– Minha querida. Você esta deslumbrante. Você já acabou Ed?

– Sim senhora. Os vestidos já foram depositados no armário. E eu já tenho as medidas dela para fazer os ajustes necessários.

– Muito bem. Então eu a vejo no jantar. Mande a conta por uma das meninas.

– Pois não.

Ed saiu do quarto acompanhada de um dos empregados que carregava suas coisas. Pareceu uma eternidade quando Mary falou:

– Ela é realmente uma garota muito adorável. Pena ter nascido meio humana – ela se sentou na cama – veja bem minha querida, eu estive falando com meu sobrinho e entendo que é realmente necessário que vocês voltem para sua casa, mas é inadmissível que vocês fossem sozinhos... Portanto, um dos amigos leais de Jonh deve acompanhar vocês. Ele já esta providenciando tudo...

Johana sentiu seu coração afundar, mas não havia motivos legítimos para contestar. A não ser que quanto mais pessoas ficassem sabendo, mais difícil seria esconder o fato de que estavam voltando só para ela cuidar das famílias que dependiam dela.

Soltou um suspiro meio frustrada.

–Eu concordo. Seria o mais sensato devido às circunstâncias.

–Eu sabia que veria a razão nisso tudo. Agora, troque-se rapidamente, pois tenho muitas coisas que ensinar até o jantar.

...

Quando por fim o relógio bateu as dezenove horas, pontualmente os convidados chegaram. Então Johana foi chamada para descer e conhece-los.

Ed parecia desconfortável tanto quanto ela. Devido a esse elo ambas permaneceram juntas embora uma outra vez pareceu a Johana que isso desagradasse levemente a Mary.

A família Lucas poderia ser descrita como barulhenta e uma lufada de ar dos bons comportamentos. O Sr.Lucas era um sujeito magro que falava alto e tinha uma gargalhada estrondosa, em contrapartida, a Sra.Lucas era uma figura avermelhada e rechonchuda que discutia com o marido tanto quanto fosse possível.

Johana teria rido se não notasse como as quatro filhas do casal se esforçavam ao máximo em esconder a deselegância dos pais.

Tanto quanto possível a família Reginald era tão elegante quanto rígidos. E ela só pode agradecer pelo casal e seus dois filhos estarem longe o suficiente dela e de Ed na mesa.

Foi tirada de seus devaneios quando Ed sussurrou mais uma vez com qual garfo ela deveria pegar a salada.

Embora Mary tenha se esmerado em colocar tudo de uma vez na cabeça dela, e embora ela fosse uma professora mais paciente do que Johana poderia dar crédito, algumas coisas nunca poderiam ser aprendidas de um dia para o outro. E é por isso que estava grata nesse momento por ter Ed ao seu lado.

–Obrigada – sussurrou de volta

– É mais fácil do que parece...

– Tenho certeza que para alguém que treinou isso por quatrocentos anos deve ser bem fácil mesmo.

Ed sorriu por debaixo do guardanapo.

– Sua pirralha...

–Soube das últimas noticias Jonathan?

Jonhathan abaixou o garfo quando percebeu o rosto sóbrio do Sr.Reginald.

– Ouve um tumulto na Assembleia ontem à noite. Ao que parece uma fonte anônima descobriu o paradeiro de uma herdeira de Meredith.

Johana olhou de canto para Meredith, mas a garota parecia controlada embora pudesse ver sua mão apertando rigidamente o vestido.

– Eu achei que todos haviam sido banidos – comentou

– Aparentemente não. Eles a encontraram vivendo com um nome falso.

– Qual o nome verdadeiro dela Sir? - Ed perguntou

– Me parece que Clarisse. St. Smoug. Ela pertence ao ramo primário.

– Se querem saber a minha opinião acho que é bom que eles a encontrem logo – Sr. Lucas comentou – uma portadora vivendo entre nós livremente? Quem sabe que problemas poderíamos ter... Se vivêssemos como antigamente onde as regras eram obedecidas...

– Eu imagino que as leis sejam muito severas - Mary falou- Pobrezinha, não terá a mínima chance...

– Elas tem que ser severas Lady Mary. Ou senão todos começariam a fazer o que bem entendem. Não. Nós vivemos de ordens rígidas deixadas pelo fundador desse mundo. E elas foram criadas para nos proteger e proteger ao outro lado.

– Bem... Visto desse ângulo...

Ed se levantou

–Se me derem licença...

–Eu acompanho você

Johana a seguiu em direção aos aposentos do fundo da casa, quando Ed parou e de repente começou a tremer.

– Calma – Johana a abraçou

– Foi você? – ela disse de repente se soltando

– Não. Claro que não. Eu não posso nem sair de casa. E ninguém aqui faria isso. Deve ter sido outra coisa...

– Ai deus. Eu não posso nem imaginar o que fazer agora – ela soltou o ar várias vezes – eu preciso que você me empreste alguns mantimentos. Logo eles descobrirão meu nome e que eu estou aqui.

– Eles?

– Os inquisidores. Eles podem facilmente descobrir o paradeiro de quem eles estejam procurando. Foi assim que eles acharam todos os outros.

– Eu não entendo... Como você conseguiu passar despercebida então?

– Ninguém sabia que minha mãe estava grávida. Eles nunca me procuraram... O único meio...

– O que – Johana a apressou quando percebeu que ela não continuaria – que único meio?

– O único meio de descobrirem sobre mim é se acharam meus pais...

– E você não pode estar falando sério...

– Pensa um pouco. Eu consegui viver tranquilamente por quase quatrocentos anos! O mesmo tempo que meus pais estão fugindo. Tempo demais para terem sucesso.

Quando Johana não falou nada ela continuou.

– Bom. Suponho que é um alivio saber que pelo menos eles estão vivos.

– Isso quer dizer também que suas primícias podem estar certas. Eles podem estar matando todos os herdeiros de Meredith.

– Merda – Ed continuou andando em círculos – Isso esta fora de controle. Quatrocentos anos e eles ainda procurando os portadores...

– A questão é o que vamos fazer agora...

– Como assim nós? – Ed gargalhou – Não me leve a mal, mas sua situação é tão ruim quanto a minha. Não sei se estou aceitando a sua ajuda.

– Bom – Johana se levantou de uma das cadeiras – é a única que você esta tendo no momento.

– Estamos perdidas.

– Talvez não. Talvez eu consiga te levar para a outra dimensão... O problema é que você vai ter que confiar em outra pessoa...

– Não. Você percebe o quão ruim está a minha situação- suspirou - Em quem você esta pensando em arrastar?