Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 27
Capitulo 27 – A Morte de Alex




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Capitulo 27 – A Morte de Alex

A arena dos jogos vorazes era um local onde poucos queriam realmente estar. Ela abrigava tantos perigos escondidos que os telespectadores, fosse da capital, ou dos distritos, chegavam a se perguntar como os tributos conseguiam sobreviver tanto tempo em terreno tão hostil.

Os próprios tributos já eram uma ameaça a vida uns dos outros, mas os perigos que a própria arena oferecia eram mais letais. Morrer de frio, fome, sede ou qualquer outro tipo de efeito climático que pudesse surgir de repente era realmente problemático. Assim como também havia os bestantes e as plantas venenosas. As mudanças repentinas de terreno e as armadilhas que a própria natureza já pregava, sem que os organizadores tivessem que interferir.

Na arena pântano, escolhida para edição atual dos Jogos Vorazes, o perigo estava por toda a parte. Não havia muita comida fácil. Não havia muito terreno firme para se caminhar, as áreas eram sempre lamacentas ou alagadas. As poucas partes de terra firme sempre se tornavam palco de grandes batalhas, não sobrando tempo para que elas servissem de refugio.

Para sobreviver era necessário ser muito inteligente, ou muito experiente. A sorte apenas o levaria direto para as mãos de algum predador. E não existia predadores piores para um tributo naquela arena que os jovens do 10, com suas terríveis torturas, e os jovens do 5 com sua sedução fatal.

Personificando a tortura estava John Jack. Ele havia recebido várias alcunhas, de o menino do sangue, o que era engraçado, já que ele já possuía 18 anos, passando por salvador, chegando a herói. Mas, desde que ele começara as torturas dos demais tributos da arena os habitantes da Capital e até mesmo os habitantes de alguns distritos chamavam-no de Pesadelo. Ninguém sabia como tudo havia começado, mas muitos não conseguiam dormir após terem visto o jovem realizar sua primeira tortura. Sendo que a segunda tortura realmente manteve a todos sem dormir. Pesadelo, aquele que perturba o seus sonhos.

Realmente a alcunha e a frase que circulava estava certa. Nenhum tributo na arena queria cruzar com Jack cara a cara. Ele havia se tornado temido por todos na arena. Mas acompanhando-o na disputa de predador supremo da arena, além de Croconal, John Jack do distrito 10 tinha a companhia de Alex Sander, do distrito 5.

Alex não personificava nenhum simbolo que as pessoas admiravam, mas chamava a atenção e despertava desejo. Enquanto muitos gostavam de suas atitudes, muitos queriam a cabeça do jovem em uma bandeia de prata. Da mesma forma, na arena ele era odiado e temido.

O jovem seduzia suas vitimas e após molestá-las, matava-as. Todos na arena tinham medo de trombarem com o jovem que iniciou sua carreira como tributo de forma doce e tímida, fazendo um papel coadjuvante para com a linda Amabile. No entanto, dotado de inteligencia e um conhecimento acima do esperado para sedução, o jovem tornou-se um devorador.

E na natureza as melhores cenas são a dos predadores se enfrentando. Panem já havia visto Carlos enfrentar sua aliança carreirista. Onix enfrentar a Croconal. Todas as batalhas para lá de emocionantes, com altos índices de audiência. Quando o Pesadelo e Sedução se encontraram, Panem esperava o maior combate possível, mas o mesmo terminou numa derrota rápida e vergonha para o distrito 5 que literalmente fora pego de calças baixas, mas a verdade é que o mesmo estava sem.

– O que... vai faz... ...igo? - Alex tentava pronunciar algo, mas estava amordaçado. Tentava perguntar, inutilmente, o que John ia fazer com ele.

Alex ainda estava vestido apenas com suas calças. Estava no chão, dentro de uma parte lamacenta do pântano. Mãos e pernas amarrados, como se ele fosse um pequeno porquinho. Em sua boca estava sua roupa de baixo. E estava vendado com sua camisa rasgada.

– A.... ile? - Gritou o rapaz, tentando se fazer escutar, mas apenas o silêncio era lhe dado como resposta. Ele tentava chamar pela companheira de distrito, mas era inútil.

Desde que Lirian havia se revelado na mata, a única coisa que vinha como resposta para Alex era o silêncio. Ele escutou a movimentação de John e de Lirian, tirando-o de cima do lago de liquido negro, que ele acreditava ser piche. Logo ele foi vendado, amordaçado e amarrado. Fora jogado ali e não mais escutava nada. Sabia que ainda estavam ali, mas não tinha ideia mais de quantos ainda estavam.

– Não por favor! - A voz de Amabile surgiu como um gemido implorando por ajuda.

Alex se assustou-se. Tentou gritar Inutilmente. Mexeu-se e remexeu-se diversas vezes, mas a forma como havia sido amarrado e a lama não o deixavam se mexer ou sair do lugar. Ele sentia que as vezes quase se afogava na lama em que estava.

– Ahhhh Socorro! - A voz de Amabile continuava a ressoar nos ouvidor de Alex. Ela parecia sofrer. Gritava cada vez mais alto e parecia que a voz se misturava ao choro de soluços compulsivos. - Não... Não fui eu... Eu não fiz nada com a Canivete... Foi Alex... - Um forte grito seguido de um gemido diferente dos anteriores.

Alex de repente parou de se mexer. O que ele havia feito com Canivete? O que ele havia feito com Canivete? O que foi aquele último grito de dor? Não parecia com os demais.. Mas parecia com os de Canivete.

– Não! - Um urro saiu de dentro da garganta de Alex. Ele começou a se debater freneticamente, tentando de toda forma soltar-se enquanto ouvia Amabile chorando e soluçando em meio a gritos desconexos e cada vez mais afinados e ritmados.

– Para... Para... Para... - A voz de Amabile suplicava, mas parecia que o agressor a atenderia.

Alex continuava a lutar contra suas amarras, mas parecia inútil. Era tanta lama em cima de si que ele não sabia se ainda possuía alguma forma de libertar-se a tempo. Ele apenas via escuridão e escutava as suplicas de Amabile.

Não havia nada que Alex pudesse fazer a não ser acompanhar aqueles gritos de ajuda. Um grito mais agudo e a voz foi desaparecendo aos poucos. Um som opaco foi escutado. Alex começou a chorar, apesar da situação deplorável que ele estava, ele sabia, aquilo só poderia ser o tiro de canhão.

Amabile havia morrido de uma forma deplorável por sua culpa. Ela não queria fazer parte daquilo. Ela não queria seduzir as pessoas e mexer com os instintos dela. Ela não queria abusar de ninguém, mas ele a forçou. Alex sabia que o culpado dela morrer da mesma forma que Canivete era ele. E ele não pode fazer nada mesmo estando tão perto. Não restava nada a não ser chorar e esperar por sua vez de ser torturado e morto.

Alex se perguntava se ele seria torturado da mesma forma que Amabile ou de forma pior. Se no seu distrito alguém sabia que ele não era daquele jeito. Mas, Então lembrou de uma figura que sabia que ele era melhor que aquilo. Alguém que deve ter sentido nojo de vê-lo fazer o que fez com Canivete e que certamente sentira nojo de vê-lo tentar fazer algo contra Amber.

– John não faça isso! - Aquela era a voz de Amber. - Eu não fiz nada! Pare! - Amber gritava alto e estalos de batidas podiam ser escutados.

Alex estremeceu em seu lugar e voltou a lutar como podia. Ele ainda não era o próximo alvo. Parecia que o acordo entre John e Amber havia sido desfeito. Amber era uma carreirista, deveria poder lutar contra John por algum tempo, talvez até vencê-lo. Se ele pudesse libertar-se e ajudá-la talvez pudesse sobreviver. Talvez ele pudesse até fugir enquanto os dois se enfrentavam. Fosse qual fosse a decisão ele primeiro precisava se libertar, mas, de repente ele sentiu que um corpo caiu por cima dele.

Alex ficou imóvel ao sentir que era um corpo de mulher que começou a sacudir e a gritar próximo a ele. Era um gritos desconexos, mas o balançar do corpo não lhe deixava duvidas. A respiração ofegante próximo a ele. Seu coração gelou e um frio por toda a sua espinha. Amber estava caída sobre ele enquanto alguém a atacava.

– P... Is...! - Era uma tentativa inútil de Alex tentar gritar para que aquilo fosse interrompido.

Alex tentava se mexer, mas com Amber caída por cima de si ele não possuía mais nenhuma chance de movimentar-se. Ele sabia que a menina chorava, tinha nítida impressão de que sua pele, toda suja de lama, recebia pequenas gotas de água. O choro da menina que estava caída sobre si.

Um urro foi escutado por Alex e em seguia um grito e os movimentos pararam e o corpo que estava sobre o seu, lutando para se libertar de seu agressor, agora parava de se mexer. E um novo baque seco pode ser escutado. Amber havia morrido em meio aos abusos em cima dele.

Alex se moveu. Agitou-se diversas vezes, completamente desesperado. Parecia uma minhoca de tanto que se agitava. Mas, finalmente o corpo de Amber escorregou para o lado saindo de cima de si.

Alex tremia em seu lugar, sentido-se sujo ao saber o que havia acontecido em cima dele. Ele fora tratado como um lixo, como um objeto que servia apenas de apoio. Já havia sido tratado assim algumas vezes em situações semelhantes, mas não tinha ideia de que na arena isso aconteceria e ele se sentiria um lixo.

Alex sabia que naquele momento uma figura do distrito 5 estava observando e tinha um misto de sentimentos entre o asco, a revolta e a excitação. Sabia porque ele estava sentindo exatamente aquilo. As lembranças do distrito 5 surgiam em sua cabeça e ele sabia

– E... Desis... - Alex tentava gritar que não iria desistir de sua vida, mas estando amordaçado o máximo que conseguia era emitir pequenos sons ininteligíveis. Porém, ele parou quando escutou um novo grito que ele não esperava escutar.

O grito era fino e quase infantil. Um choro os mesmos gritos desconexos seguidos de gemidos. Alex voltou a chorar continuamente. Ele não acreditava que aquilo poderia estar acontecendo. Ele sabia que Amabile realmente poderia ser vitima de tal ato. Ele tentou fazer aquilo com Amber e por mais estranho que a situação parecesse, ele sabia que John poderia ter ficado empolgado. Não havia o escutado enquanto Amabile era torturada, então era provável que ele ainda quisesse mais. Mas, atacar a Lirian que até então ele protegia com todas as forças?

John estava louco. Alex já havia escutado falar disso. A febre da arena. Alguns tributos muito pressionados começavam a agir de forma estranha, achando que estão numa outra realidade acabam fazendo coisas que estão em seus instintos e que algo dispara um gatilho. Alex sabia que todos os jovens de Panem não tinham grandes oportunidades de satisfazer seus desejos sexuais e era nítido que John havia visto a situação pela qual Amber iria passar. Para Alex a explicação era lógica, John estava louco e havia cedido aos seus mais profundos desejos graças a pressão da arena e a ele.

Alex chorava como uma criança. Sentiu algo lhe morder, ou picar, naquela lama imunda, mas não ligou. Não havia nada que pudesse fazer, talvez fosse até legal ser envenenado naquele momento poderia ser a melhor saída. Poderia morrer antes de cair nas mãos do enlouquecido John.

Os gritos Lirian cessaram com um novo baque. O tiro de canhão havia anunciado a morte de Lirian. E agora Alex já sentia algo cortar sua pele do peito. Ele chorava e gritava, mas estando amordaçado tudo era abafado. Sentiu seu corpo ser brutalmente retirado da lama e arremessado contra o chão e logo depois contra uma arvore. Sentiu seu corpo ser pendurado e tudo começar a rodar. Dores eram infligidas por pancadas, que ele já não sabia dizer se eram socos ou pedaços de madeira ou pedra. Cortes eram feitos até que sentiu o corpo começar a esquentar. Estava ficando tão quente que quando percebeu que na verdade algumas partes do seu corpo estavam em chamas já começava a perder os sentidos.

Alex balbuciou mentalmente um nome. Como ele queria estar de volta ao distrito 5. Tinha a esperança que se o destino o fizesse vitorioso, talvez ele pudesse abraçar novamente aquela figura importante para ele e poderiam conversar sobre a arena. Talvez a pessoa fosse entender que aquilo foi necessário e que só sobreviveu porque aprendeu com ele a fazer tudo aquilo. Que se não fosse por ele teria cedido aos encantos de Amabile e teria se apaixonado por ela, ou talvez por qualquer outra tributa da arena. Mas, tendo ele aprendido a gostar de um outro tipo de atrativo, a magia feminina não o afetava tanto quanto deveria.

Mas, isso não importava mais. Se já não conseguia mais pensar e tudo era escuridão e dor em meio a algo que lhe queimava, o mundo acaba junto com sua consciência pois dele desfalecia.

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Clark estava nervoso dentro da sala dos mentores. Já faziam algumas horas que alguns mentores haviam saído e não haviam voltado. A sala parecia apenas esvaziar e a não presença de sua companheira de distrito estava incomodando-o.

Ele fez menção a sair para procurá-la, mas deteve-se por alguns instantes quando viu, por um relance, muitos pacificadores protegendo a entrada. Talvez a palavra certa não fosse protegendo, mas era certo de que eles não estavam ali atoa. O mentor do 11 pareceu caminhar para uma saída, mas Clark o deteve.

– Algum problema? - Perguntou o mentor do 11 encarando Clark. - Quer que eu faça como ele? -

Clark olhou para uma cena no mínimo inusitada.

– Senhor... Gostaria que usa-se o banheiro para fazer isso. - Dizia um pacificador que havia entrado na sala após uma avox serviçal passar horrorizada.

Haymitch alivia-se dentro de um copo em um dos cantos da sala. O Pacificador tentava convencer o mentor do distrito 12 a dirigir-se ao banheiro, mas ele parecia não escutar.

– Ele já percebeu... - Balbuciou Clark aproximando-se do mentor do 11. - Todos os que saíram não voltaram. Não há ninguém do 4. O mentor do 10 também já deveria ter voltado. - Clark apontou para um canto. - O mentor do 1 encostou-se ali a pouco mais de uma hora e não se movimenta, como se estivesse tentando ocultar algo ou passar despercebido. -

– Eu sei! - O mentor do 11 sorriu. - Por isso preciso sair enquanto o pacificador está lidando com as merdas de Haymitch. -


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