Hogwarts: Não É Só Uma História escrita por Luan


Capítulo 10
Natal


Notas iniciais do capítulo

NOVA SINOPSE E CAPA. ME DIGAM O QUE ACHARAM, HEIN?
Olha eu aqui novamente.
Rápido não?
Haha, então. Gostaria de agradecer os comentários lindos e que mesmo sendo poucos me deixam muito feliz, como se fossem mais de mil. Nhaw * - *
O negocio é: esse capítulo não é meu.
Quem escreveu, para meu prazer, foi minha amiga (ou diria, vida) Raquel. Eu precisava de uma participação dela e ela me ajudou e muito.
Ela me humilha na escrita, vocês vão perceber logo de cara.
Por isso é o capítulo mais bem escrito, enfim.
Boa leitoras, cupcakes. xoxo



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P.O.V Logan Wellcrouth

Casa.

 Finalmente indo para casa.

 Apesar de serem apenas alguns meses, eu já sentia falta de casa, de minha família. Estar em Hogwarts era ótimo, sempre fora, mas não era possível não sentir falta de casa.

 Sentia falta de minha mãe e sua comida. Não que eu pudesse reclamar de algo. As cozinhas do castelo estavam sempre lotadas de gostosuras, mas nada que se pudesse comparar com a famosa comida da Sra. Wellcrouth.

 Senti falta de minha avó, senhora adorável, que me contava histórias sobre a guerra que ela e seu marido participaram. Não cheguei a conhecer meu avô, ele morrera na guerra. Lutaram bravamente lado a lado com os heróis das histórias. Eu sentia orgulho de ter os avós que tinha. Minha avó não era daquelas digamos "naturais", ela não fazia biscoitos nem tricotava, passava seu tempo relembrando sua juventude, observando a grande quantidade de fotos nas nossas paredes e nos contando histórias, para mim e Jane. Isso a transformava na melhor avó de todos os tempos, em minha opinião. Ninguém contava histórias como ela, mesmo quando era a mesma, a Sra. Mindsean adicionava descrições incríveis e nomes interessantes, renovando histórias já contadas.  

 Sentia falta de Jane, minha irmãzinha, não posso mentir, ela era uma pestinha quando queria, mas era um amor de menina e minha irmã menor. Havia completado dez anos no meio tempo em que eu estava em Hogwarts, logo já estaria indo comigo para o castelo, para ser separada em minha Casa, eu esperava.

- Você não vem? – Nate me tirou de meus devaneios, pendurado entre a plataforma e o Expresso. O garoto estava uma bola de agasalhos, a cena era cômica.

- Pode entrar, ache as garotas, eu já vou. – Respondi observando minha respiração se transformar em fumaça e ser levada pelas rajadas de vento. Assentindo, feliz por poder entrar nas dependências aconchegantes do Expresso, Nate me deixou.

 Me demorei ainda alguns segundos na plataforma, observando o castelo imponente ao longe, num "tchau" mudo. Era apenas um até logo, mas me fazia sentir intimamente solitário.

 Ao me encontrar sozinho na plataforma, ouvi o último chamado para a entrada dos alunos. Assim, com um ultimo olhar lançado para o castelo, entrei no grande trem, iniciando uma procura por meus amigos. Com a consciência de que a grande estrutura ficara para trás, explorei o interior do grande Expresso.

 Hogwarts era meu segundo lar. Onde encontrei conforto quando precisei, onde descobri as maravilhas do mundo mágico, onde provei que nem todo sonserino era esnobe e orgulhoso, onde conquistei amizades para a vida toda, aprendendo o valor de cada uma delas. Mais do que eu me atrevia a pensar, Hogwarts me transformou no que sou hoje.

 O ano letivo estava apenas começando, mas mesmo sendo só o começo, eu já carregava comigo essas certezas, e tudo o que eu podia fazer era deixar que essas certezas me trouxessem paz enquanto os tempos ruins se aproximavam. Todos sabiam que estavam chegando, apenas se fingiam de cegos, não querendo ver, eu não conseguia, então buscava paz em pequenas coisas cheias de importância, carregadas de felicidade. E uma dessas "coisas", era Zoey.

 Eu e ela ficamos próximos durante o terceiro ano. Eu perdera meu pai perto da época de Natal, acabando por ficar no castelo durante o feriado, evitando meus familiares, evitando mais dor. Mesmo estando em Hogwarts, preferi evitar as pessoas, até mesmo meus amigos, apenas queria ficar sozinho, com minha dor pessoal. Eu sempre fora muito ligado ao meu pai.

 Mas ela foi contra isso, contra minha vontade de estar sozinho. Ela me provou que estar sozinho apenas me destruiria mais um pouco, lentamente. Então foi naquele feriado que nos tornamos melhores amigos. Perambulávamos pelo castelo falando de tudo e nada ao mesmo tempo, fazíamos guerras de bolas de neve realmente memoráveis, para depois irmos nos aquecer na lareira de nosso salão comunal, este que permanecera vazio quase em todos os momentos.

 Apesar de só ter treze anos naqueles dias, eu já entendia que Zoey me dera um novo motivo para viver. E eu não estava falando dos assaltos à cozinha, dos gritos de liberdade pelos corredores, das histórias contadas em segredo, das idas e vindas nos jardins nem dos mergulhos na biblioteca, mas sim dela. A garota baixinha e determinada, a garota dos olhos brilhantes e curiosos, a garota do gênio forte, a garota que me encarava pelo outro lado do vidro. Eu havia parado na frente da cabine escolhida por eles e nem percebera, estava olhando fixamente para Zoey também, mas isso não vem ao caso. Tratei logo de entrar. Segurei meu malão no colo, pois faria uso dele a seguir, e sentei-me ao lado dela.

 Senti meu sangue se concentrando em meu rosto enquanto sentia que ela olhava para mim, podia apostar que sua expressão era curiosa, como era na maioria do tempo. Antes que meu rosto se transformasse em uma beterraba, chamei a atenção de Nate que importunava Melina ao seu lado com alguma gracinha.

- Tenho algo para vocês. – Falei e instantaneamente se calaram, voltando a atenção para mim, menos Brandon, que continuou olhando para a paisagem, absorto em pensamentos. Eu sabia onde a cabeça do garoto estava, e que pensamentos pairavam sobre ela, então apenas peguei os embrulhos amassados em meu malão, logo colocando o mesmo no chão. Coloquei os embrulhos amassados em cima da mesa e eles me olharam intrigados, Brandon também voltou seus olhos para mim. – Queria dar algo de Natal para vocês. Não é nada demais, só para se lembrarem de mim. – Dei de ombros e pude ver Zoey sorrir de lado, pelo canto dos olhos.

 Já os comprara antes, e guardara todos com um bom e velho feitiço de extensão em meu malão. Mas com os últimos acontecimentos (testes para o Quadribol, teste do Coral, lições escolares, o ataque à Zoey, etc), os havia esquecido. Consequentemente não entreguei os presentes para quem ficara no castelo. Minha coruja teria um bocado de trabalho neste feriado.

 Dei uma rápida olhada para os diferentes pacotes e escolhi o pequenino para começar.

- Aqui Melina, para você. – Lhe passei o embrulho. Ela me olhou com as orbes brilhando, num aceno de agradecimento. Não poupou o pacote, o rasgou sem cerimônias e logo seus fios mudaram de cor ao ver o que eu lhe dera. Comprei para ela um par de luvas amarelas com pequenos detalhes natalinos em preto, lembrando as cores de sua Casa. Era um presente pequeno, mas meigo a lá Melina. Seu cabelo tomara uma linda tonalidade de rosa claro, denunciando sua alegria.

- Adorei Logan, obrigado. – Soltou uma risada observando os pequenos desenhos. Logo Nate já pegara de suas mãos e brincava com a menina. Sorri vendo a cena, esses dois iam longe ainda.

- Brandon, para você. – Lhe passei o pacote e ele sorriu para mim, animado enquanto abria rapidamente a embalagem. Ao constatar o que tinha dentro, seu sorriso se alargou e ele abraçou o presente, começando a dar pulinhos no banco.

- É uma camiseta do Águias de Chorresen! Do Águias! Cara, eu podia te beijar agora. – Murmurou tentando parecer sério e caímos na risada. Fiquei feliz por ele ter gostado, não foi fácil achar uma camisa de Quadribol nas férias, principalmente se tratando dos Águias.

- E o meu? Cadê? Cadê? – Nate perguntou com os olhos brilhando como uma criancinha. Ri de sua expressão e peguei um dos últimos pacotes, o maior. Esperei com expectativa que ele abrisse a embalagem, o que ele fez com uma lerdeza fora do normal. Ao encontrar uma caixa com uma pequena fechadura suas sobrancelhas se uniram em desconfiança, lhe apontei a chave, ainda envolta no pacote. O garoto a pegou alegremente e com um rápido movimento destrancou a caixa, apenas para ser surpreendido por um boneco envolto em uma mola que saltou da caixa para seu rosto. Todos na cabine caíram na risada vendo Nate jogar a caixa desajeitado pela mesa do centro do âmbito. O garoto me olhava apavorado, mas com um pequeno sorriso de canto. Melina ria batendo palmas, nos fazendo rir mais ainda, e Nate lhe despentear as madeixas, envergonhado.

 Aproveitei que estavam conversando entre si e virei-me para Zoey, que fitava meus olhos intensamente, corada.

- Este é para você. – Sorri envergonhado lhe entregando o embrulho. Este que ela retirou delicadamente, sem pressa. Após o pacote já estar sobre a mesa, ela observou a caixinha retangular verde com detalhes prateados, cores de nossa Casa. Sorriu para mim, ainda com as bochechas rosadas, e eu não pude pensar em outro momento que ela estivesse tão linda. Ao abrir a caixa ela me pareceu surpresa.

 Lá dentro pousava um pomo banhado em prata cintilante com as reentrâncias em finos fios de ouro. Aberto no meio revelava sua estrutura oca e negra como carvão, mas ao ser fechado, se transformava em uma corrente delicada. Algumas palavras estavam entalhadas em uma de suas metades, com fios delicados de prata:

"Você é meu pomo de ouro. Sempre."

 Dedicada ao Quadribol como eu sabia que Zoey era, soube imediatamente que ela entendera o tamanho significado daquelas palavras. Um pomo, você procura a vida toda, às vezes tem a sorte de encontrá-lo, mas muitas pessoas descansavam hoje em suas tumbas sem nunca ter tido um vislumbre de tamanha preciosidade. Quando você encontra um, é motivo para felicidade instantânea, para comemoração, para alegria eterna. Era finalmente achar algo importante, algo que valha a pena viver, e acho que foi por isso que julguei ver seus olhos marejados, mas me conscientizei que era coisa da minha cabeça. E para minha surpresa, antes mesmo de colocar em seu pescoço, a senti pular em mim, me abraçando carinhosamente. Devolvi o abraço sentindo sua pele roçar na minha, sentindo seu perfume.

- Obrigado. – Sussurrou no pé de meu ouvido, e naquele instante eu pude jurar que o sol lá fora, apenas visto pela janela, apenas um expectador daquele momento... Brilhava mais forte.

...

- Logy? Logy posso entrar? – Jane pedia do lado de fora de meu quarto. Ri do apelido e gritei uma permissão, deixando que a menina entrasse. Era a noite do dia vinte e quatro, ela viera me chamar para a ceia provavelmente. Me virei na cama para vê-la entrando com pose de princesa, mas parecendo uma moleca.

- Vem cá pequena. – Chamei e ela veio até mim na cama, se deitando ao meu lado. Observei seus cabelos negros, lembrando de meu pai, e seus olhos verdes inocentes puxando para minha mãe. Jane era linda. – Aqui. Para você. –Tirei o embrulho de debaixo da cama e entreguei em suas mãozinhas ansiosas. Ela ria e logo sentou na cama para rasgar o pacote. Ao encontrar uma pelúcia em forma de um unicórnio seus olhos se esbugalharam e ela pulou em mim me abraçando e rindo.

- Um unicórnio Logy! Um unicórnio! Obrigado, obrigado! – Gritava feliz com uma carinha meiga.

- Tudo bem, de nada Jane. Agora, o que você veio me falar? – Perguntei maroto a olhando colocar um dedo no queixo, pensativa.

- Oh sim! Mamãe e vovó estão te chamando para o jantar. – Sorriu mostrando a falha entre seus dentes, resultado de um dente que ainda não nascera. Um sorriso infantil, um sorriso sincero.

- Pode descer, já vou. – Murmurei lhe beijando a testa. Ela assentiu e saiu rindo enquanto esmagava seu unicórnio.

 Levantei preguiçosamente e acariciei as penas pretas de Esmeralda, minha coruja.

- Você só precisa entregar mais um, tudo bem? – A grande coruja me deu uma leve bicada na mão, o que considerei um sim.

 Nos últimos dois dias Esmeralda levara os presentes de meus amigos através do clima frio de Nova York. A mandava geralmente durante a noite, quando ninguém a via. Os presentes de Bernardo, Stacie, Destiny, Thomas e Bervely já tinham sido entregues, sobrando o de Melany. Este que eu prendia à Esmeralda.

 Para Bernardo enviei uma pena preta com detalhes azuis, lembrando sua Casa.

 Para Stacie um estojo de maquiagens, que comprei com ajuda de minha mãe.

 Para Destiny um livro de romance de um ótimo escritor trouxa, apontado por Brandon.

 Para Thomas um relógio preto com os ponteiros em azul marinho, apontando para os números em prata.

 Para Bervely brincos banhados em ouro branco.

 E agora, no pacote que eu via partir com a grande sombra negra, um colar de pequenas pérolas para Melany. Fechei a janela logo me encaminhando para o lance de escadas.

 Durante minha descida observei as fotografias mágicas na parede. Meu pai estava na maioria delas, sorrindo na maioria. Eu ainda podia sentir seu cheiro pela casa, podia ver seus casacos nos armários, podia ver seu chapéu favorito ainda pendurado ao lado da porta. Ele ainda pertencia àquela casa, sempre pertenceria. E doía lembrar. Doía lembrar do jeito em que ele foi roubado de mim e de minha família, doía lembrar que ele não chegaria escancarando a porta da sala cheio de neve e brincando conosco, doía lembrar que ele não estaria mais comigo, doía lembrar que ele se fora. Mas eu tinha que passar por cima dessa dor, afinal não era só em mim que doía. Agora eu era o homem da casa. Então, reunido de força, limpei as lágrimas de meu rosto de desci os últimos degraus pulando.

- Feliz Natal família! – Entrei na cozinha falando e as mulheres da minha vida me olharam segurando o riso.

- Feliz Natal Logy! – Jane gritou de seu lugar na mesa. Minha avó sentada com um livro em mãos também me desejou um Feliz Natal sorrindo com rugas se formando no canto de seus olhos, e minha mãe também, mas de costas, enquanto empunhava sua varinha para a comida em volta. Minha casa era movida à magia como minha mãe gostava de brincar. Sentei à mesa e olhei em volta: os pratos principais de nossa ceia flutuavam até a mesa, a louça se lavava sozinha, uma vassoura acabava de varrer o pó, os armários se abriam liberando nossos pratos e talheres, e no meio disso tudo estava minha mãe. Alta, loira de olhos verdes como esmeraldas.

 Logo estávamos todos à mesa, comendo e conversando. Me contaram de como andava tudo por ali, e eu contei para elas sobre a escola e tudo o que estava acontecendo por lá. Ou quase tudo, já que não queria preocupá-las.

 Depois da janta, que foi, em uma palavra, esplendida. Fomos todos para a sala, comer os bolinhos que minha mãe fizera, ao lado das labaredas mágicas da lareira, ouvindo uma das histórias de minha avó. Ela iniciava ali a história de como meu pai pegou seu primeiro e único pomo de ouro na escola, e como chegou em casa contando e mostrando para todos o pomo que ficara consigo. Era uma história que já tínhamos ouvido outras vezes, mas mesmo assim, era especial.

 Era incrível estar com minha família de novo, elas eram tudo para mim.

 Ao findar a história, Jane já ressonava no colo de minha mãe, esta que subiu para colocá-la na cama.

- Fique aqui filho. – Pediu minha vó, eu assenti a olhando desaparecer pelo corredor. Logo voltava com um embrulho muito pequeno e um tanto amassado. – Queremos que fique com isso, ele é seu. Feliz Natal Logan, meu filho. – Sorriu e me entregou o embrulho. Tratei de abri-lo logo e me deparei com uma caixinha quadrada, a abri delicadamente e dentro encontrei algo que fez meus olhos marejarem, me impulsionando a abraçar a senhora a minha frente.

 Era o pomo de ouro de meu pai.




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Notas finais do capítulo

Capítulo cheio de vida e emoção, não?
Simplesmente amei mais que tudo.
Raquel, muito obrigado, não seria nada sem você. Te amo.
FIC MOVIDA A REVIEWS, SÓ PRA LEMBRAR.
Até o próximo.
xoxo cupcakes.



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