Premonição: Alta Tensão escrita por PeehWill


Capítulo 9
Sem Fôlego


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo também demorou um pouco, mas demorou. Me desculpem mais uma vez pela demora. Estamos na reta final, então aproveitem!



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Charlotte e Tristan apressaram os passos ao ouvirem um forte estrondo. Simplesmente, um barco estava sobre o píer e havia muito sangue permutado à água. Tudo que Charlotte conseguia ver ao longe era Jenna em pé, de frente a água, com os olhos cheios de lágrimas, enquanto um homem acenava negativamente para ela. Charlotte conseguiu ver bem, logo após, era Brady e ele estava muito cabisbaixo e parecia estar rendido a algo.

– O que houve? O que está acontecendo? – Tristan logo indagou, sentindo o clima de insegurança e agonia no ar que respirava.

– Ela... Ela se foi. – Jenna soltou mais uma lágrima, esta sem dúvidas, marcou a sensação de desesperança.

– Ela quem? Não me diga que a... – Charlotte deitou a cabeça no peito de Tristan, enquanto repetia várias vezes: – A Heather não poderia... Não! A Heather não!

Jenna viu Brady sair da água, subindo no píer, em seu rosto, ainda havia indícios de gotículas de sangue. Seu sorriso, que antes era seu forte, agora não estava mais presente. Ele não existia mais, era assim que se sentia naquele momento e aquela cena repetiria por várias e várias vezes em sua mente.

Um relâmpago abrilhantou o céu, enquanto ele se afastava dos demais. Ele que pensar, isto invadiu o pensamento de Jenna.

– Isso é um problema. Não agüento mais a droga desta lista! – Tristan gritou, exaltado.

Brady deixou o cais sem dar uma palavra, seu carro disparou na estrada de pedregulhos e Jenna pôs-se a pensar naquilo. Ela estava mais impactada com a morte de Heather do que o próprio Brady. Eu a conheço há mais tempo.

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Mason não conseguia dormir. Já enfiou a cara em livros, não sabia contar quantas vezes já havia feito isto. Já tentara ligar várias vezes para Jenna e ela não retornava suas ligações. Algo de estranho devia estar acontecendo e ele estava desinformado. A lista ainda o incomodava muito, a sensação de estar sendo perseguido a cada segundo de vida seu, a cada pulsação de seu coração. Aquilo não poderia durar mais e ele tinha de fazer algo, estava decidido a fazer algo contra a morte e seria no dia seguinte, desvendaria algo e procuraria um paradigma a ser seguido para desvencilhar de vez com a morte. Esgueirou-se até encontrar uma enorme poltrona acolchoada de frente à sua varanda, sentiu-se acompanhado, mas não por uma presença benéfica. Foi fechando os olhos. Adormeceu.



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O carro seguia com Jenna, Tristan e Charlotte. A ruiva não parava de pensar na lavagem de sangue que encontrara em uma parte rala da superfície da água. Pedaços do vestido vermelho que Heather usava, agora, era trapo, enquanto era engolido, pelas milhares de gotas que encobriam-no a cada segundo. Tentou enxugar por várias vezes as lágrimas, mas não adiantava, a cena se repetia mais vezes do que imaginaria que se repetisse.

Jenna ainda estava em choque. Quem dirigia era Tristan, que estava pouco nervoso, mas ainda sim, estava. A morena olhava pela janela e via a mata passar, imaginando o destino da melhor amiga, única. Tateou por todo o vidro, lembrando seus sorrisos e seu modo de viver. Brady está arrasado, ainda sim, estou mais. Pensou de modo egoísta.

– Vamos até sua casa, certo Jenna? – Tristan esperava uma resposta.

A morena não deu sequer um piu.

– Jen? – Charlotte tentava esconder a aflição, para evitar o desespero ainda mais explícito de Jenna.

– Eu não sei mais o que fazer! – Jenna soltou num rompante.

Sem tirar os olhos da estrada, Tristan conseguia entender o lado de Jenna. Ela está enfrentando uma barra e tanto. Não havia coragem em si para olhar em seu rosto avulso.

– Eu sei o que está passando. – Tristan tentou acalentá-la.

– Não. Não sabem, de modo algum. – Agora, choramingava.

– Jen. Estamos aqui para te ajudar. Para nos ajudar. É para isso que servem os amigos... é só dizer quem é o próximo. – Charlotte esperava que o astral de Jenna mudasse.

– Isso mesmo! Assim, podemos impedir a próxima morte e acabamos com essa lista! – O carro seguia célere e Tristan afirmou uma pontada de animação.

Jenna refletiu, pensou novamente na visão.

– Depois da Heather... – Fazia força para lembrar – Era você. – Olhou para Tristan, entristecida.

O carro freou bruscamente no meio da estrada.

– E-eu? – Seus olhos arregalaram espantosamente.

O rapaz engoliu em seco antes de tremer os membros e transpirar muito.

– Não consigo seguir caminho. – Todo seu corpo, agora recebia uma descarga de adrenalina.

– Quer que eu dirija? Sei que tirei minha carteira tem pouco tempo, mas posso tentar. – Charlotte deu de ombros.

– Como quiser. – Jenna assentiu, sem dar mais nenhuma palavra.

– Não é melhor pararmos mais na frente? Conheço um pequeno barzinho aqui perto, onde podemos esfriar um pouco as idéias e parar de pensar no lado negativo. – Tristan mais uma vez engoliu em seco. Estava muito nervoso.

– O que você acha Jen? – Ao Charlotte dizer isto, Jenna lembrou-se de Heather.

– Como quiserem. Já falei.



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Loren rabiscava alguns papéis que Jill lhe dera. A jovem sabia o que ocupava a criança, em todos os aspectos. Jill vivera um pouco a infância de Loren, com muitos problemas, com uma mãe doente e um pai alcoólatra, foi ela que sempre resolveu as coisas, sempre tomando todas as decisões mais críticas e isso foi preciso para lhe amadurecer.

A garotinha de cabelos lisos e castanhos ainda estava de olhar fixado para a folha, querendo tirar toda aquela bagunça mental de si. Não estava mais agüentando ouvir falar que sua mãe estava virando uma mulher problemática, aquela era a visão desconstruída de sua mãe e ela nunca lhe vira assim. Como reagiria quando os amiguinhos da escola perguntassem sobre ela? Ou na reunião de pais quando a direção conversasse com ela? Qual seria sua reação?

Demais perguntas bombardeavam a pobre cabecinha de Loren, que cerrando os cílios, mandava aquela sensação para longe, deixando somente que o desenho falasse por si só e que desenhos! A garota estava abismada com o que havia desenhado. No meio da folha, acabara por derramar a tinta guache vermelha e uma mancha se formara ao longo da folha, bem em cima do rabisco de um homem, ela desenhara Tristan.

– Mas... como eu lhe desenhei? – Este pensamento foi o bastante para deixar a garota apavorada.

Não era aquilo que ela queria desenhar, mas enquanto pensava na mãe e em seus problemas, fora isso que havia rabiscado. Tristan e uma mancha vermelha bem em cima dele.

– Mamãe... Tristan! – Gritou.

Jill correu para ver o estado da garota e enquanto ela gritava, a babá pedia que se acalmasse.

– Calma Loren... O que houve? – A abraçou.

– Eu estou com muito medo!

As janelas se abriram como uma só, uma ventania invadiu o quarto da garota, deixando que o abajur enfeitado caísse sobre o tapetinho cor-de-rosa.

– O que é isso? – Jill estava muito mais nervosa.

– Eu quero a mamãe! – Loren choramingava e gritava.

– Eu vou ligar para ela, não se preocupe neném. Eu falo com ela.

Jill abraçava a garota com mais força. Fechou a janela, em seguida, rapidamente.

– Preciso dizer à ela o que fiz... – Loren estava se sentindo estranha.




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Os dois copos de chop foram postos na mesa. A garçonete saiu rebolando, enquanto piscava para Tristan, que distraído, nem percebeu que havia sido cantado. A água com açúcar estava bem ao lado dos copos com chop e Jenna começou a bebê-la com calma.

– Nem assim consigo me acalmar. – Ela disse num tom baixo e entristecido. Suspirou e passou a fitar a placa no bar.

– Eu nunca vi este bar antes. – Charlotte olhou ao redor, mudando de assunto.

– Não tenta mudar de assunto, Charlotte. Eu sei que você não quer me ver assim, mas fugir vai adiantar alguma coisa? Precisamos é acabar de vez com isso! Mas, como? Eu não sei o que fazer. Estou desesperada! – Jenna explodia a cada palavra que dizia.

– Acalme-se Jenna! Lembra que nós já sabemos que eu sou o próximo? Podemos impedir isso e detonar com a lista de uma vez, acabar com essa angústia. – Tristan se sentia confiante.

Enquanto estava ali, tentando se convencer de sua confiança, Tristan pensava em Sandra, em seu estado de saúde, em sua recuperação, em uma esperança. Talvez, se perdê-la será tarde demais. Eu não posso deixá-la sozinha, nunca! Eu a amo. Ele estava esperando ela se recuperar para pedi-la em noivado, já que não deu certo da última vez, quando ocorreu o acidente na estrada, onde ela e seu tio estavam. Soube disso, através de Elias, mas ele não disse diretamente para ele, não teria coragem o suficiente para dizê-lo. Sandra foi a primeira pessoa em que ele amou e confiou verdadeiramente, desde o ocorrido quando jovem.



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Tristan acabara de chegar do treino. Seu corpo estava transpirando muito. A roupa do treino estava imunda e ele estava ofegante. Passou na cozinha e foi direto nos waffles que sua tia havia preparado. Estava um cheiro muito agradável e persuasivo dentro da cozinha. O homem gordo e rabugento entrou ligeiramente na cozinha, estava mais suado que o próprio garoto e direto fora lhe abraçar.

– Boa tarde, “Trent”. – Aquele era o apelido carinhoso pelo qual era chamado somente pela mãe.

Tristan ainda não entendia o motivo pelo qual aquele homem roliço o chmara da Trent, aquele era um nome pelo qual somente sua mãe o chamava.

– O que você quer?

– Nada, amigão. Só quero conversar um pouco. – O homem estava sendo muito amigável, aquele não era o extinto de Corbie.

Corbie era o marido de sua tia e o nojo que Tristan sentia dele era maior que o amor pela sua tia, sentia vontade de matar aquele homem. Mas, sim, pelo que viria pela frente.

O homem puxou Tristan pelo braço, levando-o até a dispensa. Lá, Tristan recebeu carícias do homem e tentando revidar acabou enfiando um espeto em sua jugular. O sangue que espirrara na parede ficara na casa para sempre. Foi assim que Tristan fora parar em um reformatório. Foi por defesa, eu não o matei propositalmente, ele queria meu corpo, eu era um garoto, ele era um homem imundo. Eu precisava fazer aquilo, era eu ou ele.



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Jenna ergueu-se da mesa com cautela, seu celular estava tocando. Tristan também se ergueu da mesa e lembrando-se de tudo caminhou até o lado de fora do bar, onde esperava respirar um ar mais “puro”. Charlotte ficou na mesa, terminando seu chop. Ela olhava na direção de Tristan e pensou em como poderia ser feliz ao seu lado, arrancar o lado negro existente nele, tirar dele aquela face de angústia e sofrimento, mas havia Sandra, ela sim, era quem ele amava. Jenna atendeu o celular.

– Alô?

– Jenna?

– Sim, Jill. Está tudo bem? Loren já dormiu?

– Não. Estou com um probleminha. – Jill tentou ser mais breve possível, não queria preocupar ainda mais a mãe da garota.

– O que houve com a Loren?

– Ela começou a chorar repentinamente. Eu fiquei assustada, mas ela já está bem calma. Ela falava coisas sem sentido com em sangue e em tal de Tristan. Você conhece? – Jill perguntou, ingenuamente.

– Sim, conheço. – Jenna se inclinou um pouco para frente, até encontrá-lo com os olhos. Tristan estava parado do lado de fora, acendendo um cigarro.

– O mais estranho foi um desenho que ela fez. Talvez era este tal de Tristan e uma tinta vermelha acabou estragando todo o desenho, borrando-o. Depois uma ventania invadiu o quarto. Minha tia me falou sobre algo com espíritos quando isso acontece. – Estremeceu.

– Fique perto dela, o.k.? Vou precisar fazer uma coisa, em breve estou emc asa. Não deixe que nada aconteça com ela. – Jenna pediu temerosa.

– Está bem, mas por quê?

– Nada, Jill. Cuide bem dela.

Desligou.

– Tristan! – Gritou.

Jenna começou a correr em direção à saída. Ela gritava esbaforida, até perceber que estava no chão, havia esbarrado em um homem com um bigode feio e avantajado, com traje country. Rapidamente se ergueu do chão e correu. Seus gritos não eram ouvidos pelo homem, que ainda fumava calmamente do lado de fora. A fumaça subia vagarosamente, até desaparecer por completo em meio à noite estrelada. As árvores que cervavam o barzinho de estrada, agora chacoalhavam freneticamente.

– Tristan! – Jenna chegou ao lado de fora, esbaforida.

– O que foi? – Tristan perguntou.

– É aquela sensação. A mesma das outras vezes. Chegou a hora.

– Estou preparado.

– Han?

– Estou preparado, ora! Se a morte tiver de vir, eu estarei esperando ela.

A placa do bar soltava faíscas e o nome piscava incansavelmente. A placa de neon devia ter alguns anos, já. Alguns cabos que a seguravam, agora, se partiam. Jenna rapidamente virou-se vendo a placa se mexer.

– Ali, Tristan! – Apontou com o indicador para a placa de neon e se afastou.

Neste momento ouviu-se um ensurdecedor estrondo e barulho de ferros enferrujados sendo retorcidos. A placa estava em queda. Charlotte chegou do lado de fora no momento do estrondo e se assustou ou ver a placa caindo. Jenna puxou Tristan e o cigarro caiu sobre as faíscas fazendo a placa explodir. Jenna e Tristan correram até o carro. O clarão os seguia.

– Vem, Charlotte! – Jenna gritou.

Charlotte entrou no carro e Jenna acelerou.

Os três se entreolharam enquanto Jenna seguia para casa.

– Obrigado. – Tristan disse, enquanto verificava se estava “inteiro”.

– Conseguimos! – Charlotte comemorou. – Agora você vai para o final da lista Tristan! Isso é ótimo! Pensem comigo. Se conseguirmos impedir as mortes das próximas vítimas da morte, conseguimos acabar com isso de uma vez.

– Isso! – Tristan assentiu.

– Quem são os próximos? – Charlotte indagou à amiga.

– Na minha visão o Brady morria logo após o Tristan. Depois era a vez da minha filha – Houve uma pausa. Jenna engoliu em seco e continuou – E eu não sei quem morria primeiro, eu ou Mason. – A tristeza em suas expressões faciais era evidente.

– E o que estamos esperando? Vamos avisá-lo! – Charlotte soltou num rompante.

– Precisamos dar tempo à ele, Charlotte. Se é que me entende. – Jenna apenas olhou-a.

– Hoje a noite já foi muito corrida. Primeiro precisamos dormir e depois, de alguma forma, comunicamos ao Brady. – Disse-lhes Tristan.

– Espero que minha Loren esteja bem. Cuide bem dela, Jill. – Jenna murmurou.


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Brady acabara de limpar a arma que estava na gaveta de seu pequeno escritório. Ele estava decidido a dar um fim na lista. Ele faria isto começando pelos listados. Ela não merecia ter morrido. Aquela vaca da Jenna vai pagar!



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Notas finais do capítulo

O capítulo está bem intenso e eu desenvolvi mais o personagem Tristan. Desculpem por, mais uma vez, não ter desenvolvido Mason, eu sei que ele está pouco desenvolvido, para um personagem que morrerá no final, mas... O capítulo está ai. Comentem!



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