Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 114
Me perdoa




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Era o quinto dia que Martina passava a manhã conosco. Ela na sala e eu trancada no quarto. Bateram na porta e não disseram quem era. Na terceira vez, Martina decidiu se revelar. Só me levantei na quinta vez.

“Podemos conversar?” –Ela perguntou.

Não a deixei entrar no meu quarto e fomos para a sala. Camilla e Joana se retiraram, Pedro foi comprar pão.

“Pedro e eu não estamos...”

“Saindo. Não me importa.” –A interrompi.

“Yolanda, é verdade. Eu ainda amo meu ex marido.”

“Ah, claro. O dinheiro dele deve ser muito bonito mesmo.” –Não pensei antes de dizer.

“Yolanda! Me trate com respeito!”

“Você não se trata com respeito, não sou eu que devo tratar. Com licença.” –Eu disse.

Me levantei e voltei ao meu quarto. Martina não tentou retornar com a conversa. Pedro entrou no quarto, sem bater. Novamente, parecia furioso. Disse que eu não tinha o direito de tratar Martina daquele jeito. Ainda perguntou quem eu era para dizer aquilo. Eu não o conhecia mais. Sai chorando e fui para o apartamento de Pablo. Sara abriu a porta, com seu belo sorriso e a abracei. Ela demorou para reagir e virou meu rosto para ela. Sara secou meu rosto e parecia preocupada. Ela deixou eu entrar e me deu um copo com água gelada. Contei tudo para ela e disse que eu poderia estar enganada, mas que também não deveria deixar minha suspeita de lado e investigar até eu me senti bem novamente. Sara era muito legal, talvez fosse por isso que nunca mais vi Pablo e ela brigando. Sara estava com o cabelo curto e loiro escuro. Eu me inspirava nela, para me vestir bem. Pablo estava dormindo. Ele não se permitia acordar antes do meio dia. Sara não se importava com isso. Meu celular tocou, era Pedro. Sara atendeu por mim e só ouvi seu lado da conversa.

“Ela está aqui sim...não...não, Pedro...sim...ela não quer...deixa ela aqui...okay...hum hum... não... espera...Martina...sim... Pablo está dormindo...okay... tchau.”

Sara me entregou o celular e disse que Pedro estava preocupado comigo e se recusou a sair com Martina hoje, para jantar comigo a noite. Eu nem sabia que ele costumava a sair com ela a noite. A campainha tocou e Sara permitiu a entrada de Pedro. Ele se aproximou em passos lentos e parecia triste ou arrependido.

“Me desculpa?” –Ele perguntou, se agachando a minha frente.

Fiquei olhando para seus olhos verdes, que já não eram mais brilhantes. Seu brilho era bloqueado pela amargura e tristeza. Já não contrastava tanto com a sua pele, que estava pálida. Não era mais o mesmo Pedro de antes. Queria descobrir em que determinado ponto a nossa vida tomou um rumo paralelo e tinha medo de descobrir que era quando soube do Teddy.

Camilla baixou um filme de terror e assistimos juntos na sala. Tiramos a mesa de centro e nos deitamos no grande tapete que ficava entre os sofás e a televisão. Camilla ficou deitada no sofá e sua mãe do meu lado. Assisti a todo o filme deitada no peito de Pedro. Desliguei meu celular, para evitar receber ligações que estragassem o momento, mas Pedro não desligou. Ele me olhou e dei de ombros. Pedro atendeu o celular e era Martina.

“Estou com minha família...amanhã a gente se fala...não vou sair contigo hoje...falei que não...eu sei... amanhã... tchau... ta bom... tchau.” –Ele disse, sussurrando.

Ele desligou o celular e me mostrou o mesmo desligando, dei um leve sorriso, mas a noite já havia sido estragada. O filme acabou e cada um foi para seu canto. Camilla estava assustada por causa dos fantasmas que apareciam. Joana toda hora brincava de dar susto em Camilla, mas logo depois se lembrou do bebê.

“Por que não me contou que ia sair com ela?”

“Eu ia contar quando fosse me arrumar.”

“Ah, claro...”

“Olha, Yolanda, você tem que confiar em mim. Vamos nos casar, ter sete filhos e vamos ser felizes.”

Confesso que eu quis rir com o “sete filhos”, mas estava zangada com ele, era lei não rir. Pedro se deitou do meu lado e segurou minha mão e ficou beijando meu braço. Fiquei de costas para ele e desejei boa noite. Pedro soltou minha mão e o senti beijar minha nuca.

“Gostaria de dormir.”

“Está vendo? Martina não me nega isso.”

Me virei para ele e Pedro parecia assustado com o que havia dito, ou melhor, havia deixado escapar.

“Não... não foi isso que eu quis dizer!”

“Você acabou de confirmar que me trai com a Martina! E você teve a coragem de trazê-la pra cá!” –Eu disse, aumentando meu tom de voz.

Camilla apareceu na porta do quarto. Ela estava com a vassoura na mão, pois ainda estava com medo do filme. Pedi para que ela saísse e ela disse ter ouvido a conversa. Ela xingou Pedro com todos os palavrões que ela conhecia. O vi chorar. Ele não se defendeu e apenas deixava suas lágrimas derramarem descontroladas pelo seu rosto. Eu não queria chorar, eu não tinha vontade de chorar. Eu estava com pena dele. Sai do quarto e levei Camilla comigo. Liguei para Sara e minutos depois, ela tocou a campainha.

“Vamos lá pro meu apartamento, Pedro.” –Ela disse.

Pedro ainda chorava, enquanto acompanhava Sara até a porta. Camilla e eu estávamos sentadas no sofá, só observando. Pedro fechou a porta devagar e seus olhos estavam vermelhos.

“Me perdoa.” –Ele disse, antes de fechar a porta.

“Você não vai perdoar, né? Ele só volta aqui para buscar as coisas e ir embora, não é mesmo?”

“Você perdoou sua mãe.”

“Mas é minha mãe.”

“E ele é meu noivo.”

Camilla ficou em silêncio e acariciou sua barriga. Pedi para que ela fosse dormir e que eu ficaria bem. Ela foi com sua mãe e me sentei no sofá. Eu tinha tanta coisa na minha cabeça, mas não conseguia pensar em nada. Apenas olhava fixadamente para o chão e só ficava quando meus olhos ardiam. Eu estava confusa, mais uma vez, não sabia o que fazer e tinha medo do que eu fosse fazer. Cada pequeno barulho parecia tão alto no silêncio da noite. O barulho dos carros perturbava mais ouvidos. Eu estava ocupada procurando um foco em minha conturbada cabeça e nada me puxava. Eu me sentia leve, mas ao mesmo tempo parecia que eu nunca mais sairia de lá, de tanta coisa que eu carregava em minhas costas. O celular de Pedro não estava mais desligado e estava tocando sobre a mesa de cabeceira. O nome de Martina piscava. Atendi.


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Notas finais do capítulo

Moradores do RIO DE JANEIRO (como eu) tem encontro SHEERIO dia 16 de fevereiro na Quinta da Boa Vista as 13 horas. Mais informações é só curtir a minha página, Sheeranator Mafia. São Paulo não confirmou e nem Curitiba. (Outras cidades ninguém se ofereceu para organizar)
Jenny, eddictedhoran



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