Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 2
Capitulo 2 - Abatedouro


Notas iniciais do capítulo

Saga 1 - Preparativos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264928/chapter/2

Capitulo 2 – Abatedouro



– Diga-me a verdade! - Os braços fortes de um homem adulto arremessaram o corpo de um jovem contra as paredes do trem expresso que levava a comitiva dos distritos para a Capital, na direção dos jogos. - Por que se voluntariou? -



Um jovem de cabelos pretos bagunçados era ameaçado e esmagado pela força de um homem que estava com a face vermelha de raiva. Seu corpo era atlético e os músculos revelavam que possuía muita força. Talvez tivesse cerca de 1,85 de altura, mas naquele momento o jovem acreditava que tinha mais.



– Eu precisava! - Gritou o garoto tento se fazer ouvir, mas parecia que o jovem não conseguiria ser escutado.



Colheita. Nome dado a seleção que escolhia crianças de 11 a 18 anos para serem os representantes de seus distritos nos Jogos Vorazes. Num sistema simples de sorteio, onde alguns em troca de um pouco mais de comida aceitavam ter seus nomes colocados para o sorteio mais vezes, era escolhido um menino e uma menina. Este sorteado ainda poderia ser substituído por um outro membro da colheita, do mesmo sexo, que se oferecesse para ir no lugar do sorteado. Aquele era o voluntário.

Mas, quem seria voluntario para participar de uma arena de morte? Quem se voluntaria para participar de um abatedouro? Sim. Abatedouro era como os membros do Distrito 10 chamavam os jogos, afinal eles eram criadores de animais e entendiam bem o mecanismo do abatedouro.



– Por que você se voluntariou? - Gritava completamente alucinado o homem que agora agarrava o pescoço do jovem. - Me diga! O que você tem com meu filho? Acaso é o namoradinho dele? Acaso ele te chantageou? Acaso é por causa dessa menina? -



– Agora chega! - Gritou uma mulher de cabelos prateados. - Dentro de instantes pacificadores entraram aqui e darão uma surra em vocês dois. É o que quer? Que ele morra antes da hora? -



Um vestido prateado liso, maquiagem em tons de cinza e cabelos prateados. Aquela era a acompanhante designada para o distrito 10 naquele ano. Ela não conhecia nada sobre os jogos, mas queria fazer um bom trabalho desde o começo. No entanto, parecia que as coisas iam de mal a pior. Ellen sentia que se não tomasse o controle da situação, morreria junto com os tributos e provavelmente com o mentor.



A colheita correu tranquila, mas sem nenhum brilho. A menina escolhida possuía 12 anos. De cabelos negros, olhos verdes e feições delicadas e infantis, Lirian Marins era a tributo feminino do distrito 10. A escolha dela gerou certa comoção, mas felizmente os familiares acabaram não causando nenhum distrubio.

No entanto, Marcos Grug, de 18 anos, havia sido anunciado como o tributo masculino. Houve um grito de cima do palco. Seu pai estava lá, Frederico Grug, ou simplesmente Fred um vitorioso. Marcos não se parecia com o pai, já que o era franzino. No entanto, antes que ele chegasse as escadas gritos alarmados vinham da fileira de 18 anos dos rapazes.

“Eu me voluntario!” “Eu serei o tributo!” E aos poucos a multidão foi distanciando-se enquanto Marcos estacava olhando para traz via um jovem de 1,70 de altura com mais porte físico que ele, mas de longe comparado ao de Fred, corria para escadarias do palanque.

Aplausos. Gritos. Vaias. Tudo o que poderia surgir de reação surgia. John Jason era o tributo masculino. Finalmente, após algumas visitas os tributos entravam com sua acompanhante, Ellen, no trem expresso que os levariam a capital e ao destino deles.

Foi uma surpresa que assim que o trem saísse Fred surgisse agarrando o garoto pelo pescoço e gritando tudo o que era desaforo possível, querendo uma explicação para aquilo.



Fred ainda ergueu o jovem John jogando-o para o lado e estranhamente pousou a mão no peito de seu casaco encarando a John por alguns instantes.



– Eu tenho 18 anos. Recebi a dois meses minha profissão. Vou cuidar dos bestantes. - Disse o jovem respirando fundo tentando se arrumar.



Bestantes. As criaturas geneticamente alteradas da Capital. No Distrito 10 havia uma quantidade razoável dessas criaturas a vagar pelas suas matas. Para tanto, alguns jovens eram destacados para realizar o controle da praga e proteção do distrito contra elas. Isso porque os pacificadores não ousavam ir contra elas.



– Sua irmã me contou. - Disse Lirian. - Você é obrigado a ficar lá por 3 anos, até que lhe deem uma nova profissão. Mas, no geral a maioria morre em menos de dois anos. - A voz da menina ainda estava meio chorosa.



– Como assim? - Ellen não entendia muito bem. - É tão perigoso assim? -



– Quem é selecionado para o controle jamais volta para casa até o fim dos 3 anos. - Diz Fred ainda encarando o jovem.



– Meu pai morreu. Minha mãe está doente e não temos dinheiro para tratá-la. Minha irmão tem 10 anos e não poderia cuidar dela própria, do que dirá de minha mãe. - O jovem suspirou. - Minha família morreria antes de passar esses 3 anos. Fosse de fome, de doenças, ou mesmo sendo escolhida na colheita dentro de dois anos. - John suspirou achando graça do que falara. Jamais sua irmãzinha viveria tanto tempo sozinha. - Minha família está condenada a morte. -



– E por isso se voluntariou? - Perguntou Ellen. - Afim de vencer e voltar vivo e com dinheiro para sua irmã e mãe? - Ellen sorria comovida. - Isso nos dará muitos patrocinadores. Mas, acha mesmo que você tem chances? -



– Só preciso que 23 morram antes de mim. O que é bem menos do que aconteceria com os bestantes do distrito 10. - Ele suspirou. - Mas, só tive essa ideia enquanto eu estava na fila e Marcos conversava com um rapaz próximo. -



Fred pareceu atentar-se mais. Ainda de pé, de braços cruzados ele era um pai que deveria estar agradecido por não ter que ser mentor do filho no abatedouro. No entanto, qualquer um que se voluntaria-se para os jogos, na concepção dele, era um doente.



– Sobre esse seu medo de seu filho ser mulherzinha... Acho que pode ficar tranquilo. - John sorriu. - Acho! - Frisou o rapaz. - Ele conversava com o irmão de Sarah Merlen. Havia um acordo entre eles. Marcos construiu um plano para vencer na arena. O filho dos Merlen aceitou o namoro de Marcos com Sarah em troca do plano. -



Fred respirou fundo. Aquilo era verdade. O filho dizia ao pai ter um plano para vencer na arena há muitos anos. Como Marcos tinha 18 anos, não precisava mais usar o plano. Se era eficaz ou não, o pai mentor desconhecia.



– Então o vi caminhando após ser selecionado e tudo me veio a mente. Se eu ficasse era morte certa para minha família, e eu teria poucas chances de sobreviver. - Respirando fundo John olhou para Lirian. - Mas, vindo para os jogos minhas chances de vida aumentavam e minha família poderia ter duas ou mais chances. -



Fred tocou o casaco novamente. Enquanto se debatiam, John havia colocado os rascunhos do plano de Marcos no bolso do casado de Fred.

Marcos havia desistido da Sarah pela vida de John. No final, era um plano, funcionaria se a pessoa estivesse desesperada para fazer qualquer coisa. Marcos amava Sarah, mas John se voluntariou. Um voluntario no 10 deve ser mais desesperado do que um amante.

Marcos visitou John no Palácio da Justiça, agradecendo a oportunidade de vida e lhe estendendo o plano. Se John sabia que o plano lhe seria dado? Sabia que não.



– Certo... - Fred começou. - Imagino que agora que você já se explicou suas apostas são em juntar-se a Lirian na arena e fazer com que um dos dois ganhe. Assim, as famílias se unirão e não importa quem ganhe, a irmandade gerada entre eles dará a comida e os medicamentos que sua família precisam. - Fred ponderou. - Sem contar a comoção que fará na cidade que saberá da história de sua família e tentarão ajudar de alguma forma. - Fred sacudiu a cabeça entendendo. - São muitas chances para sua família e poucas para você. Contanto que para isso você terá que sobreviver algum tempo na arena. -



– Eu... Eu aceito! - Disse Lirian temerosa mas sabendo do que falava. - Eu não tenho habilidade alguma que poderia ser usada na arena... Mas, se minha família puder... Puder viver... - A menina começava a chorar e imediatamente era abraçada por Ellen.



– Então que a sorte esteja sempre ao nosso favor! - Disse Fred se retirando do vagão.



Assim que saiu do vagão deu de cara com alguns pacificadores que estavam parados. Eles certamente estavam prontos para invadir o vagão instantes antes de Ellen conseguir controlar a situação.



Fred os encarou. Perguntando-se se algo que foi dito lá dentro era uma ameaça a Capital, mas para qualquer pessoa ali os tributos estavam querendo sacrificar-se por suas famílias. Não havia nada de perigoso naquilo.



– Senhor Vitorioso... - O pacificador chefe, com mascara ocultando sua face, aproximou-se. - Um plano para vencer na arena? -



Fred engoliu um seco. Os planos estavam ali com ele. Desconhecia o que era. Mesmo o seu estado de vitorioso não poderia salvá-lo se algo fosse contra a capital.



– Eu também fiquei muito assustada com isso. - Ellen surgia atras de Fred surpreendendo ao mentor e aos pacificadores. - Quando você me disse, no caminho sobre o conto de fadas que contava para seu filho quando ele era pequeno, para não temer que você seria o mentor dele e tinha um plano para vencer na arena... Achei que estava alimentando as esperanças de vida de seu filho. Mas, não imaginava que seu filho fosse tão bobo a ponto de sair contando para todos. -



Os pacificadores se olharam. A mulher parecia brava.



– Já imaginou se isso cai na boca do povo. Iriam querer te matar. Como só seu filho teria direito a tal plano maravilhoso e milagroso? - Ellen riu. - Eu ainda não tenho filhos, mas imagino como deve ser para vocês de distritos terem de mentir para seus filhos para poder acalmá-los quanto aos medos de morrerem prematuramente. -



– Fred... - O pacificador pareceu estremecer no seu lugar. - Um plano para vencer na arena foi uma grande ideia para tirar a pressão dos ombros de seu filho. Se me permitir, usarei isso com os meus quando eu estiver em casa. - O pacificador o saldou rapidamente. - Parabéns! - Logo após os pacificadores sumiam indo de vagão em vagão.



Fred suspirou aliviado seguido de Ellen.



– Obrigado! - Disse Fred a Ellen.



– Agradeça-me me dando um vitorioso. - Disse Ellen sorrindo. - Afinal, apostei no seu conto de fadas. -

<><><><>

Em seu vagão quarto, debaixo das cobertas, Fred lia o documento do filho.

– Meu filho criou isso? - Fred tentava conter-se, pois seu corpo tinha espasmos musculares diante ao lido. - Ele realmente quer transformar a arena dos jogos em um abatedouro? - Suando frio diante do lido e imaginando o que viria a acontecer a partir dali. - Que a sorte esteja mesmo sempre a nosso favor! -


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!