Ele se levantou, puxando-a com ele para o espelho de corpo inteiro na parede. Ele a colocou de frente para o espelho, e pegou outro de mão, segurando-o atrás de sua cabeça, e inclinando-a para que ela pudesse ver a parte de trás do seu pescoço.

Ela olhou para o seu reflexo, seus olhos arregalados. "O que é isso?", ela perguntou, finalmente.

"Você não sabe?"

"Você não?"

"Não!" ele disse, percebendo depois que a palavra saiu que ele respondeu um pouco rápido demais.

Rose estreitou os olhos para ele. "Doutor?"

"É o meu nome, Rose", ele murmurou. "Você nem sabe o meu nome." Ele suspirou e entregou-lhe o papel psíquico novamente. "Dessa forma, é o meu nome", ele chegou mais perto e girou o papel em suas mãos. "Desse jeito... desse jeito é Logo Mau."

"Lobo Mau..." ela repetiu. Ele olhou para ela bruscamente, escaneando seus olhos. Ela olhou para ele. "Você acha que teria notado isso antes", ela disse, balançando o papel psíquico.

"Não comece. Eu não vi isso escrito por um longo tempo, Rose."

"Quanto tempo?", ela perguntou.

"Muito tempo", ele admitiu, olhando para a parte de trás do pescoço dela novamente. "Dói?"

"Não", ela murmurou, observando seu reflexo cuidadosamente. "Se isso diz Lobo Mau... Isso significa que eu coloquei aí? Como eu fiz em toda parte?"

Ele olhou intrigado. "Honestamente, eu não tenho a menor ideia. Não devemos pensar assim, embora... Se você tivesse feito isso, seria em inglês. Em todos os outros lugares que você escreveu foi em inglês... Exceto", ele pausou, olhando o nada. Ela esperou. "Exceto, talvez, que estava não seja uma mensagem para você..."

Ele estendeu a mão, querendo tocar a marca.

"Parece uma boa dica, não é?"

"É o meu nome", ele disse, quase infantilmente, seu olhar não se deslocando das letras de ouro.

"O meu também", ela sussurrou, sua voz tão baixa que ele mal ouviu. Enquanto seus dedos se aproximavam do seu pescoço, Rose engasgou. "Oh!"

Ele pulou, afastando-se dela. "O quê?"

"Quando eu acordei, depois que cheguei aqui, meu pescoço estava doendo!"

"Claro! Espere. Então? Então o que?"

"Não, ouça. Eu pensava que isso tinha acontecido só porque eu tinha dormido de forma estranha – e se não for isso? E se tudo o que eu fiz...  foi o que fez a marca?"

Ele balançou a cabeça. "Ainda não explica porque – ou como – é o meu nome." Ele estendeu a mão rapidamente e correu os dedos sobre a marca. Ela estava mais quente do que a pele ao redor, e isso fez seus dedos formigarem, como se houvesse algum tipo de carga ali. Rose gemeu. Ele olhou para o seu reflexo no espelho, e viu que os olhos dela tinham fechado.

Ele olhou para a marca. Seu nome. No pescoço dela. Os nomes de ambos. Escrito no que tinha de ser... ele correu para a jaqueta e pegou a chave de fenda sônica, voltando a ficar atrás dela no espelho, e encontrando Rose dando-lhe um sorriso familiar no espelho.

"Desculpe", ele disse, segurando a chave de fenda sônica para que ela pudesse ver.

"Demorou muito", ela disse, diversão dançando em seus olhos. "Eu estava começando a ficar preocupada com você."

"Fique quieta." Ele levantou a chave de fenda sônica para o pescoço dela, fazendo uma verificação rápida e franzindo a testa para o resultado.

"Então?", ela perguntou.

`Você tem outra escolha a fazer´. As palavras vieram espontaneamente a sua mente, envolvendo-o na memória do momento. O Lobo Mau, dizendo-lhe que iria proteger-se dele, se necessário. Proteger Rose. Outra escolha. Ele teve que escolher permitir que ela o salvasse. Que impedisse a regeneração. Isso, pelo menos, tinha sido uma escolha clara. Qual a escolha aqui? Entre Rose e o Lobo Mau?

"Doutor?", ela perguntou, a mão que segurava seu cabelo para fora do pescoço caindo para  lado dela, e o cabelo sendo balançado e volta no lugar, cobrindo a marca. Seus olhos estavam fixos em seu reflexo.

Ele não respondeu, sua mente correndo mais rápido que a luz. Não podia ser entre eles. Eles eram a mesma pessoa, ela disse isso a ele. Uma vez e então outra, ela disse a ele. No Satélite Cinco, quando ele a deixou na Baía do Lobo Mau, quando ela lhe enviou uma mensagem através de Donna. O Ood sabia. Eles olharam para Rose e viram o Loo. Como aquelas coisas de olho mágico. Ver o padrão e a imagem, ao mesmo tempo. Não se pode ver um sem o outro. Não pode ter a imagem sem o padrão.

Qual seria a escolha? Mesma escolha que ele sempre fez. Fácil, realmente. Especialmente agora. Nada mais simples. Mas... e quanto a ela? Ela merecia ter uma escolha.

Ele tinha que dizer alguma coisa. Tinha que oferecer isso a ela. Não importava o quanto doesse para fazê-lo novamente. Ele limpou a garganta, olhando para o seu reflexo "Eu não sou o mesmo que era antes, Rose. Tem sido-"

"Eu sei."

Seus olhos se encontraram no espelho e ele desviou o olhar rapidamente. Concentrando-se na marca na parte de trás do seu pescoço, que ele não podia mais ver.

"Eu não sei se eu posso-"

"Eu sei."

Ele olhou para ela, então, a necessidade de dizer mais. "Você também não é mais a mesma. Jack disse. Você sabe como viver sem mim. É algo que eu nunca cheguei a pensar. Eu senti sua falta. Senti muito, sua falta. E agora você está aqui e eu não sou o mesmo."

"Eu te amo."

Ele olhou para o seu reflexo. Chocado com a simplicidade de sua declaração

Em seguida, ele deu um passo para frente, uma mão descansando contra o quadril dela, segurando-a no lugar quando ela começou a se virar para ele, a outra mão indo escovar o seu cabelo de lado. Em seguida, ele apertou os lábios sobre a marca, abrindo a boca ligeiramente para deixar a língua correr sobre ela. Rose caiu contra ele, que serpenteou o braço em volta da sua cintura, ancorando o corpo dela ao seu.

Ele recuou, permitindo que Rose se virasse e entrasse no círculo dos seus braços. Ele abaixou a cabeça para beijá-la, mas ele recuou ligeiramente, olhando para ele com expectativa.

"Bem?", ela perguntou.

"Bem, o que?" ele replicou, um pouco desapontado.

Ela sorriu para ele. "Você acha que consegue manter sua mente sobre o assunto em questão?", ela perguntou. Ele mudou um pouco sua postura, pressionando-se um pouco mais perto dela. "Por um minuto, pelo menos?"

Ele piscou, momentaneamente embaraçado."É o Vórtice Temporal. Essa coisa do ouro. O coração de uma TARDIS. Desta TARDIS." Ele se afastou dela, virando-se e dando alguns passos para longe. Ele jogou a chave de fenda sônica em sua mesa de cabeceira. "Eu não sei por que e não sei como. É como uma marca permanente, acho" ele disse, virando-se para encará-la novamente, "que você está presa com ela. Desculpe."

"Isso não é tão ruim...", ela disse, encolhendo os ombros.

"Pode ser um assunto pra ser falado em festas..." ele disse, observando-a de perto.

"Pelo menos agora, quando as pessoas perguntarem seu nome, eu poderia mostrar para eles", ela disse. "Claro... eles teriam que aprender a ler o idioma, mas ainda..."

"Não se atreva!" ele disse, dando um sorriso para ela. "Então... não é tão ruim?" Ela balançou a cabeça. "Venha aqui.", ele chamou.

Ela se moveu até estar em pé na frente dele, olhando para seu rosto. Ele colocou suas mãos em cada lado do rosto dela, seus dedos deslizando em seu cabeço, e beijo-a, deslizando a língua em sua boca quando ela suspirou.

Ele se puxou de volta, descansando sua testa contra a dela. "Eu realmente deveria ir...", ele disse, "tentar descobrir algo sobre isso."

Ela levantou uma sobrancelha para ele. "Vá em frente", ela desafiou, sacudindo a cabeça na direção da porta.

De repente, ele a pegou no colo, girando com ela e jogando-a em cima da cama, cobrindo o corpo dela com o seu. "Talvez mais tarde", ele murmurou contra sua garganta.