Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 36
Cap 35




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Se fosse possível ficar sem ar por cinco minutos e ainda continuar vivendo Johana teria sido uma dessas pessoas.

Logo depois Ed tapou a boca com as duas mãos como se tivesse dito algo que não devia, mas Johana foi rápida e se ajoelhou pegando as suas duas mãos firmemente de Ed enquanto a olhava nos olhos.

–Você tem que me contar o que aconteceu. Tudo que fiquei sabendo foram migalhas que as bruxas me contaram.

–Eu.. eu não posso.. Nem sei por que disso isso...

–Certo. Respire. Isso. Calma – Johana tentou manter o controle porque era obvio que uma das duas precisava, quando na verdade o que mais queria era chacoalha-la até que respondesse todas as suas perguntas.

–Por favor não fale pra ninguém.

–Prometo – Johana disse com calma – agora, porque você ficou desse jeito?

–Fomos banidas. Todos nós da família de Meredith.

– E você vive escondida...

–Sim. As pessoas acreditam que eu não tenho poderes – Ed falou mais recuperada – quando tudo aconteceu eu fui entregue a uma amiga antiga da minha mãe. Ela cuidou de mim.

Johana franziu o cenho.

– Quantos anos você tem?

– Muitos anos...

–Se você foi entregue a amiga da sua mãe quando criança... Isso te faz o que? Ter quase quatrocentos anos?

–Xiiiiiu. Fale baixo.

–Tudo bem. Então... Quatrocentos anos. Eu posso conviver com isso...

–Você não parece bem.

–Não, eu estou. É só que... Muita informação para digerir – ela se levantou e foi para cama – Conte-me o que você sabe.

– Eu sei as mesmas coisas que você ouviu. Que Meredith foi cumplice de traição ao ajudar Henrique a fugir...

–Não me parece lógico que ela teria o ajudado e ficado para trás. Nada disso faz sentido...

– Essa é a história contada. Não há maneiras de investigar sem levantar suspeitas.

–Deus... Aqui é tudo tão cheio de segredos – passou a mão pelo cabelo exasperada – quando você disse ser do ramo primário... O que Meredith era sua?

– Uma prima distante por parte de mãe. Eu nem cheguei a conhecê-la. É terrível que tenham condenado a todas nós. Eu nem sei se tenho parentes ainda vivos.

– Eu imagino... Você acha que eles podem... Ter sido mortos?

– Eu não sei o que pensar – ela afundou no chão – as leis são bem rígidas quanto a deixar esse mundo. É bem provável que tenham tomado todas as precauções necessárias para impedir que alguém da família tentasse mais tarde recorrer ou se vingar.

– Você não tem medo que alguém descubra algum dia?

– A minha vida toda eu tive medo – ela sorriu tristemente – eu não sei nem usar meus poderes direito... Vivendo sem chamar atenção, me humilhando... Eu não sei nem porque te contei...

–Sobre isso... – Johana ponderou achando melhor ser honesta – fui eu. Segundo Jonathan eu tenho poderes de manipulação. Não é algo que eu controle. Não fiz por querer. Mas suponho que por causa do treinamento eles devem estar se pronunciando.

–Ó Deus. Isso é vergonhoso- ela escondeu o rosto nas mãos- Eu nunca teria imaginado se você não tivesse falado. Quando você usou isso... Isso em mim. Eu nem percebi. Só parecia que eu podia confiar em você todos os meus segredos. Antes que eu pudesse pensar eu já estava falando. Você já tinha usado isso antes?

– Não sei. Talvez...

As imagens nítidas de momentos anteriores apareceram em sua mente. Ela tinha usado manipulação com Jonh? O quase beijo... Seu coração se afundou um pouco mais. Quer dizer, ela não tinha pensado em beija-lo. Não naquele momento pelo menos.

O mais importante de tudo é que não iria admitir a si mesmo que uma parte dela sentia uma grande atração toda vez que ele estava perto... Que ela se sentia como um planeta sendo puxado por uma força gravitacional maior. Que não podia impedir que seus olhos o acompanhassem ou que sua mente divagasse em torno dele.

Não, não iria admitir. Porque isso tornaria as coisas muito reais. E ela tinha que manter em mente que ele não era confiável, que ele tinha segredos, e que provavelmente seria ela que silenciosamente ficaria magoada com nada.

Mas ainda sim... As coisas que ele a fazia sentir...

Passou a mão pelos lábios. Como seria sentir os dele?

Quer dizer. Ele já a fazia ver estrelas sem beija-la então...

Ed pigarreou e ela percebeu onde estava.

–Desculpe você falou algo?

–Nada tão importante quanto o que você estava pensando...

Johana se levantou tentando tirar imagens da sua cabeça.

– Acho melhor continuarmos a arrumar o vestido antes que Mary pergunte o que estávamos fazendo...

Ed acenou e não disse nada por um momento, focada no vestido.

– Acho que me sinto mais leve depois de te contar – ela disse por fim – é bom ter alguém com quem ser abertamente honesta.

Johana reprimiu um sorriso.

– Você esta querendo me dizer algo?

–Talvez... Você precisa falar a respeito?

Mesmo que ela quisesse ter aquelas conversas femininas que ela sempre invejou, mesmo que toda a sua vida tenha mudado em tão pouco tempo... Johana ainda não confiava em ninguém para falar de seus sentimentos, ou como às vezes se sentia uma marionete nesse novo Mundo.

Então sua resposta foi um não

No entanto, sentindo um comichão de querer agradar, acabou perguntando sobre a vida de Ed.

–Não há muito a dizer. Eu vivo sozinha, trabalho como modista... – ela deu de ombros.

– Parece solitário...

– As vezes. Mas é melhor do que estar presa para sempre... Ou morta.

– A amiga da sua mãe...

– Ela aparece de vez em quando para ver se estou bem – Ed suspirou – eu não podia viver com eles. Haveria perguntas e sabe-se o que lá mais.

– Então eles acham que você é filha de quem?

– De alguém de fora. Alguém sem poderes. Por isso não sou muito bem... Aceita por aqui. Você vai acabar percebendo esse elo gritante.

– Então é por isso que existe a cidade cheia de humanos há alguma distância daqui.

Ed acenou.

– Suponho que estão te ensinando etiquetas? Como esta sendo?

– Cansativo. Há mais regras do que no meu mundo. Às vezes eu tenho medo de confundir os dois.

Ed gargalhou.

– Com o tempo você se acostuma. A pior parte para mim foi aprender a dançar.

Johana suspirou satisfeita. Essa era a primeira vez que ela se sentia que podia verdadeiramente respirar. Sem olhares repreensivos, sem ter que pensar a cada minuto em segundos significados... Apesar de conhecer Ed agora ela tinha esse jeito de trazer coisas boas de dentro dela. Foi por isso que ficou meio chateada quando Mary voltou rapidamente acabando com qualquer começo de amizade que poderia estar surgindo.


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