco facilmente poderia derrotá-lo, no entanto, o seu inimigo era muito mais forte e rápido, assim, as pessoas na cidade que ficaram no meio do fogo cruzado estavam pagando por isso. 

A única vantagem que o militar possuía era ter inteligência para evitar os ataques frontais e diretos do selo roxo. Mas mesmo assim... não estava indo bem.

- Droga... – Greco fungava em meio à dor, enquanto se punha de pé novamente. – Preciso de mais energia!

Não posso! Se não odiar, se não mudar a configuração de sua alma... não poderei nutrir sua força com mais de meu poder!”

- Acredite... eu estou odiando muito agora!

Não seu tolo! Você está com raiva... e entre a raiva e o ódio há um oceano...precisa realmente odiar!”

Greco viu que o adversário estava caminhando em sua direção e já cogitava que o fim seria ali... não havia como ele vencer... não naquelas condições. Se não conseguisse expelir mais ódio para ter mais poder, não sobreviveria àquele combate.

Rapidamente, sua mente começou a aceitar o fim da estrada e já se desculpava por ter fracassado em salvar Ellen e agora novamente em ressuscitá-la. Greco também esperava que depois que morrer pudesse vê-la... pelo menos uma última vez antes de ir para o inferno, não que ele acreditasse no inferno... mas, se existisse, com certeza teria uma vaga com o seu nome lá.

E nesse momento, em meio aos pensamentos, o selo a sua frente caiu de joelho, depois levou as duas mãos ao chão ficando de quatro e começou a tossir sangue violentamente no asfalto.

Até que enfim!” gritou o selo em sua cabeça, quase como se estivesse aliviado.

- O que houve? O que você fez?

Eu nada, seu idiota. Isso aí já era esperado... nossa energia nessa dimensão causa muitos danos aos corpos de vocês, e usar tanto quanto o imbecil ali estava usando era de se esperar que atingisse o limite logo... embora tenha de reconhecer que demorou mais do que eu achava, uma vez que o palhaço aí já vinha de uma batalha.”

- Então... acabou? – Greco observava o adversário se contorcer enquanto tossia mais sangue.

Acredito que sim...”

Mas o selo roxo com chifres se recuperou da tosse e se pôs de pé. Greco pensou que ele fosse vir pra cima de imediato e já se posicionou esperando o embate.

Mas não ocorreu. O selo continuou onde estava e berrou mais uma vez, exatamente como havia feito na campina, então ergueu o braço esquerdo para cima com a palma de mão aberta e fixou seus olhos negros em Greco.

- O que ele está fazendo?

Para completar o cenário bizarro e mortífero em que estavam, a temperatura começou a cair drasticamente. Em poucos segundos, uma fina camada de gelo foi se formando nas folhas das poucas árvores, assim como na calçada e na lataria de alguns carros. Por estar utilizando a energia do selo Greco não sentiu o frio, no entanto, pelo gelo que se formava ao seu redor e pelo brilho que ia aumentando na palma da mão do adversário o militar sabia que não era coincidência e que não seria uma boa coisa.

- O que essa coisa está fazendo agora???

Interessante...” disse o selo em sua mente.

- O que é interessante!?

Aquilo. Não achei que conseguiria... o que meu caro adversário está fazendo é um ato de desespero e idiotice... um pouco dos dois eu diria. Ele está absorvendo a energia térmica do ambiente, mais precisamente absorvendo o calor e o concentrando em um único ponto... bem ali no centro da palma de sua mão

- Absorver calor? Pra que?

Como pra que? Para tentar te derrotar no ultimo suspiro de energia que aquele corpo aguenta... mas é idiotice.”

- Eu quero saber como e por que!!! – Greco berrou ao ver a esfera de luz laranja que ia se condensando na mão do inimigo à medida que tudo a volta ia congelando.

Ai, ai... como você me dá trabalho, Greco. O que ele está fazendo é o mesmo principio da criação dos sóis existente nos multiversos. Seria complicado demais explicar tudo agora, então entenda... quando um universo nasce... ele nasce com um aglomerado de energia... é tão grande e denso que às vezes se concentra em um único ponto... isso gera calor, muito calor. Por sua vez, quando ocorre a explosão, boa parte desse calor se perde, mas não tudo... é onde nasce um sol... que nada mais é do que uma bola de fogo proveniente do acúmulo de energia densa... energia densa gera calor... logo muita energia, muito calor. Entendeu? Até mesmo você sabe que todas as estrelas têm uma vida útil limitada... por que elas ficam queimando, gastando toda aquela energia acumulada... às vezes levam bilhões de anos... dependendo da estrela, trilhões. E o que meu caro irmão está fazendo é reunir energia térmica, concentrá-la num único ponto para então liberá-la de uma vez na tentativa inútil de queimá-lo até que sobre cinzas.” 

- E isso é possível!? – Greco estava preocupado.

Ah... não. Pode queimar um pouco sim, afinal vai ser uma explosão de ondas... mas eu estou regenerando suas células, lembra? Relaxe... você ficará bem. Na verdade, eu iria sugerir que puxasse uma cadeira e assistisse ao espetáculo pirotécnico... será incrível.”

- Por que está tão calmo?! – o soldado estranhava a atitude do selo.

Por que essa é a ultima cartada do idiota ali. É realmente uma fera tola e desprovida de inteligência... o único meio para nos destruir é perfurando a região do tórax com a energia ativada. Causar uma explosão de calor dessas irá desgastá-lo a um ponto que não poderá nem erguer o braço depois.”

- Então... acabou? Ele vai lançar aquilo... depois eu mato ele?

Basicamente.”

Greco ainda não estava relaxado.

- Diga-me... qual será o raio de explosão daquilo?

É energia térmica, Greco. Relaxe... e vejamos... pela quantidade de calor que está reunindo ali eu diria que não sobrará nada além de cinzas num raio de dez km. Viu? O seu mundinho e seu país estão a salvo por enquanto.”

- Cinzas? Num raio de dez km!?

Você só repetiu o que eu disse. Cinzas ou ferro derretido... tanto faz... a temperatura irá chegar mais ou menos a uns 15.000° C, talvez um pouco mais...”

- Não!!!! – Greco gritou e correu em direção ao adversário.

Contudo quando chegou perto o suficiente para desferir um golpe seu braço ficou em chamas instantaneamente e uma onda de choque o arremessou dezenas de metros longe.

Greco rolou no chão de gelo tentando apagar as chamas à medida que se contorcia em mais dor.

Por fim, quando conseguiu, se pôs de pé mantendo o membro queimado colado ao corpo.

Você é idiota ou apenas gosta de sentir dor?” Perguntou o selo.

- O que foi aquilo!? – Greco fungava por causa do braço queimado que ia se curando aos poucos.

Lógica, seu tolo! Para conseguir concentrar calor em espaço aberto o selo criou uma capsula invisível que mantém a energia térmica presa num espaço de trinta centímetros de seu corpo, assim é mais fácil capturá-la e reuni-la num único ponto, além de evitar que se desperdice em sua volta. A temperatura ali deve estar perto dos oito mil graus... e continua aumentando.”

- Quer dizer que não posso impedi-lo? – Greco olhou para trás em direção a loja onde estava o bombeiro e a mulher.

Por que diabos você iria querer impedir? Deixe o estúpido gastar poder a toa, é mais simples derrotá-lo depois.”

Mas novamente Greco não deu atenção ao seu selo e saiu em disparada pela rua na direção da pequena loja a qual havia mandado o casal se esconder.

Por favor... que dê tempo, por favor que dê tempo! Pensava o militar correndo o mais rápido que podia.

Greco chegou até a lojinha já adentrando de maneira abrupta olhando para todos os lados entre as estantes de roupas e os cestos suspensos de promoção de cuecas e meias.

- Bombeiro! Mulher! – o soldado xingou em pensamento por não ter perguntado os nomes deles. – Apareçam! Rápido!

Então, vindo do fundo da loja de roupas, de dentro de um dos provadores, o bombeiro:

- Acabou?

- Não, temos que sair daqui. Agora!

  Carregando a mulher nas costas, Greco saiu da loja correndo rápido, ignorando o peso dela que, na forma do selo, não era nada. O “homem das chamas” vinha correndo em seu encalço.

- De que estamos fugindo!? Merda! Por que está tão frio? – Berrou o bombeiro.

Então seguiu o clarão, Greco percebeu que o tempo havia acabado e por instinto girou o corpo em 180° já caindo de joelhos no chão e se debruçou sobre a mulher numa forma de proteção, e esperou pela torrente.

O calor foi sentido quase que no mesmo instante em que a luz cegou seus olhos.

Greco não viu ou ouviu mais nada por intermináveis segundos, ele se sentiu cego e surdo e aquilo o deixou assustado, por que quase todos os seus sentidos o abandonaram, exceto o olfato... e o nariz aspirava o cheiro de queimado... um cheiro forte e abafado.

Levou mais alguns momentos até que por fim sua visão foi regressando e o foco que antes estava no rosto machucado da mulher, agora só exibia uma estátua porosa negra no formato dela.

A temperatura havia transformado o corpo em cinzas.

Greco ainda a tinha nos braços, mas não acreditava no que via... então, em um pequeno tremor nas mãos a estátua negra se desfez em pó aglomerando no chão borbulhante que era o asfalto.

Não havia como salvá-la, Greco.” Disse o seu selo. “A temperatura do ar chegou a quase dezoito mil graus, somente seu corpo não a protegeria... você falhou novamente.”

O militar ainda encarava o pó cinza em meio ao estado de piche que havia se tornado a rua.

- Eu... eu... – a energia vermelha de seu corpo começou a intensificar à medida que ia se curando das queimaduras. – eu... eu...

Sim... você é inútil agora... não pode salvar o amor da sua vida, não pode salvar nem mesmo uma estranha. Não se continuar sendo quem é... você é fraco, é flexível e não tem determinação... deste modo nunca verá Ellen novamente. Se continuar agindo como agora você apenas matará a memória dela... lentamente até que não sobre mais nada.”

Greco cerrou as mãos em punho e ergueu a cabeça olhando para as nuvens cinzas... e então soltou um grito de dor e angustia tão forte e alto que seu corpo e sua alma responderam...

A energia do selo se intensificou, as escamas cinza e vermelha desapareceram dando lugar a pequenas placas de couro resplandecente que mais pareciam um metal, as garras negras em suas mãos também sumiram, mas no lugar um segmento de pele e osso com um brilho negro e vermelho foi se esticando formando uma ponta em lâmina poucos centímetros acima da mão direita. Dois chifres grossos e pontiagudos emergiram em sua testa, os olhos mudaram de cor... do negro completo passaram para um vermelho sangue com a íris negra.

Isso... esqueça de quem era... aquele fraco não foi capaz de nada... abrace o ódio, abrace o poder que pode ter... torne-o seu. Exploda essa sensação magnifica!”

O homem tomado pelo selo roxo havia voltado ao normal e estava consciente, seguia mancando em busca de abrigo, por que tudo a sua volta estava destruído, derretido ou simplesmente se tornado pó.

O homem estava nu, aparentava ter quase quarenta anos e estava desnorteado, confuso e com medo. Ele já havia observado o seu selo causar muito estrago desde que foi tomado pela coisa... mas aquilo era diferente... havia ultrapassado qualquer limite.

O senhor então virou-se para trás e sentiu uma mão forte apanhar seu pescoço o erguendo no ar.

Ele mal tinha forças para tentar se libertar... e o desespero de ter o ar faltando só foi superado pela visão macabra que teve do agressor...

- O...o... que?

A criatura nada disse, apenas levou o braço livre para trás e fincou a mão com força em seu peito. 

Seguiu-se uma grande luz depois da dor, mas o velho ainda mantinha-se vivo por poucos segundos a ponto de olhar no fundo dos olhos do demônio.

- Achou que morreria rápido depois do que fez? – a voz grossa só se encaixava mais no perfil amedrontador da besta. – não... eu quero vê-lo sofrer...

- Eu...eu... – o homem tentou falar mesmo com a mão de Greco sobre seu pescoço. – eu não pude...eu não pude fazer nada! Não...nã... não era eu!

Greco pendeu a cabeça para o lado, encarando o homem com um olhar macabro e doentio.  

- Não me importa.

Então chamas vermelhas emergiram do braço da criatura e atearam-se no corpo do homem suspenso, que gritou e gritou até que fogo consumisse o que sobrara da vida, transformando o resto em cinzas, que se desfizeram na mão de Greco. 


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal... eu tenho uma pergunta a fazer a vocês. É que agora virá uma sequencia de capítulos apenas pelo ponto de vista de Eros/Aquiles. ( pra quem estava com saudades dele...) Na versão original foram muitas páginas que eu digitei, e pra postar tudo do jeito que estava iria enrolar um pouquinho. Eis minha pergunta: Eu posso "encurtar" o trecho de Eros para que não fique tão extenso, ( é claro que eu iria ter que cortar algumas coisas) ou posso postar na estrutura original apenas fazendo os arranjos de sempre.( ocasionando capítulo mais longos) O que fazer? Então deixo a decisão aos leitores. Comentem sobre o que acham que ficaria melhor... a maioria vence... e quem lê e não comenta... comente dessa vez, seu voto pode fazer a diferença. hehe ;)



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