May - Parte I escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 3
As portas se abrem


Notas iniciais do capítulo

OBSERVAÇÃO: Galerinha, só um lembretezinho... é uma versão dos filmes, só que visto pela May, então, se estiver parecendo o filme... é porque é a May no filme, mas ainda ficará mais emocionante, o início é sempre entediante, pacienciazinha por favor =] Obrigada.



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- Acho que você precisa de um pouco de agitação.

Ele parecia animado demais e aquilo me assustou um pouco.

- Pra quê eu ia querer isso? - respondi.

Ele começou a tirar a jaqueta de couro e eu me levantei lentmente ainda suspeitando de seus movimentos.

- Porque ninguém nasceu pra ficar parado, e eu não quero ficar parado nesse lugar estúpido.

Ele terminou de tirar a jaqueta e a jogou para o lado. Ele estava com uma camiseta branca que deixava bem visível seus musculosos braços e pude ver seus músculos se contraindo enquanto mexia os braços para um breve alongamento.

Ele me mostrou suas garras. Elas saíram lentamente e ele me ameaçava com o olhar.

- Pronta?

Suspirei e dei uma risadinha. O olhei com um olhar irônico sedutor - algo que estava acostumada a fazer quando me preparo para uma luta. Deixei meus instintos fluirem, minhas unhas cresceram um pouco e meus olhos mudaram.

- Pronta.

Ambos corremos em direção ao outro. Logan investiu contra mim, me desviei facilmente e arranhei suas costas profundamente. Ele não perdeu tempo e arranhou meu rosto passando perto do meu olho direito. Toquei em meu rosto e vi o sangue em meus dedos. Fui rapidamente em sua direção, ele desviou, deu um chute em minhas costas e bati com força na parede.

Ajeitei meu pescoço e o olhei com mais fúria ainda. Meus ferimentos do rosto já haviam se curado e o das costas dele também, mas ainda havia sangue em sua camisa e os rasgos também estavam lá.

- Onde está o perigo que tanto falam? Você não é perigosa, é apenas uma garotinha fraca.

Eu estava ofegante e aquilo aumentou ainda mais a minha raiva. Investi contra ele. Fingi correr para um lado mas fui para outro rapidamente, o que o fez me errar. Aproveitei para então cravar minhas unhas em seu ombro, subi em suas costas e cravei a outra mão no outro ombro. Com uma mão segurava e com a outra rasgava sua pele.

Logan me pressionou contra a parede, mas eu não soltei suas costas, já podia ver seus musculos, brilhando de tanto sangue. Então fui surpreendida por suas garras penetrando meu pescoço e em seguida a minha clavícula. Fiquei imóvel, não conseguia mais manter minhas unhas cravadas em Logan e então ele me jogou no chão de costas. Em questão de alguns segundos minha respiração voltou rapidamente e meu coração voltou a bater normalmente. Tossi um pouco por ter engasgado com um pouco do meu próprio sangue.

- Precisa treinar mais criança - ele me lançava um olhar vitorioso.

Logan esticou a mão para me ajudar a levantar.

- Não sou criança - eu disse.

Comecei a me levantar sozinha, algo que consegui facilmente. Eu ainda estava ofegante.

- Treinaremos mais - ele se aproximou de mim e colocou a mão em meu queixo, me fazendo olhar para ele. - Achei você bem interessante... May.

O afastei de mim empurrando seu peito e ele riu. 

Logan andou em direção à porta blindada que abria para ele. Olhei através o vidro e percebi Oroni. Assim que Logan saiu ela comentou algo sobre eu ter finalmente falado. Achei tudo aquilo ridículo, me senti como um bebê quando diz suas primeiras palavras. Olhei para meu corpo e estava completamente suja sangue, tanto meu quanto de Logan.

Andei até o banheiro, tirei minhas roupas e fiquei me olhando no espelho. Reparei meu rosto e havia tanto sangue que eu mal conseguia ver minha pele. Passei a mão pelos lugares que haviam machucado, minha pele estava absolutamente curada. Aquilo me fazia lembrar de quando meus poderes se manifestaram, uma lembrança que fiz questão de afastá-la.

Depois daquele dia, Logan aparecia todos os dias para treinar comigo, eu perdia na maioria das vezes, até que um dia consegui ganhar quebrando-lhe o pescoço. Ele caiu morto na sala, dei uma risada superior e coloquei sua cabeça no lugar. Demorou alguns segundos para ele voltar a respirar.

- Essa foi boa - ele deu uma risadinha e mexeu em seu pescoço.

- Eu sei. Finalmente ganhei de você hem - eu ri.

Ele me acompanhou no riso. Ficamos um tempo olhando para o outro, estava me incomodando um pouco nossa troca de olhares. Agradeci Oroni e Jean por terem interrompido.

Eu as olhei através do vidro, eu não sorria para elas.

- Contou a ela a novidade Logan? - disse Oroni.

- Novidade? Que novidade? - olhei para Logan.

Elas sorriam, o que me assustou um pouco.

- Parece que não - disse Jean com um risinho estúpido.

- Bem... eu conversei com elas e com o Professor Xavier sobre seu comportamento...

O que você disse? eu o ameacei em pensamentos.

- DIsse a ele que você era uma boa pessoa, só não gosta de ser tratada como criança, mesmo parecendo uma - ele crecentou com um riso breve que eu retribui com um risinho e um 'estúpido' em meus pensamentos.

- Por que disse essas coisas a ele? - perguntei.

- Para que você pudesse sair.

- Para que nos ajude May - começou Jean. - Para que você não fique longe das outras pessoas, tenha um convívio. Há várias pessoas aqui que passaram pelo mesmo problema.

Não, não passaram, pensei comigo mesma, com certeza Logan ouviu e agradeci por ele ter ficado calado.

- O que você acha May? Prometo que irei cuidar de você - disse Logan.

- Não preciso de proteção - eu disse.

- Logan será seu responsável May - disse Oroni com um pequeno sorriso -, ou melhor dizendo, seu tutor. Se você sair dos trilhos, a culpa será dele.

- É bom não sair dos trilhos em mocinha.

- Não vou trabalhar pra vocês - eu disse olhando para Jean e Oroni.

- Não estamos pedindo que trabalhe para nós. Queremos sua ajuda quando você quiser ajudar. Só isso.

Pensei por alguns instantes. Respirei fundo.

- Tudo bem.

Oroni abriu a porta, Logan caminhou até ela e me chamou para ir com ele. Demorei um pouco mas fui com ele. Saí e as olhei, elas sorriam para mim.

- Parem com esses sorrisos falsos - eu disse.

Elas pararam de sorrir no mesmo instante e olharam uma para a outra.

- Não são falsos é que...

Levantei minha mão para que Jean não falasse mais nada e ela me respeitou.

Quando comecei a andar pelos corredores, era tudo muito novo, eu nunca soube como era aquele instintuto. Caminhei e vi vários outros mutantes, outras crianças, jovens e adultos como eu, todos tinham sua anormalidade única, de alguma forma pelo menos. Confesso que gostei de ter visto aquelas pessoas consideradas anormais pela sociedade assim como eu.

Me senti bem, mas ainda estava com medo. Estava com medo de suas mentiras, de suas enganações que ainda estavam escondidas em seus mantos de ternura e compaixão.


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