Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 25
Capitulo 25 – Terror e Sedução




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Capitulo 25 – Terror e Sedução

<><><><><> Duas horas após a Colheita <><><><><>

Os cabelos ruivos lisos e longos estavam espalhados pela cama. A calça jeans preta com a blusa branca não diziam muito sobre sua dona e usaria. Mas, poucos eram os que poderiam dizer algo sobre a jovem de pele roseada e cabelos ruivos quase alaranjados. Aqueles que vinham do distrito 1 eram carreiristas por natureza, e como tal só precisavam passar o quanto eram perigosos.

Algumas batidas na porta acordaram Amber de seus devaneios. Ela olhou ao redor. Estava no trem que a levaria para Capital. Como não era uma viagem longa, deixavam para que toda a social fosse feita já no Centro de Treinamento. Isso ela sabia, fora ensinada sobre isso, então quem estaria batendo a porta.

– Está aberta. - Falou a menina sentando-se.

A porta metálica do lugar se abriu e ela pode ver um gigantesco rapaz entrar e dar um sorriso, ou pelo menos ambos acreditavam que era algo parecido com um sorriso.

Aquele era Onix Tank, o outro tributo do distrito 1. Ele simplesmente ficou parado na porta olhando-a por algum tempo, sem nada dizer. A menina fez um sinal de que estava esperando que ele dissesse algo, ou ao menos indicasse o que ele queria.

– Bem... - Onix com suas gigantescas mãos coçou a cabeça. - Conversar. - Disse o rapaz. - Sei que devemos nos matar... Mas, normalmente existe aliança entre os tributos do 1. -

Amber ficou olhando sem nada dizer. Estava tentando entender se realmente ele estava com dificuldades de se expressar quanto a aquela situação ou se era realmente desletrado.

Os dois começaram a rir. Era uma situação bem diferente da que qualquer um deles imaginavam. Nunca haviam se conhecido anteriormente e nitidamente o rapaz queria fazer alguma amizade com a menina, mas havia todo o receio dos jogos. Para Amber, imaginar que o gigantesco rapaz poderia matá-la com as mãos vazias estava com medo de chegar perto dela, era engraçado.

– Então me diga grandão... Me conta como é que você ficou desse tamanho com os nossos treinamentos tão normais? - Amber ria da situação. O rapaz havia sentado-se no chão do quarto vagão da menina e ali eles riam das várias situações inusitadas que seus treinamentos haviam gerado para eles.

– Meus pais pediam para eu fazer somente o que me fosse favorecer fisicamente. - Onix ponderou com a cabeça. - Por isso esse tamanho. - O rapaz olhou preocupado. - Acha que fiz errado pequena? -

Amber riu. Enquanto ela chamava-o de grandão ele se referia a ela como pequena. Tudo graças aos treinamentos que o distrito 1 oferecia aos seus jovens para que não fizessem feio na arena.

O distrito 1 era conhecido pelos seus vários trabalhos com pedras preciosas. No entanto, os jovens acabam aprendendo do oficio, ou qualquer outra profissão, apenas quando estavam livres de participar da colheita. Antes disso eles eram obrigados a treinar para os jogos.

Apesar do treinamento ser nítido, não havia represálias por parte da Capital. Os treinamentos eram bem disfarçados. Todo treinamento era uma aula extracurricular das escolas. De forma que aprendiam muito do que era necessário para arena, como se fosse apenas um esporte. Natação, esgrima, arco e flecha, academias, lutas diversas e qualquer outro esporte útil para a arena possuía uma aula para que eles participassem na escola. Esportes que não pareciam trazer nenhum beneficio direto a arena eram vetados e quase nunca fechavam turmas ou possuíam recursos.

O sistema era diferente do distrito 2 que realmente possuía centros de treinamento para os jogos, mas ainda assim eram eficazes e criavam grandes vitoriosos para os jogos.

– Se eu soubesse que iria ser selecionada para os jogos, eu teria pegado mais pesado nessas aulas. - Amber fez um sorriso amarelo mostrando desanimo com a situação.

– Não fique triste. - Onix sorriu. - Estaremos juntos naquela arena e se você compensar minha falta de jeito eu compenso sua falta de força. - O rapaz mostrou os músculos para a menina.

– Pelo menos o que eu vou te oferecer sei que os tributos do dois não terão como. - Disse a menina. - Afinal, ninguém aprende sustentabilidade na maioria dos distritos. -

Onix ficou olhando sem entender. Calado ele esperou que a menina voltasse a falar disfarçando que não havia entendido o sustentabilidade.

– Bem... - Amber percebendo que ele não havia entendido. - Acho que não tem ideia do que é sustentabilidade, né? - A menina sorriu. - Não é algo que as pessoas de nosso distrito realmente saibam. Só mesmo os distritos mais pobres, e provavelmente devem usar outro nome. -

Onix sacudiu a cabeça entendendo que ela falava de algo que ele não conhecia.

– Sustentabilidade seria algo como auto sustentar-se. - A menina suspirou. - Como você sabe eu sou uma Wazor... - De repente Onix interrompeu a menina.

– Caraca... Eu não tinha me tocado. Você é filha dos Wazors. - Onix estava radiante. - Minha mãe é doida pelas joias de seus pais. -

Onix tagarelava sobre sua família enquanto Amber tentava explicar sobre a sua e a sustentabilidade.

Wazors era uma família pequena do distrito 1 que produziam as mais lindas e delicadas joias que Panem já havia visto. Os traços eram sempre delicados e as peças que a compunham eram tão pequenas que as pessoas não acreditavam que aquilo era feito realmente a mão.

O segredo estava na sustentabilidade. Os Wazor não recebiam muita matéria prima para estar usando, pois as empresas maiores possuíam mais recursos. Por isso eles compravam refugos, restos, das grandes empresas, para construir suas joias. O valor da matéria prima era bem menor e isso permitia que o lucro fosse maior. As peças pequenas das joias era devido a aproveitar os restos, não tendo assim condição de grandes peças.

– Então... É assim que você aprendeu a aproveitar qualquer pedaço destruído? - Questionou Onix.

– Sim.. Eu sei identificar se algo é útil. Mas, não sou boa em utilizar para construir algo. - A menina riu. - Normalmente eu ajudo minha família rastreando os nossos clientes. -

– Rastreando clientes? - Onix coçou a cabeça. - Gosto de conversar com você. Você não me trata mal por eu não saber sobre essas coisas que você fala. -

Amber pensou em perguntar se alguém realmente tinha coragem de tratá-lo mal, sem medo de levar uma surra de volta, mas preferiu rir e ignorar o comentário do gigante.

– Como nossa produção é pequena e cara, temos clientes bem restritos. Quando eles entram eu os recepciono e vejo as alturas, pesos e outras medidas de olho nu. Assim a pessoa tem a sensação de que adivinhamos todas as medidas dela para a joia. - Comentou Amber. - Além disso, quando algo sai errado e acabamos com alguma joia sem venda, eu saio rastreando pessoas que possam gostar daquela joia. Dai entra os pesos e medidas, já que são bem personalizadas. -

O trem parou e eles entendiam que haviam chegado a capital. Escutavam uma gritaria lá fora.

– Então vamos combinar algo senhor Tanque? - Disse a menina respirando fundo e preparando-se para enfrentar a multidão. - Você me cobre que eu te cubro. -

– Vamos fazer com que um dos dois saia vivo de lá, ou pelo menos que o assassino do outro não saia. - Onix. - Bom, pelo menos o do que morrer primeiro. - Onix pensou melhor percebendo que era complicado o que propunha arrancando risos da amiga.

<><><><><> Noite que antecede a entrada na Arena <><><><><><>

O primeiro andar do Centro de Treinamento estava calmo. Era noite da véspera da entrada dos tributos na arena. Haviam acabado de fazer as entrevistas. O jantar havia seguido com esse assunto, de como eles haviam ido. Mas, aquilo havia ficado no passado e a noite entrava enquanto Onix e Amber estavam assistindo as filmagens de uma festividade qualquer na Capital, festividade em comemoração ao inicio dos jogos.

– Acha que fui tão mal na entrevista? - Questionou o Jovem Tanque humano.

– Eu... - Amber parou por alguns instantes. - O problema é que você foi muito direto, não entrava na conversa sabe. - Comentou Amber. - Veja o John do distrito 10, ele brincou com Caesar e o publico, além de falar um pouco sobre ele. - Ponderando as próximas palavras a menina suspirou. - Mas, não significa que foi ruim. Você passou para o público que você está ali para lutar e matar e que nada mais importa. Eles não o conhecem como eu. -

Onix sorriu para a amiga. E logo começou a dar uma risadinha abafada.

– O que foi? - A menina sorriu percebendo que ele queria conter o riso.

– John! - O menino dizia apontando para ela. - Você precisava se ver enquanto ele estava no palco. A gente falava com você e você ignorava a gente olhando com aquele olhar de criança quando está de frente para um doce ou brinquedo novo. -

A menina ficou com a face vermelha, envergonhada, baixando a cabeça. Mas, logo começou a rir. Era uma das poucas vezes que conseguiu ver o Onix falando uma frase grande.

– Você acha o John bonito. - Riu Onix como se fosse uma criança.

– Não seja bobo. Eu não acha ele bonito. - Disse a menina que viu que não ia adiantar argumentar. - Ele é bonito. E eu admito que fiquei meio mexida ao saber tantas coisas sobre ele. -

Onix parou olhando a amiga por algum tempo.

– Ele me lembra você! - Aquilo surpreendeu ao jovem que esperava uma explicação, já que havia ficado sem palavras. - Os dois são corajosos e fazem o que é necessário. Mesmo caminhando para a morte estão... Pensando em suas famílias, em uma forma de confortá-las e tudo mais. -

Aquilo era verdade. Onix havia pedido a amiga para entrar em contato com sua família para que eles fizessem uma joia para sua mãe, cujo o aniversário estaria se aproximando. Ele não teria como pagar se não voltasse vivo, mas prometia cuidar bem da filha deles na arena. A todo momento o Tanque humano do distrito 1 falava de sua família.

– Mas, sei que ele é um inimigo e tanto. - Comentou Amber. - E provavelmente, quando nos encontrarmos eu estarei na aliança carreirista e ele estará como nosso alvo. - A menina sorriu. - Mas, isso não tira minha admiração pelo que ele esta fazendo. Ele vai morrer, pela ponta da minha lança se bobear, mas vai morrer com minha admiração. -

Onix ficou olhando durante algum tempo para a menina que havia confidenciado ao rapaz sobre o que ela estava sentindo naquele momento.

– Amber está apaixonada. - Gritou o rapaz.

A menina jogou uma almofada no companheiro. Rindo. Ele fez o mesmo. Ela tacou outra um pouco mais forte e ele fez o mesmo, mas a segunda de Onix chegou a derrubá-la do sofá.

– Desculpe! - O menino se levantou atrapalhado. - Você está bem? - Ajudando-a a levantar.

<><><><><> Arena após a emboscada<><><><><>

Amber estava abaixada encostada em uma arvore, debulhando-se em lagrimas. Ela tentava parar, mas era impossível. Não estava machucada fisicamente, pelo menos não jugava que os arranhões que tinha devido a passar perto de uma arvore, durante a corrida, ou mesmo, algum ralado, viesse a ser um machucado.

Mas, sua mente estava afetada. Traída por Carlos, viu a Aliança Carreirista ser aniquilada por uma armadilha da qual ela só saiu viva por seu amigo, Onix, ter resolvido salvá-la. Mas, agora ela sabia, estavam todos mortos. E por mais que ela já estivesse pronta para ver pessoas próximas morrendo, e até mesmo para ter que deixar amigos para trás para poder sobreviver, ela não conseguia deixar de sentir a dor pela morte dos três. Não conseguia deixar de sentir raiva de Carlos pela traição. Não conseguia deixar de sentir raiva da Capital por ter mandado Croconal para a armadilha.

Amber acreditava que se não fosse Croconal a Aliança Carreirista sairia vitoriosa. Certamente poderiam ter perdido um ou talvez até dois membros. Mas, certamente, após abaterem Carlos Neves, o mágico do distrito 4, os demais fugiriam ou sucumbiriam. E como havia um pequeno lago no lugar, poderiam usá-lo para conter as chamas e conseguir sair da jaula de fogo.

Carlos Neves do distrito 4. Ele conseguiu enganar ao grupo durante todo aquele tempo. Para Amber era incrível como ele pode fingir todo aquele tempo. Ela desconhecia que a traição foi decidida no momento em que as chamas começaram e que não havia nada combinado. Mas, não fazia diferença, no final das contas, ela havia sido traída e agora restava apenas uma coisa, cumprir a promessa feita a Onix. Que seus assassinos não sairiam vivo. Carlos e Croconal teriam que morrer antes que ela caísse.

Respirando fundo a menina preparou-se para erguer-se e caminhar em busca de um abrigo para recompor as forças e as ideias. Talvez alguém mandasse uma dadiva útil a ela. Ergueu o corpo e sentiu seu pescoço ser envolvido por algo fino que pressionou içando-a para cima.

Amber tentou alcançar uma de suas facas ou adagas de madeira, mas sentiu que suas mãos também eram presas por cipós. Estava presa e sabia que não deveria ter parado para descansar, o grupo de Carlos havia alcançado-a.

– Eu juro que vou te matar Carlos! - Gritava Amber esforçando-se para que sua mão livre se mantivesse livre e que suas facas ou adagas pudessem ser alcançadas. - Está ouvindo seu traidor miserável! Antes de morrer eu vou me vingar por aqueles que você traiu... eu... - Amber sente que seu corpo para de ser içado e cai fortemente contra o chão. Ela tonteia e sente o corpo ser puxado para trás, pelos cipós que ainda estavam em seu corpo e acaba se vendo presa a arvore onde antes chorava.

Ela olhou para frente e não identificou ninguém. Respirou fundo tentando se livrar. Tentando alcançar suas armas a fim de libertar-se e defender-se, mas não conseguia. Até estranhava a demora para que o grupo de Carlos viesse acabar com ela, mas com os segundos passando e nada acontecendo começou a perceber que algo estava errado.

Ela se acalmou. Fechou os olhos respirando e fundo e continuando sua tentativa de se livrar, até que escutou alguém falar com ela.

– Comece a falar, do principio. - A voz era quase infantil. Uma menina pequena estava de frente para ela. Amber engoliu um seco.

– Lirian? - Aquilo não poderia ter ficado pior para a menina. Ela lembrou-se do corpo mutilado de Maria e dos gritos agonizantes de Oliver.

– Você já está morta! - Falou Lirian olhando sério para ela. - Você apenas não sabe disso ainda. Então explique sobre a traição ou tenha certeza de que será forçada a falar. -

– Pode me matar. - Disse Amber. - Eu não me importo... Mas, me deixa pegar Carlos e o Croconal primeiro. Pelo menos o Carlos. - Amber voltava a chorar. - Aquele idiota traiu agente nos deixando como comida para o Croconal. Ele... Ele... - Amber não conseguia mais dizer nada.

– Mortos não tem vontades. - Disse Lirian, mas Amber não tinha mais como dar atenção ao que Lirian falava, ou fazia. Estava completamente entregue de volta ao desespero de não conseguir cumprir a promessa que fez a Onix, vingar-se de Carlos.

Amber percebeu que a menina havia ficado em silêncio depois de um tempo olhou e viu que ela estava se batendo, como se estivesse sendo picada por mosquitos. Amber lembrou-se da noite anterior em que foram atacados por Amabile e Alex.

– Lirian! - Gritou Amber. - Foge, é o pessoal do cinco! Eles usam dardos venenados para te drogar.. Ai.. ai! - Amber sentia varias picadas em sua pele. - Corre! -

Lirian escutou aquilo olhando em volta e cambaleando começou a se afastar. Não demorou mais do que alguns segundos para que Alex e Amabile aparecessem olhando em volta.

Amber sentia sua visão ficar turva, mas não desmaiava como da vez anterior. Sentiu Amabile acariciar o rosto e seu corpo enquanto as cordas feitas de cipós afrouxavam-se. Tentou mover-se para pegar suas armas, mas Amabile parecia já ter tirado-a.

Amabile cambaleou sendo guiada pelos dois tributos do distrito 5 e logo sentiu seu corpo ir ao chão. Sua audição e visão já não estavam mais funcionando. Não conseguia falar também, mas o tato ainda estava ativo, ao menos parcialmente, pois sentia dois pares de mão lhe tocando o rosto e o pescoço. Alisavam seus braços e pareciam brincar com ela, fazendo que iriam acariciá-la, mais intimamente mas não o faziam de imediato. Acabavam indo para outra parte menos erógena.

Forçou os músculos, tentava reagir. Tentava sobreviver. Sabia que seu fim, na mão daqueles dois, seria o mesmo de Canivete. Não queria deixar que aquilo acontecesse, mas a droga era muito forte. Conseguiu que seus olhos voltassem a ver, tendo em mente Steven, Atalanta e Onix.

Viu Amabile na sua frente, quase a beijá-la e que um pouco a frente Alex despia-se encarando-a. O rapaz já estava completamente nu e caminhava para a direção de Amber.

Mentalmente ela desejou que Onix ainda estivesse vivo para salvá-la. Que qualquer um viesse para salvá-la. Poderia ser até um bestante que viesse para devorá-la antes que Alex concluísse o que que pretendia. Mas, a menina sentiu que Amabile começou a retirar sua roupa.

– Panem... Posso Começar? - Foi um sussurro escutado por Amber.

Mas, na verdade havia sido um trovejar de voz de John que surgia com uma faca na mão esquerda, rosto marcado por sangue e um pedaço de madeira na mão direita que foi com tudo no rosto de Alex que apenas havia virado-se assustado.

Alex levantou-se. Pelado e desarmado ele investiu contra o jovem, mas o mesmo acabou sendo capturado por uma armadilha de John que o prendeu pelas pernas e pelos braços.

Amabile olhou aquilo e tremeu em seu lugar. Ela balbuciou o nome de John enquanto via o menino do 10 aproximar-se de Alex e fazer um pequeno corte na pele de Alex.

– Também tenho a droga! - Era um sorriso macabro sendo exibido por John que falava a Alex. - Sua vez Anjo de luz. - Disse o Jovem voltando-se para Amabile.

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Aquele pântano era realmente um lugar assustador. Existia um local com um poço de piche. Se a pessoa caísse ali, jamais conseguiria se desgrudar. Não era um foço grande, mas certamente daria para que cinco tributos caíssem ali ao mesmo tempo.

Amber acordava e via uma cena inesperada. Alex e Amabile pendurados sobre o piche. Alex não estava mais nu, alguém havia lhe colocado uma calça. Amabile permanecia com um maio branco. Ambos desacordados.

Amber lembrou-se aos poucos do que acontecia, sem se mexer bruscamente confirmou que seus sentidos estavam recuperados. Respirou fundo, percebeu que não estava amarrada. Aquilo era estranho, já que a última lembrança visual era de John chegando no momento em que a menina seria estuprada pelo jovem do distrito 5.

– Estamos com suas armas e você ainda não é nossa prisioneira. - A voz de John ressoou em sua cabeça. - Agora que acordou... Sente-se e mantenha-se calma. -

Amber fez o que a voz de John indicava. Ela imaginava que ele estaria longe dela, mas quando ela se sentou e virou-se para o lado, percebeu que ele estava a pouco mais de cinco metros. Ele estava sentado olhando para ela. Não havia sinal de nenhuma arma, ou nada que representasse perigo junto a ele. Se a menina quisesse, com um salto ela poderia estar em cima dele e eles lutariam corpo a corpo.

– Obrigado. - Disse John.

Amber ficou confusa com aquilo. Abaixou a cabeça pensando por alguns instantes se não havia esquecido de algo que aconteceu, mas sua mente não lhe trazia nenhuma lembrança.

– Quando a encontramos e a capturamos, Achávamos que os demais carreiristas estavam em volta. - John comentou. - Estava verificando as coisas, enquanto Lirian olhava em volta. Não esperávamos que o distrito 5 estivesse por aqui e com as drogas desenvolvidas pelo pessoal do seis. - O menino mostrou que também possuía a mesma droga. - Se você não tivesse mandado Lirian fugir, alertando-a, provavelmente o cinco iria capturar as duas e levar para outro lugar mais distante. -

– E você não poderia salvá-la porque ainda estaria preocupado com os carreiristas. - Amber fez um menear com a cabeça.

– Na verdade eu escutava o que você falava a Lirian. Apesar dela não ter compreendido que não havia mais carreiristas além de você e de Carlos, eu compreendi. - John suspirou. - Eu não teria conseguido salvar nem Lirian e nem a você porque eu não saberia que eles teriam levado as duas. Ia perder algum tempo pensando que Lirian estava te levando para o nosso ponto. -

Amber entendeu a situação. Se ela não tivesse alertado sobre Alex e Amabile, ele não teria percebido a movimentação e as duas estariam mortas no momento.

– Ela está bem? - Perguntou a menina percebendo que Lirian não estava em seu campo de visão.

– Está oculta vigiando as coisas. - Diz John respondendo a pergunta não feita pela menina, mas que nitidamente já havia lhe causado curiosidade.

– Obrigada. - Disse Amber. - Eu... Sei que vai me matar, e imagino que teria sido melhor para você se ambas já estivéssemos mortas, mas... - Amber foi interrompida por John.

– Te salvei porque você salvou Lirian. - Disse o rapaz. - Te salvei porque o que esse moleque ia fazer com você, ninguém deveria fazer. - John olhou para o rapaz pendurado sobre o piche. - Para muitos é certo de que existe um impasse ao final de minha jornada aqui nos jogos, se Lirian e eu permanecêssemos vivos, como iriamos resolver este problema. -

– Mas, você não pensa assim, não é? - Amber esboçou um pequeno sorriso. - Mas, e eu? Não era melhor ter me matado? -

– Achei que só quisesse morrer depois de se vingar de Carlos. -

Amber abaixou a cabeça deixando uma lagrima rolar. Ela queria se vingar, mas não tinha como fazer isso sozinha. Não tinha armas, estava tecnicamente prisioneira do distrito 10, apesar de não estar na mesma situação de Amabile e Alex.

Amber percebeu que John tinha ficado em silêncio. Levantou o olhar, não se preocupando em demonstrar suas lagrimas e viu o rapaz quieto. Sentado de olhos fechados, com ar de sereno esperando que ela se acalmasse. Talvez fosse qualquer outra coisa que ele esperava. Mas, para ela, ele estava realmente esperando por ela.

– Eu... Prometo que assim que Carlos estiver morto, eu mesma me mato. - Disse a jovem. - Mas, como você vai poder confiar em mim? Como vai saber que eu não vou te trair? Que não vou fugir? -

Amber olhou John apenas levantar os ombros demonstrando que não sabia.

– Isso não tá certo! - Disse ela ainda em lagrimas. - Como pode confiar em mim? - Gritava ela. - Você é louco? Não pode simplesmente me salvar e dizer que vai confiar em mim. - Gritou a menina que chorava de soluçar.

Para Amber aquilo não fazia sentido. Ela não tinha nada a oferecer para se aliançar a ele. Ela era prisioneira e ele estava oferecendo ajuda para que ela matasse a Carlos? Como alguém que estava a torturar, cruelmente, os tributos que encontrava, poderia estender a mão para ela daquela forma. Como ele podia confiar nela? Amber não entendia o que estava acontecendo. Ela lembrava-se do corpo mutilado de Maria. Dos gemidos de Oliver. Porque ele iria ajudá-la?

– Por que você não simplesmente segue o plano que tinha de me torturar até a morte? - Pergunta Amber em meio a lagrimas? - Eu não entendo. Por que você iria me ajudar? Que tenha me salvo de ser violentada. Que eu tenha salvo Lirian... Mas... Por que não me matar? Por que atender meu pedido? - A menina caia no chão chorando.

– Por que ele acredita em você. - A voz feminina assustou Amber. Talvez a informação de que John acreditava nela era mais pesada do que a misteriosa voz, mas ainda assim Amber havia ficado assustada.

John e Amber olharam. Amabile já havia recobrado a consciência fazia algum tempo, pelo menos desde a volta do choro de Amber. Ela acompanhava a conversa, sem saber o que estava acontecendo ao certo.

<><><><><> Dia das Entrevistas <><><><><>

– Realmente ela é apaixonante, não é? - A voz de Ellen intercalava John que estava parado frente a uma tela, assistindo a entrevista de Amber Wazor do distrito 1.

John disfarçou, mas não disse nada.

– Não precisa ficar sem graça. - Riu Ellen olhando em volta e mostrando que ninguém estava prestando atenção nele realmente. - Não existem ruivas no distrito 10 pelo que fiquei sabendo. E por mais que não seja legal admitir, ela é muito bela. -

Normalmente os tributos deveriam ficar em fila, mas por alguma razão ninguém estava ligando para deixar os tributos dispersos logo no inicio, somente o tributo a seguir está sendo mantido próximo ao palco.

– O que mais me chama a atenção é que normalmente as entrevistas dos ditos carreiristas passa toda uma pompa. Jovens de famílias abastadas, que pensam serem deuses e que avisam a todo momento que são a aposta certa dos patrocinadores devido as suas N qualidades. - John falava com Ellen, mas não tirava sua atenção da tela. - No entanto, essa garota, está sendo humilde e falando de família. -

– Uma estratégia inteligente. - Comentou Fred se aproximando. - Lembre-se que todos estão com estratégias para angariar patrocinadores. - O mentor se aproximou e rapidamente entendeu a situação.

– Mas, até na minha estratégia para a entrevista, existe um pouco de mim. - Comentou John. - Significa que deve existir um pouco deles também. - John suspirou. - Mas... Enfim... Não adianta apenas eu acreditar, né? -

– Eu acredito. - A voz de Amber vinha da tela e eles olham rapidamente para tela.

Caesar havia perguntado a menina se acreditava que alguns tributos eram verdadeiros, ou estavam apenas dramatizando suas histórias e jeitos de ser.

Amber dizia que acreditava que alguns eram verdadeiros. Teriam de matar para sobreviver, mas ela acreditava que alguns tinham dentro de si a convicção de não se permitirem mudar. Que lutariam sendo eles mesmos, e não colocando mascaras que teriam de manter para toda a vida se saíssem vivos da arena.

<><><><> Arena <><><><>

– Eu acredito em você. - Disse John. - Você poderia tentar me enganar e trair, mas está sofrendo por causa de uma traição. Eu acredito que será leal a sua promessa para comigo e não vai usar uma mascara. -

Amber olhou nos olhos de John. Ele estava tão calmo e sereno. Passava tanta confiança ao falar que ela sentiu como se não poderia ter sido ele a torturar aquelas pessoas. A menina ainda estava com as lagrimas em seus olhos. Ela ameaçou seguir para abraçar John em meio ao choro, mas conteve-se no caminho.

– Obrigada. - A menina de cabeça baixa apenas esticou a mão em meio as lagrimas. - Prometo que ajudarei você e Lirian a sobreviver e assim que matarmos Carlos, eu me mato. -

John pegou a mão da menina e a puxou abraçando-a deixando-a surpresa.

– Então... Eu não queria estragar o momento, mas... - Alex acordava naquele momento e percebia a situação. - … Será que podemos formar uma aliança para acabar com o Croconal e com o grupo de Carlos? -

– Não fazemos alianças com pessoas mortas. - Disse Lirian em alguma parte, ocultada pelo mato.


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Notas finais do capítulo

Galera.. decidi fazer uma quarta Saga! Se bem que desde que tomei essa decisão as pessoas que liam e comentavam desapareceram... Devo me preocupar? Pq ainda assim o numero de leitores está aumentando. o.0