Acordo ainda no hospital, mas dessa vez sem dor, sem uma enfermeira louca tentando arrancar meu braço e hoje eu vou poder sair daqui e em uma semana vou poder tirar a bota ortopédica mais por conta da pancada na cabeça vou ficar tomando remédio por um tempo ate a dor cessar. Algo se mexe ao meu lado me viro para olhar e Damon esta deitado, ou melhor, dormindo sentado com a cabeça apoiada no meu braço.

Estico-me um pouco para tocar seu rosto e afastar o cabeço dele da testa, é fácil, pois estou sem os fios, olho para ele, sua expressão é calma, seu nariz esta encostado na minha pele, posso sentir sua respiração lenta, vejo que ele não foi para casa ainda, pois esta com a mesma roupa da ontem.

Admito a mim mesma, ele é lindo, resisto à tentação de tocar em seu rosto, não sei por quanto tempo fiquei olhando ele e não ligo podia ficar horas só olhando ele.

Ele abre os olhos, e pisca algumas vezes e olha para cima.

–oi - digo com um sorriso no rosto.

Ele levanta e só então percebo que dormimos de mãos dadas, ele levanta da cadeira e se estica.

–bom dia -ele se vira para mim e sorri de lado -dormiu bem? -ele se setenta da cama e sua mão cai junto a minha

–sim - aperto a mão dele por puro reflexo e ele segura ela e olha pra mim- e você?- minha voz sai tão baixa que ele mal deve ter ouvido.

Ele segura minha mão e faz carinho nela com o polegar, nossos olhares se cruzam.

–melhor que nunca- ele fala baixo também, percebo que minha respiração ficou mais rápida -Elena eu...

–pronta para ir para casa?- o medico entra e Damon solta minha mão mais não se levanta.

–sim -queria arrancar a cabeça dele- mal vejo à hora de sair daqui- olho para ele, medico se aproxima e Damon sai de perto deixando o medico fazer seu trabalho.

Vi ele poucas vezes, Dr. Taylor, moreno, alto, olhos cor de mel, ele era bonito Caroline quase voa encima dele quando veio aqui me visitar.

–como esta se sentindo?-depois de anotar umas coisas na prancheta ele se vira para mim.

–bem -dou de ombros.

–okay -ele pega uma caneta e aperta u botão nele e uma luz acende na ponta -olhe aqui -ele levanta do dedo indicador e passa a luz sobre meus olhos duas vezes em cada um -okay, nenhum trauma, passou a noite bem? Alguma dor?

–só uma dor de cabeça leve quando acordei ,mais já passou -ele me olha atento.

–certo os remédios para dor estão aqui- ele tira do jaleco um potinho laranja e me entrega -um por dia ate a dor cessar como eu expliquei ontem. - ele assina a prancheta e sorri -pronto senhorita pode ir, mais volte em duas semanas para remoção da bota okay?

–certo me sento.

–a enfermeira era trazer seus pertences.- ele se vira para Damon -podemos conversar Damon concorda e acompanha ele para fora do quarto.

Eles saem da sala, mas não fecham a porta, escuto meu nome umas duas vezes e depois Damon retorna ao quarto com um saco e fechando a porta.

–seus pertences senhorita- ele fica parado com um braço para trás e com um sorriso travesso.

–obrigada!- pego o saco e sorrio- o que o medico queria?- faço um pouco de força para tentar sair da cama

–só me falou para não deixar você fazer força -ele me carrega e me põe no chão.

Nossos rostos ficam a centímetros de distância, sinto seus braços ao meu redor e sua mão na minha cintura, meus olhos percorrem seus lábios, sinto seu olhar no meu rosto, sua boca entreaberta se aproxima da minha e eu levanto meu olhar e o encaro, seus olhos estão fixos no meu, sinto um arrepio subir pela espinha, toco em sua peito e seu coração esta disparado assim como o meu, não se ouvia nada na sala, era como se o mundo estivesse mudo, podia ouvir sua respiração

–Elena!- Caroline abre a porta do quarto e eu me afasto de Damon na mesma hora. estou atrapalhando algo? - ela da um sorrisinho.

– Caroline, oi -me apoio na cama e dou um sorriso envergonhado não olho meu saco de roupa e levanto-o -pode me ajudar?

–claro-ela ainda me olha com um olha travesso no rosto.

–vou deixar vocês se arrumarem -Damon sai do quarto com cara de quem tava com raiva, passa pela porta e a fecha.

–posso saber o que foi isso que eu presenciei aqui?- ela sorri e se aproxima.

–nadinha -abro o saco e tiro minhas coisas.

–como nada Elena? -ela chega perto da cama se eu não tivesse chegado vocês...

–não foi nada Caroline- me viro nada!

–ai meu deus Elena confessa você sente atraída por ele- ela apóia as mãos nos meus ombros- você não viu o que eu vi ele gosta de você.

– Caroline agora não ok? - olho para ela- me ajuda? -mostro meu vestido para ela.

Depois de uma confusão para me vestir acabei cinco mim depois com um sapato sobrando, saímos do quarto, comigo apoiada na Caroline que carregava uma bolsa com a muda de roupa que Joene tinha trago ontem, no fim do corredor olhamos Damon no telefone ele se vira e me olha .

Estou com um vestido estampado soltinho vermelho com vários desenhos de flores e com o tênis nada apropriado para o clima daqui mais foi o que eu consegui vestir já que tive medo de tirar a bota .

–vestido! -Damon me olha preocupado -esta um gelo lá fora!- ele se aproxima e me puxa do braço da Caroline, me sinto uma boneca de pano sendo puxada de um lado para outro.

–eu sei -me apoio nele- não consegui vestir outra coisa ele passa o braço ao redor da minha cintura com firmeza.

–bom o carro ta ali na frente é só irmos rápido -ele fecha a mão em punho na minha cintura -vai com a gente Caroline ?- ele não olha pra mim nem um minuto .

–não meu carro ta lá fora também .

Saímos do hospital correndo , bem eles correram eu meio que estava pulando num pé só sendo carregada pelo Damon,chegando no carro entrei rápido e me sentei Damon correu e ligou o carro nem percebi mais estava tremendo e a ponta dos meus dedos estavam vermelhas, ele se esticou para pegar algo no banco de trás do carro e eu meio que sem querer, querendo, olhei a cueca ( preta) dele, quando ele vira de volta coloca sobre meus ombros uma jaqueta e me afasto do banco para ajudar .

–vou ligar o aquecedor para ajudar- ele aperta uns botões no carro .

–quem diria que você é prestativo -olho pra ele rindo e ele sorri de canto .

– eu sou um cavalheiro, senhorita -ele fala rindo - estou ofendido .

–vou fingir que acredito -coloco o braço direito pela manga da jaqueta sem problemas e quando vou colocar o segundo sem querer bato no rosto dele- meu deus Damon desculpe .

–ai -ele passa a mão no rosto rindo- tudo bem .

–sinto muito mesmo -estico o braço e tiro a mão dele do rosto -foi sem querer -tento analisar pra saber se deixou estrago - eu sou um desastre.

–ei, esta tudo bem -ele segura minha mão no seu rosto -não machucou relaxa -ele me solta -tenta se aquecer você esta gelada.

– mesmo assim desculpe- me sento direito no banco- doeu?

–não -ele gira a chave e começamos a sair do hospital- só não faz de novo!- ele ri.

–sim, senhor- bato continência.

Conversamos, sobre praticamente tudo no carro, ele falou pouco sobre se, falamos mais sobre musica e como era o Brasil, ele quis saber tudo ate como eu ficava de biquíni, vê se pode, ele pareceu triste quando eu disse que não ia a praia.

–mais por que ? -ele me olhou -não sabe nadar é isso ?- ele se vira para rua .

–não, quer dizer , sim eu sei nadar- cocei a cabeça -eu não gosto de usar biquíni , me sinto despida- ri .

–despida? -ele riu e muito.

–que foi? .

–nada- ele riu de novo- você tem um palavreado bem diversificado pra alguém da sua idade.

– o que você quer dizer com isso? -acho que foi um elogio - não sou tão nova assim tenho 18 anos.

– isso foi um elogio.

–se for assim fico grata- ele ri de novo -quer parar com isso ? que coisa.

–desculpa.- ele para o carro -chegamos madame- olho pra ele com cara de raiva e depois começo a rir .

– e agora? -olhei o caminho ate a casa de Matt -saímos correndo ate a casa?

–não é a melhor idéia do mundo mais... -ela tira o cinto de segurança e eu faço o mesmo- é a única que temos.- ele desliga o carro e abre a porta- espera aqui -ele da a volta no carro e abre a minha porta -vamos rapido -ele me puxa e mais uma vez fico com o rosto próximo ao dele .

Saímos rápido, meu cérebro deu uma pausa quando ele passou a mão pelas minhas pernas e me carregou, como se eu não pesasse nada.

–meus deus -acho que era Joene- entra logo, eles chegaram -ela grita e escuto a porta se fechando - por que demoraram tanto? E que roupa é essa a dela?.

Voltando a realidade.

–eu não ... -Damon começa a falar .

–só consegui vestir isso -olho pra ela- tive medo de tirar a bota .

–bem que eu tentei fazer ela vestir a calça- Caroline surje da sala.

–gente ainda to carregando ela- Damon fala -não que você seja pesada.- ele vira o rosto pra mim e ri.

–tudo bem - começo rir e logo sinto a dor na cabeça um tanto forte .

–bota ela no sofá , Car pega um cobertor pra ela por favor -sou levada pra sala .

Damon me coloca no sofá e Caroline me cobre só nessa hora percebi que estava com muito frio me encolhi toda tentando ignorar a dor na cabeça, botei a mão na cabeça tentando de alguma forma inútil parar a dor para não tomar remédio, odeio tomar remédio, odeio mesmo, alem do gosto horrível tem que engolir inteiro e se mastigar piora.

– Elena? -obro os olhos- você ta bem?-Caroline senta no sofá .

–minha cabeça ta doendo um pouco- dou uma geral na sala somente Damon e Caroline estão ali -cadê Joene?.

–foi buscar a meninas na casa da avó delas - Caroline fala baixo.

Olho para o Damon ele esta sentado na mesinha de centro me olhando. Há algo estranho em seu olhar, ele não parece à mesma pessoa que eu conheci a um tempo a trás, antes quando eu olhava para ele não via expressão alguma em seu olhar , como se tivesse perdido o brilho, a vida quando olhava para ele seu rosto era sempre serio, vazio e seu olhar perdido. Já Caroline não, sempre trazia consigo um sorriso no rosto e seu olhar era iluminado e cheio de vida, nunca fui de reparar essas coisas mais agora com essas duas pessoas totalmente diferentes na minha frente posso ver a diferença.

– Caroline pode me trazer um copo com água?- Caroline sai da sala -meu remédio esta na bolsa -me sento e vasculho a sala e ela esta na poltrona perto da janela -pode pegar? -olho para Damon e ele logo se levanta e pega a bolsa e me entrega- obrigada- ele não diz uma palavra -você ta bem?

–sim - ele olha pela janela- na ultima vez que fiquei sozinho aqui foi ... -Ele para de falar, ele engole seco , parecia esta revivendo uma lembrança muito dolorosa, ele me olha novamente -há muito tempo -ele sorri ,mais seu olhos não, seu olhar ainda era triste .

Caroline volta e eu tomo o remédio conversamos um pouco mais logo ela teve de ir embora e ficamos somente eu e Damon ele sentado na mesinha com o olhar perdido com as mãos apoiadas no joelho. Estico o braço e seguro em sua mão em com a outra ele cobre a minha , queria que ele falasse ,e que ele percebesse que esta tudo bem e que pode me contar , ele apertou minha mão entre as suas com um pouco de força.

– eu morava aqui -ele disse somente isso, parecia que ia chorar, senti um no minha garganta, me arrependi em insistir- eu ...

–não -me sentei de frente para ele -não precisa falar nada mais -pude ver a tristeza em seus olhos ele abaixou a cabeça -mais eu quero que saiba que -segurei seu rosto e levantei para ele me olhar -quando quiser, estarei aqui para ouvir. - Ele passou a mão no meu rosto, me olhando.

O silencio tomou conta da casa, me senti sonolenta e fiz de tudo para manter aquele olhar comigo, sabia que se eu dormisse ele iria embora e por alguma razão não queria isso, queria ele ali perto de mim, nem que fosse em silencio, só para ter ele por perto, queria que ele soubesse que eu estava ali também .

–fica aqui comigo -falo baixo por favor as palavras saiam da minha boca, parecia que eu não controlava ela.

Ele se levanta e se senta do meu lado e me puxa para um abraço, quando percebi estávamos deitados no sofá, eu com a cabeça apoiada no peito dele e seus braços me aquecendo, me protegendo, nunca mais queria sair da li.

–já sonhei com você.

Alguém fala isso, não tenho certeza quem foi.

–eu também.

Parecia que tinha mais alguém na sala, mais estava com muito sono para ver quem era então simplesmente deixei a inconsciência me levar.