Ela tentou me lançar algum feitiço, mas eu o defendi e a ataquei, fazendo-a se afastar um pouco. Pousei o meu olhar no meu pai. Vivo. Boa… Olhei para Harry. Machucado, mas nada muito grave e vivo. Passei os olhos também por Beka e Demi. Já tinham acordado e estavam de pé. Nem parei para olhar para mim. Apenas aparatei, arrastando o meu pai inconsciente comigo. Vi de soslaio Harry levar Demi e aparatarem, enquanto Beka fazia o mesmo, sozinha, e os comensais começavam a se levantar e a destruir as nossas barreiras.

3ª pessoa POV:

Enquanto tudo isso se passava, Tonks, Dino, Cedrico e Ernie andavam a caminho da casa de Dino, pois ela estava protegida com barreiras anti aparatação, colocadas pela Ordem a pedido do mesmo. Tinha medo que a sua mãe fosse atacada, pois durante a sua estadia em Hogwarts descobriu que o seu pai, John Thomas, era um bruxo, que foi assassinado por Comensais da Morte. Seu medo era tão grande que ele pensou mesmo em passar as férias de Natal com a mãe, o padrasto e as irmãs e meios-irmãos, pois queria protege-los. Já tinham visitado o pai de Cedrico, um homem exagerado e feliz, que rendeu-lhes boas risadas, e os avós de Ernie. Os pais dele já haviam falecido, a mãe durante o parto e o pai num acidente com
feitiços, em que a sua varinha explodiu, o matando. Isto quando Ernie ainda era uma criança pequena. Os seus avós eram feiticeiros também, mas eram pacatos e serenos. Tinham cerca de 75 anos ambos e eram muito amigáveis com todos. Quando saíram já cada um levava uma caixinha cheia de biscoitos de mel. Mas a grande
preocupação de todos era Dino o seu receio pela segurança da sua família. Não era à toa que o seu bicho-papão era a noticia da sua família inteira brutalmente assassinada, ele tinha receio que isso viesse a acontecer, o que era muito possível nos tempos que corriam. Por momentos ele até esquecia o perigo que ele próprio corria, por não ser sangue-puro.

- Ainda não nos contaste uma coisa… Porque é que pediste para colocarem barreiras anti aparatação na tua casa? – perguntou Ernie.

- Por proteção. Tenho medo que venham atrás da minha mãe, do meu padrasto e dos meus irmãos como fizeram com o meu pai. – disse ele, sem a expressividade que costumava a ter quando falava,
mostrando assim o seu descontentamento por ter de responder àquela pergunta.

- O teu pai fez parte da Ordem? -  perguntou Tonks, num tom amigável, tentando não o deixar desconfortável.

- Não sei. Só descobri à um ano que ele era bruxo e foi assassinado por comensais. Yaxley, pelo que soube. Chamava-se
John. John Thomas.

- Sim… Acho que já ouvi falar… -  logo ela teve uma ideia para animar o clima que havia ficado muito mórbido – Eu e o Remos temos uma noticia para vos contar a todos. Mas… - ela pareceu pensar por um pouco - Só vamos contar logo à noite…

Cedrico logo disse:

- Então porque é que começas-te a dizer isso. Humpf… Nos encheu de curiosidade agora…

Antes de alguém dizer fosse o que fosse uma pequena menina, de cabelos negros e curtos, com uma pequena franja, negra como Dino e com grandes olhos azuis e curiosos, vestida com roupas com
alguns remendos, foi a correr abraçar Dino.

- Dino! Estava a pensar que te tinhas perdido!

- Olá Grace! -  disse ele rindo enquanto todos observavam a
cena curiosos.

- Quem é essa?  -  perguntou Ernie.

- Minha ir… -  começou Dino, mas foi interrompido pela menina.

- Eu sou a Grace. Sou irmã do Dino! Mas tenho mais 6 irmãos! Bem, nem todos são filhos do papá, muitos são filhos do Wendall, mas ele é como um papá, porque ele está casado com a mamã, e ele já tinha filhos e depois ele e a mamã tiveram filhotes juntos também. Tenho 4 anos e vocês são quem? -  falou a menina muito rapidamente.

- Sou a Tonks. Ou Dora, como preferires.

- Dora é mais bonito, Tonks me lembra de árvores e tu és mais bonita que uma árvore, mas existem árvores muito bonitas que têm folha muito verdes, mas as árvores daqui estão secas, portanto não são verdes, mas pretas e castanhas, o que é triste. E nós não podemos sair de casa, a mamã disse que o mano pediu, por isso eu tenho um vaso onde está um cato. É um cato porque leva pouca água, e assim sobra mais para nós. Foi o mano que deu, disse que lhe ofereceu um menino chamado Simas. Ele disse que o menino é
um estrago humano, só sabe explodir tudo. Um dia gostava muito de conhecer o menino BUUUM! Eu chamei-lhe assim porque é o som que uma explosão faz! Eu sei esse barulho porque o mano já explodiu um vaso a tentar fazer um feitiço. Eu não sei se sou bruxa, porque ainda nunca fiz magia, mas gostava de ser porque assim podia sair daqui e fazer novos amigos e o mano fala tanto de Hogwarts que eu queria muito conhecer ela um dia!

- Uau, essa menina fala muito! -  disse Ernie rindo.

- Vamos, entrem! A mamã deve estar na cama. O Wendall está a trabalhar e alguns manos estão na casa dos pais dele.

- Quais? -  perguntou Dino que parou logo de sorrir mal ela falou a palavra “mamã”.

- A Tracy, o Carl, a Zora e o Michael.  A Cintia está a dormir e o
Bruno também.

- Ok. Vamos, entrem. Bem, não é muito mas… é casa.  -  disse ele tirando as proteções para que conseguissem entrar. Uma casa pequena e um tanto ou quanto degradada estava ali, com duas janelas remendadas com fita adesiva e uma porta muito emperrada.
Depois de alguma força Dino abriu a porta, os deixando entrar. Por dentro a casa ainda parecia mais pequena que o interior.

- Vem Dora, vem no meu quarto! Bem, não é só meu, também é da Tracy, da Zora, do Carl e do Michael. Mas a cama é só minha e da Zora! Estás a ver aquele desenho ali? Fui eu que fiz! -  ainda se ouvia enquanto a menina puxava Tonks pela mão para dentro de um quarto minúsculo com 4 camas pequenas e velhas, com as paredes cobertas por desenhos de castelos rosa e crianças de todas as formas e feitios, provavelmente feitos por Grace.

- Quais são as idades dos teus irmãos? -  perguntou Cedrico.

- A Tracy tem 13 anos e é filha do Wendall, o Carl é filho do meu pai e tem 12 anos, a Zora é filha do Wendall e tem 6 anos, Michael tem 8 anos e é filho do Wendall também, Cintia tem 2 anos e
é filha do Wendall com a minha mãe e Bruno tem 1 ano e é filho deles os dois também.

- Mas… Se eles partilham o quarto onde é que tu, a Cintia e o Bruno dormem? – perguntou Ernie, cada vez mais curioso.

- A Cintia e o Bruno dormem no quarto dos meus pais e eu durmo na sala.

- Mas aqui não tem sofá… -  constatou Cedrico, intrigado.

- Eu faço uma cama aqui nesse tapete. -  explicou Dino, com uma voz natural e serena.

- Eu… Nunca pensei… Que tu vivesses… Assim. -  disse Ernie, ligeiramente envergonhado.

- Já mais alguém veio cá? -  perguntou Cedrico.

- Não, nem a Ginny, nem o Simas, nem o Neville. Vocês são os primeiros. Eu vou lá acima falar com a minha mãe. -  disse ele com um sorriso triste. Quando o rapaz saiu de vista Cedrico sussurrou para Ernie.

- Gostava de ajudar…

- Que tal se chamar-mos a Ginny? Eu acho que isso ia animá-lo e com certeza ela ia gostar de conhecer a futura sogra. -  sussurrou Ernie, rindo um pouco. Logo pegou na sua moeda e Marcou para Fred: “Estamos na casa do Dino. Trás a Ginny por favor. – EM”

Passado algum tempo receberam uma confirmação e foram para fora da casa esperar pelos dois ruivos, que em poucos momentos aparataram lá perto e continuaram o resto do seu percurso a pé.

- Então eu vou andando… -  disse Fred, se indo embora.

- Porque me chamaram?

- Porque o Dino está triste, não sabemos porquê, e achamos que se ele tiver contigo pode ficar um pouco mais feliz. E já agora, tu ias gostar muito de conhecer a tua sogra e a irmãzinha dele, uma
menina muito faladora, como tu!

- Primeiro: não sou uma menina, tenho 16 anos, suas antas. E segundo: eu não sabia que ele tinha uma irmã…

- Por acaso são sete…

- Uau! E eu que achava que a minha família era gigantesca. E ele tem mais uma irmã que eu…

Enquanto caminhavam para a casa eles contaram a Ginny tudo o que descobriram desde que chegaram, deixando a moça espantada.

- Eu nunca soube de nada… Às vezes eu me queixava de ter 6 irmãos e ser a mais nova e de viver numa família tão pobre, que gostava muito que tivéssemos um pouco mais de dinheiro e ele numa situação muito pior nunca disse nada. Sinto-me tão mal agora…

- Tu não sabias de nada, não te sintas culpada. -  disse Ernie, sorrindo – Mas porque ele demora tanto a falar com a mãe dele? E porque é que ela não sai da cama.

- Porque a mamã está doente. -  disse Grace, vinda do quarto naquele exato momento, e quanto Tonks chegou ainda ouviu a frase da menina.

- Já tem muitos meses que a mamã está doente. Doutor trouxa não consegue tratar e doutor bruxo também não. Eu cuido dela quando a Tracy, o Dino e o Wendall não estão. A mamã não consegue sair da cama nem cuidar da Cintia e o Bruno porque dorme o tempo quase todo e já não consegue brincar comigo… -  a menina
deixou cair uma lágrima, que limpou na hora e sorriu. -  É a namorada do Dino? Ele fala muito da menina ruiva tagarela que namora com ele e manda uma carta sempre que vocês se zangam a contar tudo e a dizer que está triste e que tem saudade da menina com cheiro a chocolate, que ele ama muito, que é você. E eu não gosto de ver o Dino triste, portanto não zanga com ele okay? Eu sou a Grace, esta é a Dora e tu és a Ginny, mas eu não sei o nome destes dois. O menino de cabelos loiros -  disse ela apontando para Ernie- fala pouco, não gosto muito dele. Nem do outro, mas se o Dino gosta é porque não são más pessoas. Então, vamos brincar?

A ruiva tentou captar toda a informação. Ela nunca pensou que Dino ficasse assim quando se separavam, até porque ela chorava um pouco no inicio, mas eles logo voltavam e ela já não dava importância ao acontecido. Cada segundo que passava ela se sentia mais culpada. Quando toda a gente começou a conversar ela saiu de fininho e subiu as escadas, que na verdade eram apenas 3 degraus, e espreitou para dentro do quarto. Uma senhora pálida, com longos cabelos castanhos, com múltiplos fios brancos e muito magra estava deitada na cama, e Dino segurava na sua mão.

- Eu não devia ir. Eu devia ficar aqui com vocês. -  disse ele com a voz notoriamente chorosa.

- Não… Tu tens que ir. Eles precisam de ti. – sua voz era débil e fraca, como num sussurro rouco.

- Vocês também precisam de mim!

- Querido. Tu sabes bem o que vai acontecer. Tu tentas-te de tudo, mas não tem maneira. O teu pai teria… orgulho de ti. Porque não levas as crianças para a Ordem?

- Mas… e tu?

- O Wendall e eu ficamos bem. Deixa-me na casa dos pais dele e nós ficamos bem. Agora eu sei que tens mais que fazer como por exemplo cumprimentar aquela menina que está à porta.

O seu único e mais profundo desejo era que Deus tomasse conta da sua família. Era a coisa mais importante do mundo para ele. Enquanto a sua mãe falava estas últimas frases ele apenas pensava:

"Querido Deus, a única coisa que te peço é que cuides deles quando eu não estou aqui, quando estiver longe demais..."

Dino se virou, limpou a cara e ficou surpreso ao ver uma Ginny chorosa ali à porta.

- O que estás aqui a fazer? -  perguntou ele depois de se levantar, limpar a cara à namorada e a beijar.

- Os rapazes me chamaram. Queres que eu chame os gémeos? Assim levamos as crianças para casa da Tonks. Depois nós tratamos melhor.

- Custa-me deixar a minha mãe…

- Ela quer que tu salves vidas. É para isso que estamos nesta guerra. E é isso que tu vais fazer.

Depois de alguma conversa lá em baixo foi tudo tratado e Tonks falou com o pessoal da Ordem, por celular, uma engenhoca trouxa muito bem recebida por eles, pois era útil e indetetavel. Em
alguns momentos uma senhora idosa apareceu e com ela vinha uma rapariga loira, provavelmente Tracy, uma de cabelos castanhos, que se presumiu ser Zora e dois rapazes, um negro e com cabelos castanho-escuro e outro um pouco pálido e loiro, que se presumiram serem Carl e Michael, respetivamente. Os gémeos também apareceram.

- Fred leva a Ginny, Carl e Michael. George leva Tracy, Zora e Grace. Eu levo o Ernie, Cedrico e o Dino, que leva Bruno e Cintia. – mandou Tonks. Em pouco tempo a casa de Tonks estava uma
confusão com parte da ordem ali e toda ela a tomar conta das crianças. George e Fred conversavam divertidos com Carl quando o típico som de um aparatar se ouviu e todos pensaram “Cami, Sirius,
Harry, Demi e Beka chegaram” o que não era mentira, mas não foi bem como estavam à espera. Harry tinha o seu nariz torto, provavelmente partido, igualmente como os óculos, Demi e Beka estavam praticamente chamuscadas, Sirius inconsciente e Cami com um corte feio e enorme no braço. Mal eles chegaram depois da aparatação Beka, Demi, Harry e Cami caíram no chão, exaustos.

- BEKA! BEKA! – gritou Ernie, correndo para  mesma.

- Cami! CAMI! -  George também corria para ela.

- E que tal? DEMI! DEMI! -  bufou Demi aborrecida, se levantando do chão.

- DEMI! DEMI! Tá bom assim? -  disse Harry rindo e também se levantando.

- O que vos aconteceu? -  perguntou Tonks, passando vários feitiços no braço de Cami.

- Um certo senhor Potter e um certo senhor Black tiveram a brilhantíssima ideia de me levarem na casa dos meus pais adotivos. Eu o ele discutimos, Rita Skeeter ouviu tudo e disse que ia colocar
no Profeta diário e desapareceu, portanto eu estou lixada, já sabem que sou uma Black e McKinnon e para priorar apareceram comensais e adivinhem… O Comensal que atacou o meu pai era… A nossa querida professora de DCAT que só pareceu uma vez, numa aula idiota, que acabou super mal. Cabra… Eu sabia que tinha algo errado nela. Uma comensal… Sério, a fasquia de professores de DCAT do Dumbledore, desceu muito este ano. Se bem que o único professor de DCAT legal lá deve ter sido o Lupin.

Passado algum tempo feitiços voavam, enquanto todos tratavam deste último grupo (Cami, Sirius, Harry, Demi e Beka)

- Espera só um segundo… Quem são estes?! -  perguntou Harry.

- Irmãos do Dino. -  respondeu Ginny, enquanto brincava com Grace, menina a quem se afeiçoou muito.

- Ele tem irmãos? – perguntou Harry perplexo.

- Sete. Ficarão aqui na casa da Tonks. A mãe deles está muito doente. O pai dele está morto e o padrasto louco por aí à procura de uma cura para a esposa. Isto não está nada fácil para o lado do Dino. E ele vive em condições horríveis, nunca pensei que o Dino vivesse assim… -  respondeu Cedrico num sussurro.

- PANQUECAS! – ouviu-se Sirius gritar, provavelmente acordou.

- Eu acho que bateste com a cabeça…  -  disse Demi, divertida. Em pouco tempo contaram tudo o que sabiam a Sirius e Dino desceu com Michael, ambos tinha ido conversar, porque o rapaz estava revoltado por deixar os pais. Pelos vistos se haviam entendido. O som do aparatar soou. Lupin havia chegado com Simas (que já trazia a sua marca, a cara cheia de fuligem, proveniente de uma explosão) , Kathy, Luna e Neville. O último vinha com os olhos vermelhos e inchados, provavelmente de um choro recente e Luna parecia bem perturbada pela condição de Neville. Kathy vinha cabisbaixa, provavelmente se sentia sobrando ali e Simas continuava com a sua
cara de surpreso, como quando fazia uma explosão.

- Eles… Mãe… Não… Lembraram… Quem… eu… -  dizia Neville entre soluços, de cortar o coração dos seus amigos. Lupin não vinha com melhor cara.

- O Frank e a Lice pioraram… -  foi tudo o que conseguiu dizer – Eles não reconheceram o Neville, nem eu, e a Alice começou a dizer que viu a Lily e o James -  o rosto de Harry empalideceu – e
que viu a Dorcas – a sua própria cara se contorceu. Poucos dos presentes sabiam da existência da antiga namorada de Lupin, Dorcas Meadows, assassinada por comensais e tatuado na sua testa com uma faca a expressão “Sangue-Ruim”, sendo o corpo largado na porta da antiga casa da Ordem – e eles disseram pior… Eu sei que eles não estão em condições para nós confiarmos fielmente nas palavras deles, mas eles disseram que a Lene estava… viva.