Acampamento No Passado escrita por kiaraw001


Capítulo 2
Ligações


Notas iniciais do capítulo

Aí está o segundo capítulo!
O agradecimento especial, desta vez, é para Duda!
bjs
Até lá embaixo.



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Daniel

Combinamos com Callie de nos encontrarmos no refeitório para o café da manhã, depois irmos treinar e mostraremos a ela o Acampamento.

Quando cheguei lá, Morgana e Beth já estavam sentadas. Beth estava sorrindo, com os olhos brilhando, dava para ver que alguma coisa iria acontecer. Morgana estava de costas para mim. Com a longa trança descendo pelas costas. Ela estava pronta para treinar.

Quando me viu, Beth acenou e Morgana se virou para trás. Se levantou e veio até mim. Envolveu meu pescoço e sorriu, antes de me beijar. Envolvi sua cintura.

–Bom dia.

Ela sorriu.

–Bom dia.

Fomos até a mesa.

–Vão falar com a vela?

–Bom dia, vela!- eu e Morgana falamos em uníssono.

–Bom dia- ela sorriu.

–Ai, cadê esse povo?

–Ben, você já conhece, né Morgana?- disse Beth

–É... Quando todo mundo estiver levantando ele vai chegar.

–Ou não, olha ele aí- eu disse.

–Bom dia! – ele estava sorrindo- Só vocês?

Nós rimos, ele provavelmente esperava ver Callie.

–Callie ainda não chegou- Beth o provocou.

–Eu estou morrendo de fome, só isso.

–Sei... - disse Beth olhando para ele de soslaio com o sorrisinho.

Ele se sentou, fazendo caretas para Beth.

Uns minutos depois Callie apareceu com o garoto que chegou com ela no dia anterior.

O rosto de Ben se iluminou ao vê-la, mas se contorceu ao ver que Arthur estava ao seu lado. Mas, Bethany quase pulou de felicidade ao vê-los, eu e Morgana (4 ever alone) sorrimos.

–Bom dia! Tem problema se o Arthur for com a gente? –Callie perguntou, quase imediatamente depois de retribuir os sorrisos- É que ontem eu e Bethany o convidamos, para ele não ficar sozinho.

–Tudo bem- Morgana respondeu sorrindo, antes que Ben pudesse dizer alguma coisa.

–Não tem problema. – respondi, também sorrindo. Beth continuou sorrindo, mostrando que estava feliz por ele ter aceitado seu convite e por nós não termos objeções.

Callie olhou para Ben, que não falara nada. Vi Morgana franzindo o cenho e dando a ele um de seus olhares de repreensão. Bethany também o fuzilou com os olhos. Mas, ele parecia com raiva e continuou sem dizer nada.

–Não tem problema não. Ignore Ben, Arthur. Ele só está com fome- eu disse.

Callie pareceu desapontada, mas sentou-se ao lado de Bethany e logo estava sorrindo. Nos levantamos para fazer os pratos e assim que sentamos Callie perguntou:

–O que vamos fazer primeiro?

–Vamos treinar- Morgana respondeu.

–O que isso significa?

–Bom, você sabe que no nosso “mundo”, existem “eventuais” problemas, que os semideuses devem resolver. E sempre temos que estar preparados. – Bethany começou.

­-Sabe as missões que te falamos ontem? Então, esses são os “eventuais” problemas. E nós treinamos para estarmos prontos para as situações que devemos enfrentar. Mas, treinamos também fisicamente. E as habilidades de combate. –Morgana completou.

–Entendi. Habilidades de combate, tipo espada...

–Arco e flecha, corpo a corpo... Essas coisas, sabe?- Ben explicou, falando pela primeira vez desde que Callie e Arthur chegaram para o café da manhã.

–Sei. Mas, eu não sei fazer nada disso. Minha mira é horrível, não sei usar uma espada, nem nada. – disse Callie, rindo.

–Nós te ensinamos! – Morgana respondeu dando um sorriso lindo a Callie, que o retribuiu.

–Você sabe fazer todas essas coisas, Morgana?

–Sei. Mas, sou melhor com o arco e as flechas. Mas, depois de nove anos aqui, treinando e treinando, acho que posso dizer que sou boa com a espada. Você vai ser também. – ela respondeu.

–Você está aqui há nove anos? – Arthur perguntou, atraindo a atenção para ele, pela primeira vez. Morgana pareceu surpresa ao ouvir sua voz, mas depois de olhar para os outros, percebi que eles também haviam ficado.

Ela assentiu.

–E você já concluiu muitas missões?

Pior assunto para ele escolher. Morgana ficou pálida, mas logo se recuperou. Eu segurei sua mão. Beth e Ben olhavam para ela com preocupação. Para ser sincero, também estava preocupado com ela. Vi quando minha namorada respirou fundo e conseguiu recobrar a cor do rosto e respondeu com calma:

–Já conclui algumas. – resposta normal. Sem nenhum problema. Graças aos Deuses! Morgana é muito forte. Esta história é muito séria e mexe muito com ela, a menção de missões a lembra de seu passado. E é preciso muita força de vontade para lidar com ele todos os dias.

Depois do café, fomos para o centro de treinamento. Eu e Beth ajudamos Callie e Arthur, Morgana e Ben foram para cantos mais afastados, provavelmente para se acalmar. Eles dois eram muito parecidos neste aspecto: quando estavam chateados ou precisavam de um tempo, ficavam sozinhos e treinavam, até ficarem exaustos demais para pensar.

Mas dessa vez, Ben só ficou sozinho por um tempo, acho que ele só precisava se acalmar.

Ben

Senti minhas bochechas queimarem quando vi aquela criatura ao lado de Callie. Ela disse que era só para ele não ficar sozinho. Mas, não engoli essa história, não. Fiquei quieto durante quase todo o café. Só respondi a uma pergunta de Callie.

E fiquei bem preocupado com Morgana, quando ela respondeu a pergunta de Arthur. Ela ficou branca e vi em seus olhos que ela reviveu aquelas semanas, anos antes de eu e Daniel entrarmos no Acampamento.

Quando fomos treinar, ela foi direto para o arco e treinou sozinha durante todo o tempo. Eu fui para os pesos e os levantei por um tempo, eu realmente precisava ficar calmo.

Beth e Daniel ajudaram Callie e Arthur que estavam desnorteados. Beth começou a ensinar Arthur a usar a espada, mas ele parecia muito bom e, ela mal começara a explicar. Callie queria aprender o arco, então eu fui ajuda-la, já que não queríamos incomodar Morgana, que já parecia suficientemente perturbada.

–Deixa que eu te ensino- disse chegando perto de Callie, enquanto ela olhava para o arco e a aljava cheia de flechas prateadas.

Fiquei atrás dela e posicionei o arco em suas mãos. Tirei uma flecha da aljava e indiquei como ela deveria segurar o arco e a flecha, com as mãos em cima das dela. Eu podia ouvir a respiração de Callie se acelerando à medida que chegava mais perto. Meu coração também estava batendo forte no peito, por causa de sua presença. Disparamos a primeira flecha, ela parou bem perto do centro do alvo.

–Nada mal- eu sorri

–Mas você me ajudou- ela replicou

–Claro! Você nunca fez isso.

–Verdade.

–Eu vou te ensinar e daqui a pouco você vai atirar de olhos fechados e vai acertar bem no meio- apontei para o alvo e olhei de volta para ela.

–Jura?

–Vou te ensinar tudo o que você quiser aprender. Pode escolher! Se você prefere o arco, a espada, a lança, o que você quiser.

Ela pareceu surpresa. Depois abriu um largo sorriso.

–Obrigada.

–Não precisa agradecer...

–Claro que preciso- ela me interrompeu.

–Não, não precisa. Eu faço isso por que eu quero. Por que quero te ajudar.

–Então, tá- ela me olhou de soslaio, com um sorriso brincando nos lábios- como eu uso esse treco?- ela apontou para o arco.

Eu sorri e o coloquei em suas mãos de novo. Fiquei atrás dela, senti seus ombros encostados em meu peito, enquanto ela se posicionava para atirar.

Passamos a manhã inteira e quase metade da tarde treinando. Umas três horas da tarde, decidimos dar um passeio pelo Acampamento. Passamos pelos campos de morangos, pela praia, demos uma passadinha rápida na floresta, e isso tomou quase o resto todo da tarde, se contarmos que paramos na praia para conversar.

Cada um foi para seu chalé tomar um banho antes do jantar.

Quatro meses depois...

Arthur

Callie estava certa sobre seus novos amigos. Eles são gente boa. Bethany me ensinou a usar a espada, eu nunca teria imaginado que era bom com a espada.

Também não pensei que começaria a gostar do Acampamento tão rápido. Não achei que fosse me acostumar nunca. Mas, estava começando a me interessar.

Os dias foram passando e fui ficando mais próximo de Callie, Bethany, Morgana, Daniel e Ben, que não tinha muita certeza se gostava de mim. Mas, na maioria das vezes eu achava que ele tinha ciúmes de Callie.

Eu não poderia ter pensado que o Acampamento era tão calmo. Meu pai ainda não tinha me reconhecido nem o de Callie, nós ficamos no chalé de Hermes por mais algum tempo juntos.

Algumas vezes, eu pensava em quem poderia ser meu pai biológico. Como ele seria, se eu era parecido com ele. Se ele seria moreno como Morgana e Bethany, ruivo como Callie ou louro como Daniel. Mas, logo me forçava a parar, por que sempre que pensava nesse assunto a pergunta: “e se meu pai nunca me reconhecer” passava pela minha cabeça e ela não é muito agradável.

Já estávamos lá há quatro meses, quando Apolo reconheceu Callie como sua filha. Ela se mudou imediatamente para o chalé de seu pai e veio se despedir de mim:

–Arthur?

–Oi- disse me levantando para ir falar com ela.

–Oi. Eu vim me despedir de você. Estou indo para o chalé do meu pai.

Eu não sabia o que dizer. Ela em abraçou e perguntou:

–Você vai ficar bem?- ela sabia como eu me sentia, quando pensava sobre o reconhecimento.

–Vou sim.

–Eu tenho certeza que você vai ser reconhecido logo. – ela sorriu- e se precisar de alguma coisa só falar!

–Você sabe que também pode contar comigo, não sabe?

–Sei. Acho que você virou um irmão para mim, sabia? Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo. Mas, é estranho. Eu sinto como se você fosse um irmão.

–Não é estranho. Também vejo você como uma irmã.

Callie sorriu. O sorriso dela era lindo e constante.

–Sabe quem não acha isso?-provoquei.

–O quê?

–Que nós somos como irmãos.

–Ah, sim. Quem?

–Ben.

Ela corou e levantou uma das sobrancelhas para disfarçar.

–Ben? O que ele tem a ver com isso?

–Nada. Mas, ele tem ciúmes- eu disse simplesmente.

Ela riu.

–O quê? Se você prestar atenção, dá para perceber, Callie.

–Tá, bom. Vou prestar atenção- disse ela, cética, mas com um sorriso, que indicava que ela gostou de saber disso.

Me deu um beijo da bochecha e foi.

Voltei para a cama e fiquei encarando o teto. Quando Bethany surgiu entre meus pensamentos. A pele clara, os longos cabelos negros descendo pelos ombros, os olhos azuis brilhando, os lábios finos e rosados abertos em um sorriso. Fiquei pensando nela até adormecer, quando o céu estava começando a ficar mais claro, por causa da luz do sol nascente.

Callie

Arthur deve estar ficando maluco. Ben com ciúmes de mim? Esta é uma boa piada. Mas, quando ele disse isso, senti um sorriso se abrir dentro de mim. Me senti muito feliz. Apesar de, excluir esta opção muito rápido para não me machucar depois, mas lá no fundo gostava de acreditar que poderia ser verdade. Já que eu também gostava dele.

Fui andando até o chalé de Apolo, quando cheguei lá vi muitos dos meus “novos” irmãos estavam falando “cunhadinhaa” ao mesmo tempo. Até eu perceber que Morgana estava lá também.

–Morgana, tudo bem?- eu disse

–Tudo, Callie- ela sorriu- e você? Está feliz?

–Estou! Muito.

–Callie, você já conhece sua mais nova cunhadinha?- um dos meninos falou

–Cunhadinha?- olhei para Morgana

–Eles me chamam assim por causa de Daniel.

–Ah, sim. Faz sentido. - nós rimos. – Mas, ele não está aqui, né?

–Não. Estou esperando. – antes que eu pudesse falar mais alguma coisa ela perguntou- Você quer ajuda para arrumar suas coisas?

–Nossa, você leu minha mente. Quero, sim.

Ela me ajudou a colocar as coisas na prateleira que ficava em cima da cama. Organizamos as roupas no armário, colocamos minhas coisas nas gavetas, que ficavam na mesinha de cabeceira.

–Como você conseguiu chegar aqui com tantas coisas?

–Acho que eu tive alguma ajuda.

Apesar de estar sorrindo, eu podia ver nos olhos de Morgana que ela não estava bem. Não estou dizendo que seu sorriso era falso. Acho que ela estava feliz por ajudar. Mas, tinha alguma coisa acontecendo.

Ela estava sentada na cama arrumando as coisinhas que colocamos em cima da mesinha, quando a chamei:

–Morgana?

Ela parecia tão distraída quanto eu, há alguns minutos, por que tomou um susto. Ela se levantou e olhou nos meus olhos, esperando que eu continuasse. Olhei para seus grandes olhos castanhos, eram lindos. Mas, eu podia ver mais alguma coisa a mais. Eu podia ver dor em seus olhos. Ela ainda estava olhando para mim, quando me dei conta de que ainda não tinha falado nada.

–Você está bem?

Ela pareceu confusa com a pergunta, mas imediatamente sorriu.

–Por que não estaria?

–Não sei. Você não me parece bem.

Ela se sentou na cama e, esperou que eu me sentasse também. Então segurou minha mão.

–Está tão óbvio assim?- ela perguntou baixinho.

Então, realmente tinha acontecido alguma coisa. Eu só não sabia como eu tinha descoberto, por que não estava óbvio.

–Não está. Mas, eu percebi.

–Você me lembra Beth. – quando ela falou isso sua expressão suavizou. E os olhos brilharam.

–Por quê?

–Ela é assim também. Percebe que eu não estou bem quando ninguém mais percebe, na verdade Ben e Daniel são assim também...

–E você é assim em relação a eles.

Ela assentiu e continuou:

–Eles me conhecem muito bem, e é recíproco. Mas, antes de nos conhecermos tão bem era assim também. Nós ficamos amigos tão rápido, que quase não teve o tempo “antes de sermos amigos”. – ela fez uma pausa, antes de continuar- Eu finjo bem, nunca dá para saber que não estou bem, mas eles três sempre sabem. E, agora, você soube também.

Pensei no que ela disse. Era óbvio que os quatro tinham uma ligação muito forte. Mas será que era mais forte do que eu pensava?

–Você está se perguntando se nós somos assim tão ligados mesmo, não é?

Assenti.

–Como você sabe?

–Pela sua expressão. É uma coisa que aprendi com Daniel.

–Como assim?

–Ele consegue, pela sua expressão, apontar a direção dos seus pensamentos.

–Ele consegue fazer isso com todo mundo?

Ela balançou a cabeça.

–Só com os que você tem uma ligação.

–Você acha que nós temos uma ligação?

–Estou começando a pensar que sim.

Eu a abracei. Acho que isso a pegou de surpresa, mas ela me abraçou forte de volta.

–Eu concordo com você- eu disse a ela, que se afastou e olhou para mim.

–Sabe, Callie, eu sonhei com você.

–Comigo?

–Um dia antes de você chegar.



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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Vejo vcs no próximo capítulo!
bjs



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