Eu andava de um lado para o outro na sala, nervosa como sempre ficava quando Charlie saia a meio da noite para alguma operação. Eram sempre noites horríveis com medo que ele não voltasse.

- Bella, senta-te. Não te faz bem ficares assim tão nervosa.

Sentei-me ao seu lado e olhei-o.

- Por favor, não te vás embora – Ele sorriu e pegou-me a mão.

- Sabes que podes contar sempre comigo e que eu fico contigo pelo tempo que quiseres. Se dependesse de mim não te deixava sozinha.

- Não quero abusar.

Edward olhou em volta.

- Eu posso dormir no sofá da sala – ele sugeriu.

- Podes ficar no quarto do Charlie. A cama é muito mais confortável.

Ele hesitou.

- Prefiro o sofá, se não te importares.

- Tens medo que eu seja sonâmbula e te ataque a meio da noite – brinquei, esquecendo por momentos a tensão que sentia.

- Não. Tenho medo de me tornar sonâmbulo. – ele recrutou, fazendo-me corar.

- Edward, o sofá é pequeno demais para dormires nele.

- Mas está longe de ti – ficamos a encarar-nos em silêncio até que ele se levantou – Acho que não é uma boa ideia eu ficar. Se precisares de mim, telefona-me.

Olhei-o e ao ver a expressão determinada suspirei.

- Tudo bem.

Levantei-me derrotada para acompanhá-lo à porta mas antes que desse um passo Edward puxou-me para os seus braços.

- Preferes que eu fique, não é?

- Eu fico sempre muito nervosa nestas situações. Tenho sempre medo que algo aconteça com o meu pai.

- Nesse caso eu fico – ele decidiu – Tenta dormir, querida. Vais ver que quando acordares o teu pai está aqui.

- Obrigada, Edward – estiquei-me, beijando-o carinhosamente. Quando o ar se tornou necessário separamo-nos – Boa noite.

Ele inclinou-se e beijou-me rapidamente.

- Boa noite. Se precisares de mim grita.

Sorri e afastei-me, subindo as escadas em direcção ao meu quarto.

Depois de vestir o pijama, deitei-me esperando adormecer rapidamente, no entanto não foi isso que aconteceu, já que eu me revirava na cama, demasiado inquieta para conseguir adormecer.

Surpresa percebi que o motivo da minha inquietação não era Charlie mas sim o facto de estar sozinha com Edward, a poucos metros dele.

Sem conseguir parar quieta levantei-me e fui até á janela e sentei-me no parapeito ate é que me deu vontade de ir á casa de banho.

Levantei-me e andei devagar pelo corredor  tentando não acordar Edward.

No entanto quando sai, fui contra ele, que me segurou ao me ver cambaleante.

- Acordei-te?

- Não. Ainda não consegui adormecer.

- Eu também não.

Estremeci quando Edward passou as mãos pelas minhas costas e envolvi o seu pescoço com os braços.

- Bella, estás bem? Estás a tremer.

- Tu também – rebati, quando o senti estremecer.

- Mas eu não estou com frio – ele murmurou – Bella volta para o teu quarto antes que…

- Antes que o que?

Edward apertou-me de encontro ao seu corpo.

- Eu não devia ter ficado. Devia ter ido embora
quando tive a oportunidade.

- Edward está tudo bem – falei, acariciando os seus cabelos. – A culpa é minha.

- Culpa?

- Eu menti. Não estava assim tao nervosa. Disse aquilo na esperança que tu ficasses.

Edward olhou-me e um sorriso torto nasceu nos seus lábios, deixando-me sem força nas pernas, o que não foi problema, porque ele segurava-me firmemente.

- Bella…

- Desculpa – pedi corando – Deves estar chateado por ter mentido.

- Como ficar chateado se mentiste para que ficássemos juntos? Que ninguém nos oiça, mas és a única mulher do mundo que pode fazer o que quiser comigo.

Sorri contente e estiquei-me beijando-o.

Senti que Edward me levantava do chão, para que não tivesse que se baixar.

Quando nos separamos ele encostou a testa à minha.

- Edward? – murmurei.

- Sim? – respondeu no mesmo tom.

- Vem dormir comigo. Não tem sentido ficares na sala – tentei persuadir.

Ele olhou-me por um momento e o que quer que tenha encontrado nos meus olhos fê-lo sorrir.

- Vamos lá.

Pegou-me ao colo e foi na direcção do meu quarto.

Quando lá chegámos deitou-me e em seguida deitou ao meu lado.

- Não vais fechar a porta?

- Não. Não quero que o teu pai pense que me aproveitei de ti no instante em que ele saiu de casa.

Olhei-o admirada.

- Não sei como consegues surpreender-me todos os dias.

Ele sorriu e abriu os braços.

- Vem cá.

Suspirando deitei-me, apoiando a cabeça no seu peito.

- Dorme bem querida. Tem bons sonhos.

Virei  a cabeça e deixei um pequeno beijo no seu peito.

- Até amanhã.

Edward começou a cantarolar uma melodia que me embalou até que adormeci, sentindo os seus braços a apertar-me contra o seu corpo e o seu cheiro maravilhoso.

Acordei com a maravilhosa sensação de ter passado uma noite perfeita e a razão para isso era só uma: os braços de Edward seguravam-me firmemente contra o seu corpo, deixando-me aninhada e confortável.

Senti os seus braços a apertarem-me contra o seu peito e com o braço que tinha em cima do seu peito abraçei-o apertado, já que tinha que ter a certeza de que tudo isto era real, que não era apenas um sonho igual a tantos outros que eu já tivera.

Agora, sentindo-me tao próxima de Edward, com os seus braços a envolverem-me e o seu cheiro reconfortante, sentia-me a pessoa mais feliz do mundo, com a sensação de que nada me poderia acontecer enquanto estava ao seu lado.

- Bom dia – ouvi a sua maravilhosa voz, ainda rouca pelo sono.

Levantei minimamente a cabeça, apenas o suficiente para conseguir vê-lo.

- Bom dia. Como foi a tua noite?

- Muito boa e a tua?

- Maravilhosa – respondi enquanto passava a mão pelo seu rosto perfeito, na tentativa de decorar cada pequeno pedaço dele. Edward fechou os olhos com o meu carinho, pegou a minha mão, beijando a palma e em seguida puxou-me para mais perto, deixando o meu rosto mais perto do dele.

- Passar a noite a teu lado e acordar contigo nos braços… não consigo pensar em nada que me pudesse deixar mais feliz.

Sorri, deliciada com as suas palavras quando me lembrei de uma conversa que tivera com Renee.

Tentei desenvencilhar-me dos seus braços mas Edward prendeu-me mais firmemente.

- Onde pensas que vais?

- Quero apenas ver as horas.

- Espera – enquanto mantinha um braço à minha volta ele estendeu o outro pegando o seu telemóvel. – Toma

Premi uma tecla qualquer e quando vi as horas não pude evitar que um sorriso se formasse.

- Bella? O que foi?

- Sabes que horas são?

- Não faço ideia. Mas isso é importante?

- Para mim é.

- Porque?

- Um dia tive uma conversa com a minha mãe e ela queixou-se que não te conseguia manter na cama depois das 9h. – baixei-me dando um beijo em cada uma das suas pálpebras – são 10:30h.

Ouvi o seu riso vibrante

- Hum… isso quer dizer que me conseguiste manter na cama depois das 9h?

Escondi a cabeça no seu peito.

- Sei que sou horrível por estar a fazer comparações relativamente à altura em 
que estavas com a minha mãe mas não consigo evitar.

- Bella, amor, olha para mim.

Não resisti ao tom doce da sua voz e olhei para cima encontrando o seu olhar doce e sorriso maravilhoso.

- Nunca mais digas que és horrível, isso é um absurdo. E é perfeitamente normal que faças comparações, afinal a tua mãe é a única das minhas ex que conheces – fiz uma careta com o plural por ele utilizado e Edward sorriu, virando-nos na cama e ficando por cima de mim –
ficas adorável quando estás com ciúmes – beijou-me a testa, os olhos, o nariz, as bochechas, o queixo e deu-me um leve beijo nos lábios – mas quero que saibas, foste a única que conseguiu fazer com que eu ficasse tanto tempo na cama.

- Edward… - interrompi o que ia dizer ao ouvir a porta da rua a fechar.

- Charlie…

Edward saiu imediatamente de cima de mim.

- Vamos.

Precipitei-me para fora do quarto e quando ia começar a descer as escadas, Charlie começou a subi-las, por isso achei mais seguro esperar por ele no topo.

- Pai? Estás bem?

- Claro que sim, filha, Edward, fico contente que estivesses cá para fazer companhia à Bella, não gosto nada de deixá-la sozinha nestas noites.

- Fico contente por estar cá Charlie, e por estar bem também.

- Sim, foi uma operação complicada mas correu tudo bem. E a vossa noite?

- Fomos jantar fora e adivinha quem encontramos?

- Quem, querida?

- A Bree e como sempre não resistiu em destilar um pouco do seu veneno.

Edward aproximou-se e envolveu a minha cintura.

- Não gostei nada dela.

- Não é uma pessoa fácil de gostar, Edward.

- Ah mas eu dei o troco ontem – comentei animada – devias ter visto o seu olhar de inveja ao olhar para o Edward, pai. E ainda lhe disse que queria voltar a vê-lo. Vaca.

- Bella.

- O que? Ela é mesmo.

- És impossível, querida. – Charlie beijou-me  a testa e voltou-se para Edward – quando é o voo?

- às 16:15h.

- Certo, então vou descansar um pouco antes de vocês irem.

- Sim, pai. Dorme bem – quando a porta do seu quarto fechou, voltei-me para Edward envolvendo o seu pescoço – vai ser difícil voltar a separar-me dele.

- Voltaremos sempre que for possível. Prometo.

E eu acreditava.