LXII — Google

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Isabella está deitada em sua cama com o notebook sobre as pernas. A luz está desligada e a porta devidamente trancada — assim como a janela, no caso de Charlie querer verificar a sua “segurança”. Como um ladrão espreitando a sua vítima, ela encara repetidas vezes a porta de madeira branca e encara o ponto prateado da maçaneta. Com a respiração estabilizada, ela digita no campo de buscas do Google, o que deseja pesquisar. Cerca de vinte segundos depois, aparecem dezenas de resultados para:

“Meu namorado se masturba pensando em mim, o que eu devo fazer?”

Clicou no primeiro website que apareceu na tela — o primeiro tinha por obrigação ser a fonte mais segura, certo? Raspando as unhas nos dentes, ela aguardou que a página inicial carregasse. A primeira imagem que apareceu, Bella precisou segurar um grito na garganta, ao ter uma mulher seminua como banner. Mais abaixo, dois quadrados.

“O conteúdo a seguir é destinado para maiores de dezoito anos.” O quadrado vermelho, no lado esquerdo, dizia: “Tenho menos de dezoito anos, desejo sair”, enquanto o verde trazia o seguinte comunicado: “Tenho mais de dezoito anos, desejo continuar”.

Verificou novamente a porta — continuava igual. A cortina amarela esvoaçava por causa do vento que adentrava por uma fresta aberta. Tudo sobcontrole, posso continuar!

Clicou no quadrado verde — que assegurava que ela tinha mais dezoito anos, embora faltassem dois para completar tal idade —, e aguardou o que viria a seguir. Porém, o website nada mais era do que um acervo de vídeos pornográficos. Fechou rapidamente a página ao ter os seus olhos conspurcados com a visão de uma mulher em uma cena de zoofilia.

Voltou para os resultados do Google, e abriu uma segunda página, tomando nota do nome do site. Era um relato de uma jovem de dezoito anos, virgem e que o namorado insistia para que eles transassem. Ela contava que fizera várias vezes sexo oral e que até um certo momento ele se contentou com isso, mas que há dois meses ele cobrava por algo mais.

“Sexo oral”, abriu outra página para saber mais sobre o assunto. Com os dedos tapando a boca, ela impedia de vomitar ao “descobrir” no que consistia o sexo oral. Sua boca no órgão do garoto. Parecia algo nojento. Como garotas e garotos sentiam prazer em por na boca do outro o órgão que é usado para necessidades fisiológicas, como a urina?

Curiosa, clicou novamente no site em que foram exibidos os vídeos de sexo. O primeiro da lista era intitulado como “Sandrinha tomando no cuzão”, apenas com o título, seus olhos alargaram-se a ponto de quase saírem e correm para longe dela. A descrição... não havia algo mais pornográfico do que aquilo.

Pescou o celular que descansava ao seu lado, e digitou rapidamente uma mensagem para Alice.

Isso é tão nojento, Alice. Lembre-me de nunca mais beber no mesmo copo que você! Não acredito que você coloca a boca “lá”. ~ Bella.

A resposta da amiga demorou cerca de três minutos.

Quando você for provar o “pirulito” do seu namorado vai engolir as suas palavras. Fez a pesquisa? ~ Alice.

Eu nunca farei isso! É... simplesmente nojento! Estou esperando um vídeo carregar. ~ Bella.

Você vai assistir filme pornô? Puta merda, Bella! ~ Alice.

Deixou a amiga sem nenhuma resposta, pois o vídeo da Sandrinha já estava completamente carregado. Assistiu os três primeiros minutos de cena, em que o casal — um homem bronzeado com os cabelos pretos e o abdômen definido, a mulher era loira, os seios volumosos e com uma maquiagem vulgar — acariciavam-se mutuamente. Quando as roupas começaram a serem espalhadas pelo cenário, Bella deixou-se preparada para fechar a página caso o que se sucederia fosse forte demais para o que estaria preparada para assistir. Quando a cueca do rapaz foi retirada, Bella descerrou os lábios ao ter a sua visão afetada com o membro ereto do moreno. Era cheio de veias e estava quase tocando o umbigo. Mas, quando a mulher o pôs na boca, sorvendo-o como se fosse — realmente — um pirulito de cereja, ela fechou a página e desligou rapidamente o notebook.

Ainda afetada com o que assistira, estava desnorteada ao enviar uma mensagem ao namorado. Arrependera-se de enviá-la assim que piscou na tela o aviso “mensagem enviada”. Edward ficaria espantando ao ler:

“Por favor, nunca me peça para fazer sexo oral.”