Acampamento No Passado escrita por kiaraw001


Capítulo 3
Sonhando


Notas iniciais do capítulo

Povo, desculpa a demora. É que eu demoro para pensar no título do capítulo.
Este é dedicado a Ana Carol, quem me ajudou!!
Espero que gostem!
Até lá em baixo



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Morgana

Eu estava conversando com Callie quando Daniel entrou. Instantaneamente, me senti melhor.  Conversar com Callie foi bom, ainda mais por que ela me compreendeu. Mas, não tínhamos falado sobre problemas de verdade, nem chegamos perto de falar sobre o que eu estava sentindo realmente.

Quando chegou mais perto, ele se abaixou para falar conosco.

- O que vocês estão fazendo?- ele perguntou, depois de todos os comprimentos necessários.

-Conversando.

-E Morgana estava me ajudando a arrumar minhas coisas, enquanto você não chegava.

Ele olhou para mim, com os olhos cinza assumindo uma expressão séria. Eu estava lutando para conter as emoções quando disse:

-Eu preciso falar com você.

-Tudo bem. Vamos dar um passeio.

-Vejo vocês no jantar, então- disse Callie.

-Até o jantar.

Depois disso saímos para o ar frio da noite. Me deixei ser dominada pelas sensações confusas, com as quais estava lutando até então. Deixei que o toque da mão de Daniel na minha se fizesse mais forte.

-Eu tive um sonho... – comecei- Na noite passada. Não sei por que fiquei tão assustada. Era simples, mas... Tenho uma sensação ruim sobre ele.

Daniel assentiu para que eu continuasse. Fechei os olhos, deixei o sonho aparecer em minha mente, ele se desenrolou como um filme.

- Escutei uma voz masculina e firme dizer, com convicção: “um templo caiu. Um tempo morreu. Uma nova era está para começar. Esta era velha chega ao fim, um novo domínio, novos tempos chegam, para melhorar o passado e não cometer os mesmos erros”. 

Um anel apareceu. Ele estava em cima de uma mesinha de cabeceira, perto de um abajur. Alguém veio pegá-lo. Uma mão com uma luva preta de couro o segurou, com a palma aberta, apertou-o entre os dedos e foi embora. A cena sumiu. Branco. O mesmo anel apareceu de novo. Nele, havia duas inscrições, duas possibilidades: a vitória e a derrota.

Abri os olhos. Daniel olhava para mim, tentando absorver o sonho, tentando entende-lo.

-Como era o anel? Você se lembra de detalhes?

-Lembro. Era prateado, grosso, muito bonito, tinha as inscrições, era simples, mas bem esculpido e tinha um brilho, que você não vê em anéis comuns. Eu tenho certeza que já vi esse anel antes. Mas não sei onde.

-E a pessoa que pegou o anel? Ela apareceu?

-Só vi... – uma imagem apareceu em minha mente. Não estava muito nítida, mas era a cena que vi em meu sonho. Ela estava mais completa. Não vi só a mão que pegou o anel. Abri os olhos. Daniel estava com os olhos arregalados, tentando entender o que estava acontecendo comigo.

-A imagem... Acabou de aparecer inteira. Sem eu ter sonhado com ela.

-O quê? Que imagem? Do que você está falando?

-Eu não te falei que só vi uma mão pegando o anel?

Ele assentiu.

-Agora, quando você me fez essa pergunta, eu vi a pessoa que pegou o anel.

-Essa pessoa não tinha aparecido de corpo inteiro no sonho?

-Não.

Ele pareceu tão chocado quanto eu.

-Você conhece essa pessoa?

-Não. Era um homem. Ele era alto, de cabelos pretos curtos. Os olhos eram escuros e sua pele era clara. Não consegui ver muito mais do que isso. Mas, tenho certeza de que nunca vi esta pessoa antes.

Daniel

O sonho de Morgana era sem sentido. Um homem levando um anel embora. Uma voz dizendo que novos tempos chegariam. Mas o que isso poderia significar? Que nossa paz estava acabando e teríamos uma missão perigosa chegando? Poderia ser. Mas, não dá para afirmar isso. E os olhos de Morgana me diziam que algo muito maior estava chegando. Era por isso que ela estava com tanto medo. A iminência de algo grande e misterioso já é assustador por si só e quando vem acompanhado de um sonho indecifrável é pior ainda.

Abracei Morgana. Tentando confortá-la. Nenhuma palavra neste momento adiantaria. Não havia o que dizer. Nem o que fazer. E dizer que ela ficasse calma não ia ajudar. Levei-a até a praia. Nos sentamos na areia, de frente para o mar, as ondas vinham tranquilas, batendo em nossos pés e voltando.

Encostei sua cabeça em meu ombro e passei o braço em volta de sua cintura, com a mão livre segurei sua mão. Ficamos ali por um tempo, observando o céu ficar mais escuro e as estrelas brilharem mais.

Senti algo quente escorrer por meu peito descoberto. Percebi, então que Morgana estava chorando. Ela odiava chorar, dizia que se sentia fraca, que ao invés de fazer alguma coisa para resolver seu problema, sentava e chorava, que nem uma criança. Mas, nesse caso não havia nada que ela pudesse fazer. Talvez esse fosse o motivo de suas lágrimas.

Segurei seu rosto entre as mãos e olhei em seus olhos castanhos. Quantas coisas eu poderia dizer a ela! Que não chorasse! Ou que chorasse muito e deixasse que as lágrimas carregassem todas as sensações ruins que ela sentia. Acho que essa é a melhor opção. Podia dizer a ela o quanto ela é forte. Que sempre vou estar com ela. Que ela é linda e que eu a amo.

Uma compreensão silenciosa passou entre nós. Tudo que eu pensei (que está escrito acima) ela entendeu, em um olhar. Ela sorriu e disse:

-Obrigada.

Eu a beijei. Deixando o sonho e todas as perguntas que ele trazia para trás. Sentia o coração de Morgana pular dentro de seu peito, através de sua delicada blusa fina. Sentia sua expressão se suavizar, sentia que ela deixava o sonho para trás também. Nós o enfrentaríamos juntos, na hora certa. Na hora em que as respostas começassem a aparecer e nós tivéssemos um meio de resolver o problema.

          Callie

Depois que Morgana e Daniel saíram, eu fiquei pensando no que Morgana me dissera. Ela disse que sonhou comigo antes de me conhecer. Como isso é possível? Eu não entendo.

Estava pensando sobre isso quando uma de minhas irmãs me chamou:

-Callie, você vai jantar conosco?

Assenti.

-E você vai assim?- ela olhou para mim com uma sobrancelha levantada.

-Acho que não. Ainda vou tomar um banho.

-Mas, nós estamos quase saindo! Não é melhor trocar de roupa e tomar banho na volta?

-Não, preciso de um banho. Encontro vocês lá.

-Mas, a mesa vai lotar rapidinho.

-Não tem problema. Eu encontro outra.

-Tudo bem, então. Até mais tarde.

Levantei da cama e fui para o banheiro, que era enorme. Acho que era tão grande quanto o do chalé de Hermes. Tomei um banho e troquei de roupa. Vesti calças jeans pretas, uma sapatilha branca e uma blusa branca com detalhes prateados para combinar.

Quando cheguei ao refeitório, quase todas as mesas estavam cheias. Vi Bethany estender o braço e acenar, me chamando. Ela estava sentada com Ben e Arthur. Três lugares na mesa estavam vazios, Morgana e Daniel não estavam sentados com eles. Talvez, estivessem em outra mesa. Olhei em volta, enquanto ia até a de Bethany. Daniel não estava na mesa, onde nossos irmãos estavam, Morgana também não estava com seus irmãos, nem em outra mesa no refeitório, será que alguma coisa tinha acontecido?

Eu, provavelmente, estava com uma cara estranha, por que eles olharam para mim, sérios.

-Callie, você está bem?- Ben me perguntou, colocando a mão no meu braço. Senti um arrepio e uma sensação boa por causa de seu toque leve, quente e macio.

-Estou. É só que estou um pouco preocupada com Morgana e Daniel, eles não estão aqui.

-Ah, é só isso? Eles devem estar juntos. Sempre que demoram assim é por que estão juntos. Não precisa ficar preocupada não. – Bethany disse, relaxada.

-Ela está certa. Fica tranquila. –Ben disse, indicando que eu me sentasse ao seu lado.

Quando me sentei, expliquei por que estava preocupada:

-É que, depois que fui me despedir de Arthur...

-Despedir? – Ben perguntou, sua voz não estava amigável . Não entendi muito bem, e ignorei. Mas, Arthur me lançou um sorrisinho breve, que só eu pude ver. Não, não pode ser ciúme...

-É, eu fui para o chalé do meu pai e fui dar um beijinho nele. Qual é o problema? – olhei para Ben.

Ele não respondeu.

-Então, depois disso eu fui para o chalé de Apolo e encontrei com Morgana lá. Ela me ajudou a arrumar minhas coisas e eu percebi que ela não estava bem.

-Estava muito óbvio?- Bethany perguntou, preocupada.

-Ela fez a mesma pergunta. Mas, não estava óbvio. Ninguém percebeu. Só eu. Ela estava muito mal. E estava lá para falar com Daniel. Ele percebeu imediatamente que ela não estava bem.

Ben e Bethany se entreolharam.

-Tem mais uma coisa. – eles olharam para mim e eu continuei- Ela disse que temos uma ligação, eu e ela e que antes de eu chegar aqui, ela sonhou comigo.

-Ela me parece bem- Arthur disse, quebrando o silêncio e apontando para Morgana e Daniel que tinham acabado de chegar, os dois estavam rindo muito.

Morgana estava com os cabelos castanhos soltos, eles cascateavam até sua cintura. Os cachos emolduravam seu rosto e um sorriso brilhava em seus lábios. Ela usava um vestido azul de mangas ¾, estava de mãos dadas com Daniel, que usava uma camisa branca, calças jeans escuras e havaianas, ele também estava sorrindo, os cabelos dourados caiam pela testa e os olhos cinza brilhavam, quando ele olhava para Morgana.

-Nossa, vocês chegaram cedo para o café da manhã- disse Ben, quando eles chegaram.

-Boa noite para você também- disse Morgana se inclinando para dar um beijo na bochecha do amigo. Ela veio falar comigo, com Arthur e depois com Bethany, Daniel também falou com todos e eles se sentaram um ao lado do outro.

-Você está melhor?- eu perguntei.

Ela sorriu, parecendo realmente melhor, a dor em seus olhos era quase imperceptível.

-Estou sim. Obrigada por perguntar.

Bethany lançou um olhar inquisidor à amiga, que olhou para ela sem entender.

-O que foi, Beth?

Ela demorou um pouco para responder, olhou para Morgana e por fim respondeu:

-Você está melhor de quê?

-Você não está chateada por que eu não falei nada, né?- Morgana perguntou com cautela.

-Não. – a expressão de Bethany suavizou- Só estou preocupada com você.

Ela olhou para Daniel, que assentiu para que ela continuasse:

-Eu tive um sonho. Ele foi bem simples. Mas, eu fiquei assustada com o que ele poderia significar. E aconteceu a coisa mais estranha, quando eu estava falando com Daniel sobre o sonho...

-Fala primeiro o sonho, depois diz o que foi estranho- sugeriu Ben.

-Ok. – ela contou tudo. Quando, ela terminou Arthur estava branco.

-Um anel tipo este?- ele tirou um cordão do pescoço, nele estava pendurado um anel prateado, grosso, muito bonito, com as inscrições, era simples, mas bem esculpido e tinha um brilho, que você não vê em anéis comuns.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Mereço reviews?
Até o próximo cap.
xoxo



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