A Deusa Mãe escrita por Hakushiro Lenusya Hawken


Capítulo 12
Eclipse


Notas iniciais do capítulo

Bya enfrentará alguém com seu sangue correndo nas veias. Quem será que vencerá essa disputa por poder?



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Eu pensei um pouco no que as pessoas falam sobre a morte. Toda aquela coisa legal da sua vida toda passar diante de seus olhos. Pensei em me ajeitar para ver o filme, e a espera pareceu eterna. Eu derrotei Oudo e uma quimera sagrada. Duelei com um sacerdote amaldiçoado, só para chegar até aqui e morrer como uma barata esmagada nos pés de quem considerava uma dos meus parceiros. Irmãos.

Com raiva? Sim. Não dela, mas de mim mesma. Ingênua, não fui capaz de ver que ao entrar naquele lugar sozinha, eu estava prestes a me condenar. Por que está demorando tanto? Eu não vou morrer...? Já não consigo respirar...

Um grito agudo acordou-me do transe pré-morte, como se tivesse me resgatado das mãos dum shinigami. Theia havia tirado seu pé de meu estomago, e quando a luz parou de piscar, vi que ela estava com o ombro ferido, num fino corte, onde um delicado filete de sangue escorria. Eu escutei a voz grave de uma pessoa que eu conhecia desde os tempos de infância, acompanhado por uma mais fina, que só proferia frases filosóficas.

- Afastai, demônio do inferno! Tu não deves tocar no corpo imaculado da futura rainha de Aljha Rhara!

- Elion... Leona...

- Elion, puxe Byakushi para o canto da sala. Eu acabarei com a monstra.

Segundos depois, eu fui depositada sobre o sofá semidestruído da casa. Elion ficou em minha frente, com uma faca em mãos, como se aquilo pudesse a defender de algo.

Extremamente magra, através dela consegui ver claramente o duro que Leona estava dando para impedir que Theia se aproximasse. Apesar dos olhos entreabertos e mareados, os vultos em minha frente eram claros demais. A hemorragia me puxava para o mundo dos mortos, mas eu voltava em questão de segundos, em apagões.

- Aguente firme. Kenji já vem.

Elion sussurrava varias vezes, mas eu negava sempre. A ultima coisa que eu queria era vê-lo no meio de um lugar tão horrendo, mas eu também não queria que aquelas duas se ferirem. Leona era forte, mas ainda era uma humana. Antes de finalmente ver o filme que eu esperava, escutei um grito agudo.

...

Acordei no mesmo lugar que estava, mas com uma grande diferença. Me senti maravilhosamente bem, e o lugar onde fui atacada anteriormente continha leves sinais amarelos. Isso significava que eu estava curada do ataque. Entretanto, quando olhei em minha frente, Leona, Elion e Kenji faziam companhia para as filhas da maldita. Todos pregados na parede, como quadros. Me ergui do sofá no mesmo instante, ao que Theia percebeu e se ergueu da cadeira, onde cochilava. A lança dela, polida e sem vestígios de sangue, tinha pontas de ambos os lados. Os buracos na parede de pedra ao redor mostrou o quanto a batalha contra o trio foi intensa, e mesmo assim ela os venceu.

A lança tomou para si uma coloração rosada, e as pontas foram banhadas por chamas da mesma cor. A mulher moveu a arma nas laterais do corpo, desenhando dois círculos ao seu redor, que se apagaram quando ela correu em minha direção com uma das pontas apontada para mim e a outra por baixo de seu braço. A velocidade dela era incrível, e foi por questões de segundos que eu não fui atingida pelo golpe. Pulei para um dos lados, caindo no chão de joelhos, me manchando ainda mais com o sangue dos mortos daquele cômodo. Me ergui no mesmo momento, sacando Orologio e apontando para a mulher, desafiando-a.

Ela repetiu o mesmo ataque de outrora, ao que desviei com a espada, fazendo com que a ponta da lança encrave na parede ao meu lado. Apesar do feito, ela rugia com o rosto perto do meu, insana. Soltou uma das mãos da lança e socou meu estomago, tendo uma brecha para se afastar. Em meio à minha tosse, ela voltou a investir num ataque, dessa vez segurando a lança com as duas mãos do lado direito da cabeça, fazendo um semi circulo vertical, que rasgou a capa de minha armadura, aterrissando em meu pé direito.

Com a perna livre, chutei-a na altura do intestino, com a ponta do sapato de ferro. Ela recuou, cambaleante. Retirei sua lança de onde se prendia, e saí correndo escadaria acima, que dava para o próximo andar. Escada de madeira, que afundou quando a morena jogou logo atrás de mim uma cadeira, cujo estilhaço acertou-me na coxa, e eu desabei.

- Yomi! Por favor, acorde! Eu preciso de ti!

Gritei, me segurando no degrau com o cotovelo, espada em mãos e a lança em outra. Com tantas coisas, normal perder uma delas. Theia puxou a lança com tamanha força que a ponta oposta rasgou a palma da minha mão mais frágil, ao que gritei. Escalei os degraus com dificuldade,  e corri corredor em frente, ao que Theia me seguiu, eu procurava entre as portas abertas algo para servir como escudo, mas me esqueci que a morena tinha uma perfeita mira.

Theia jogou sua lança contra a minha mão, que sacava Orologio, perfurando o pulso, e me fazendo cair no chão. Com passadas brutas, a morena puxou meus cabelos, me fazendo erguer a cabeça, enquanto ela se colocava sobre mim. Se fosse um homem, eu interpretaria essa cena como tentativa de estupro, mas foi ainda pior. Ela apontou uma pequena faca serrilhada próxima ao meu pescoço, fazendo a ponta da mesma penetrar a pele, fazendo um pequeno furo.

- Pronta para sair do meu caminho, sobrinha?

A voz dela estava rouca, tal como o corpo, mais pesado. Ela deslizou a faca pescoço abaixo, fazendo um corte na vertical, me escutando gritar agudamente, enquanto ria. Apesar de estar com ambas as mãos feridas, a menos ágil ainda tinha algum movimento. Estiquei a mão, pegando no cabo de Orologio. Quando ela percebeu, golpeou com força, a parte do ombro que a armadura não cobria. Por pouco, não senti a veia principal se romper, mas fingi um acerto, caindo no chão.

Ela ficou um pouco quieta, esperando alguma reação da presa, mas quando a resposta foi negativa, puxou seu corpo para cima, preparando-se para finalmente ceifar a vida dos desmaiados lá embaixo. Girei Orologio em um golpe em diagonal, virando meu corpo agilmente, cortando a única parte do abdômen que estava desprotegido. Apesar de conter um gibão de ferro ali, Orologio não era uma espada normal, e cerrou a malha facilmente.

A morena recuou. Apesar de perder o movimento da mão ágil e estar com uma tremenda hemorragia, corri até a janela de um dos quartos, me jogando de lá.

Caí sobre corpos e muito sangue, sujando o resto da minha roupa e cabelo. Da minha boca, um filete de sangue escorria, e eu sentia o corpo queimar ainda mais.  Gritei desesperadamente quando Theia se jogou da janela com a ponta inferior da lança apontada para meu ventre, e eu desviei rolando para um dos lados. A arma dela se cravou no crânio de um dos mortos, e foi retirada com sangue, pedaços de ossos e resíduos do cérebro do morto.

Eu me levantei aos trancos e saí correndo, ao que ela me seguiu.

- Está apenas adiando sua morte, querida! Deixe-me te degolar de uma única vez!

- Eu não vou morrer enquanto vocês não caírem! – Minha voz estava rouca e tremula, e as lágrimas escorriam mesmo eu não estando a chorar.

Escorreguei em meio as poças, e usei da parede para me apoiar. Ao virar para trás, Theia segurava o cabo da lança com cada mão perto de cada extremidade. Ela apertou o cabo contra minha garganta, fazendo com que eu perdesse o ar novamente. A visão se escureceu. Pensei que mais uma vez iria morrer. A mão, já frágil soltou a espada, e por um filete de vitalidade que me restava, levei a mão ainda com movimento até meu colar, ao que quando foi puxado, estourou a trança e espatifou no chão, estilhaçando.

Mais lágrimas. Eu estava perdida. Theia apertava a arma ainda com mais força, até que um brilho azulado a fez recuar, assustada.

- O que é isso?! Presentinho de Aiya? Não precisava!

A mulher aproximou a mão sobre o brilho, e agarrou algo gélido e liso, que no mesmo momento se expandiu na mão da morena, cravando seu fio na palma nua.

Pela primeira vez vi a governanta gritar de forma aguda. Eu deslizei parede abaixo, caindo de joelhos, enquanto o fôlego voltava. Ela puxava a mão, em vão. A lamina não se retirava. Cuspindo sangue, usei da força que voltara junto da respiração para sacar a arma e retirá-la da mão de minha doce tia. Ceifei também parte dos ligamentos nervosos, ao que ela perdeu movimentos do dedo do meio, indicador e polegar.

Incapaz de segurar a lança com ambas as mãos, ela pegou a adaga novamente e não pensou duas vezes antes de me apagar, encravando-a no pescoço. Caí no chão, com os olhos que perdiam a visão, tornando-se tudo branco. Enquanto ainda via através das nevoas e escutava a risada da mulher, tentava pegar minha nova arma. Entretanto, a ultima coisa que vi foi um vulto de capa longa estender a mão para a mulher e ambos se desintegrarem, como chamas negras ao vento.

A sombra de uma das luas encobriu o sol. Havia apenas um circulo brilhante. Lembro-me de ter sussurrado um “Droga”, antes de me sentir leve.


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Notas finais do capítulo

Escutei "Ghirahim battle theme", "Ganondor theme" e "Midna theme" para fazer essa cena de luta... Não fiquei feliz com o resultado, mas como meu amigo diz: É o que tem pra hoje. XD
A fic ficará pausada por um tempo. Estou sem ideias para continuar.
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