O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 19
Cap. 17 Cinzas...


Notas iniciais do capítulo

Pessoal... o capitulo ficou um pouco mais extenso do que de costume, por isso vou fazer como os outros e dividi-lo em duas partes.
Boa leitura.



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Cinzas...

Greco saltou do helicóptero em pleno ar chocando-se contra o chão numa velocidade que teria transformado um humano normal em patê, mas sua atual estrutura corporal blindava seus ossos e pele devido a energia do selo, logo o impacto apenas causou uma cratera pequena no meio da mata.

O soldado manteve a forma de “demônio” enquanto andava calmamente por meio da região verde pensando consigo mesmo, à medida que esperava o inimigo vir a seu encontro.

Smith havia dito que houve uma batalha em uma pequena cidade nos arredores daquela região, mas que depois da destruição parcial do lugar o suspeito a ser um “casco” para um selo de energia primária havia desaparecido. No entanto não foi isso que ocorreu. Somente tendo uma daquelas baterias universais presa em seu organismo para saber como agir e como se sentir. O homem deve ter voltado ao normal, quando presenciou o caos a sua volta ficou em choque e saiu correndo... as primeiras opções seriam ele pegar um carro e sumir pela rodovia, mas seria pouco provável que o sujeito tivesse controle para dirigir, a maior chance dentre as quais Greco projetou foi de que o estranho saiu correndo o máximo que podia, para o mais longe possível.

A mata fechada cerca a região até certo ponto, e Greco descobriu isso ao entrar em uma área de campina e ver algumas vacas pastando.

Ele está perto” disse o selo em sua mente.

-Sim.

Greco continuou andando pelo pasto úmido molhando as canelas nos resquícios de água fria nas folhas e então parou. Levou a cabeça para trás e olhou para o céu nublado.

- É impressionante como uma área que aparenta tamanha paz possa se envolver no caos tão rápido.

O que quer dizer?” perguntou o selo.

- Mesmo antes dessa loucura começar, os momentos mudam... as vezes drasticamente... as vezes de modo lento... mas em todas elas nós não percebemos ou não queremos perceber quando a mudança se torna ruim. Quando se torna boa ela passa livremente e aproveitamos, desfrutamos... como a tranquilidade deste lugar. – Greco virou a cabeça para direita observando o seu adversário já transformado vindo em sua direção a toda velocidade. – mas que em breve pode mudar se tornando muito ruim... e eu, como a maioria das pessoas nos apegamos a esta sensação que nos prende, nos tortura as vezes...

Tudo muda.” Disse o selo entendendo o raciocínio do humano.

- Tudo muda. – concordou Greco com um suspiro, já se pondo em posição de luta.

A criatura veio correndo com as garras levantadas e o soldado sorriu apenas dando um passo para o lado e esticando a perna direita quando o monstro já estava bem perto. O resultado foi um tropeço colossal que fez a criatura se chocar contra o solo dezenas de vezes até parar bem longe.

- Normalmente eu o mataria de modo rápido. – falou Greco andando para mais próximo do seu semelhante. – mas como estamos sozinhos e eu estou muito a fim de te dar porrada... vou prolongar essa lutinha besta.

A criatura de escamas roxas se ergueu a berrou forte e grosso fazendo com que as vacas próximas saíssem correndo, assustadas.

- Entendo... você é apenas uma fera ignorante... um animal forte e descontrolado. Não haverá conversa entre nós. – Greco arfou. – Pois muito bem, vamos ver do que você é capaz.

O humano tomado pelo selo roxo não atacou de vez, na verdade ele levou a cabeça para trás e soltou mais um daqueles berros estrondosos. No entanto nesse movimento sua pele escamosa aumentou o brilho e então os músculos dos braços aumentaram magicamente de tamanho enquanto três chifres pequenos cresciam em sua testa.

- Isso é interessante. – disse Greco preocupado. 

Isso não é bom” o selo disse. “ não é nada bom... ele está evoluindo! O selo em seu interior está liberando mais energia, tome cuidado Greco.”

- Isso é uma besta sem qualquer inteligê-

Antes que o soldado pudesse completar a frase recebeu um soco no queixo tão forte e rápido que só percebeu a dor enquanto voava pelo céu como um meteoro.  Sua queda no solo dessa vez foi diferente. Greco chocou-se contra o asfalto quebrando-o e afundando na terra por baixo.  

Ele abriu os olhos observando o mesmo céu nublado, mas agora o via de dentro de uma cratera, e com o rosto todo cheio de terra.

- O que diabos foi aquilo? – se perguntou o militar pondo-se de pé aos poucos.

Não estou brincando, aquele filho da mãe está liberando mais energia do que nós ou do que qualquer outro selo que já enfrentamos... não o subestime mesmo por não ter inteligência... aquela fera tem poder e um propósito... que é destruir você! Não baixe a guarda!”

- Tá...tá... desculpa mãe. Agora cala essa boca que meu queixo está doendo, não preciso que minha cabeça fique do mesmo jeito, por isso fique quieto.

Greco se apoiou no asfalto e pegou impulso saindo do buraco.

- Ah pronto...que maravilha! – o soldado bufou. – era só o que eu precisava!

Com o golpe, o selo havia arremessado Greco para muito longe e seu local de queda era justamente a cidade a qual houve o combate momentos atrás. Aquela parte do município ainda se recuperava do caos e da destruição que haviam deixado marcas bem evidentes, pequenos sobrados vieram abaixo, carros estavam tombados além de outros pegando fogo, alguns bombeiros estavam espalhados por toda a área tentando socorrer as vitimas vivas que gritavam por ajuda, além de recolher os corpos no chão e no meio dos escombros. Várias pessoas os estavam ajudando juntamente com alguns policiais.

No entanto quando o soldado caiu, todos pararam e observaram a fera que emergia da fenda no meio da estrada.

O pânico foi geral, houve gritaria e correria por todo o lugar enquanto os poucos policiais sacaram suas armas e iniciaram disparos contra o demônio. É claro que nenhum dos projéteis passava por sua pele escamosa e impenetrável, as munições amassadas caíam aos pés de Greco que apenas bufou.

- Inúteis. – o homem olhou em volta. – droga... em que direção aquele filho da mãe chifrudo está?

Não se preocupe, ele está vindo até você em grande velocidade... se prepare e espere.”

-Aham... claro, eu deveria ter trazido uma revista.

Greco voltou a olhar o espaço a sua volta... já não se incomodava mais com o caos e a destruição, na verdade ele as via como velhas companheiras... consequências de percurso em sua jornada para reviver Ellen e salvar o mundo.

Os policias haviam parado de disparar ao ver que não estavam surtindo o efeito desejado, logo todos ali perto já haviam corrido para longe menos um jovem bombeiro que estava ajoelhado ao asfalto próximo de um carro tombado. O homem parecia usar palavras suaves tentando acalmar alguém... provavelmente o motorista que teve o azar de estar no carro quando os selos estavam brigando.

- Pelo menos o veículo não explodiu. – disse Greco caminhando até lá. – você, homem que supostamente salva vidas... saia daqui agora ou não vai conseguir nem salvar a sua.

O bombeiro ergueu a cabeça assustado ao ver a criatura demoníaca falando consigo.

Greco pensou que o homem das chamas iria correr como todos os outros, mas na verdade o estranho pegou um machado vermelho que estava ali no chão ao seu lado e se posicionou como se fosse atacar.

- Fique longe!!! – o homem gritou. – eu juro! Se você der mais um passo eu enfio esse machado no seu crânio!

Greco estranhou a atitude, na verdade ficou um tanto perplexo por alguns segundos. O bombeiro era jovem... talvez uns vinte e poucos anos... tinha boa estatura, e seu olhar era fixo... aparentava medo é claro, mas também determinação... ele falava sério em atacar o militar com a ferramenta.

Então ouviu a voz fina em meio a soluços e compreendeu que era uma mulher.

- Ah sim... o herói está tentando salvar a donzela em apuros? – disse Greco com um sorriso de escárnio. – menino, tem um convidado que está prestes a chegar aqui... ouça-me se quiser continuar vivo... larga isso aqui de mão e corra para um local que você julgue seguro.

- Por favor...não...não me deixe aqui! – dizia a voz chorona da mulher presa no carro tombado.

- Putz... – Greco balançou a cabeça na negativa, não queria bancar o herói, não se importava nem um pouco com aqueles dois... mas tinha que esperar o adversário chegar então poderia matar algum tempo. – chega pra trás moleque.

O bombeiro ameaçou rachar a cabeça do soldado, mas hesitou quando Greco pôs a mão na lataria amassada do veículo e devagar começou a virar o carro.

O soldado foi estranhamente delicado para por o veículo amassado no lugar, teve mais paciência do que costume levando em conta que a mulher dentro havia começado a gritar temendo os movimentos.

Assim que as rodas encostaram no chão, Greco pôs a mão na lataria do teto que estava bem retorcido, sem contar que o para-brisas mais parecia uma tela em branco cheio de veias por causa das rachaduras.

- Cuidado. – disse o bombeiro engolindo em seco ao falar com a criatura – ela está presa nas ferragens.

- Eu percebi herói... por isso estou te ajudando a resgatar a bela dama... espero que a vadia seja ao menos bonita.

O jovem não se incomodou pelo palavreado que Greco usou, afinal o estranho demônio samaritano  estava ajudando-o a salvá-la...

O militar apoiou uma mão no teto e a outra na parte debaixo da lataria, envergou o corpo para trás e  puxou com força despedaçando o aço das juntas  que boa parte vinha com sua mão... mais parecia que Greco estava abrindo uma lata de sardinhas.

O soldado removeu todo o teto e o jogou longe.

- Pronto salvador, pode tir-

Greco parou de falar ao ver o rosto vermelho a parcialmente molhado pelas lágrimas da mulher.

- Mas... mas... o...

Ele havia entrado em transe por causa da aparência da estranha, mas não era a beleza que o chocava... na verdade a mulher não estava nos seus melhores dias com o cabelo longo negro desarrumado e sujo melecado por alguma ferida que fez sair sangue que agora estava seco. Um dos olhos estava fechado por causa de uma forte pancada e o outro bem vermelho e inchado pela choradeira, ela ainda continha um corte na bochecha direita que estava inchada

Contudo, os olhos de Greco viam além, eles observavam como ela era normalmente... e o formato do rosto junto dos cabelos negros o faziam lembrar de Ellen...

Era loucura de sua mente perturbada... mas a culpa, o arrependimento e a saudades o prendiam nesse pensamento. O prendiam a tal ponto que ele sequer se moveu enquanto o bombeiro entrava no veículo e tentava tranquilizar a moça que ainda soluçava e tremia de medo.

- Está tudo bem... venha, eu vou ajuda-la. – dizia o bombeiro.

Greco ainda não havia se movido apenas encarando a cena, petrificado.

Quando o olho lacrimejante dela se focou de vez no militar, a mulher voltou aos prantos.

- Por... por favor...por favor... não me machuque...

Foi necessário aquelas poucas palavras para trazer Greco de volta a realidade. Era obvio que a moça estaria com medo dele, afinal usando a energia do selo o homem mais parecia uma besta mitológica saída dos livros de histórias antigas...

- Não! Quero dizer... – Greco tentou ser amável. – Eh... eu... hã... não vou machuca-la.

Mas quando ele deu um passo na direção do carro a mulher recuou mais no que podia no banco, apavorada pela criatura.

- Não... não precisa ter medo... – Greco olhou para os braços, e percebeu que realmente depois do caos que houve ali, a ultima coisa que a pobre mulher iria querer ver era um bicho escamoso de olhos negros. – Veja... não sou um monstro...

O militar imediatamente desativou a energia que o cobria o fazendo voltar ao normal.

Tanto a motorista e o bombeiro ficaram paralisados com a transformação bizarra que ocorrera em poucos segundos á frente deles.

- Vamos... vou ajuda-la a sair daí. – disse ele entrando no que restava do carro.

Greco! O que pensa que está fazendo? O outro selo está prestes a chegar... volte para a outra forma!”

Mas o militar não dava atenção, só se concentrava em tirar a moça dali com cuidado e segurança.

- As pernas estão presas no que restou do painel... – disse o bombeiro checando as condições.  – Tente retirá-la pelo lado.

- Não. – Greco foi para o outro lado do carro. – qualquer movimento dela pode lhe causar dor... vamos remover o painel.

- O meu equipamento  está num caminhão a duas quadras daqui...

- Quem falou que precisa de equipamento? – Greco o interrompeu e ativou a energia do selo apenas no braço esquerdo e então pegou nas ferragens e começou a puxá-las para cima.

A moça até aquela hora ainda temia pelo demônio que assumiu forma humana, mas ela tinha parado de chorar e também de soluçar.... aparentemente grata pela ajuda sobrenatural.

Greco terminou de levantar o painel e o bombeiro rapidamente pegou no braço direito da mulher passando por cima do seu ombro e então a ergueu.

- Sei que deve estar doendo, mas aguente firme ok? O pior já passou.

Ela conseguiu sorrir e ainda deixou uma lágrima escorrer pela face machucada enquanto saía do carro com a ajuda do bombeiro.

Mais uma vez Greco ficou paralisado observando a cena... mas não era a mulher e o homem das chamas que ele observava e sim o seu adversário parado a alguns metros de distancia, quase do outro lado da rua em frente a uma árvore tombada os fitando.  

- O pior ainda não passou. – disse Greco ativando a energia completamente. – Leve-a para um local seguro... agora. – ele pulou do veículo voltando ao asfalto.

- Mas o que??? – o bombeiro também viu a criatura chifruda do outro lado da rua.

- Eu vou tentar tirá-lo da cidade, mas por garantia saíam daqui e entrem naquela loja ali atrás... só saíam quando eu for busca-los! Entenderam?

Greco encarou os olhos do bombeiro que apenas balançou com a cabeça concordando. Então a mulher que já estava querendo derramar mais lágrimas, disse algo que quase fez o militar baixar a guarda... ela o encarou em um segundo e pronunciou uma palavra.

- Obrigada.

Um arrepio, quase como um estalo fez-se sentir em todo o corpo escamoso de Greco... foi alguma coisa que veio de dentro a ponto de perturbar a energia do selo. Era uma sensação que parecia não sentir há muito tempo.

Mas não havia como apreciar agora, pelo contrario,  tinha que esquecer disso e se focar.

- Ok sua besta cornuda... – Greco começou a andar em direção ao selo já fechando as mãos em punho – Nós vamos levar nossa festinha pra outro lugar. – ele engrossou o tom de voz – eu juro... você não vai encostar nela!!!

Então ambos se chocaram. 


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Notas finais do capítulo

Devo postar a segunda parte o quanto antes...
Por favor... quem ler... deixe um comentário, é um incentivo muito bom para quem escreve e não dói e nem custa nada kkkkkkkkkkkkkkkkk



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