Always At Your Side escrita por Ágatha Geum


Capítulo 32
Friends


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...
BJgilbert... Aquelas surpresinhas que te falei está para acontecer... Talvez eu poste o casamento da Bonnie ainda essa semana... vou ver... Mas me diga... O que vocês querem para o casamento de Bonnie?
Obrigada pelos comentários amores...
Posto mais ainda hoje...



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Já não era surpresa o fato de April sair enlouquecida de casa para visitar Damon como sempre fazia. Seus cabelos longos e ruivos, esvoaçavam contra o vento quando partira até o meio fio a fim de se aquecer dentro do seu carro, pois o frio londrino estava pior do que ela imaginava.

Quando cruzou a porta, dera uma olhada ao redor. A neve tomava conta da calçada, assim como das árvores. Alguns carros cruzavam a estreita rua extremamente cuidadosos com a pista que estava escorregadia. Era estranho observar o pedaço de mundo que vivia sem questionar como havia entrado nele.

Um alerta do jornal avisou que uma nevasca estaria a caminho. Muitas lojas não abriram naquele dia e muitos que se arriscaram a sair para trabalhar, corriam para chegar logo em casa. Mas, nem com isso ela parecia preocupada. Não mudaria seus planos só por causa de um excesso de neve.

Calmamente, caminhou até seu carro que já era uma velharia. Sabia que ele estava fora de moda, mas não se importava, bastando apenas que ele funcionasse.

Ao contrário de suas amigas, não era muito ligada a coisas materiais. Bonnie e Katherine sempre adoraram marcas enquanto ela sempre se ajustava conforme fosse cabível. Elena, no entanto, era a que mais se parecia com ela, pois também não se importava em sair na chuva e molhar o cabelo ou ter que andar de metrô lotado com gente mal vestida.

A amizade entre elas não era mais a mesma e April não conseguia sentir tanta culpa por isso. Sabia que, se Elena descobrisse que estava visitando seu namorado, a briga seria enorme. A morena sempre fora do tipo ciumenta, mas controlada. Se as duas cruzassem o corredor do hospital ao mesmo tempo, já era fácil imaginar que a batalha seria um pouco mais forte, pois seu relacionamento breve com Damon foi além de um abraço e um beijo.

Era complicado tentar corrigir algo que não achava que foi errado. Quando ficara com o rapaz, Elena estava com Josh e não entendia o motivo delas terem se afastado tão bruscamente por causa de um colegial-chato-e-birrento que a morena desprezava na época. Sempre havia desconfiado algumas vezes que a amiga alimentava algum sentimento por ele, mas nada poderia ter feito, pois o sentimento nunca fora explícito. Se a morena tinha raiva dela, o máximo que ela poderia fazer era aceitar e não procurar motivos para que tudo piorasse.

O problema é que, depois que Stefan havia lhe contado sobre a saúde de Damon, percebeu que não poderia deixar de dar o seu apoio. Sempre o visitava no período da tarde, pois sabia que Elena estaria trabalhando nesse horário, assim como Bonnie, Jeremy ou qualquer um que pertencesse ao mesmo círculo de amizades. Era o único período que poderia fazer companhia ao rapaz que permanecia solitário dentro daquele hospital como se fosse um "ninguém".

A única pessoa que de fato sabia era Tyler, pois ele trabalhava no hospital e ela esperava que ele não contasse nada sobre o que via. Mas, era um risco que April estava correndo e, se a amiga descobrisse com certeza ela jamais olharia em sua face novamente. Era uma atitude estúpida não contar sobre suas visitas, mas ela não se sentia confortável para dividir a necessidade de estar perto de Damon sem interrupções.

Poderia ser chamada de traidora ou qualquer outra coisa do gênero, mas ela não se importava. April jamais se importou com o que diziam sobre sua pessoa e sempre fizera o que te dava vontade. Dividir uma cama com Damon era uma raridade, pois sabia que nunca conseguiria uma oportunidade como aquela. E, não poderia negar, qualquer garota daquela época confirmaria isso, pois com toda certeza também iriam querer terminar o último ano da escola nos braços de um dos garotos mais cobiçados.

Às vezes, se sentia egoísta toda vez que deixava o hospital, mas jamais culpada. Se brigasse com Elena, faria uso dos melhores argumentos que tinha. Ela nunca foi sua amiga mais próxima, já que Katherine sempre ocupara esse papel, mas não poderia fechar os olhos e dizer que a garota nunca fora uma boa amiga também. Elena sempre foi companheira e honesta e, talvez, fossem suas qualidades que a machucavam, mas April jamais teria posição para querer debater isso diretamente com ela.

Desanuviando a mente, ela sentiu o vento cortante fazer suas pernas tremerem e soltou um suspiro. Tinha a sensação de que aquele dia seria o mais longo de sua vida e sentiu um súbito cansaço só de tentar imaginar o que estaria por vir.

Suas mãos tremiam quando pegou a chave do carro. Quando destravou as portas, viu sua atenção ser atraída por um barulho de moto que conhecia muito bem.

Não se surpreendeu ao ver Stefan estacionar a moto na calçada, pouco se importando com a neve que inundou os pneus do seu objeto de estimação.

– Pelo visto, cabulou trabalho.

April aguardou ele tirar o capacete com um grande sorriso nos lábios. Calmamente, ele afastou os cabelos meio compridos do rosto e desceu da moto, abraçando-a logo em seguida. Sentiu-se aquecida e ficou agradecida por tremer menos quando ele se afastou.

– Vou entrar mais tarde hoje. - explicou, dando um largo sorriso. Stefan realmente estava se dedicando ao trabalho e, de acordo com seu tio, era a oportunidade mestra que o fez tomar um pouco mais de juízo. - Aproveitei a oportunidade para te fazer uma visitinha.

– Me sinto honrada por isso - ela sorriu, afastando o cabelo dos ombros. Não estava a fim de conversa, pois ficaria menos tempo conversando com Damon.

– Pelo visto, você não me parece empolgada para conversar. - Stefan alteou uma sobrancelha, desconfiado. Depois desses meses na companhia de Lexi, não teve muito tempo com sua amiga ruiva. Mais ele já sabia reconhecer quando ela estava mentindo, escondendo alguma coisa ou quando estava loucamente feliz. O mesmo acontecia quando estava perto de Damon ou Tyler. Era difícil alguém esconder dele o que estava acontecendo.

– Eu estou meio apressada, Stefan.

– Deixa eu imaginar o motivo dessa sua pressa...

Ele fizera uma pausa com o dedo indicador próximo do queixo. Sabia muito bem ser cínico quando lhe convinha.

– Você vai visitar Damon sem a sua amiga Gilbert saber. Errei ou cheguei perto?

Stefan havia passado os últimos dias infernizando-a com relação as visitas secretas. A última pessoa que ela queria discutir era com ele, pois aparentemente era seu único contato em NY, ale de Lexi e ela gostava disso. Passar mais tempo com ele, a fez perceber que não conseguia desenvolver amizade com pessoas do mesmo sexo.

– Stefan, eu não quero falar sobre isso.

– April, você sabe que eu te apoio, mas eu acho que você deveria contar para a Elena. Você sabe que ela é esquentada e que não leva desaforo para casa. O que custa você ser honesta já que tem essa chance?

– Eu não estou mentindo para ela, apenas estou omitindo o que eu estou fazendo justamente para evitar que brigas aconteçam.

– E você realmente acredita que ela não deve estar sabendo?

April contraiu os lábios.

– Eu pedi para que Damon guardasse segredo.

– Tudo bem, mas Tyler existe e ele é puxa-saco da Gilbert. Acha mesmo que ele não contaria?

– Se ela sabe, já deveria ter aparecido na porta do meu apartamento para me dizer um monte de asneiras.

Stefan dera um passo para trás. Ficou surpreso com a aspereza que a voz de April havia tomado.

– Você realmente se importa com Damon ou é só uma jogadinha para ficar perto dele?

Ela riu desgostosa.

– Depois do que houve entre Elena e eu, não estou disposta a enfrentar outra briga com ela. Afinal, ela sempre foi à perfeitinha e eu a vadiazinha.

– April, você não deveria pensar desse jeito.

– Stefan, honestamente, se você fosse assumir um relacionamento sério com alguém, com quem seria? Comigo ou com a Elena?

Stefan não conseguia entender o comportamento de April. Rebobinando os últimos acontecimentos das semanas atrás, realmente percebera que o comportamento da ruiva havia mudado desde que Damon assumira sua internação. Ela estava mais seca e mais irônica, muito longe de ser a April com quem gostava de passar o tempo.

– Isso não é pergunta que se faça para mim, April. - Stefan tentou mudar o assunto da conversa, mas ela estava firme. Seus lábios estavam brancos e rígidos, combinando com sua expressão totalmente séria.

– E por que não? - ela indagou, sorrindo cinicamente.

– Eu não sou uma pessoa que escolho com qual tipo de garotas eu quero ficar. Eu simplesmente vou lá e fico.

Ela revirou os olhos impaciente.

– Pelo menos uma vez na sua vida tenha o poder de decisão. Não estou dizendo que você casará comigo ou com a Elena. Apenas se imagine sozinho no mundo e me diga quem você escolheria.

– Eu não vou responder.

– E por que não? - repetiu ela mais uma vez, incrédula. Seus olhos se estreitaram deixando mais clara sua impaciência.

Ele silenciou, fazendo-a alisar a testa.

– A resposta já é clara.

– April, não coloque palavras na minha boca.

– E precisa colocar? A resposta já está na sua cara, Stefan.

Quando ela fez menção de entrar no carro, Stefan a segurou pelo braço com um pouco de força, fazendo-a revidar com um tapa que não adiantou em nada.

– Por que essa obsessão pelo Damon e pela Elena agora?

Suas pálpebras pareciam que iam pegar fogo. Estava nervosa, praticamente querendo matar o primeiro que surgisse em sua frente.

– Não é obsessão, Stefan. - negou ela, puxando o braço, fazendo-o soltar. - Eu estou preocupada, como todo mundo está.

– Sua preocupação é dedicada demais.

– E o que tem de mais? – April deu de ombros, chocada. - Elena mal tem tempo de ficar com ele, Bonnie não se importa, você está ocupado e Tyler trabalha. Sobrou para mim.

Stefan sabia que ia além de sua responsabilidade April querer visitar Damon. Ele poderia ter cara de sonso, mas não era idiota a ponto de acreditar que suas visitas eram apenas formais.

– Você sabe muito bem que quem passa a maior parte do tempo com ele é a Elena e não você... – disse Stefan e April o olhou furiosa - April, se você ainda gosta dele...

– Eu não gosto dele. - ela respondeu, automaticamente, entre dentes. Abriu a porta do carro e ficou mais nervosa quando Stefan impediu que a mesma se fechasse.

– Eu te conheço, April, e acho melhor você conversar comigo sobre isso. - Stefan segurava a porta com força, fazendo April desistir de puxá-la. - Damon ama Elena e o sentimento é correspondido. Se você quiser bancar a vadia e quiser destruir a felicidade alheia, eu não irei te impedir, mas comigo você não conta mais para nada.

– Ótimo!

Ele soltou a porta e ela a puxou bruscamente. Com um último olhar irado, April partiu rumo ao hospital já convencida de que não teria mais Stefan como melhor amigo.

Elena estava em um pub no outro extremo da cidade aguardando a chegada de Josh completamente ansiosa. O lugar não estava lotado devido à previsão do tempo para aquela tarde, mas ela não parecia nem um pouco interessada com a quantidade de neve que despencaria do céu até o chão nova-iorquino. A preocupação com Damon era maior do que qualquer nevasca e nada disso iria impedir que cuidasse do namorado como vinha fazendo desde que sua doença ficou mais grave.

Josh estava atrasado e isso só piorava o seu estado de ânimo. Não havia dormido durante aqueles dias de espera como havia prometido e Damon não deixou de notar o seu nível de agitação toda vez que entrava no quarto para visitá-lo. Ele até achou que ela estava evitando sua presença, o que era uma besteira pensar já que para ela o melhor lugar que poderia estar era em sua companhia.

Sentindo os músculos ficarem mais tensos conforme a espera ficava mais longa, Elena resolveu pedir mais uma xícara de chá para ver se conseguia se distrair. Arrependeu-se mortalmente por não ter comprado um jornal para tentar ficar concentrada em outras coisas que não se relacionavam com Josh e nem com Damon.

Era incrível como sentia que sua vida estava atada, sem chance de escapatória.

O seu ex-namorado parecia estar realmente preocupado com seu estado. Era claro que ele não daria importância para o fato de Damon estar doente o que lhe garantiu, talvez, um mês de tratamento pago para o namorado. As intenções de Josh nunca mudariam sua visão de que ele estava apenas tentando ganhar pontos para ver se a conseguia de volta.

Josh sempre fora um bom amigo nessas horas. O que mais a preocupava, seria a recusa de Damon ao saber de onde aquele dinheiro tinha surgido. Se conseguisse a quantia que lhe fora ofertado, teria que colocar tudo às claras antes de negociar com o financeiro do hospital o pagamento do mês seguinte.

O sino da porta do pub tocou, avisando que Josh estava no ambiente. Os olhos dos dois se encontraram como se compartilhassem um segredo que mudaria o mundo. Elena percebeu que seu corpo não relaxou com a presença do rapaz que lhe dera um beijo carinhoso na testa com um sorriso acolhedor no rosto.

– Desculpe pelo atraso. Tive problemas no trânsito.

Elena empurrou a xícara de chá, ficando enojada. Não comia direito há dias e, o que conseguia colocar no estômago, em menos de vinte minutos, era jorrado dentro da privada.

– Eu consegui o que você precisa e não se preocupe em pagar de volta.

– Eu jamais aceitaria dinheiro seu sem ter a chance de lhe pagar de volta, Josh. - explicou Elena apoiando as mãos na mesa. Os nós dos seus dedos estavam brancos, como se seu sangue se recusasse a circular por seu corpo.

– Não seja tola, Elena. Meus pais te adoram. Expliquei que você está com alguns problemas e que precisava ajudar seus tios. Nem questionaram e preencheram o cheque na hora.

Ele tirou um envelope do bolso do grande casaco, colocando-o na mesa. Sutilmente, o arrastou, guiando-o na direção de Elena.

– Josh, eu não poderia aceitar isso sabendo que não vou poder te devolver.

– Você quer assinar um contrato para garantir que me pagará de volta? - ele sorriu, fazendo-a retribuir. - Elena, não se preocupe com isso. Se você quiser reembolsar o dinheiro, não irei te impedir porque te conheço, mas não se atenha a isso.

Ela pegou o envelope e se recusou a abri-lo. Não queria saber o valor que estava naquele cheque. Não naquele momento. Tudo parecia errado a sua volta, inclusive a companhia de Josh.

– Tudo bem. - ela guardou o envelope na bolsa, sendo observada atentamente por Josh. - Vou fazer o possível para reembolsar seu pai sem dar uma de louca.

– Não quero que você vire assaltante. Eu seria um cúmplice desse feito.

Ela dera um meio sorriso. Josh puxou a carteira de dentro do bolso, como se checasse a quantidade de dólares que ainda lhe restava.

– Vou comer alguma coisa. Estou faminto. - ele colocou-se de pé, afastando os cabelos dos olhos. - Quer alguma coisa?

– Não. Estou satisfeita.

Claro que era uma mentira, pois seu estômago estava resmungando desde que saíra de casa. Mas, não queria dar vexame caso se descontrolasse e fosse correndo em direção ao banheiro.

Naquele meio tempo, ficou observando Josh. Ele não havia mudado realmente nada, mas continuava com aquela expressão fofa que escondia o seu verdadeiro "eu". Jamais havia presenciado seu lado estressado, mal humorado ou egoísta. Parecia até que ele só conseguia se concentrar em mostrar o que ele tinha de bom para oferecer. Foram raras as brigas que tiveram, mas não queria dizer que não discutiam em determinados momentos. Sempre achou estranha a maneira como havia gostado dele e como haviam se relacionado. Eles sempre se entendiam muito bem, como se fossem almas gêmeas.

Sua amizade até chegava a lembrar de sua relação com Tyler, mas ela sabia que tinha algo de diferente. Josh sabia conquistar uma garota sem muito esforço. Era gentil, honesto e batalhava pelo que queria. E, quando gostava realmente de alguém, fazia de tudo pela pessoa.

Não que Damon não faria isso, mas Elena nunca saberia se isso ocorreria. Com Josh, tudo era mais fácil e mais certo com Damon tudo já era mais agitado e confuso.

Quando ele retornou a mesa, não ficou surpresa quando ele voltou com duas xícaras fumegantes de café e dois pedaços generosos de bolo. O mais espantoso, era que o pedido que ele havia feito para ela, era justamente o seu preferido.

– Você me parece melhor com relação à última vez que nos vimos. - Josh quebrou o silêncio com extrema facilidade. Era como se Elena tivesse voltado a ser a sua companheira de anos atrás.

– Eu tenho dormido mais cedo. - respondeu ela, olhando para o pedaço de bolo. Gentilmente, partiu um pedaço com a colher e levou até a boca. A sensação de sentir seu estômago preenchido era ótima e ela nem fazia ideia da fome que estava sentindo.

– Não tem visitado Damon? - perguntou ele, interessado.

– Tenho sim, mas minha tia não quer que eu fique até muito tarde, por causa da neve na pista. Durante a noite é mais perigoso pegar a estrada. - mentiu ela, naturalmente. Havia esquecido como também era fácil omitir certas coisas de Josh.

– Ela tem razão. - Josh bebericou seu café, sentindo-se aquecido. - Pegar a estrada ultimamente tem sido complicado. Há várias notícias de acidentes o tempo todo. Você viu que hoje está previsto uma nevasca, né!

– Meu chefe liberou a gente por causa disso. Não compensa ficar entulhada na neve quando se poderia estar em casa descansando.

– Então acho melhor nós terminarmos esse café logo, antes que a tempestade comece.

– Eu não vou pegar a estrada. Eu vim de metrô.

Josh pousou a xícara de café, fitando-a.

– Corajosa.

– Totalmente.

Ele a observou em silêncio. Por mais que ela tivesse dito que estava dormindo mais cedo, a aparência desgastada ainda estava ali, impregnada. Se não fosse pelo fato de Damon estar doente, com certeza já teria ido detonar o rapaz para deixar a morena em paz.

– Damon está bem?

Elena não deixou de boaquibrir-se por alguns segundos, surpresa com a pergunta. Pigarreou lentamente e disse:

– Ele está bem. Não irei dizer que ele está mal, pois não acho muito justo. Ele está... Lutando.

– Lutando contra o quê?

– Eu não vou te dizer, Josh.

– Elena, pense comigo: eu estou no mesmo hospital em que ele está internado. Eu só não fui checar o que ele tem por respeito a você. - ele respirou fundo, pegando a colher a fim de comer seu primeiro pedaço de bolo.

– Me espanta você não saber ainda.

– Por isso estou perguntando.

Ela esperou até ele terminar de mastigar para tentar mergulhar na conversa. Não gostava de compartilhar o que vivia com Damon, pois não queria sentir a solidariedade repentina de ninguém. A única pessoa que a entendia era Bonnie, que mantinha pulso firme com relação a sua "nova vida" sem dizer nada que fosse relacionado a eles para outras pessoas.

– Eu te digo, só se você me prometer que não irá contar para ninguém mais.

Josh largou a colher e cruzou as mãos, apoiando-as na mesa.

– Como se seus amigos não soubessem o que ele tem. Para quem mais eu poderia contar?

Ele tinha razão, concordou ela. Empurrando o prato de bolo, ela erguera o olhar, tomando todo o cuidado para não desabar diante dele.

– Damon está com câncer.

Josh permaneceu estática, na mesma posição, como se não respirasse mais. Elena acompanhou o comportamento do rapaz, sentindo o ar lhe faltar.

– Câncer, Elena? Você tem certeza?

A voz dele ecoou baixa, como se ele temesse magoar Elena.

– Absoluta. - ela se moveu desconfortável na cadeira, afastando o guardanapo do seu colo. - Já faz um tempo que ele está assim, mas a doença se agravou e ele está internado desde então.

Josh ergueu as duas sobrancelhas, em um gesto desacreditado, voltando a beber o café. Não tinha o que dizer. "Sinto Muito" ou "tudo vai ficar bem" era o mesmo que perguntar para alguém depois de um velório se "estava tudo ótimo". Ele não tinha o que dizer e nem posicionamento para tomar. Havia perdido o fio da conversa depois do impacto da informação.

– Eu... Eu não fazia ideia. - ele estava sem graça. Desejar o mal de Damon todo dia que acordava só por ele estar com Elena, havia se tornado um pesado sentimento de culpa.

– Ninguém fazia até eu contar. Estou até acostumada com as expressões de choque.

Ela dera um meio sorriso tentando aliviar a situação, mas nada escondia o fato de Damon estar com um problema sério que a destruía por dentro.

– Como você está lidando com isso, Elena? É muita coisa para uma pessoa só.

– Eu nem sei te explicar como estou lidando com isso. - ela dera um sorriso desanimado. Pela primeira vez, parecia aliviar um pouco do peso que estava sob seus ombros e era estranho ter essa sensação justamente com Josh. – Na verdade... Eu acho que o amor que sentimos um pelo outro que nos dá força para aguentar...

– Seus tios sabem? – disse Josh ignorando a “declaração” que Elena fez.

– Em partes sabem sim. Ela acha que Damon tem uma doença digamos... Menos grave... Minha tia anda meio preocupada comigo já que não fico mais em casa como antes. Ela sempre avisa que eu vou acabar sendo internada por estar esgotada.

– Ela tem razão, Elena. - ele fizera uma pausa, afastando a xícara de café de perto de suas mãos. Perdera totalmente a fome. - Você anda cansada e tem uma rotina diária que precisa de sua energia. Eu sei que Damon é importante e tudo mais, mas você precisa pensar na sua saúde também. E não digo para você desistir das visitas ou de ficar no hospital. Você só precisa estar bem para dar assistência a ele.

Josh tinha o dom da oratória, sempre teve. O problema, é que ele estava sendo honesto e era daquilo que Elena precisava. Bonnie não conseguia falar muito sobre o assunto, como se a poupasse do sofrimento, mas com ele, tudo sempre ficava muito claro, sem receios.

– Eu sei disso, Josh, mas você sabe como eu sou.

– Sei sim. - ele a encarou, com firmeza, sentindo que ela se encolhia na cadeira. - Você se preocupa demais com as pessoas e esquece-se de si mesma.

– Eu não vou discutir sobre isso com você.

– Porque sabe que eu tenho razão.

Ela virou o rosto em direção à janela. A neve caía com insistência, embaçando todos os vidros, impedindo a visão da rua nova-iorquina.

– Em partes você tem. E eu não sei como você ainda me conhece.

Ele apoiou uma de suas mãos sobre a dela, sentido-a dar um pulo de susto.

– Você tem que ficar preparada para o que pode vir a acontecer. Câncer é uma doença séria Elena e você é inteligente o bastante para saber que poucos conseguem sobreviver.

Elena fez menção de falar, mas ele a interrompeu:

– E isso não quer dizer que Damon não saia bem dessa, pois eu o conheço. Ele é forte e marrento. Só um burro para não notar isso nele.

– Damon está tentando ser forte agora. Ele está sem apoio familiar.

– E por quê?

– Por minha causa. Por isso te pedi dinheiro emprestado. - ela afirmou, amargurada. Queria chorar, mas se conteve.

– Pera aí! - Josh erguera a mão livre, rindo, desacreditado. - Os pais de Damon não te aceitam, é isso?

Ela meneou a cabeça positivamente.

– Que absurdo. - ele acompanhou o gesto da garota, inconformado. Nunca imaginaria que algum pai ou mãe recusaria a aceitar a presença de Elena Gilbert que sempre foi dedicada com seus assuntos, ainda mais quando se trata de relacionamentos.

– Nem me diga. Estou vivendo nas trevas com meus sogros amados.

Ele riu da ironia, recolhendo sua mão que estava sobre a de Elena.

– Eles são uns idiotas em não notarem que você é ótima. - disse ele com sinceridade. - Vão se arrepender e muito de estarem fazendo isso, ainda mais com o filho deles.

– Eles não o visitam e nem atendem os telefonemas. Que pais são esses?

– No mínimo a mãe deve achar que você é caçadora de fortuna.

– Eu também penso dessa forma.

A pausa foi um pouco mais longa, levando Elena a mordiscar mais um pedaço do bolo. Queria se esconder embaixo da neve se fosse possível e ser esquecida lá. Era a única maneira de poder sentir uma dor diferente da que sentia toda vez que se lembrava do estado do seu namorado.

– Vai dar tudo certo, Elena.

Os olhares se encontraram daquele jeito que ela bem sabia. Josh estaria ali, para lhe dar apoio quando precisasse não importando o que acontecesse. Queria odiá-lo por lhe trazer tamanha segurança.

– Irei acreditar em você.

– É uma grande responsabilidade. - brincou ele, sorrindo de canto.

– Você sempre esteve certo, então, não há como duvidar do que você diz.

– Me sinto lisonjeado agora.

Ela retribuiu o sorriso, dando uma checada no relógio. Era quase meio-dia, com sensação de seis horas da manhã.

– Acho melhor irmos. Preciso ir para o hospital e, com sorte, chegarei em cima da hora.

– Eu preciso ir também. Vou aproveitar para visitar Damon.

– Eu te dou uma carona se você quiser.

– Bem... Se você prometer que vai entrar no hospital a quilômetros de distância de mim, eu até aceito.

Josh levantou-se rindo. Elena acompanhou o gesto colocando as mãos frias dentro de seu casaco.

– Okey... Por motivos de segurança e aparência, entrarei longe de você, combinado?

– Combinado!

Quando saíram, foram surpreendidos pela quantidade de neve indo de encontro aos seus rostos. Estava congelando e poucas pessoas estavam na rua. Parecia que haviam criado um toque de recolher, pois todos estavam evitando até abrir as janelas.

Segura no carro, Elena sentiu o celular vibrar em suas mãos. Ao pegar o objeto, se deparou com uma mensagem de Tyler completamente alarmante. Assim que Josh entrou, percebeu que ela estava diferente, com os olhos arregalados, prontos para derramarem litros de lágrimas.

– Eu sei que a pista está um perigo, mas será que tem como você dirigir o mais rápido que você puder?

– O que aconteceu? - perguntou ele, apreensivo.

– Te conto no caminho.

Fim...

Continua na próxima temporada...

http://fanfiction.com.br/historia/258231/Always_At_Your_Side_-_Season_2/



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Notas finais do capítulo

Também quero matar a April... Digo uma coisa... A safada da April vaio querer atrapalhar o casal e não vai conseguir... Graças a DEUS... A sogra-megera-maldita-nojenta-e-horripilante vai contar com a ajuda de April para separa-los... Mais isso vai demorar... E antes que me ameacem ou enfartem... O casal não vai cair nas garras da fera e Elena não vai acreditar que Damon a trairia.