Capitulo 26 – Controlados

Panem estava enlouquecendo. Tendo assistido diversas edições anteriores onde reviravoltas aconteciam raramente e as emoções limitavam-se ao encontro de dois tributos solos, aquela edição dos jogos estava além da expectativa de qualquer espectador, qualquer mentor, qualquer organizador, qualquer patrocinador e dos apostadores.

Os grupos de apostadores haviam ficado eufóricos. Ocorreram apostas em cima da ação de Fênix contra Croconal e muitos haviam perdido dinheiro, pois o menino havia sobrevivido. Mas, muitos haviam ganho apostando que ele estava distraindo o bestante para que alguém pudesse ir até a ilha da Cornucópia.

Apesar de perdido muito com a emboscada realizada pelo distrito 5 em cima dos carreiristas, ninguém reclamava por terem apreciado a forma como Canivete havia sido morta. Por cerca de três horas ouve o maior índice de audiência naquela noite. A tortura de Oliver abriu e elevou o ibope ao ápice, pois todos tinham a expectativa de que alguém iria salvar o jovem, logo depois a sequencia de imagens de Alex possuindo a jovem do distrito 4 manteve o índice no mesmo nível.

Muitos discutiam ainda sobre a armadilha na qual a aliança carreirista encontrou seu fim. Desde o momento que entraram na arena, nenhum dos integrantes teve contato um com o outro. No entanto, o plano foi tão bem executado que ninguém acreditava que isso já não era armado desde o centro de treinamento. Mas, como poderiam planejar o circulo de fogo se desconheciam a arena? A fuga pelas arvores e a aquisição das armas? As especulações eram tão grandes que já começavam a querer apostar se um dia saberiam a verdade ou não. E para saber a verdade, a única forma seria trazendo alguém da nova aliança de Carlos.

Especulações a respeito eram poucas. A cena da chorosa Amber era mais do que comovente, era considerada tão boa quanto a primeira tortura realizada por John. A surpresa foi ver John e Lirian capturando a ruiva do distrito 1, a audiência que havia dado sinais de começar a cair, subiu vertiginosamente quando a noticia de que Amber havia sido capturada pelo distrito 10. Era anunciado uma nova tortura.

A tortura fora substituída pela sedução do distrito 5. A audiência alcançou o mesmo nível do momento da tortura de Oliver e do estupro de Canivete. No entanto, ninguém esperava que John fosse atacar ao distrito 5 salvando a menina do distrito 1. O combate fora curto, já que não imaginavam que ele fosse realmente atras deles. John contra Alex acabou rápido.

A audiência foi mantida alta. Todos queriam ver o que John Jack faria com seus três prisioneiros. Panem pedia por gritos de agonia. Panem gritava para que Jack começasse. No entanto, algo diferente era dado a eles. Uma cena emotiva e delicada. Uma cena de compreensão e afago, onde o estripador reforçava o seu outro titulo de salvador. Uma cena de ternura como poucas. Uma cena de esperança.

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– Uma cena de esperança! - Snow comentou calmamente olhando para as falas de Caesar.

Caesar dizia que aquilo alimentava os corações mais emotivos que estavam sofrendo com os gritos de agonia. Caesar dizia que aquele carinho que John fazia a Amber, deixando-a se vingar do traidor, era um sinal de que ainda havia esperança para as pessoas.

– Eu deveria chicotear Caesar por isso. - Diz Snow que olhava para a gigantesca tela. - Mas, ele não é culpado de alguns tributos terem resolvido escutar seus mentores e começar a criar o caos dentro dos jogos. -

Naquele momento Snow se virou, dando as costas para as telas e encarando três pessoas acorrentadas, caídas de joelhos, sangrando por vários pontos dos seus corpos. Todos sobre as miras das armadas de mais de vinte pacificadores, que não ousavam respirar ou piscar. Estavam ali apenas para atirar caso um deles se move-se.

– Em minha defesa... - Odair gemeu em meio a frase. - … Meu tributo ao trair sua primeira aliança só gera desconfiança e elimina a esperança de que as pessoas possam confiar uma nas outras. -

Odair levou uma chicotada de Snow.

– Cale-se seu infeliz. - Vociferou Snow. - Vocês falarão quando eu autorizar! E para o bem de vocês... É bom que realmente falem. -

A coisa havia ficado feia para aqueles 3 mentores, fora da arena. E quanto mais as ações na arena continuavam a ocorrer, pior as coisas ficavam. Selena rogava para que Clark não enviasse nenhuma dadiva para Amabile e Alex, e agradeceu por eles terem sido capturador, ou a situação dela poderia ter ficado pior.

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A sala dos mentores havia ficado um tanto, quanto vazia. Clark observou que o mentor do 1 estava a espera da chegada de Fred a sala. Afinal, havia uma aliança temporária entre seus tributos.

O mentor do 3 já havia saído já que não mais tinham tributos. Assim como ocorria com os mentores do 6, 7, 8 e 9. Deixavam a sala dos mentores, para que os que ainda tinham chances pudessem ficar mais a vontade. Eles normalmente se dirigiam para algum local onde torciam, finalmente, por suas apostas.

Os mentores do quatro desapareceram há algumas horas, bem como sua companheira de distrito, Selena. O mentor do 10 e a acompanhante da Capital haviam desaparecido também há algum tempo. No entanto, os mentores do 11 e do 12 alternavam entre uma bebida e tentativas de entender a estratégia da Aliança de Carlos.

Clark sabia que algo estava acontecendo fora da arena. Algo que provavelmente ia por fim a vida das pessoas desaparecidas e se ele não agisse rápido, de quem estivesse dentro da arena também. Ele precisava agir rápido, mas não tinha ideia do que estava ocorrendo.

– Algumas vezes eu nem sei porque fico feliz. - Resmungou ele em baixa voz preparando-se para sair da sala quando percebeu que o mentor do dois continuava na sala, quieto em um canto, quase que passando despercebido por todos.

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Snow observava os três mentores capturados recebendo chicotadas de um dos pacificadores. Os três mentores forçavam-se a não gemerem de dor, ou deixar que lagrimas rolassem por sua face, mas não tinham como não exibir a expressão de dor.

Snow fez um gesto com a mão e o pacificador que portava o chicote parou seus movimentos. Deu alguns passos para trás, mantendo o chicote em posição para recomeçar assim que fosse ordenado.

– Em uma época negra, após inúmeras catástrofes naturais e alguns acidentes industriais, a humanidade estava condenada ao extermínio. Os poucos sobreviventes lutavam entre si para conseguir parcos recursos e os poucos que tentavam uma vida de harmonia com os outros eram cruelmente assassinados enquanto estendiam suas mãos para ajudar o próximo. - Snow parou por alguns instantes. - Essa parte da história vocês não sabem, não é verdade? Para o mundo a história se resume ao passado antes a catástrofe e em seguida saltamos para o inicio de Panem. As pessoas ignoram o que aconteceu entre o momento do apocalipse e o surgimento de Panem. -

Os mentores escutavam de cabeça baixa. Não por quererem que suas cabeças ficassem baixas, ou por medo, mas o cansaço já se fazia presente no corpo de todos. Manter a cabeça erguida era uma atividade que iria requerer uma energia que estava sendo poupada para um momento mais oportuno.

Mas, sabiam do que Snow falava. Ninguém sabia ao certo como Panem conseguiu sair das cinzas. Como as pessoas se uniram e permitiram que uma Capital fosse formada e um sistema feudal fosse criado, ou recriado. Sabiam apenas que foi necessário um grupo com visão e muito poder, bélico e intelectual, para que tudo fosse realizado.

– Panem foi criada na base do sangue e da promessa que todos poderiam sobreviver, sem ter que se matarem para o mesmo. - Snow inclinou sua cabeça de lado. - Por anos o sistema Capital e os distritos funcionou. Admito que a Capital e seus arredores era bem mais provido do que os distritos, mas recebiam mais do que quando era cada um por si. -

A famosa mentalidade da Capital onde acreditava-se que comida e segurança eram dados aos distritos. Selena entendia o que era falado e a própria concordava que pela suas pesquisas, o que a Capital fornecia aos distritos antes da revolução era muito mais do que era fornecido depois da revolução e muito mais do que era fornecido antes da criação de Panem.

– Então veio a revolução. Porque após anos as pessoas que viviam cada uma por si, morreram e seus descendentes achavam que aquela situação era a pior existentes. - Snow sorriu sarcasticamente, como quem chamava tais líderes revolucionários da época de tolos ignorantes. - A revolução teve fim, o distrito 13 caiu e os jogos surgiram. -

Era uma visão deficitária e distorcida para muitos. Mas, não existiam muitos registros sobre o que havia entre as catástrofes e a criação de Panem. Se ninguém sabia como a vida havia ficado selvagem antes de Panem, como poderiam acreditar que a vida poderia ser pior?

– E o que são os Jogos Vorazes? - Snow que todo o o momento permaneceu sentado, levantou-se. - É uma atração televisiva. É um presente ofertados aos habitantes da Capital que passaram por momentos de terror durante a revolução, sendo que a maioria sequer tinha a noção de como era a vida nos distritos. É uma forma de lembrar aos distritos que o poder é da Capital. Que suas vidas pertencem a Capital. Que viverão com honra e dignidade enquanto forem abençoados pela capital e que sem o ofertado pela capital, como os treinamentos para os jogos, não irão sobreviver. -

Fred sacudiu suas correntes irritado. Mas, nenhuma retaliação veio contra ele. Snow apenas pousou o olhar sobre ele.

– Vocês foram vitoriosos em seus jogos. Odair o mais belo vitorioso. Sabe o seu lugar e é a primeira vez que vem a ser punido. - Snow comentou. - Fred já fora punido uma vez, simplesmente por ter salvo essa cadela que insiste em morder a mão que a alimenta. -

Fred e Selena odiavam lembrar daquela situação.

No ano em que o filho de Fred nasceu, tudo o que ele mais queria era dar um presente a seu distrito. Trazer um tributo do 10 de volta dos jogos. Dar um vitorioso a população. Mas, a tarefa era difícil quando as pessoas não possuíam tantas habilidades e oportunidades. Mas, os jogos estavam se aproximando de seu desfecho.

Faltavam quatro tributos na arena. Uma tributo do 10 estava entre eles. Ela estava sadia e forte. Ela tinha sido esperta, refugiou-se na mata e estava usando os animais selvagens do local como defesa. Fred não havia conseguido enviar uma única dadiva a ela ainda, pois ninguém queria patrocinar uma garota de 12 anos.

Até mesmo Fred estava enlouquecido com a situação. Já havia juntado seus próprios recursos, ganhos em apostas anteriores, mas o pouco que recolhera era o suficiente apenas para um pouco de comida e isso ela não precisava. Ela precisava de uma arma ou uma proteção corporal.

Com quatro na arena, sendo ela em perfeitas condições, dois carreiristas do 2 e uma jovem do distrito 5 que havia sido traída pela aliança carreirista. Ela possuía chances, mas precisava de algo a mais que fazer amizade com alguns animais, ou arriscar-se direcionando os bestantes para seus adversários.

Fred viu dadivas chegando para os outros tributos. Comida e remédios. Tudo o que a menina não iria precisar, por estar em boas condições. Então um patrocinador surgiu. O mesmo que na 69ª Edição patrocinava o distrito 5.

Tudo ocorreu rápido. A menina do 10 percebendo que não conseguiria receber nada preparou uma armadilha para os três tributos restantes. Uma alcateia que havia simpatizado com ela iria atacar alguns bestantes e atraí-los na direção dos carreiristas e da jovem do distrito 5. O problema é que a própria tributo do distrito 10 estaria na rota.

Fred sabia, uma armadura e a menina estaria salva e sairia viva da arena. Ficaria viva mesmo que atacada pelos bestantes, e assim enquanto os outros morriam ela estaria no máximo ferida.

O patrocinador no entanto pediu uma coisa em troca. Queria deitar-se com a menina assim que a mesmo viesse a capital para a turnê do vitorioso. Não queria imediatamente, pois queria que ela se desenvolvesse um pouco mais.

Fred socou o patrocinador, que nunca mais apostou no distrito 10. A menina morreu e quem saiu vitoriosa fora a garota do 5. Selena Sega.

– Aquele desgraçado me arrastou para a cama dele na minha turnê. - Disse Selena levantando a voz. - Eu sei que ele queria a menina do 10 e que fui o prêmio de consolo. Mas, eu não te culpo Fred. -

Com uma chicotada Selena calou-se rapidamente. Todos estavam ligados de alguma forma. Na verdade a vida de Selena tomou aquela direção desde que saíra vitoriosa.

– Você entende o motivo de ter perdido sua esposa? - Pergunta Snow. - Aquele patrocinador simplesmente era um antigo organizador dos jogos. Ele falou que você atentou contra sua própria tributo, claro que sabíamos não ser exatamente a verdade, mas no final... Você precisava saber que as decisões sobre a vida e a morte das pessoas é da Capital e não sua. -

Fred respirava fundo tentando se controlar. Ele viu as mãos de Selena tremendo também. Ele engoliu um seco fechando os olhos.

– E então nossa mais maluca mentora surgiu. Toda vez que ela orienta diretamente alguém, eu tenho dor de cabeça nos jogos. - Snow parou. - Mentores, todas as suas estratégias são validas, mas elas não podem criar ESPERANÇA para ninguém além dos próprios tributos. -

O silêncio se fez. Snow caminhou por alguns instantes, de um lado para o outro.

– Carlos Neves, como vocês assistiram, declarou que pretende manter todos na aliança vivos. Tentarão juntar aliança com o 10 e ficarão apenas defendendo-se dos bestantes e de outros perigos. - Snow olhou Odair. - Ele é chamado de o mágico e está criando um grande rebuliço. Acha que devo deixá-lo sair vivo? -

Carlos Neves possuía seu plano secreto. Ele iria enfrentar a Capital por dentro dos jogos. Seus aliançados não se matariam e a capital seria obrigada a enviar os bestantes e outras interferências. E claro, aquilo não ia agradar aos telespectadores. Um precedente iria ser aberto e os distritos começariam a querer unir-se. Tratava-se de uma rebelião dentro dos jogos que poderia ganhar os distritos.

– Mexer com o psicológico das pessoas, aterrorizando-as com aquela brutalidade e crueldade é magnifico. - Snow parou diante de Fred. - Um apelo incrível tendo uma menina tão pequena como Lirian no meio de toda aquela tortura. Pessoalmente eu até gostaria que um dos dois voltassem. Mas... Aquele papo de salvador e tudo mais faz dele um herói. - Snow abaixou-se e encarou Fred nos olhos. - Ele querer salvar a família e a amiguinha Lirian, junto com a família dela, é algo. Vários nos anos seguintes vão tentar se voluntariar no intuito de fazer o mesmo. Uma falsa esperança. - Snow sorriu. - Para mim é perfeito. -

Snow afastou-se um pouco de Fred.

– Eu lhe trouxe inicialmente para parabenizá-lo pela estratégia. - Snow suspirou. - Mas, então começou a situação de um levante no distrito 9 por causa da forma violenta como o tributo masculino deles, Oliver, foi morto. - Snow ponderou. - Panem clama por John ou Lirian. Os dois são os favoritos. A quantidade de dinheiro que arrecadam pelos patrocínios excede qualquer outra arrecadação. -

Fred tentava acompanhar qual era o problema para que ele estivesse ali. Pelo que via, não tinha motivos para ele estar ali sendo punido.

– Agora, nós sabemos que nossa acompanhante tem haver com isso. - Snow sorriu. - Nós sabemos que a esperança implantada aos distritos apenas levará a morte de muitos e irritações contra os possíveis vitoriosos. - Snow olhou-o. - Nós sabemos que a ideia veio de seu filho. -

Fred gelou naquele momento e começou a tremer suas mãos, assim como fazia Selena.

– A ideia do seu filho não foi completamente usada por você. - Snow irritou-se. - A ideia era ele sair de lá dentro como o maior dos jogos e isso seria o que aconteceria. No entanto, John tem um carisma fora do comum e o que ocorre é que ele melhorou os planos de seu filho. - Snow pegou o rosto de Fred. - Agora, você sabe exatamente o que seu filho queria... Ele queria sair de lá como o maior para que a Capital o abraçasse e assim abraçasse ao 10. Você está omitindo essa parte porque sabe que no final eu iria bater tanto em quem fizesse isso... Ilusões de um jovem que não sabe o quanto os vitoriosos sofrem nas mãos da Capital. - Snow riu.

Aquilo era verdade. O filho de Fred pretendia sair como um dos maiores campeões e atiçar a Capital a favorecer a seu distrito para que mais pessoas aptas a tortura viessem aos jogos. No entanto, Fred sabia que isso era burrice e que se algo assim fosse feito o autor seria massacrado.

– Perdoe-me senhor... - Fred balbuciou. - Sei que as ideias dos jovens são desmedidas... E que eu mereço punição por não criar bem meu filho... - Fred tentava ser educado, apesar de achar tudo um absurdo. - Mas... -

– Está aqui porque John e Lirian não podem sobreviver. E você vai garantir que isso ocorra. -

Snow olhou para a tela que se ligava. Era uma cena que Fred jamais queria ver. Sua casa em chamas, rodeada de bestantes. Pacificadores tentavam conter as chamas e os bestantes. E o único cívil no meio daquilo tudo era o apavorado filho de Fred.

– Não! - Gritou Fred.

– É um infeliz acidente. Deixaram um jovem sozinho dentro de casa. Ele por acidente botou fogo na casa e as chamas atraíram os bestantes. - Sorriu Snow. - Para salvá-lo preciso que John e Lirian morram. -

– Por que? - Gritava o mentor acorrentado.

– Primeiro... Para que você aprenda que a vida e a morte são decididas por mim. - Snow olhou-o secamente. - Segundo porque preciso trazer a Amabile viva. -

Odair e Fred olharam para Selena que estava havia ficado estática.

– É muito simples! A menina vive no distrito 5 e tem uma beleza jamais vista. Acham mesmo que ela foi gerada naturalmente? Quando a esposa de Clark engravidou pela primeira vez, preparamos Amabile. Ela foi moldada para ser bela. Ela no ano que vem viria para os jogos, após uma série de induções a ela se voluntariar. - Snow sorriu fazendo todos imaginarem que tipo de induções seriam essas. - Então os jogos favoreceriam a menina a voltar, principalmente porque não seria o ano de uma louca como Selena e nem a de Clark. -

– Ela estava prometida para alguém. - Selena falou com ar de incredulidade. - E quando a ofereci, junto a Alex, para os meus dois patrocinadores, inclusive aquele que me possuiu, eu criei um conflito de interesses dentro da capital. -

– Exatamente. - Snow riu aplaudindo. - Eu gostaria mesmo de contar com sua inteligencia a meu favor e não para me dar dor de cabeça. - Snow parou. - Agora eu tenho dois ex organizadores gastando fortunas e certos de que terão uma noite maravilhosa com Alex ou Amabile, sendo que existe um organizador esperando que sua noite com a menina feita a perfeição e todos esperando que sejam os primeiros. - Snow apontou para Selena. - Você criou essa confusão. -

Era certo de que era uma estratégia e que ela não tinha como saber que Amabile era um presente para alguém. No entanto, toda a festa e pompa que ela fez em torno de sedução afetou Panem de uma forma fora do controle. Enquanto Snow tem de se entender com organizadores e patrocinadores, Panem está iniciando uma orgia pensando na doce Amabile, enquanto muitos já começam a se preparar para comprar sua vez na fila com a menina.

– E claro, o que de mal há nisso? - Questionou Snow. - Não estou fazendo nada com intenção. - Falou Snow. - Você quer criar o Caos como declarou... Se você tivesse feito tudo quietinha, sem ficar se gloriando por isso, nenhum dos três estaria aqui apanhando. Mas agora, eu preciso trazer Amabile de volta, só que Panem quer John ou Lirian, e temos um maluco revolucionário pretendendo matar Amabile para vingar Canivete e depois garantir que os jogos virem uma piada. -

O silêncio se fez. Não havia muito jeito de resolver o problema. Selena via os cenários de forma rápida. Não importava quem vencesse, a pessoa iria servir sexualmente aos três organizadores, pois Snow teria de agradá-los. Fosse ele um garoto ou uma garota. Panem gritava por John e Lirian e não iriam se satisfazer com nenhum outro. Os organizadores queriam Amabile e não iriam se satisfazer com nenhum outro. No meio de tudo ainda existia um Carlos, com habilidades o suficiente para por tudo a perder.

– Mate meu filho. - Diz Fred chamando a atenção de todos e até mesmo de Snow, que ficou surpreso. - Mate meu filho, a John e Lirian, e a mim mesmo... Se você puder! -

Ao dizer aquilo Fred levantou-se mostrando que suas correntes estavam todas soltas e jogou-as no grupo de pacificadores a sua esquerda e virou-se para que o chicote enrola-se o seu pulso.

No mesmo instante Selena também levantou-se com suas correntes soltas e jogou suas correntes no grupo de pacificadores a sua direita.

Eles haviam conseguido abrir suas algemas e correntes enquanto tremiam. Selena havia começado. Fred viu e soube como o fazê-lo. Sabia que se a mulher fugisse estariam todos condenados dentro e fora da Arena. Mas, se os dois fugissem, talvez, pudessem sobreviver.

Seu filho seria morto de qualquer forma. Fred tinha certeza daquilo e não duvida por nenhum momento.

Odair abaixou-se no chão tentando se proteger. Sabia que não seria morto, já que era valioso demais para a Capital. Preferiu não fazer nada. Snow deu alguns passos para trás, indo em busca de uma arma, mas viu os dois mentores saltarem pelas janelas laterais. Snow amaldiçoou o fato de estarem apenas no primeiro andar, pois a queda não os faria nada.

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Ellen caminhava pelas ruas de Panem calmamente. Algumas pessoas a reconheciam e a cumprimentavam dizendo que seus tributos eram os melhores. Que iriam passar a se vestir como ela. Estava tudo tranquilo até ser abordada por um Pacificador.

– Senhorita Ellen. - O pacificador parou-a. - Não deveria estar ajudando ao distrito a qual foi designada? -

– Estou indo em casa para pegar uma joia para comemorar a vitoria. - Disse ela sorridente. - Não conte a ninguém, mas Snow convocou Fred a horas e acredito que estão tratando de como será a comemoração, então agora estou me preparando para a mesma. -

O pacificador ficou olhando-a por alguns instantes. A pouco mais de dez minutos recebeu a missão de caçar Fred e Selena, pois estavam tentando aplicar um golpe em Panem. Mas, Ellen parecia não saber de nada. A futilidade que a mulher apresentava era tão grande e o sorriso parecia tão despreocupado que não tinha como estar escondendo algo.

– Aprese-se. - Disse o pacificador.

Ela o cumprimentou rapidamente e seguiu seu caminho. Cerca de uma hora depois ela entrava na sua casa, onde encontrava Selena e Fred limpando seus ferimentos.

– A coisa está feia. - Diz ela respirando fundo e vendo a cena. - Foi meio difícil entender que era para eu vir para minha casa. Sua mensagem no rascunho da sua tela móvel foi meio complicada de achar. -

– Fico feliz que esteja bem. - Diz Fred abraçando a mulher, mesmo em meio aos cuidados com seu ferimento. - Não ia suportar ter que perder você também, já que os outros já estão mortos. -

– Como é? - Ellen piscou sem compreender.

– Snow enlouqueceu e matou o filho de Fred. - Selena levantava-se. - Ele pretende trazer Amabile viva da arena e matar a John e Lirian. Agora somos fugitivos... E só existe um lugar para nós irmos. -

Ellen suspirou começando a tremer. Aquilo parecia loucura.

– Eu sei que não quer abandonar John e Lirian a própria sorte dentro da arena. Mas, já não podemos mais alcançá-los. - Fred colocou a mão no ombro da mulher. - Se você não vier conosco agora, também morrerá. -

– Eu vou com vocês, seja lá para onde estejam indo... Mas, John e Lirian não vão ficar desamparados na arena. Sorria a mulher. - Eles vão inclusive nos ajudar a fugir, já que estarão criando o desfecho dos jogos. -

– Você mandou alguma dadiva para eles? - Perguntou Fred que apenas recebia um sorrido de Ellen.