O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 14
Cap. 12 Conclusão inacabada...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Smith precisava urgentemente de uma aspirina, talvez uma garrafa de uísque, ou algo mais forte.

Eros havia sido descoberto há um mês. Fora feito um balanço de dados sobre homens desaparecidos e ocorrências estranhas nas cidades que eles moravam antes de sumirem. Com o cruzamento dessas informações, foi possíveis localizar nove suspeitos e, após algumas semanas de investigação, restaram apenas dois como prováveis recipientes de selos.

Dentre eles, um era Eros. Um adolescente que não se encaixava no perfil dos usuários das forças aliens. De acordo com as informações passadas por Greco, os selos escolhem homens na faixa de vinte e três até quarenta anos, por que são quando seus corpos estão na fase mais madura, mais forte. E o jovem ainda estava em desenvolvimento, não havia lógica em enquadrá-lo nos parâmetros.

Então, meses depois, veio a batalha numa cidade qualquer, onde uma mulher falou com um garoto que tinha uma mão azul brilhante.

Este jovem batia perfeitamente com as descrições de Eros.

Depois disso, o menino veio a aparecer novamente em outra cidade há centenas de km, onde, de acordo com as testemunhas, ele era um morto que voltou à vida após ser atropelado.

Juntando isto e a mão azul brilhante, não havia dúvidas de que Eros era um portador.

Logo depois, foi fácil achá-lo. Cinco mil policiais, entre civis, militares e federais, se espalharam a paisana por uma área de cem km² ao redor do ponto onde Eros fora visto pela ultima vez.

Para a sorte deles, o adolescente ficou preso numa cidadezinha, indo e voltando de uma biblioteca local, onde passava o dia inteiro parado, imóvel... um alvo fácil.

Smith requisitou dos superiores e da Organização das Nações Unidas uma verba extra, para montar uma operação em que não houvesse caos e a morte de civis inocentes, caso Greco não conseguisse conter o menino.

O plano que o delegado federal tinha em mente não causaria nenhum problema, se tudo corresse bem. Adalbert havia pensado que, como Eros detinha o controle de seu selo assim como Greco, ele poderia se juntar a eles e os ajudar a exterminar todos os selos em menos tempo. O militar só tinha que entrar lá naquela biblioteca e conversar com Eros, convencê-lo de que o governo não era seu inimigo.

- Era só pra entrar na porcaria da biblioteca e falar com o moleque... – disse Smith, sentindo o princípio de dor de cabeça.

Sabe a operação que Smith tinha em mente caso houvesse um combate? Ela consistia na evacuação total de pessoas num raio de doze quadras ao redor do prédio, para que não houvesse vítimas caso Eros não colaborasse.

Eros não colaborou... Greco muito menos.

Ambos destruíram quase tudo por onde passaram. Posto de gasolina estava em chamas, postes de luz tombaram, casas, lojas e até sobrados desabaram, se transformando em ruínas de pedra, tijolos e gesso. Mais de quinze carros foram destruídos, além de danos consideráveis ao asfalto, o que ocasionou o estouro de canos de água e esgoto.

Depois de arrasarem parte do município, eles se perderam na serra em volta da cidade. O combate seguiu para as matas onde Smith não havia posicionado nenhum homem, por que confiava que Greco, um militar treinado, pudesse conter um moleque que mal saiu das fraldas.

De sua base de comando, ele acionou os helicópteros para poder ter, ao menos, a informação sobre o fim da luta.

***

A mata densa e fria os rodeava por todos os lados, chegava a ser uma paisagem digna de cartão postal. Árvores altas com copas grossas, arbustos que cintilavam devido à gotículas de umidade do sereno, entravam em contraste com o chão de terra marrom, coberto por uma grossa camada de folhas secas. O sol estava escondido por nuvens grossas que deixavam o ambiente ainda mais gostoso. Greco estava adorando, principalmente por que estava muito perto de liquidar com o garoto imprestável e insolente.

Ambos se encaravam a uma distância de poucos metros. O soldado estava de pé, apreciando os braços e boa parte do peito que estava coberto por aquelas escamas vermelhas e brilhantes. Ele admirava até as unhas, que mais pareciam garras negras como a noite... era tão polidas e afiadas que o militar poderia ver seu próprio reflexo nelas.

- Tenho que lhe dar os parabéns. Você prolongou esse combate por mais tempo do que eu esperava.

Eros estava com o joelho esquerdo dobrado no chão, levando a mão brilhante à quatro linhas vermelhas em seu ombro direito, cortes grossos que sangravam e ardiam muito.

- O que você tem nessas unhas? Ácido? – Eros perguntou em meio à dor.

- Você possui a energia de um selo, mas não sabe como funciona? É um moleque mesmo. Quando recebemos ferimentos normais, eles logo se curam por causa da energia que temos. Mas se estes ferimentos são feito com energia similar a que usamos para nos regenerar... então, ela levará muito mais tempo para se curar. E se você ainda não notou... minhas unhas carregam quantidades consideráveis de minha energia.

- Ah... entendi. – Eros se pôs de pé devagar ainda com a mão sobre o ombro. – Acho que precisa de uma manicure... uma não... um exército.

- Ainda com essas suas piadinhas bestas? Vai continuar dizendo que não irá cair? Mesmo na sua atual condição?

Greco observou que o menino hesitava. Ele sabia que não teria como fugir, sabia que se entregar agora não valia de nada, então, ou ele lutava mais, ou simplesmente aceitava que iria morrer ali e agora.

- Se está pensando em o que fazer, eu o ajudo. – disse Greco. – Desista. Não há como me vencer menino... e mesmo que pudesse escapar... eu logo o encontraria. Disponho de recursos ilimitados para te achar, todo o governo, todo o mundo tem seu rosto gravado, tem suas impressões digitais... todos sabem quem você é. Foi assim que te achamos.

- Ah! Já sei então! O governo quer me pegar para fazer experiências comigo, né? Tipo as que fizeram com você? – Eros sorriu. – Me diz aí Greco... como foi a sonda anal? Eles acharam alguma coisa na sua porta dos fundos?

Greco cerrou as mãos em punho, já estava cansado daquele senso de humor medíocre do moleque.

- Não tem como me derrotar! Olhe para nossa diferença de poder! Eu consigo expelir grande quantidade de energia do meu selo! Olhe isso! – Greco abriu os braços. – E olhe pra você! Só consegue deixar sua mão brilhando... isso é menos da metade do que precisa para sequer me encarar, seu moleque!

Eros então arqueou as sobrancelhas.

- Sabe... eu estava lendo um livro na biblioteca quando você meteu seu nariz horroroso no meio e me interrompeu. É ficção misturada com magia... e na estória, não havia um mocinho, não havia um cara lutando pelo bem... haviam dois vilões disputando coisas egoístas... é bem original, confesso. Quando estavam lutando, um deles já quase subjugava o outro, que estava de joelhos, não tendo mais o que fazer... Ainda assim, ele não desistiu. Achei interessante, pensei que fosse um clichê, mas ele não desistiu por que amava alguém, não desistiu por que havia encontrado seu caminho, havia descoberto o “bem”... Ele não desistiu por que... esse era seu jeito de ser... mesmo que morresse, Aclitus manteve-se lutando, mesmo de joelhos e acabado, ele ainda cuspiu na cara do oponente, sabendo que a morte fora escolha dele, não do adversário.

- E no fim, ele morreu do mesmo jeito. – disse Greco. – Não há moral, Eros. Não há mensagem inspiradora... ou luz no fim do túnel... uma estória dessas só serve para iludir... aqui é a vida real... aqui você morrerá e pronto... estará morto. É o fim.

Greco usou uma velocidade inumana e parou à poucos centímetros de Eros, que não teve tempo sequer de reagir.

- Algumas coisas não podem ser mudadas... Somos os culpados por tudo que nos acontece, quer queiramos acreditar ou não. – Greco disse isso, enquanto juntava os dedos com a palma da mão aberta, formando quase uma navalha com as unhas negras, levou os braços para trás e fincou-os no peito do rapaz.

Eros arregalou os olhos, espantado. Greco também repetiu o mesmo olhar.

As garras negras e longas haviam se espatifado em mil pedaços ao encostar no peito de Eros.

O militar levou um baque para trás tão forte que foi ao chão, já acuando a mão que sangrava e ardia muito.

Greco levou alguns segundos até erguer a cabeça e olhar para Eros, que continuava imóvel, olhando para as mãos, aparentemente espantado com alguma coisa.

- Não pode ser... – disse Eros, observando que as escamas azuis em sua mão direita desapareciam.

No lugar das poucas escamas que cobriam sua mão surgiu um brilho branco forte, que se tornaram pequenas linhas de energia, que percorreram suas veias e aumentaram a luminosidade a ponto de transpor a pele, tornando o garoto uma lâmpada humanóide gigante.

Greco se pôs de pé assustado, recuando vários passos, protegendo os olhos por causa da intensidade do brilho.

- O que está acontecendo?!

Isso é... a fonte de energia dentro do garoto está se expandindo a nível celular em uma velocidade que não seria possível, por causa dos danos que uma força como a minha causaria. Definitivamente, não pode ser um selo que está dentro do garoto!” O selo gritava na mente do soldado, enquanto assistia a intensidade da luz diminuir aos poucos, até por fim, desaparecer.

- Só pode ser piada... – Disse Greco ao observar a imagem a sua frente.

Eros estava de pé, com uma expressão de quem não fazia ideia do que estava acontecendo.

O garoto, que estava com as roupas rasgadas e parcialmente machucado, agora trajava uma armadura azul de placas no formato de pequenos heptágonos ligados, que protegiam toda a região do peito e quadril. As pernas e os braços estavam protegidos com suportes do mesmo molde, que pareciam presos a própria pele. Na região dos ombros ainda havia duas elevações pontiagudas que pareciam espetos, e emitiam uma luz fraca.

E presa em sua mão direita havia uma espada, com uma lâmina de meio metro levemente dobrada para cima, toda ela parecia de aço ou algo diferente, era difícil distinguir, por que a lâmina era toda azul, o punho era negro com pedras azuis, que poderiam muito bem ser topázios.

- Ok... não faço a menor ideia do que houve... mas isso é muito legal!!! – disse Eros, quase pulando de alegria.

- Não pode ser... – disse Greco baixinho, como se fosse para ele mesmo. – Um selo não pode se moldar em uma armadura, muito menos em uma espada...

É claro que não, seu tolo! O que há dentro desse rapaz não é um selo! Eu estou dizendo há horas que eu não sinto a mesma energia minha dentro dele! Por isso não é um selo de energia primária! É outra coisa...” o selo gritava.

- Há! O que achou, Greco? – Eros sorriu e ergueu a espada na direção do soldado. –Você aí com uma transformação que beira a um bicho papão e eu aqui bonitão, parecendo um cavaleiro da tábua redonda!

- É Távola Redonda, seu idiota. – Greco o corrigiu. – E não ficaria tão confiante só por que mudou de roupa... aposto que você sequer sabe manejar uma espada.

Eros encarou a lâmina, levando-a bem perto do rosto.

- Será que vai funcionar? – Disse o rapaz, quase para si mesmo.

- Já chega dessas infantilidades. – O militar posicionou o braço bom, enquanto mantinha o outro rente ao corpo. – Vamos terminar logo com isso, você já me deu nos nervos.

O rapaz então aumentou o sorriso.

- Infantilidade? Que interessante... uma infantilidade que irá acabar com a tua raça! Você nem desconfia que armadura é essa, né?

- Eu deveria? – Greco ficou desconfiado, pela confiança que Eros exibia no momento.

O menino abaixou a espada e apertou mais a mão contra seu punho, depois fitou Greco.

- Eu não sei como isso é possível... – Disse Eros. – mas esta é a armadura de Nextos, deus da criação do sétimo cosmos. E esta espada é a ferramenta para a destruição do próprio sétimo cosmos... sabe, em um dos livros que eu li, muito grande por sinal, Nextos criou o sétimo cosmos para ser o paraíso onde seus subordinados poderiam viver após servirem-lhe por três mil anos. Infelizmente, os subordinados ficaram... preguiçosos, ficaram acomodados no paraíso e começaram a questionar o criador, começaram a esquecê-lo... Ao longo das gerações, Nextos foi sendo deixado para trás, e seus subordinados decidiram que o paraíso deveria ser modificado, que deveria servir aos propósitos deles mesmo, que iam modificá-lo por puro egoísmo. Logo... Nextos criou a espada do fim, que servia ao único propósito de destruir o que se criou... – Eros ergueu a lâmina para cima. – Não faço ideia se irá funcionar. Se não, eu terei pagado o maior mico, mas se for verdade...- Eros estreitou o olhar para o adversário. – Você perdeu.

- Aham... E você acha que essa armadura e a espada pertencem a uma história idiota, que um idiota leu em um livro idiota?

- Vamos ver.

Eros desceu a lâmina em corte e uma grossa linha vermelha se abriu em Greco cortando-o desde a região do tórax até o fim da barriga, chegando a expelir uma grande quantidade de sangue, enquanto o militar caía de joelhos e observava que parte do braço que estava rente ao peito fora separado da região do ombro caindo no chão de terra a sua frente.

Greco ainda não conseguia entender o que houvera, ele era dominado pela dor do corte em seu corpo, que sangrava, além do membro decepado. O militar observou Eros a uma distância de metros dele... o moleque sequer havia se movido.

- Co...co...como???  Como você me cortou, seu maldito?!

- Realmente é a espada do fim. – disse Eros apreciando a lâmina, depois olhou para Greco que agonizava de joelhos. – Essa espada que eu li na história idiota, possui a capacidade de cortar qualquer coisa que estiver em sua linha de visão... um simples movimento com a lâmina é capaz de separar uma rocha em dois... e você só teve um corte rente, não muito profundo. – Eros pôs a mão livre no quadril e pareceu meditar por um momento. – Acho que ainda não sei manusear muito bem...

Eros arregalou os olhos e suas pernas cederam enquanto ele caía de joelhos no chão, largando a espada e segurando o solo com as duas mãos para não se debruçar sobre ele.

Não demorou muito e o rapaz estava tossindo jorros e jorros de sangue.

Greco, em meio a dor, prestes a desmaiar, entoou gargalhadas altas que vinham também com golfadas de sangue.

- Seu... seu...seu estúpido! – Greco dizia, já com a visão nublada, havia chegado ao limite de seu poder novamente. – Achou...cof, cof, cof, que..que... poderia usar tanta energia assim sem consequências?! Há! Cof! Cof! Cof! – Greco voltou a tossir violentamente, enquanto as escamas vermelhas desapareciam aos poucos, fazendo a pele voltar ao normal. – Acabou para você!

Eros havia parado de tossir, mas não tinha forçar sequer para se levantar.

- Você está perdido agora! – Greco continuava gritando. – Todos sabem quem você é! Sabem seu nome, conhecem seu maldito rosto! E não há para onde...onde... se esconder!!!

A armadura de Eros então começou a brilhar em uma tonalidade de azul celeste, pulsando no mesmo ritmo que as batidas de seu coração. O brilho foi aumentando e, no curto tempo em que Greco piscou os olhos, a luz desapareceu juntamente com o rapaz.

Depois disso, a visão do soldado foi encoberta pelas trevas e ele desmaiou.


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Notas finais do capítulo

Capitulo que vem eu vou explicar o que está havendo com Eros. E sim, foi o seu selo quem moldou a armadura... irei explicar tudo para que não causar confusão.
Obrigado por lerem!



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