Cartas de Fogo e Água escrita por José Vinícius


Capítulo 6
Um Encontro.


Notas iniciais do capítulo

Olá Leitores! Cá estou eu, novamente escrevendo mais um capítulo desta fic. Meus sinceros e eternos agradecimentos à Bia Star Fiction. Seus comentários me deixaram entusiasmado para escrever este capítulo, dedicado a você, cara Leitora.
Aproveitem a leitura!



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Amanhecia no céu azul sobre a Nação do Fogo.

Um jovem barco navegava titubeante pelo mar cor de vinho, enquanto que milhares de pessoas despertavam de seu sono e se preparavam para mais um dia. O Astro Rei reinava sobre toda a terra, despejando sua luz e seu poder para todos, especialmente para os dobradores de fogo, que retiram de seu calor luz, energia e vitalidade para suas técnicas.

E mais especialmente, Zuko, o Senhor do Fogo.

Fazia alguns dias que não tinha notícias de Mai, e nem mesmo pessoas próximas a ela nada sabiam sobre - ou lhe estariam sonegando informações, a pedido dela?

De qualquer forma, o Senhor do Fogo sentiu-se culpado e confuso pelo que acontecera. Não sabia mais como reagir nem como seguir em frente. Estava desnorteado e sem sentido: nem o Astro Rei lhe indicava o leste e o oeste, o nascente e o poente. O norte lhe era estranho; o sul não existia. O que deixara nosso amante escritor de cartas em tão estado lastimável? O seu coração de faíscas.

Mas eis que o barco atraca no porto. Vozes gritam ordens e braços as cumprem: é hora de amarrar as cordas e abrir as portas. Passageiros e mercadorias do sul estão vindo para esta terra – inclusive uma remessa generosa de peixe dos mares do sul, pescados por exímios pescadores da tribo da água do sul, a qual estava se reerguendo com uma velocidade muito grande. Talvez pelo trabalho árduo de uma jovem dobradora, ou pelo constante apoio da Nação às duas tribos – com ênfase na tribo sulista, por motivos desconhecidos.

Mas uma passageira neste jovem barco poderia conter a resposta para tal enigma? Acredito que sim.

Ela sai levemente, olhando sempre para o mar, e anda fielmente pelo cais, observando tudo ao seu redor: o movimento de pessoas, caixas, mercadorias, negociações. Logo à frente, contempla ruas e ruas que vão se tornando nichos de gente e coisas diversas: desde um pote de barro bem ornamentado a animais. Ela ri, e vê que tudo está em equilíbrio e harmonia. Notou logo que havia ali soldados. Soldados que um dia temeu e odiou, mas agora, zelavam pela paz, por que seu governante era a favor da paz e da harmonia.

– Aang ficaria feliz em ver isso aqui. - sussurrou consigo mesma.

Mencionar o nome dele não foi algo muito bom de dizer, admito. Ela sentiu um pesar muito grande no coração; preferiu vir aqui primeiro a dirigir-se para a crescente e próspera Cidade da República ao leste. Mas era empurrada por razões muito sólidas: primeiro, uma imprtante reunião com os representantes das Nações, e segundo, mas não menos importante, precisava ajudar um amigo, e tinha que ser o mais rápida possível. “Admiro-me em vir até aqui, sabendo de meus compromissos e afins”, disse a si mesma. Realmente, até eu me impressiono com tamanha força de vontade: abandonar seus afazeres e vir ao encontro de um amigo. Mas, deveria Katara chamá-lo de amigo? O quanto ambos estavam confusos e realistas, isso ambos tinham noção. Mas ela estava muito mais preocupada, e queria esclarecer tudo. “Preciso trazer tudo de volta como era antes. Mas eu realmente devo fazer isso? E eu farei isso, sabendo que provavelmente dentro de mim há um desejo somente de tornar as coisas melhores somente para nós e para mais ninguém?”

Seu "nós" era carregado de um calor muito conhecido, e um carinho pouco demonstrado. Era estranho, para ela, pensar daquela maneira, mas os tempos era outros. As coisas mudam, certamente, mas aquela seria a hora para a mudança? Como manter o equilíbrio dentro de si, se tudo ao seu redor conspirava contra, senão a favor? Nem mesmo eu sei dizer ao certo se tudo que aqui digo e descrevo ajuda ou incomoda ambos.

O que importa dizer é que Katara dirigiu-se para o palácio real. Os guardas olharam para ela com a mesma cara fria de sempre, mas ela deu um sorriso tão amável e luminoso que seus corações derreteram em um gelo duro e frio. Abriram imediatamente passagem, não se esquecendo do fato de conhecerem sua pessoa.

– A jovem que conversava ativamente com o Senhor do Fogo - disse um.

– Ela é muito bonita. O Senhor do Fogo tem uma amiga muito bonita, da tribo do sul. – respondeu outro.

– Verdade. Você notou os olhos dela? São muito belos. – disse mais outro.

– É, são. – o quarto encerrou a conversa.

Ela notou a pequena discussão, e continuou seguindo. Sustentar aquele sorriso enquanto enfrentava distúrbios emocionais tão terríveis quanto o derrotado Rei Fênix e seus planos mirabolantes de dominação era uma tarefa árdua para ela. “Quero terminar logo”.

Seguiu até o salão do fogo, mas nada encontrou ali. Passou uma empregada, vestida de roupas reais. Katara pensou que poderia se tratar de alguém do palácio. A moça notou Katara ali, e aproximou-se.

– Que deseja? - disse, com cordialidade.

– Onde está o Senhor do Fogo? - perguntou a dobradora. – Desejo conversar com ele.

– Desculpe dizê-lo, mas por agora, o Senhor do Fogo não está lá muito apto para receber visitas. Acordou muito estranho, deprimido, e sem forças para manter suas tarefas cotidianas. Pediu descanso.

– Mas preciso falar com ele. Eu vim aqui justamente tratar do assunto que o incomoda tanto.

– E que assunto seria esse?

Katara silenciou-se. – É pessoal.

“Como eu imaginava”, pensou a moça. - Ele está nos seus aposentos. – disse, saindo logo depois. – Mais uma coisa: teu nome, por favor?

– Katara.

A moça seguiu seu caminho. Katara tentou adivinhar para onde ficava os aposentos; mas da última vez que estivera ali, não se lembrava de muito da configuração do palácio. Guiou-se pela intuição, “e uma voz estranha do coração”, disse a si mesma. Tal voz era misteriosa, mas lhe dizia somente para ir até os aposentos dele. Seguiu-a estritamente, e qual foi a surpresa em vê-lo no corredor, pedindo um pouco de água?

Foram os dez segundos mais longos da história.

Assim que seus olhos safirados tocaram os olhos caramelados dele, uma fina linha vermelha uniu-os. Ela estava paralisada, totalmente. Ele, uma estátua viva: respirava e não piscava. Ambos sentiram suas almas sendo espiadas, e um calor estranho coração, e, ameaço dizer - borboletas no estômago! Isto, com certeza, os deixaram muito envergonhados, por que ninguém olhara tão profundamente nos olhos de outra pessoa como eles olharam naquele momento que parecia eterno.

– Katara? – a voz de Zuko parecia fina como uma linha.

– Olá, Zuko. Ou deveria dizer, Senhor do Fogo Zuko – dizendo isso, tracejou nos lábios o seu sorriso fluido como água. A fisionomia decrépita de Zuko desapareceu: onde estaria a sede? Correu ao seu encalço, e abraçou-a de uma forma que a deixou sem ação. Ele apertara tão fortemente e tão firmemente que parecia que nada os separaria.

– Você veio - e por pouco, ele não derramava uma ou duas lágrimas.

– Vim, sim. Podemos conversar? – ela reagiu ao abraço tenro, deixando suas mãos deslizarem pelas costas firmes e fortes do dobrador.

Ele sentiu o toque e se desfez do laço. Chamou-a ao seu aposento, e deu ordens expressas que não queria ser incomodado. Katara surpreendeu com a fineza e a delicadeza dele ao dar ordens; o soldado obedeceu firme e apático.

– Então, por que veio?

– Vim pelo que descrevestes na tua última carta. Disse que precisava de mim, então vim. Sente-se melhor?

– Como não me sentir! Mas parte de mim ainda guarda mágoa.

Katara silenciou-se. – Sem notícias dela?

– Nada. Acho que ela se recusa a conversar comigo. Típico dela ser tão fria e intransigente.

– Mas ela vai mudar você vai ver. Ela vai estar mais calma e fria para conversar, e tudo vai ficar melhor. – e deu outro sorriso, para alegria do dominador.

– Sei disso, Katara. Mas acho que devemos refletir mais sobre nós. Somos a causa do que aconteceu - o clima pareceu pesado. – Ou eu seria a causa, não sei ao certo. Mas parte da culpa é minha. Como pude ser tão negligente com ela? Eu deveria ter dado mais atenção a ela. Deveria ter conversado mais com ela, sei lá.

– Você tem razão, mas eu tenho que ser verdadeira comigo: eu lá tenho minha parcela de culpa também. Por menor que seja – e Katara sentou-se, fria e triste.

– Mas qual seria? Não é proibido trocar cartas.

– Não sei Zuko, mas por estar envolvida, acho. Isso me faz sentir culpada. Até onde chegamos? Fomos tão longe para nada. As coisas mudaram Zuko, e falar delas agora é o mais correto a se fazer.

– É sim. – disse ele, mantendo uma posição sóbria. – Precisamos.

Sentou-se ao lado dela. Ambos fecharam os olhos, sentindo a presença um do outro.

– Ainda sonha com minha cicatriz? -ele virou-se para ela, encarando-a.

– Não, para ser franca. Agora é raro. E você? Anda sonhando com alguma coisa? – disse, com um ar de brincadeira.

– Quer saber da verdade? Sim – e ele se aproximou dela, com um olhar tenro e singelo. Tocou seus dedos no velho colar azul que estava no pescoço da dominadora de água. – Ando sonhando com isto. – E ele deu um sorriso torto.

O coração de Katara explodiu de tanta surpresa. – Meu colar? Mas... Pode me contar?

– Acho que agora não é a hora, Katara. Precisamos discutir outras coisas. Acho que você não veio aqui somente para me ver, não é? – ele voltou com um ar sóbrio e politicamente carregado. Katara sentiu que se dissesse mais uma coisa, logo tudo estaria morto entre os dois.

– É, você tem razão. – levantou-se. – Vou para o salão de reuniões – se eu souber onde fica.

– Vou com você. – ele se levantou, e pegou sua roupa imperial. Katara ajudou-o a vestir-se silenciosamente, Ambos permaneceram em silêncio profundo, calados e frios. O assunto morrera ali, e Katara sabia: a menos que a situação permitisse, Zuko não falaria nada sobre seu sonho. Mas a ideia de que ele havia sonhado com algo relativo à ela havia deixando-a muito feliz por dentro. Não resistiu e sorriu, seu olhar tornando-se amoroso e carinhoso.

Assim que terminaram, olharam-se. Ele surpreendeu-se ao vê-la sorrindo, e sentiu uma vontade irresistível de toma-la pela mão. Olhou-a muito mais, contemplando seu corpo jovem e o tom de sua pele que o deixava fascinado. Ela, por sua vez, notara a imponência e excelência que as vestes dele lhe davam. Mas, a cicatriz era o destaque; ela dava a Katara uma sensação de solidão e coragem. Tinha uma ânsia extrema em tocá-la, uma obsessão muito estranha, mas se controlou. Mal compreendia que aquela cicatriz doía mais nela do que nele.

– Katara, eu... – Zuko começou a dizer, mas as palavras fugiram da sua língua.

Katara permaneceu em silêncio. – Você...?

– Estamos... Atrasados. - ele virou seu rosto, para impedir que ela observasse o quanto rubro ele estava. Ela não entendeu, mas a alegria do fato de ter visto novamente a cicatriz dele ainda preservava-se em seu coração. Saíram, e dirigiram-se para a sala de reuniões, onde ministros das outras nações e o próprio avatar aguardavam para uma importante reunião a respeito do mundo dali pra frente.




 


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Notas finais do capítulo

Como lhes tinha dito, haverão capítulos nesta história que não serão somente cartas. Ei-lo um destes.
Até!



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