Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 31
Ajuda


Notas iniciais do capítulo

É um capitulo mesmo pessoal... Esse título se refere-se a Elena pedindo ajuda a um certo alguém.
Obrigada pelos comentários... Vou ver se consigo postar mais um hoje... O casamento de Bonnie está próximo assim como a cura de Damon e mais surpresinhas...



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O inverno havia se tornado mais brusco. A neve caía com poucos intervalos de tempo, anunciando certo perigo nas pistas nova-iorquinas que se apinhavam muito mais de gente e curiosos a poucas semanas de distância do Natal. Naquele meio tempo, os ânimos de Elena estavam longe de toda a preparação natalina de sua casa. Sua mente estava ligada a Damon e a sua doença de maneira completa deixando seus tios muito preocupados com aquela situação toda.

Sua rotina mudou ainda mais quando Damon começou a ser submetido a sessões de Radioterapia. A doença não parecia querer cessar, se expandindo pelo corpo do rapaz como se fosse formigas atrás de algum doce. Ele mantinha sua presença cem por cento no hospital e, com muita insistência, conseguia voltar para a casa nos finais de semana.

Elena estava entregue a um ponto de exaustão que mal a fazia se concentrar em suas tarefas. Perdera as contas de quantas vezes seu chefe chamou sua atenção por estar fazendo as coisas erradas. Seu nível de estresse aumentava a cada dia que recebia um retorno negativo com relação à saúde de Damon. Ela mal comia e mal via os amigos o que deixava Bonnie apreensiva já que seu casamento aconteceria em poucos dias.

Eram quase sete horas da noite quando a morena cruzou a porta de entrada do hospital. Estava coberta com um pesado casaco e seus cabelos pareciam indicar que ela havia acabado de acordar. Seus olhos estavam rodeados de olheiras profundas e seu rosto indicava o cansaço de várias noites sem dormir.

Ficou um pouco aliviada e agradecida ao encontrar Tyler na recepção. Ele e Damon ainda se falavam pouco e, o intermédio deles dois, era a jovem que abraçou seu melhor amigo de maneira forte e intensa. Ela sentiu por alguns momentos que fosse desabar, pois sentiu suas pernas cederem um pouco. Seus olhos arderam quando o rapaz afagou seus cabelos, pois era como se fosse a primeira vez que alguém lhe dava um pouco de atenção no meio de todos aqueles dias infernais.

Ambos ficaram em silêncio por um longo período, trocando emoções que entendiam sem trocar uma palavra sequer.

– Você está bem? - perguntou Tyler, sabendo que era uma pergunta idiota.

– Estou bem, eu acho. - respondeu Elena com a voz rouca. - Eu ando meio cansada, mas em breve terei alguns dias de férias. Não vejo a hora de chegar o dia das minhas férias coletivas. Não aguento mais ter que ir trabalhar e aguentar aquelas megeras.

Tyler sorriu, lhe dando um beijo no cocuruto da cabeça.

– Você precisa de alguns dias de descanso. - Tyler cruzou os braços, enrugando a testa. - Acho que seria ideal você revezar as visitas. Damon concordaria totalmente comigo ao ver essa sua cara de caveira.

Elena dera um meio sorriso desgostoso. Não queria se afastar de Damon, pois era como se estivesse perdendo alguma parte dela.

Da vida dela.

Desde o momento que compartilharam uma relação mais íntima, Damon e Elena não conseguiam ficar muito tempo separados e Stefan já chamava a relação dos dois de loucura obsessiva. Um dependia muito mais do outro e, toda vez que o deixava, era como se não fosse vê-lo tão cedo.

Ela já perdera as contas de quantas vezes dormira no hospital. Já foi até flagrada por um Josh completamente desentendido que agora dava o ar da graça no mesmo hospital em que seu namorado estava internado, pois estava começando sua tão sonhada residência.

– Eu estou bem a ponto de ainda visitá-lo todos os dias, Tyler.

– Mas você fica aqui até tarde, Elena, e isso não é certo.

– Eu não me importo, Tyler. Sério mesmo. Ficar aqui com ele é o mínimo que eu estou conseguindo fazer.

Tyler meneou a cabeça positivamente, pensativo.

– April tem visitado Damon com certa frequência.

O queixo de Elena caiu. A última coisa que ela precisava saber era que April estava visitando Damon. Ela acharia mais digno Josh visitá-lo do que ela.

– Er... Como? April? Você está falando sério?

– Não fique irritada. April pediu para que eu não contasse, mas eu achei que ela só viria uma ou duas vezes. Ela vem durante a tarde.

Elena sentiu seu coração bater mais forte, como se ele fosse saltar de sua garganta.

– Hmm...

– Não discuta com Damon por isso. Só te contei para não ocorrer nenhuma briga entre você e ela. Por mais que eu ache que você tenha perdoado, acredito que não tenha esquecido o que ocorreu entre os dois.

Elena enrugou a testa. De fato, havia perdoado em tese, mas não esquecido. Ela se questionava sempre quando estava em uma situação onde April estava inclusa as razões daquela raiva que surgia sempre que ela estava com Damon, ou falava de Damon. A morena sabia que era um ciúmes muito bem contido, mas conforme April intencionava se aproximar do moreno, mais ela ficava contrariada.

– Não, não irei discutir. - Elena alisou a testa nervosamente. - Pelo que entendi, ela que veio de oferecida e não ele quem pediu. Estou errada?

– Acredito que sim, Elena.

– Ótimo. Não é com ele que eu vou ter que debater e sim com ela.

Elena lançou seu pior sorriso fazendo Tyler dar um longo suspiro. Era claro que a jovem não conseguiu aceitar o fato de que seu namorado e sua amiga tiveram um relacionamento de algumas horas. Por mais que tentasse dizer a si mesma que na época não tinha nada a ver com aquela situação, era algo que não conseguia digerir e nem ignorar.

– Não vá brigar por motivo besta, okey?

– Não irei brigar. Você sabe que eu não brigo. - defendeu-se ela, cruzando os braços. Suas bochechas estavam levemente vermelhas, denunciando como havia sido afetada com a informação.

– Mas discute que é uma beleza.

Ele sorriu tentando fazer com que a amiga fizesse o mesmo, mas sem sucesso. Calmamente, dirigiu-se até o balcão pegando algumas pastas que uma das atendentes havia lhe estendido.

– Tenho outra coisa para te falar.

Elena revirou os olhos.

– Não faça suspense.

– Caroline está no quarto com Damon agora e ela pediu para você esperar um pouco, pois quer conversar com você.

A expressão irritada de Elena mudou para uma expressão mais aflita. Descruzou os braços, juntando as mãos, indicando sua ansiedade.

– Você sabe me dizer o que ela quer?

– Na verdade, eu também estou incluso nesse assunto. - Tyler limpou a garganta, um pouco desconfortável.

– Pelo visto não são boas notícias. Tem a ver com Damon?

Tyler ficou apreensivo por alguns instantes como se seus pulmões estivessem sendo espremidos impedindo a entrada e a saída de ar.

– Tem sim. Necessariamente com os pais dele.

– Eles resolveram finalmente aparecer?

– Não. Eles evitam qualquer telefonema do hospital.

Elena ainda não entendia as razões que levavam os pais de Damon a serem tão frios com relação a sua saúde. Seu namorado sofria todos os dias, mal tinha força para falar e nem muito menos para ficar acordado. Ele fora reduzido a uma cama de hospital e aquilo a matava por dentro. A indiferença dos que seriam seus sogros, só alimentava ainda mais uma ira interior inicialmente inofensiva.

– Por que eles fazem isso?

Tyler não sabia o que responder já que nem ele sabia o que acontecia entre Damon e seus pais. Só esperava que esse mal estar não durasse por muito tempo.

– Um dia eles vão ter que ver o filho dele, acredite nisso.

Tyler não discutiu quando Elena desviou de sua presença e passou a caminhar em direção ao quarto de Damon. Para sua sorte, o quarto estava localizado no primeiro andar, caminho mais fácil para o tratamento do namorado.

Ao chegar e abrir a porta do quarto, não se surpreendeu ao ver Caroline sentada ao lado do primo, fazendo carinho em seus cabelos negros.

O olhar da loira não demorou a encontrar o seu e, ela sorriu. Elena entrou no quarto um pouco desconfortável, pois era como se estivesse invadindo algum espaço familiar. Quando estava próxima de Damon, lhe dera um beijo na testa, sentando na beirada da cama, fazendo-o sorrir.

– Caroline estava me contando suas aventuras na faculdade.

– Conseguiu resolver o assunto da sua matrícula?

– Consegui. É um problema a menos na minha vida agora.

Elena observou a prima de Damon se mover estranhamente na cadeira em que estava sentada. Seus olhos azuis vagueavam do primo para sua namorada com uma expressão completamente perdida estampada no rosto.

Levantando-se, ela pegou sua bolsa, mantendo os olhos fixos em Elena que lembrou no mesmo instante que a loira queria conversar com ela.

– Damon, se importa se eu pegar sua namorada emprestada?

Damon a olhou confuso. Caroline não havia contado sobre o que queria falar com Elena, pois ele já tinha problemas demais e acumular mais um seria causar mais um tornado sem necessidade.

– Vai demorar muito? - Damon alteou uma sobrancelha, mantendo uma expressão de falsa seriedade.

– Prometo que devolvo ela em dez minutos, intacta.

Ele sorriu na direção de Elena que retribuiu o gesto. Automaticamente, ela colocou-se de pé, caminhando ao lado de Caroline, sentindo a tensão do momento tomar conta de seus ombros.

– Acho bom mesmo. Sou ciumento e faz muitas horas que não fico com a minha namorada. - Damon brincou, dando um riso cansado. Parou no mesmo instante ao sentir uma súbita falta de ar, movendo-se lentamente na cama como se tentasse disfarçar seu mal estar.

– Elena gosta dos Salvatore, mas eu acredito que ela prefira o Salvatore e não a Salvatore.

Caroline lhe dera um beijo na bochecha, dizendo, logo em seguida:

– Nos vemos em breve.

– Tudo bem. Só espero que você não me esqueça.

Elena sentiu o tom de melancolia na voz do namorado bater no fundo de sua alma. Engoliu em seco, preferindo olhar para o teto para não denunciar seus olhos lacrimejantes que pareciam automáticos em querer derramar lágrimas.

– Não irei te esquecer de você e sabe disso. - Caroline sorriu carinhosamente, bagunçando os cabelos de Damon.

Sem demora, ela cruzou a porta com Elena nos calcanhares. A morena não se surpreendeu nem um pouco ao ver Tyler parado do lado de fora.

– Bem... O que vocês têm a me dizer?

Elena não queria suspense. Já estava farta de momentos como aquele onde o silêncio durava mais, começando uma espécie de tortura psicológica para que as palavras certas soassem menos desagradáveis. Mas, da mesma forma, notícias ruins, mesmo amenizadas, continuavam a ser como punhaladas contra o peito e quanto mais adiadas, mais doloridas elas eram.

– É sobre os pais de Damon. - Tyler colocou as mãos dentro do jaleco.

Elena olhou de um para o outro, esperando que eles continuassem.

– Eles se recusam a visitá-lo por problemas que eu não sei. Acho que foi por causa de uma discussão e de acordo com a minha tia, Damon abriu mão da ajuda deles por causa de você, Elena.

O estômago da morena dera um salto. Jamais imaginaria que a falta de senso para cuidar do próprio filho fosse gerado por sua causa. Isso soava um tanto quanto absurdo, mas vindo do Sr. e da Sra. Salvatore, não era de se esperar algo pior - ou melhor.

– Por minha causa? - Elena apontou para si mesma, ainda surpresa.

– Sim! Damon preferiu você a eles. - continuou Caroline, calmamente. Ela não parecia incisiva e nem tranquila. Ela estava impassível, como se não quisesse se envolver de maneira literal no problema. - E isso funcionou de desculpa para que minha tia fizesse a cabeça do meu tio e negasse ajuda hospitalar ao meu primo.

– Damon tem pagado o tratamento do bolso dele. Ele não admite, mas acredito que essa poupança esteja no limite. O tratamento é caríssimo e, por mais que ele tivesse milhões, todo esse dinheiro se esgotaria no máximo em três meses.

– Isso quer dizer que a internação de Damon está por um fio? - perguntou Elena, sentindo suas costas doerem de tanto que havia contraído seus músculos com a informação.

– Exatamente. - concluiu Tyler, dando um suspiro. - Eu não sei quanto mais ele investiu nesses últimos dias, mas ele está fazendo tudo o que pode para não precisar dos pais e muito menos abrir o jogo com você.

– Damon e sua famosa necessidade de esconder as coisas de mim. - afirmou Elena, olhando para o teto. Estava irritada e exausta. Parecia que a cada dia seria presenteada com alguma bomba que a arrastava para mais fundo do poço.

– Não critique dessa maneira, Elena. - interveio Caroline, com firmeza. - Damon sempre foi assim antes de namorar com você. Sempre foi autossuficiente mesmo tendo meus tios dando-lhe tudo do bom e do melhor. Se ele não quer que você saiba é porque não quer te preocupar. Eu sei que você vem visitá-lo todos os dias e isso para ele é o suficiente. Envolvê-la em outros assuntos, vai te deixar mais desgastada e ele sabe disso. Não vamos começar com atitudes egoístas, pois não é você que está a ponto de voltar para casa para viver como um moribundo.

A vontade que Elena sentiu naquele momento era estapear Caroline até que saísse sangue. Seus punhos haviam se fechado de maneira automática e seus dentes trincaram, fazendo-os ranger de ódio. Tyler apoiou a mão em seu ombro para tentar tranquilizá-la, mas ela a afastou com ignorância.

– Damon não vai para casa ficar que nem um moribundo, porque eu não vou permitir que isso aconteça. E, ao contrário do que você pensa, eu estou muito longe de ser a egoísta da história, pois não estou usando desculpas infundadas para não ajudar o próprio parente da família. A sua família é responsável pelo estresse desnecessário dele e, eu tenho que concordar, ele é autosuficiente. Não venha esfregar na minha cara que ele não recebe ajuda por minha causa. Quem passa mais de 24 horas dentro desse hospital sou eu e não você. - Elena respirou, com os dentes juntos, falando firme, com os olhos estreitos. – Você venho me dar um aviso idiota que ninguém é estúpido para notar, já que seustitiosnão fazem nada a não ser desligar o telefone quando eu quero conversar sobre o estado do filho deles.

A voz de Elena saiu esganiçada atraindo a atenção de quem estava ao redor. Caroline mordeu o lábio inferior, encarando a garota que estava ameaçadoramente possuída por um ódio oprimido que chegou a assustar Tyler que estava duro e sem piscar ao seu lado.

– Agora me diga... - continuou Elena. Percebendo que Caroline não iria revidar o que ela acabara de dizer. -... Qual é o objetivo dessa conversa além de tentar avisar de uma maneira sutil que Damon poderá ficar mais doente se não continuar com o tratamento aqui?

Pela primeira vez, Caroline encarou Tyler como se pedisse ajuda. Não iria enfrentar Elena, pois no fundo sabia que ela tinha certa razão no que acabara de dizer.

– Eu pensei que você não tinha tentado falar com meus tios, pois essa seria a ideia. Talvez você seja a única que poderá reverter isso.

– Stefan e Lexi estão tentando juntar algum dinheiro e procurando ajuda em outros lugares. Jeremy e Bonnie parecem que vão atrás de alguma ONG ou coisa parecia.

– E eu sou a pessoa chave que tem que falar pela milésima vez com o casal– desgraçado- e-mesquinho-Salvatore?

– Sim.

Elena colocou as mãos em cada bolso do casaco, pensativa. Aquela situação estava muito mais complicada do que antes e, pela gravidade, os resultados deveriam ser os mais rápidos antes que seu namorado fosse chutado do hospital.

– Eu posso tentar fazer outra coisa, mas não irei falar com seus tios, Caroline. - Elena tentou acalmar a voz, mas ainda estava mal humorada com a suposição anterior da prima de Damon. Mesmo ela sendo sua amiga tinha vontade de estapeá-la por falar asneiras. - Eu tentei falar com eles diversas vezes, sempre desligaram e não vai ser agora que vou ir contra tudo o que eu prometi para mim mesma por causa deles. Eu posso procurar outra maneira de ajudá-lo, mas essa não vai ser minha solução.

– E como você pretende fazer isso? - perguntou Caroline, curiosa.

Elena até sabia o que poderia fazer, mas era algo impróprio de se pensar e até mesmo de fazer. Mas ajuda era necessária nem que fosse por um período de trinta dias.

– Eu darei um jeito e, não se preocupe você ficará sabendo.

– Elena, eu acho...

– Tyler, você está administrando os cuidados de April e companhia. Deixa que dessa parte eu cuido sozinha.

Tyler meneou a cabeça positivamente não deixando de notar o tom como ela havia pronunciado o nome de April. Preferiu não contrariar à amiga que, depois daquela discussão, havia ficado pálida como se estivesse prestes a vomitar no meio do corredor.

– Eu vou falar com Damon agora. Precisam falar comigo sobre mais alguma coisa?

– Não! - respondeu Caroline, prontamente. - Desculpe ter sido grosseira com você.

– Tudo bem. A situação de Damon deixa qualquer pessoa que se importa meio maluca.

– Tenho que concordar.

Elena dera um meio sorriso contra sua vontade e voltou para o quarto de Damon sem dizer uma palavra de despedida. Quando abriu a porta, a primeira coisa que fez foi correr direto para o banheiro, onde sentiu seu estômago sair pela boca.

– Elena, você está bem?

Ela escutou a voz de Damon por de trás da porta. Ouviu também o que parecia ser a tentativa dele de se levantar. Apressou-se a dar descarga e lavar o rosto com água gelada. Sentia-se horrível e vomitar não ajudou em nada o pouco de humor que ainda lhe restava.

– Estou sim. - respondeu ela, voltando para o quarto. Deparou-se com Damon sentado, meio curvado, na cama. - Deite-se!

Damon deitou-se, encarando Elena com a testa enrugada.

– Você está exausta, Elena. Acho melhor você ir para casa.

– Eu ia te dizer isso agora. - ela fez uma pausa, sentindo a garganta amargar. - Ia perguntar se você não se importa se eu não ficar muito tempo hoje.

– Não seja boba. É claro que não. - Damon esticou uma de suas mãos, fazendo Elena segurá-la. - Você está cansada e isso está evidente. Anda se alimentando direito?

– Conforme o possível.

– Conforme o possível não é uma boa resposta.

– Eu tomo café e almoço. Não se preocupe. Não estou passando fome.

Ela lhe deu um beijo no canto dos lábios, acariciando seu rosto brevemente.

– Eu quero que se cuide, Elena. Falo sério.

– Não se preocupe, Dam. Eu estou bem. Só estou cansada e preciso dormir.

– Concordo totalmente. - Damon meneou a cabeça positivamente, afagando os cabelos da namorada.

– Como foi seu dia?

– Tenso. Como eles sempre são.

Elena dera um suspiro. Não gostava de ver Damon daquela maneira, ainda mais por ter se acostumado a sua presença energética desde a época que estudavam juntos. Era estranho repassar os dias que passaram juntos e tentar recordar em qual momento ele havia ficado doente daquela maneira.

Ele estava mais magro e mais pálido. Seus cabelos estavam mais fracos e opacos, deixando-o com uma expressão mais velha, deixando nítido o único objeto que o identificava com o garoto e homem que ele ainda era só que se perderam no meio de tantos medicamentos, tratamentos e noites sem dormir.

– Entendo. - Elena nunca sabia o que dizer sobre aquilo já que Damon sempre era muito vago. Ele não contava sobre o que acontecia dentro do hospital e, só de mencionar, era fácil notar uma ponta de amargura beirar em seus olhos.

– Vá para casa. - pediu Damon beijando as costas de sua mão. - Amanhã vou ter mais uma bateria de exames. Quero estar bem para o casamento de Bonnie.

– Você vai estar. - Elena sorriu, dando uma piscadela.

Ela levantou-se ainda com a mão segura pela de Damon. Não queria ir embora, pois sempre deixava o hospital por volta da meia-noite, mas a necessidade repentina de tentar colocar o plano de ajuda a Damon nesse dia era maior do que sua vontade de ficar.

– Amanhã eu chego mais cedo, ok?

– Já disse para não se preocupar com isso, afinal, você atrapalha minha concentração.

Elena riu, lhe dando um beijo na testa.

– Beijo na testa é maldade.

– Dam. Eu acabei de colocar meu almoço para fora. Você não vai querer me beijar.

Damon riu, puxando-a com o pouco de força que tinha.

– Eu não ligo de sentir o seu hálito nojento.

Ela riu, selando seus lábios nos dele. Ao finalizarem o beijo, ficaram se olhando em silêncio, sabendo perfeitamente que aquele momento sempre era o pior de cada dia em que ficavam juntos e tinham que se separar.

– Eu te amo! - sussurrou ela, acariciando seus cabelos.

– Eu também te amo, bobinha. - ele lhe dera um beijo na ponta do nariz, fazendo-a sorrir. - Até amanhã!

– Até!

Ela saiu do quarto, sentindo o peito apertar e agradeceu por não encontrar Tyler no meio do caminho. Dirigiu-se até a escadaria, voltando até o térreo, caminhando até a saída com passos rápidos. Ao atravessar a grande porta, sentiu o vento cortante ir de encontro com sua face, enquanto tentava procurar seu carro na escuridão.

Enquanto procurava, Elena caçava o celular dentro da bolsa. Suas mãos tremiam e ela não sabia se era de frio ou de irritação. Quando finalmente estava segura dentro do carro, revirou a bolsa no banco traseiro, encontrando o objeto no meio de sua bagunça particular.

O número de telefone dele era o primeiro. Lembrou-se do dia ridículo que havia errado a ligação e descoberto que Josh era quem estava do outro lado da linha. Quando ouvira sua voz rouca do outro lado da linha, Elena nunca imaginou que voltaria a pensar que se sentiria confortável e mais calma em saber que ele estava ali mesmo que a quilômetros de distância.

– Josh é a Elena.

Ele silenciou por alguns segundos, achando que fosse algum trote.

– Sério?

– Não seja idiota. Eu preciso falar com você.

– Certo! Pela rispidez é a Elena mesmo.

Elena não estava com humor para piadas e tentou se controlar para não ser grosseira.

– Me passe seu endereço. Não quero conversar em lugar público.

Josh quase caiu do sofá ao ouvir aquilo. Mesmo que Elena não estivesse intencionada a visitá-lo para dizer que ele era melhor do que Damon, ele sabia que poderia ainda ser seu amigo, mesmo que ela gostasse muito do garoto que sempre fora seu rival.

– Anote aí.

O endereço foi anotado de maneira rápida por Elena que quase não conseguiu entender sua letra. Sem demora, partiu em direção a casa do rapaz, agradecendo imensamente por não ter enfrentado trânsito.

Ao chegar em um dos bairros nobres de NY, a morena estacionou no meio fio, observando por alguns segundos a casa em que Josh agora morava sozinho. Não era distante da sua casa antiga e, honestamente, ela agradeceu por ele não morar mais por lá, já que sua mãe a adorava.

Quando saiu do carro, ela andou o mais depressa que pôde para fugir do frio. Tocou a campainha e não se surpreendeu ao dar de cara com um Josh prontamente disponível a atendê-la.

– Chegou rápido.

– Eu não vou tomar muito seu tempo.

– Por que está falando assim?

– Porque o que eu tenho para conversar com você vai muito longe do que você imagina.

Josh lhe dera espaço para entrar e fechou a porta assim que estavam seguros dentro da casa. Uma grande lareira estava acessa no centro da sala, fazendo Elena agradecer intimamente por aquele calor que diminuiu o tremor em suas pernas.

– O que você tem a me dizer de tão urgente assim?

Elena virou-se na direção dele. Ele parecia preocupado e ela não conseguia esconder o quanto estava preocupada. Uma vontade sufocante de chorar tomou conta de seu ser mais uma vez, mas ela fez um grande esforço, engolindo seco, sentindo seu estômago embrulhar mais uma vez.

– Josh, eu sei que não tenho o direito de te pedir isso, mas eu preciso da sua ajuda e eu prometo que vou te pagar o mais rápido possível.

– Epa! Vamos com calma. Pagar o quê?

Ela respirou fundo, voltando a fitar o rapaz.

– Damon está doente. Muito doente.

Josh queria ignorar que o assunto fosse com relação a Damon, mas pela expressão de Elena o problema do rapaz parecia ser muito mais preocupante do que uma gripe.

– O que ele tem?

– Isso... Isso não vem ao caso agora.

– Claro que vem ao caso. - Josh indagou, cruzando os braços. - Se você quer me ajuda, é óbvio que eu preciso saber do problema.

– Josh...

– Se quiser, pode falar de maneira resumida.

Elena silenciou por alguns segundos. Não queria que Josh soubesse de tudo o que estava acontecendo, mas notara que não tinha como resumir a situação na qual Damon estava afundado.

– Ele está com uma doença grave que, se não tiver o tratamento certo, poderá causar a sua morte.

Josh boquiabriu-se. Uma reação normal de quem não acreditava que Damon Salvatore podia ter uma doença que acabasse com sua vida.

– Por favor, não faça suas piadas.

– Não irei fazer piadas. - defendeu-se Josh, ainda abobalhado. A última pessoa que ele imaginaria ter uma doença fatal era Damon Salvatore. - Vai me contar qual é a doença?

– Não!

Ele meneou a cabeça positivamente, sentando-se no sofá, observando Elena.

– Qual é a ajuda que você precisa?

– Dinheiro!

– Quanto?

– O que você puder oferecer.

Era incrível como eles conseguiam ser diretos um com o outro mesmo depois de terem passado muito tempo juntos. Uma frase para eles, sempre significava a resposta de um problema ou uma solução como um todo. Elena e Josh nunca precisaram de longas frases para explicar o que sentiam ou precisavam. Duas sentenças, às vezes, funcionava melhor do que frases bem elaboradas.

– Elena, você sabe que eu não suporto o Damon...

– Sim ou não, Josh. - Elena o encarou de maneira incisiva. - Eu não estou aqui para debater se você gosta ou não do Damon. Eu vim aqui porque preciso da sua ajuda e, por incrível que pareça você é a única pessoa que talvez possa me ajudar agora.

Ele levantou-se e caminhou até ela. Apoiou cada uma de suas mãos em seus ombros, encarando-a.

– Quanto tempo ele está desse jeito?

– Quase dois meses.

– Olhando para você, parece que foi um semestre inteiro.

Ela ergueu o olhar cansado até os olhos castanhos de Josh. Não fazia ideia do quanto se sentia pequena perto dele.

– Eu também me sinto dessa forma. - respondeu ela, roucamente.

– Eu vou te ajudar. Não se preocupe.

– Josh, se você não quiser...

– Eu não vou fazer isso por ele e você sabe disso. - explicou Josh com veemência. - Vou fazer isso por você.

Ela engoliu em seco mais uma vez sem ter o que dizer.

– Eu não gosto de vê-la dessa maneira, mas irei respeitar já que não é culpa sua Damon estar doente. E nem dele, claro. - continuou Josh, ainda com as mãos pendendo sobre os ombros da morena.

– Só por esse mês. Eu prometo te pagar, Josh.

– Não se preocupe. Fale-me uma quantia que eu irei checar com meu pai e te envio o cheque.

Para Josh tudo parecia que era fácil. Seus pais o adoravam por ser filho único e não mediam esforços em ajudá-lo quando ele precisava. Mas era evidente de que ele não deixaria de mencionar seu nome no problema o que provavelmente facilitaria o preenchimento do cheque a favor de Damon.

– Eu não sei como agradecer.

– Tem sim.

Elena o encarou confusa.

– Você precisa dormir. Dessa maneira, eu vou aceitar seu agradecimento.

– Até eu iria agradecer por isso agora.

– Vá para casa, tome um banho quente e durma. - Josh livrou os ombros de Elena de suas mãos. - Amanhã irei falar com meu pai e, se você não achar ruim, podemos marcar um almoço.

– Não, não tem problema.

O cérebro de Elena parecia pesado demais para pensar. Em qualquer outra hipótese teria recusado o convite, mas não poderia fazer isso ainda mais depois de Josh ter concordado em ajudá-la até ela pensar em outra maneira de bancar o tratamento de Damon sem contar com a ajuda de seus pais.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Xoxo