POV BELLA

Embora  extremamente difícil, desta vez a despedida foi um pouco mais suportável, porque tinha Edward ao meu lado, pronto para me amparar assim que os meus olhos se encheram
de lágrimas já dentro do avião.

Os seus braços à minha volta reconfortavam-me e enchiam o meu coração de amor, ao mesmo tempo que tornavam difícil a tarefa de segurar as lágrimas. Eu não queria fazer um escândalo em publico, tinha medo que Edward se envergonhasse e, para falar a verdade já tinha chorado demasiadas vezes à sua frente para agora querer repetir a dose.

- Desculpa – pedi, afastando-me e tentando recuperar a compostura – Tenho de ser forte, não posso ficar assim cada vez que há despedidas.

Edward suspirou e puxou-me novamente para o calor dos seus braços. Apesar de um primeiro momento de resistência, sentia que esta enfraquecia e virei-me instintivamente para ele, aproveitando o seu abraço.

- Não precisas de ser forte neste momento. – disse e senti-o
encostar o rosto ao meu cabelo – Eu estou aqui.

E com esse pensamento adormeci, deixando as lágrimas para trás e abraçando sonhos com finais felizes.

...

- Bella, amor, acorda – ouvi a voz de anjo ao longe.

Abri os olhos ainda sonolenta e quando olhei pela janela vi as luzes, o movimento, a paisagem de que tanto sentia falta.

- Chegámos – constatei com um sorriso.

- Sim. Pronta?

- Não sei bem.

Edward, que começara a levantar-se, voltou a sentar e olhou para mim.

- O que se passa?

- Tenho receio de como vai ser o encontro com a minha mãe.

- Porquê?

- Edward… eu fugi quando descobri que te amava e as coisas se complicavam e agora volto para casa de braço dado contigo. Renee pode dizer que não se importa, mas lá no fundo há de haver algum tipo de ressentimento. Não é normal que tudo esteja bem quando eu lhe roubei o homem por quem ela era ou é apaixonada.

Parei para respirar e olhei para ele, na esperança que acabasse com estas minhas dúvidas.

- Hey. Ouve-me com atenção, Bella. Aquilo que se passou entre mim e a tua mae já acabou, faz parte da história.  Percebo que isso não te saia facilmente do pensamento mas não tens de te preocupar mais com isso. Eu estou contigo, amo-te mais do que possas imaginar e a tua mãe sabe isso. Ela nunca interfiria na nossa relação. Ama-te demasiado para isso.

Olhei-o indignada.

- Estás a dizer que eu não a amo?

Ele pareceu perdido pela minha pequena explosão.

- O quê?

- Pela tua lógica de ideias, Renee nunca interviria na nossa relação porque me ama demais mas eu interferi na vossa.

- Estás a esquecer-te de um pormenor, pequena.

- Qual?

- Quando o amor é verdadeiro como é o nosso nada o pode deter e isso significa que aquilo que está destinado a ser nosso, mais cedo ou mais tarde acaba por vir ter connosco. A tua mãe sabe isso e tu também o tens de compreender e aceitar ou então vais sempre viver com o peso na consciência.

Ele tinha toda a razão e eu tinha que deixar de me comportar como uma criança, sempre com duvidas e a precisar que Edward me convencesse do nosso amor. A ultima coisa que eu queria que acontecesse era que ele se cansasse de o fazer a todo o tempo.

- Obrigada.

Inclinei-me na sua direcção e beijei-o carinhosamente.

Ouvi um pigarro ao longe e afastei-me, olhando para a hospedeira que me devolveu o olhar, parecendo carrancuda.

- Todos os passageiros já saíram, são os únicos que ainda aqui estão dentro.

Edward levantou-se, agarrando a minha mão e puxando-me com ele.

- Desculpe por isso. Vamos agora mesmo.

Apressamo-nos a sair do avião e quando já tínhamos as nossas bagagens lembrei-me de um pequeno mas importante pormenor.

- Edward? Vem alguém buscar-nos?

- Olha para ali – falou indicando-me a direcção com a cabeça.

Olhei para a direcção que em indicava e vi Alice, que parecia dançar na nossa direcção, como se os seus pés nem tocassem o chão.

- Ah. Ela veio.

Corri na sua direcção e quando estava à distancia certa atirei-me nos seus braços.

- Alice, que bom que vieste.

- Ah Bellinha não podia deixar de o fazer. – Separamo-nos e ela correu o olhar pelo meu corpo – como estás? Emagreceste tanto.

Fiz uma careta com a sua afirmação.

- Mas agora nós vamos tratar dela – Edward assegurou enquanto passava o braço à volta da minha cintura.

- Ah parem de me tratar como seu eu fosse uma criança.

- Ah Bella mas tu és –Alice respondeu divertida. E antes que eu pudesse refilar agarrou-me o braço e começou a puxar-me em direcção à saída – anda lá refilona. Somos todos umas pequenas crianças.

Ri da animação e deixando Edward para trás fomos o resto do caminho a falar sobre tudo aquilo que se passara.

Assim que chegámos ao carro bati com a mão na testa, sobressaltando-me.

- O que foi, Bella? – Edward perguntou quando parou ao meu lado com as malas na mão.

- Esqueci-mede avisar o James que ia voltar. Que estupidez.

Edward e Alice sorriram.

- O que foi?

- Tu esqueceste mas nós não. – Alice disse.

- Olha para ali – completou Edward.

Olhei na direcção que eles me apontaram e vi um James a caminhar sorridente na minha direcção. No momento em que o viu um grande sorriso formou-se nos meus lábios e precipitei-me na sua direcção, atirando-me nos seus braços que me esperavam já abertos.

- James, que saudades. – a minha voz saiu abafada por estar com a cabeça enterrada no seu ombro.

- Não acredito nisso nem um pouco. Nem me ligaste a dizer que ias voltar.

- Ah Desculpa, desculpa, desculpa – implorei enquanto me afastava – foi tanta coisa e tao de repente que me passou completamente.

Ele sorriu, carinhoso.

- Não te preocupes com isso. Como é que estás?

- Maravilhosa, Felicíssima, aterrorizada.

- Percebo todos esses estados por isso quis vir aqui dar-te um beijo antes de ir trabalhar. Queria dar uma forcinha antes de encarares a tua mae pela primeira vez depois de tudo.

Abracei-o mais uma vez.

- Obrigada por tudo James. Fico a dever-te para a vida.

- Tu já me pagaste, Bella. Quando me deste aquela força com a Vitória.

O meu sorriso aumentou ainda mais.

- Como é que vocês estão?

- Não podíamos estar melhor.

- E os vossos pais?

- Por incrível que pareça, quando lhes fomos contar eles apenas riram e perguntaram porque é que tínhamos demorado tanto tempo a ir ter com eles.

Ri aliviada, porque eu realmente receava que os pais deles fossem criar alguma complicação e não queria ver James infeliz.

- Fico tao contento por vocês. Tens de me apresenta-la. Estou ansiosa por conhecê-la.

-Sabes que ela me disse o mesmo ontem quando lhe contei que ias voltar?

- É? Então temos de combinar uma saída.

-Sem duvida – ele olhou para o relógio – escuta Bella, tenho mesmo de ir embora. Entro em serviço em pouco tempo.

- Claro, muito obrigada por teres vindo aqui.

- Estou aqui para isso.

James beijou-me a testa, acenou para Alice e Edward e voltou para o lado que tinha vido. Depois de o ver a afastar voltei para o pé do carro  e quando lá cheguei abracei Edward
pela cintura.

- Está tudo a endireitar-se – comentei feliz.

- Então? – Edward perguntou depois de me beijar levemente.

- O James está tao feliz com a Vitória.

- Sim, ele contou-me – olhei-o admirada – Quando percebi como era a vossa relação e que os meus ciúmes em relação a ele eram infundados fui ter com ele e pedi desculpa pelo meu comportamento. Depois ele contou-me a sua história meio louca.

- Sim, é louca mesmo. Mas pelo menos tudo se resolveu.

- Oiçam eu estou a adorar ver-vos assim mas podemos ir? Eu
ainda tenho aulas hoje.

Afastei-me de Edward e entrei na parte de trás do carro,
puxando Alice comigo. Tanto ela como James tinham tirado um pouco do seu dia
para me dar força e isso realmente emocionava-me.

…

Quando chegámos à porta do meu prédio as minhas mãos suavam
frio.

Olhei para Edward que tirava tranquilamente as minhas malas
do carro. Assim que terminou voltou-se para mim.

- Queres ir sozinha ou preferes que vá contigo?

Apesar de saber que iria ser estranho demais estar com
Edward e Renee na mesma sala nem num milhão de anos eu lhe diria que não o
queria comigo. Porque eu queria, para sempre e a cada momento do dia.

- Vais comigo, claro.

Edward sorriu, passou as malas para uma só mão e esticou-me
a outra.

- Vamos lá. A tua mãe está ansiosa para ver-te.

Respirei fundo e peguei a sua mão.

-  Vamos.

A subida de elevador foi rápida e quando percebi estava à
porta de casa. Toquei à campainha e enquanto esperava senti o coração a bater mais
forte.

A porta abriu e por trás dela sorriu uma Renee com um
sorriso enorme que me puxou imediatamente para os seus braços.

- Minha querida, filha. Estás em casa.

- Olá mãe. – saudei, apertando os braços à sua volta.

- Que saudades, querida.

- Eu também mãe. É optimo regressar.

Quando nos separamos ela voltou-se para Edward.

- Obrigada por a trazeres de volta, Edward.

Olhei para Edward que tinha um sorriso lindo nos lábios.

- Não precisas de agradecer. Beneficio tanto disso quanto
tu.

Renee sorriu e afastou-se da porta.

- Entre, não fiquem aí parados à porta.

Fomos até ao quarto deixar as minhas malas e peguei o
telemóvel.

- Vou só dizer ao Charlie que já cá chegámos.

- Tudo bem querida. Depois vai ter connosco à sala.

- Certo.

Edward piscou-me o olho e juntos saíram do quarto.

Ainda fiquei um pouco a olhar para a porta recentemente
fechada mas quando despertei disquei o número de Charlie.

- Bella? Já chegaram?

- Olá, pai. Sim, chegámos agora a casa da mãe.

- E a viagem? Foi boa?

- Sim, felizmente hoje tinha a companhia do Edward por isso não
me senti mal.

- Pelo menos isso, querida. Agora vai aproveitar a companhia
da tua mãe. Ela está com saudades.

- Eu volto a ligar, pai. Beijinho.

- Adeus, querida.

Assim que desliguei o telemóvel fui para a sala mas quando estava
a chegar aquilo que ouvi Renee dizer fez-me estacar no corredor e ficar a ouvir
a conversa.

- Eu gosto muito de ti, Edward. Pelo amor que sentes pela
minha filha.

- Renee…

- Eu amei-te como homem, como namorado. Tu sabes que eu te
amei muito. Mas nada se compara ao amor que a Bella sente por ti. Ao amor que
tu sentes por ela. Ver e sentir o vosso amor comove-me e eu agradeço o dia em
que entraste na minha vida, porque assim também entraste na vida da Bella.

- Eu amo a Bella, Renee. Só tenho de pedir desculpa pela
forma como as coisas se passaram. Mas eu também não me arrependo de nada. Não me
arrependo da nossa relação e não me arrependo do rumo que as coisas tomaram. Só
espero que agora também tu consigas ocupar alguém que te ocupe o coração.

- Tenho a certeza que sim, meu querido. As coisas correm
sempre como devem correr.

Sorri e entrei na sala. Edward, que estava voltado para a
porta sorriu ao ver-me e esticou a mão, chamando-me.

- Vem cá.

Fui até ele e sentei ao seu lado, que me abraçou apertado.

Renee sentou do meu outro lado.

- Agora conta-me, Bella, como está o Charlie?

Olhei-a nos olhos e percebi que lá estava um brilho
diferente. Mas o que se passava?