Já se passava das oito horas da noite. Eu e o pessoal estávamos amontoados na sala de estar esperando Perrie e Eleanor com as pipocas. Louis tinha escolhido o filme, e como Harry me disse que era um de terror, já estava preparada para o pior. O filme escolhido foi Knife Edge, que contava a história de uma mulher que se via grávida pela segunda vez, ela e o marido junto o filho de seis anos se mudam para uma mansão. Bom, até aí tudo bem, mas pelo que Louis e Zayn – É, Zayn já tinha assistido ao filme – contaram, é a partir dai que o terror começa porque a mansão é assombrada.

Eu já me encontrava ao lado de Harry aconchegada entre seus braços enrolada pelo cobertor. Era estranho que a noite em regiões litorâneas o clima se modifique tão rapidamente, uma hora estava fazendo sol, outra hora estava fazendo frio. Cada um dos casais presentes também estava dividindo o cobertor, ao notar que El e Perrie finalmente chegaram com a pipoca olhei para Harry preocupada.

– Me protege, por favor. - Minha voz saiu tremula.

– Estou com você aqui, não estou? É apenas um filme, Nina. Calma.

– Eu sei, mas eu tenho medo.

– Se tá sentindo medo antes do filme começar, imagina quando...

– CASAL “ESTILOS”, POR FAVOR PAREM DE FALAR. O FILME VAI COMEÇAR, OBRIGADO.

Louis fez com que eu e Harry ficássemos caladinhos, mas me deu uma vontade de rir. Estilos? Isso foi uma tentativa de fazer alguma analogia com o sobrenome do Harry? Comprimi meus lábios para não começar a rir ali mesmo, e ao notar que o filme já tinha começado, sentei na frente do meu namorado, que por sua vez me puxou ainda mais para si e me abraçou por trás. Carinhosamente ele sussurrou: “Eu te protejo, pequena” Aquela frase me deixou calma e ainda mais pelos braços de Harry estar me envolvendo.

O filme começou parecendo que nada demais iria acontecer, que era apenas um filme comum. Porém, à medida que o tempo corria e as cenas passaram, o que era “nada demais” se transformou em “tudo demais”. Eu levava sustos e gritava junto com El e Mel que pareciam assustadas também. Pelo menos isso, eu não era a única medrosa da turma. Mel se escondia em Niall que comia a pipoca toda sozinho. El passava a maior parte do tempo com os olhos fechados apertando firme a mão de Louis. Eu? Bom, eu abaixada à cabeça, fechada os olhos e rezava. Harry me apertava forte quando percebia que eu estava com medo – o que acontecia toda hora – murmurava um “fique calma”, mas lá pela metade do filme, ele percebeu que isso não daria certo, então ficou apenas me abraçando.

Pode parecer besteira mas aquele abraço ajudava. Fazia-me lembrar de que eu não estava sozinha, que tinha alguém ali comigo. Em um momento de coragem, olhei para o filme após uma parte fantasmagórica, e bem na hora eu vi mais um defunto aparecendo e falando coisas que só Jesus salva. Perrie e Zayn riam dessas partes o que me fez ficar boquiaberta com tal atitude; Liam e Dani não diziam nada e também não expressavam nada, estavam completamente atentos ao filme. Não comento Josh e Luce porque eu acho que eles nem sabiam que estava passando algum filme. Tudo que faziam eram dar beijos.

Quando o filme terminou eu estava paralisada de medo, aquelas cenas iriam voltar todas na minha cabeça assim que eu deitasse na cama. Por falar nisso, foi nessa hora que fizemos a divisão dos quartos. Para infelicidade de Harry, Niall e Josh não dormimos com eles. Como a casa só tinha quatro quartos, um ficou para Louis e El, outro para Zayn e Perrie, o terceiro para Liam e Dani e o último para mim, Luce e Mel. Os meninos que sobraram teriam que dormir na sala. Harry não protestou tanto quanto esperava só ficou com aquela carinha de cachorro sem dono. Niall aceitou sem problemas, e Josh... Bom, Luce só não dormiu com ele por insistência nossa, mas ele também não brigou não. Porém, pela sua expressão igual ao de Harry, ele com certeza queria dormir com ela.

Houve fila para ir ao banheiro já que a casa só disponibilizava de dois e eram exatamente doze pessoas para tomar banho. Os meninos ficaram no banheiro do primeiro andar e as meninas no segundo. Tirando a Dani que demorou no banho, nós até que tomamos banhos e nos aprontamos mais rápido que os meninos. No segundo andar dava para ouvir os meninos batendo na porta do banheiro fortemente, irritados pela demora exagerada do Zayn. Pelo que eu estava escutando ele já estava no banheiro fazia uma hora.

– PARA DE FICAR SE VENDO NO ESPELHO, MALIK! – Harry gritava de um lado.

– EU PRECISO TOMAR BANHO! – Liam berrava do outro.

– ZAYN QUERIDO, PARE DE ACABAR COM A AGUA DO PLANETA, VOCÊ NÃO TEM CONSCIÊNCIA NÃO? TÁ PENSANDO QUE AGUA DÁ EM ÁRVORE? – Claro que quem falou isso foi o Louis. Quem mais poderia ser?

– TU VAI DORMIR, CARA, NÃO IR PARA FESTA! SAI LOGO DAÍ. – Josh reclamava.

– PRECISO FICAR PRONTO ANTES DO MEU LANCHE DAS DOZE HORAS, ZAZZA! DÁ PARA ADIANTAR AÍ OU TÁ DIFÍCIL? – Niall também se mostrava revoltado.

– Ôh, seus idiotas, eu já sai. Parem de ficar me abusando, tá vendo esse cabelo e esse rostinho perfeito? Preciso cuidar do meu rostinho esculpido pelos anjos. – Zayn finalmente saia do banheiro.

Agora tinha outra briga: Todos queriam entrar no banheiro ao mesmo tempo. Espiei escondida na escada e fui ver a que nível a confusão estava. Bom, eu via exatamente cinco homens tentando entrar no banheiro por uma portinha pequena. Harry e Louis se empurravam parar tentar entrar um na frente do outro, Niall se espremia entre Josh e Liam. Comecei a rir baixinho da cena. No final das contas, Niall levou a melhor e logo se podia ouvir a porta do banheiro sendo fechada novamente. O resto dos meninos que estavam sem tomar banho ficavam esperando em fila na frente da porta.

Nessas horas eu agradeço pelas mulheres serem mais organizadas. Meu pijama tinha calça fina listrada de branco e vermelho e a blusinha era vermelha. Nada sexy, bom, apenas a blusa era justinha. Como eu não vim para essa viagem no intuito de segunda intenções, eu achava que estava com uma roupinha adequada. Dirigi-me ao quarto onde eu passaria a noite. Mel e Luce já estavam deitadas na cama de casal, o que sobrou o colchão no chão para mim. Elas ainda estavam acordadas e conversavam sobre alguma coisa.

– O que tanto conversam?

– Minha mãe me mandou uma mensagem dizendo assim: “Filha, quando você voltar para casa tenho uma novidade para lhe contar” – Ela fez uma careta. – Novidade? O que acha que é?

– Não sei. Nem tenho ideia.

– Opa, meu celular. Chegou uma mensagem do meu pai. – Mel falou. – “Melzinha, papai tem uma novidade para você. Mas só contarei pessoalmente. Volte logo, estou com saudades.” Ok, já estou ficando assustada.

– Espere! Tia Susana e Steve tem uma novidade para contar para vocês? – Elas concordaram. – Não tá na cara não? Tia Susava tá grávida!

– AÍ MEU DEUS! – Mel só sabia falar isso. – AÍ MEU DEUS.

– Impossível, Nina! Vira essa boca para lá. Minha mãe não pode mais ter filhos, depois que eu nasci ela vem uma coisa lá que esqueci o nome e não pode ter mais filhos. – Luce tinha os olhos arregalados. – SERÁ QUE ELES ADOTARAM ALGUM GURI? MEU DEUS!

– Vou achar um máximo ter um irmãozinho ou irmãzinha... – Mel suspirava.

– Você não entende Mel? Mais uma pessoa para dividir a minha herança, Senhor me ajude! – Drama era com Luce mesma.

– Ei, pera aí. Eu só disse que PODERIA ser isso. Ei, Mel, você não é a Sherlock? Coloque a lupa de fora e ache a resposta. – Falei nada mais que o obvio.

– É, mas é complicado pensar em alguma coisa apenas com essa mensagem. Quero dizer... Pode ser uma novidade que não tenha nada haver com eles dois.

Ficamos acordadas ainda por algum tempo especulando qual seria a grande novidade de tia Susana. A única coisa que Mel tinha certeza era que fosse uma coisa boa, afinal, se fosse coisa ruim, ela não se daria ao trabalho de comunicar a gente, muito menos Steve. Mais uma vez, Melissa colocava suas manguinhas de Sherlock Holmes para fora. Será que ela nunca tinha pensado em seguir uma carreia como investigadora? Ela era boa nisso, deveria investir. Involuntariamente, minhas pestanas começaram a se fechar, indicando que logo, logo eu pegaria no sono. Concentrei-me então para dormir, eu já poderia sentir o cansado me vencendo aos poucos e no final, tudo que me restou foi um sonho... Ou pesadelo?

Eu estava em uma mansão extremamente linda e elegante. Havia obras de arte das mais caras, moveis e acabamentos em ouro. Aquele lugar ostentava toda a riqueza que seus donos possuíam. Mas, onde eu estava? Nunca tinha ido a nenhum lugar como este em toda a minha vida. Minhas pernas começaram a se mover sem ao menos eu permitir, e logo eu estava caminhando no corredor vazio do lugar. De repente, comecei a ouvir vozes algumas conhecidas e outras nem tanto. Todas elas me chamavam, cada uma de um lado das portas que eu presenciava em minha frente.

Ambas as portas eram brancas, fiquei paralisada sem saber o que fazer, até ouvir a voz de alguém. Harry me chamava atrás da porta branca à minha esquerda. Sem pensar duas vezes, estiquei meu braço a fim de rodar a maçaneta e ir vê-lo. Porém, antes que eu tocasse a porta, alguma menininha que não deveria ter seus seis anos de idade, vestida com um vestido branco delicado olhava para mim com seus olhos azuis claros. O tom de azul que ela tinha era surreal, não poderia ninguém existir com aquela coloração.

– Nina? É você?

– Sou eu sim, quem é você? Onde eu estou?

A garotinha que antes parecia doce e ingênua mudou completamente. Seus olhos passaram do azul mais puro para um preto tão escuro que eu não sabia distinguir onde começava ou terminava a pupila. O sorriso que apareceu em seu rosto era de longe um sorriso doce. Harry continuava me chamando e alguma coisa me dizia para sair dali, mas eu não conseguia me mexer. DROGA! Nem gritar eu estava conseguindo. A garota se movimentou e percebi pela primeira vez que ela carregava uma faca em suas mãos. O objeto pontiagudo e afiado estava encharcado de sangue. A roupa antes branca da garota tinha manchas de sangue.

Meu? Não. Se fosse meu eu teria sentido alguma dor ou eu veria sangue em meu corpo. O cenário lindo da mansão estava sendo transformado, agora, a mansão tova forma de um lugar feio, velho e sujo. A menina só sabia analisar a minha reação. Eu queria sair dali, correr, queria que alguém me encontrasse e me salvasse dali. Eu não poderia me mexer. Já não ouvia mais a voz de Harry, ouvia outras, outras que eu nem conhecia e nem sabia que poderia existir um tom tão sombrio como aquele.

– Chegou sua vez, Nina. – Dito isso, a garota apontou a faca para o meu peito.

Acordei ofegante e suada, instintivamente coloquei a mão no meu peito enquanto sentava no colchão. Não senti dor e nem nada molhado. Dei uma olhava em volta e percebi que estava na casa do Louis ainda. Ao meu lado, Luce e Mel dormiam tranquilamente. Foi só um sonho, foi só um sonho, repetia para mim mesma tentando me acalmar. Era esse o motivo de eu não gostar de assistir filmes de terror. Eu acabava sonhando com partes do filme e acordando assustada.

Já se passavam das três da manhã, e eu tinha certeza que não iria conseguir dormir tão cedo. Ainda um pouco cambaleante, decidir levantar e ir à cozinha beber alguma coisa. Distrair a minha mente e esquecer-se desse pesadelo que eu acabara de ter. Saindo do quarto olhei o corredor do segundo andar, tudo estava silencioso, as portas dos quartos estavam fechadas, todos estavam dormindo. Desci silenciosamente as escadas indo em direção da cozinha, inevitavelmente passei pela sala e observei Niall praticamente em cima de Josh que roncava. Harry estava no canto parado, sua respiração uniforme. Não dava para ser seu rosto, já que estava escuro. O que era uma pena eu queria ter a chance de vê-lo quanto dormia.

Não demorei muito na sala e voltei a minha rota. A cozinha estava silenciosa como o resto da casa, porém um pouco mais iluminada devido à luz da lua que passava com facilidade pela grande janela que esta possuía. Espiei o lado de fora, poderia escutar as ondas batendo na praia, um som tão tranquilizante! Peguei um copo no armário e abri torneira para encher o copo de água, assim que estava cheio o suficiente, desliguei. Bebi um pouco da agua e me virei. Primeiro, eu tomei um susto por ter mais alguém ali, contudo, ao reconhecer quem era, eu relaxei.

Harry estava apoiado na porta da cozinha, só vestia uma cueca preta. Seus cabelos estavam desarrumados e seus olhos fixos em mim. Aquela imagem me fez sentir calor, eu estava sem reação em vê-lo assim. Percebendo como eu estava sem graça, ele entreabriu os lábios e sorriu mostrando aquelas covinhas. Ok, minhas pernas ficaram bambas, me apoiei na pia e tentei encontrar meus sentidos perdidos e confusos.

– Você deveria estar dormindo. – Ele comentou.

– E-Eu... Tive um pesadelo... Não consegui dormir. – Gaguejei.

– Aham... Eu também não consegui dormir direito. Josh ronca demais.

– Foi por isso que você esqueceu o resto da roupa?

– Na verdade, Nina, eu durmo sem nada. – Minha boca abriu levemente com aquela revelação. – Mas como a casa tá cheia... Melhor dormir com alguma coisa. – Harry me analisou da cabeça aos pés. – Você fica linda com esse pijama.

Meu rosto começou a ficar vermelho com aquele elogio. Percebi que ele vinha em minha direção com seus passos silenciosos e astutos, típico de um felino. Meu Deus, não tinha como ele ficar ainda mais sexy do que já estava. Meu coração começou a acelerar quando ele finalmente chegou perto de mim, ele ergueu uma das mãos e tirou o copo d’água que eu tinha colocando-o em cima da cima. Antes de me beijar ele me olhou profundamente, um olhar tão íntimo... Nosso beijo começou calmo, mas à medida que o tempo passava ficava cada vez mais quente e caloroso.

Eu sentia suas mãos percorrem minha cintura e, as minhas próprias mãos estavam perdidas em seus cachos. Harry me conduziu até a parede me prendendo entre ela e ele. Nossos corpos estavam colados, e nossos beijos mais urgentes. Percorreu uma sensação gostosa por meu corpo, uma sensação nova, era como se eu precisasse dele de uma forma que eu nunca imaginaria. Os lábios de Harry desceram até meu pescoço me fazendo arrepiar ainda mais. Minha respiração estava ofegante, desci minhas mãos para o seu corpo, explorei todos os cantos possíveis.

Novamente senti os lábios de Harry sobre os meus, apesar de toda situação que nos encontrávamos ele me beijava com gentileza. Surpreendi-me ao notar ele mordiscando meus lábios. Devo admitir que a sensação foi boa. Muito boa. As mãos de Harry agora passavam por debaixo da minha blusa vermelha... Congelei. O que eu estava fazendo? Todo aquele fogo eu estava sentindo há algum minuto atrás desapareceu e eu tentei me afastar dele. Harry não entendeu minha reação, e assim como eu, estava ofegante com os lábios vermelhos.

– Eu... Eu fiz alguma coisa errada? – Ele parecia confuso.

– Não... É que... Ai que droga!

– Baby, o que foi? Me diz, por favor... – Ele pedia. Por um momento ele parecia ter entendido. – Olhe, ninguém vai acordar, pode ficar tranquila.

– Harry, não é isso... É só... – Meu rosto ficava vermelho. – Eu sou virgem, certo?

– Virgem?! – Ele falou um pouco alto, surpreso. – Porque não me contou isso antes?

– Achei que não iria... Que você... Ah, eu estava com vergonha! – Eu queria me jogar dentro de um buraco, sério.

– É por isso que você não queria dormir comigo. – Ele foi juntando as peças. Logo depois, sorriu. – Não precisa ter vergonha por me contar isso.

– Olha, eu quero dormir com você, juro, mas...

– Você está insegura. – Ele completou.

– Isso! Quero dizer... – Limpei minha garganta. – Se coloca no meu lugar. Você já ficou com tantas garotas e mulheres, é mais experiente... Eu não tenho nem metade disso. – Harry apenas me escutava. – Legal, agora você não vai querer uma namorada como eu.

– Eu vou adorar te deixar mais experiente. – Harry tentava segurar o riso. – Sabe, Nina, eu estou com você porque eu amo você, e o fato de você ser virgem... Nossa! Agora eu sei que vou ser o primeiro e último homem da sua vida!

– Pare de gracinhas Styles, isso é um assunto sério.

– Eu também estou falando sério. – Ele se aproximou de mim e me abraçou. – Isso te deixa ainda mais especial para mim. Não vou lhe forçar a fazer nada, eu posso esperar até que você esteja pronta.

– E se demorar um pouco? – Perguntei abraçando-o também.

– Já disse que vou esperar. – Depois de um tempo ele sussurrou no meu ouvido. – Mas não demora muito não, é difícil ter uma namorada tão bonita e não poder fazer nada.

– Você realmente não tem jeito. – Eu comecei a rir baixinho.