Os Semideuses e a Árvore De Sangue escrita por DennysOMarshall, Robert Zhang, HenryDixon


Capítulo 11
OLIVER




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— Tem certeza que ele vai chegar a tempo? — insistiu Adam quando o frio gélido começou a perfurar seu cachecol de lã tricotada e a levantar folhas ao redor do emaranhado de pessoas em volta daquele carro meio empoeirado — Já estamos esperando aqui há horas, senhor Própon.

— O que foi, Bunny? — perguntou Katherine, esboçando nada mais do que uma sugestão de sorriso — O vento está te assustando? 

Por um segundo, Adam percebeu que Turbanus o olhava como se estivesse prestes a segurá-lo para não pular em cima de Katherine e começar a puxar seus cabelos vermelho-fogo descaradamente, mas Adam estava sob auto-teste naquela missão. Era um rapaz comportado, e já vira pessoas serem punidas por muito menos.

— O vento não é a única coisa que me incomoda aqui fora, do lado de fora do nosso acampamento. Monstros são monstros.

— Mas há monstros por aqui? — disse uma bela moça, de vestes esverdeadas, que estivera tentando escalar uma árvore há algumas horas, provavelmente uma iniciante nas artes furtivas — Quero dizer, que provas temos disso? Aliás, não me sinto em perigo algum. Temos número e poder para derrotar Cr-

— Não invoque o nome do titã, Vaeneron — Própon interveio — Não, não temos monstros por perto. Acho que você, minha pequena lira dos vales outonais, meio a todas as outras caçadoras, foi a única que não percebeu que alguns sátiros nos rodeiam — Vaeneron olhou ao redor, e as outras Caçadoras apontaram com os olhos para as árvores no alto. Sombras de sátiros eram refletidas na luz do sol nascente — Se os sátiros não estão agindo, já é para mim uma prova suficiente de que estamos seguros.

Vaeneron enrubesceu, concordando. Desistiu de tentar subir na árvore escassa e sentou-se num tronco. Adam suspirou entediado. Não era de muitas palavras, mas podia ver-se a sua boca comprimida, a ira da demora só a custo reprimida nos olhos que espreitavam sob os cabelos sedosos afranjeados. 

— Então vamos esperar até que ele decida aparecer? — Adam prosseguiu, insistindo em seu protesto inicial.

— Sim, tolo apressado — Katherine respondeu, irritada. Levantou-se e sacodiu seus cabelos avermelhados — Dakota Marshall está aqui. Sob a colina, nos observando. 

Adam passara cinco anos no Acampamento Meio-Sangue, desde que era jovem até se tornar um rapaz, e não estava acostumado a ser desvalorizado. Mas era mais do que isso. Podia-se detectar no hovem algo mais sob o orgulho ferido. Era possível sentir-lhe o gosto: uma tensão nervosa que se aproximava perigosamente do medo.

Observou calado o rapaz descer a colina íngreme. O casaco amarrozando pulava conforme o vento levava-o com severidade. Adam decidiu ignorar o rapaz. Seu verdadeiro objetivo não era aquele. O objetivo observava distante Dakota Marshall enquanto descia. O objetivo observava quieto, com uma expressão tensa e enrigecida. O objetivo era o diretor do acampamento, aquele homem misterioso. O objetivo era Própon.

Adam tivera a sensação que alguma coisa o observava, algum malefício que não tivesse nenhuma intenção boa com ele. Na verdade, a vontade de Adam agora era não ter se envolvido nisso desde o começo. Era de voltar para o Acampamento, onde estaria seguro e faria mais pessoas seguras. Mas não dividiria esse sentimento com quem está espionando. 

Muito menos com um espionado como aquele.

Própon Emerien era o filho mais novo de uma família antiga que cultuava os deuses. O seu pai, Royrar Emerien casou-se com uma estadunidense, Melanie Emerien, filha de um comerciante. Melanie converteu-se para a mesma religião de Royrar. As coisas, a partir daí, começaram a ficar mais sérias no que se fala sobre religião. Royrar começou, junto de Melanie, a se informar mais sobre religião. Foi então que Melanie conheceu Zeus.

— Muito bem, heróis — Própon enfiou a mão nos bolsos profundos do casaco de lã, olhando para todos ao redor — os deuses correm perigo. Seus pais, aqueles a quem são devotos. Vocês devem viajar até onde Jano lhes espera, e com ele devem procurar mais informações. Muito pouco Morfeu me informou sobre essa missão na qual vocês tanta coisa tem de fazer. Pela fé, pela honra, pelos deuses.

Oliver suspirou, assentindo. Dakota foi para o lado dele e o olhou de relance, como se desejasse boa sorte.

— As Caçadoras — continuou Própon, tirando uma mão do bolso e erguendo-as para Natalie Egrezen, a substituta de Ellen Scaller por ali — foram enviadas por Ártemis para ajudar-nos nesta missão. Elas irão com vocês até Denver por ordem de Ellen Scaller, a qual provavelmente segue ordens de Ártemis. 

— Lá — prosseguiu Egrezen, pulando do galho onde sentava, girando ao segurar rapidamente outro e depois caindo ao chão — minha senhora encontrou quatro semideuses no mesmo orfanato, e Ellen suspeita fortemente, embora contra minha opinião, que estas crianças estejam envolvidas na profecia de vocês.

— Nossa profecia — Oliver fez um adendo em birra — não se esqueçam que todos os deuses que já sabem disso estão mandando suas forças. Estamos juntos nessa.

— Quieto! É de muita coragem — Egrezen passou a mão na adaga, que enfiava-se na cintura da calça de couro esverdeada — de um semideus preguiçoso protegido pelo acampamento me interromper. 

Oliver arregalou os olhos, Dakota suspirou com certo medo da atitude da caçadora. Adam percebeu que as outras Caçadoras também entreolhavam-se confusas, como se aquele comportamento não fosse o usual da garota. Egrezen virou-se e retirou as mãos finas da adaga. 

— Eu me comprometo com a minha senhora — continuou ela — e não hei de quebrar meus votos. Entretanto, eu e as minhas Caçadoras — fez uma ênfase tão forte no "minhas" que todas as moças a olharam de relance, como se estivesse tentando roubar o lugar de Ellen — nos iremos lhes ajudar no que for preciso, que isso não mais. Ártemis não teme que a Árvore sangre. 

— Ela acha que isso é um trabalho de Jano — disse a desajeitada Vaeneron, que foi fuzilada, metralhada, explodida, atropelada e todos os adjetivos de ódio que você possa usar do jeito que as garotas fazem: usando os olhos — Ellen, a nossa tenente — a garota fez uma ênfase provocante para Egrezen — acha que essas crianças são frutos de Jano, semideuses, como eu e vocês — disse olhando para Adam, lutando contra seus olhos sedutores.

Egrezen gostaria de esfaqueá-la por ser tão estúpida a ponto de contar isso aos semideuses. Ainda mais na frente de Própon — desobedecera ordens diretas de Ártemis quanto ao sigilo de opiniões não concretas para com outras pessoas que não façam parte da Caçada. Própon a olhava curioso, assim como todos os deuses. Egrezen sabia que dar a sua opinião, sendo transparente, seria a saída mais plausível, e Ártemis não discordaria.

— Mas eu acho — disse ela, lançando um olhar furioso para a delatora — que Jano não esteja envolvido nisso. Não de um modo ruim. Eu não tenho provas, mas ele descobriu a Porta e falou para Hipnos. Eu não acho que tramem nada contra o Acampamento. Eles não tem interesse aqui, tem?

Própon fez que não.

— Cronos está por trás disso — finalizou Egrezen, deixando todos aterrorizados.

— Bobagem — Turbanus finalmente tomou a posição — Criança tola. — Egrezen ofendeu-se, olhando-o com desdém — Não há vilão nessa história. A Árvore estava destinada a sangrar. Ártemis sabe disso, e eu sei que este não foi o palpite dela, mas não quero saber porque anda nomeando Scaller, a sua tenente, como Ártemis, sua comandante. Temos uma profecia.

— Como assim? — perguntou Oliver.

— O Oráculo me forneceu a profecia ontem pela noite. Provavelmente para essa missão. Nunca se sabe exatamente sobre o que os Oráculos estão falando.

— Isso significa — disse Própon, respirando com dificuldade depois de ouvir aquilo — que você está envolvido nessa missão, Turbanus?

— Todos estamos, meu pequeno rapaz — Turbanus bateu o casco e olhou para o chão entristecido — os tempos escuros se aproximam, e não conseguiremos nos iluminar como fizemos da última vez.

Própon paralisou. Oliver sempre ouviu Turbanus se referir com respeito quando se tratavam de Própon, chamá-lo de "meu pequeno rapaz" era ou uma heresia ou um sinal que ambos tinham uma intimidade antiga. Mal Oliver sabia das aventuras de guerra que os dois tiveram juntos. Na verdade, mal sabemos todos juntos por todas as enrascadas que esses dois passaram.

Turbanus retirou um papel de sua aljava. Estava amassado e amarelado, como todos os papéis velhos ou que tem essa aparência. Deu alguns passos até o centro do local, mais ou menos onde estava o carro de Dakota e começou a recitar a profecia, com uma voz apreensiva.

 Os descendentes do Olimpo o país vão viajar

em busca de uma resposta que pode os pais salvar

Males vão intervir, e companheiros vão partir

Que no final a última gota avermelhada desça

E a vida, por fim, despaireça



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