May - Parte I escrita por PaulaRodrigues
Normal. Novamente essa palavra apareceu.
- Desculpe, não irei usá-la se te encomoda tanto.
Revirei os olhos e me lembrei de que Logan podia ouvir meus pensamentos. Parei por um momento e o analisei sem analisar nada, eu não reparava em nada, só o encarava e pensava se realmente valia a pena falar com ele...
- Me chamo... May - era a primeira vez que falava desde que fui colocada naquela sala.
- May.
Ele parou por alguns segundos me analisando, ouvi alguns elogios em seu pensamento sobre a minha voz. Aquilo me encomodou um pouco.
- O que foi?
- Não sei, não consigo acreditar que você seja tão perigosa assim.
Dei uma risadinha e o olhei com um olhar superior e ao mesmo tempo sedutor, algo que usei durante vários anos.
- Posso rasgar sua pele facilmente se eu quiser, mato você em segundos.
- Acho que isso não é possível criança - ele riu.
- Escute aqui - me aproximei dele e o olhei nos olhos ameaçando-o -, morrer você não pode, mas deixar você quase morrendo, seu sangue escorrendo, eu consigo meu bem e outra! Eu não sou criança. Idiota.
Ele riu parecendo gostar de me ver nervosa.
- Cada vez mais acredito que você é uma criança.
Eu o encarava nervosa e ele me olhava com a maior ironia. Desisti de encará-lo e fiquei nervosa comigo mesma. Me afastei dele de braços cruzados, ficando de costas pra ele.
- Então, por que mesmo você está aqui?
- Acho que não te interessa...
- Ouvi dizer algo de você ser perigosa.
- Hunf - revirei os olhos. - Eu só não os quero aqui, falando comigo e me tratando como se eu fosse um animal.
- Então por que não finge que se comportar pra sair daqui?
Me virei pra ele, mas ainda de braços cruzados.
- E por que eu sairia daqui?
- Não sei... voltar pros seua amigos, família... afinal, uma criança não pode andar sozinha por aí.
Revirei os olhos novamente, respirei fundo, descruzei meus braços e depois soltei o ar pesadamente.
- Eu não tenho ninguém, não tenho nada - eu o olhei nos olhos meio séria. - Me cansei desse mundo, ele é cruel. Cheio de julgamentos injustos. As pessoas são... - parei por um instante e percebi que estava falando demais meus pensamentos para um homem que mal conhecia. - Enfim, prefiro ficar aqui.
- Aqui onde todos sentem medo e pena de você?
Por um lado ele tinha razão mas...
- Mas me diga, o que ganho lá fora?
Eu o encarei por alguns segundos e ele nada respondeu.
- Viu? Não há vantagem ficar lá fora. Nem morrer eu posso. Aqui nessa sala, pelo menos, parece que estou morta.
A porta se abriu. Logan olhou para o vidro para ver quem estava vindo e eu continuei olhando para ele.
- Logan?
Ouvi Jean o chamar. Olhei para ela de rabo de olho e depois olhei para Logan. Ele ficou me olhando por alguns segundos e depois olhou novamente para Jean.
- Já estou indo - ele me olhou novamente. - Tchau May.
Tchau Logan, pensei.
Ele revirou os olhos e pensou ser criancisse eu não querer falar na presença da Jean. Ele não entendia minhas razões e eu não fazia a mínima questão que ele entendesse.
Logan saiu, eu o olhei sair. Em seguida, voltei a deitar no chão de bruços.
Tive uma terrível sensação de já tê-lo visto em algum lugar. Não conversei, nem vi claramente seu rosto, mas sinto que já nos encontramos alguma vez. Não. Não é possível, eu me lembraria de ter visto um homem tão lindo como este. É. Era apenas uma sensação.
Enquanto dormia, fui acordada com o som da porta se abrindo. Acordei assustada e vi Logan. Olhei através do vidro e não havia mais ninguém.
Esfreguei meus olhos, me sentei e voltei a olhar para Logan.
- O que veio fazer aqui? - perguntei sem muito humor.
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