Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 70
Dois em Um


Notas iniciais do capítulo

Yo minna-san! Septuagésimo capítulo no ar :) Peço desculpas por não ter concluído a ficha do Diego ainda, mas já vou me concentrar nela. E sim, eu mudei o título xP
Boa leitura!



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Nadeshiko nunca ficou tão grata por ter Neko ao seu lado. Seu Exceed a carregava e bravamente enquanto ela lutava no ar contra Evergreen e não a deixava fica instável por muito tempo quando sofria algum ataque. Mas parecia ficar cada vez mais clara a diferença entre ela e a veterana e o fato de que batalhas aéreas não faziam seu tipo.

– Nadeshiko-sama... Não sei se vou poder continuar assim por muito mais tempo... – Choramingou Neko.

Ela já esperava por isso. Podia sentir a respiração de Neko ficando cada vez mais rápida.

– Aguente firme, Neko. Você está indo bem. Eu vou tentar derrubá-la.

O Exceed soltou um fraco “aye” e avançou mais uma vez com a dona, agora com os braços pegando fogo. Evergreen nem saiu do lugar para lançar mais de suas esferas brancas brilhantes. Quando Neko não conseguia desviar de uma, Nadeshiko a pulverizava. Mas não chegariam a lugar algum assim.

– Vocês me dão tédio – resmungou Evergreen. Depois, cruzou os braços, o que fez varias esferas brilhantes pipocarem diante destes. – Fairy Machine Gun: Leprechaun!

Ela abriu os braços e as esferas dispararam como balas de uma metralhadora, em grande quantidade e grande velocidade. Neko mergulhou com Nadeshiko, ainda com algumas balas os perseguindo, e deu a volta para que a garota pudesse atacar Evergreen pelas costas com seus braços flamejantes. Nadeshiko fez questão de atingir a base de suas asas e, quando a moça inclinou para frente, pensou realmente que tinha conseguido fazer alguma coisa.

Engano o seu. Logo Evergreen se virou já lhe desferindo um belo chute no rosto.

Nadeshiko se soltou de Neko, mas felizmente este voltou para pegá-la antes que ela se caísse de cabeça no chão.

– Nadeshiko-sama...

– Está tudo bem, Neko. Ainda não acabou.

– Mas... Você está sangrando.

A garota levou a mão rosto, onde tinha sido atingida pelo chute. Só quando viu sua mão manchada de sangue é que começou a sentir o líquido quente escorrendo por sua face. Balançou a cabeça.

– Não importa. Isso não é nada.

Acima deles Evergreen permanecia no mesmo lugar, os olhando com o nariz empinado e um olhar esnobe. Isso era o suficiente para lhe irritar. Nadeshiko certamente nunca tinha se sentido assim, com tanta vontade de bater em alguém. Ela não era assim. O que estava havendo?

Olhou para cima e viu que Neko a observava preocupado. Ele obviamente já tinha notado isso também.

Nadeshiko suspirou, procurando manter a calma. Mesmo tendo afastado a luta para a direita, podia ouvir os sons vindos do confronto entre Elijah e Laxus. Tentou se concentrar nisso para se lembrar que precisava se esforçar por todos da guilda e da Aliança. Se deixasse Evergreen lhe tirar do sério, poria tudo a perder. Olhou novamente para seu parceiro.

– Neko, por favor, voe ao redor dela.

Hesitante, o gato assentiu e avançou, segurando Nadeshiko com ainda mais força. Evergreen não se intimidou nem um pouco quando os dois passaram velozmente por ela. Cobriu as mãos de chamas mais uma vez. Enquanto voavam ao redor de Evergreen, Nadeshiko ia confeccionando flechas de fogo em sua mão e lançando na oponente, que se esquivava facilmente com sua agilidade.

– Mais rápido, Neko! – Ordenou a garota, frustrada.

O Exceed obedeceu e Nadeshiko também tratou de atirar mais flechas e mais rapidamente. Irritou-se mais uma vez, porém, ao perceber que as pequenas explosões no ar eram nada mais do que o resultado da colisão entre suas próprias flechas flamejantes. Foi um tanto grossa ao dizer para Neko parar, mas o pequeno não protestou. Com um movimento criou a garota criou vários vagalumes flamejantes ao redor de Evergreen.

Fireflies!

A moça voou gloriosamente no ar para se desviar dos vagalumes, mas eles seguiram até ela teleguiadamente. Ainda assim, Evergreen habilmente dançou no ar ao redor deles para fazer com que colidissem uns com os outros mais uma vez. Então, aproveitando-se da fumaça criada, partiu para atacar Nadeshiko de surpresa. Os reflexos da garota a salvaram: assim que Evergreen surgiu diante de si para lhe dar um soco, Nadeshiko cruzou os braços diante do peito e conseguiu se defender, ainda que tenha sentido dor nos membros superiores. Mas ela revidou indo para o combate mano a mano também.

Neko se sacrificava para fazer isso funcionar. Nadeshiko tinha que desviar de uma hábil veterana que até girava no ar para fazer seus golpes. Já a garota atacava sempre que tinha alguma chance, em vão. O corpo de Evergreen era duro como pedra. Nesse ritmo ela só se prejudicaria cada vez mais.

– Não é possível que você seja tão inútil assim!

Nadeshiko trincou os dentes. Quando a perna grossa e esbelta veio em sua direção pela segunda vez, preencheu os braços com chamas de novo e a segurou com o máximo de força que conseguiu reunir. Evergreen arqueou uma sobrancelha. Era quase como se estivesse surpresa. Como se pudesse sentir algo.

– Você... Está indo... Longe demais!

Com muito esforço, girou e lançou Evergreen ao chão. Poeira e pedras se levantaram com o baque. Nadeshiko soltou um suspirou profundo e olhou para cima.

– Você está bem?

Um Neko tonto e cansado assentiu.

– Ótimo. – A garota sorriu fracamente. – Pelo menos agora ela está no chão, então você pode ter uma folga. Pode descer...

– Nadeshiko-sama!

Ela olhou para frente e imediatamente se apavorou. Evergreen estava mais uma vez diante dela, sem nenhum ferimento aparente e com a mão estendida para frente. Logo pôde ver um pó branco girando ao redor de si.

Fairy Bomb: Gremlin!

Nadeshiko já estava quase sentindo a explosão quando Neko, usando sua forma humana para obter mais força, a lançou para cima e recebeu o impacto da explosão sozinho. A baixinha arregalou os olhos com a visão. A dor que sentiu foi tão grande que era como se mil explosões como aquela tivessem acontecido dentro de seu peito.

Então, começou a cair. Passou pela fumaça suspensa no ar, que a fez fechar os olhos. Assim que os abriu viu Neko em sua forma normal caindo inconscientemente no chão.

Nadeshiko colou os braços e as pernas ao corpo para acelerar e alcançou seu pequeno amigo. O agarrou, apertou-o contra seu peito e se deixou cair.

Seu desespero passou pouco antes que pudesse entender o motivo disso. Ele disse que estaria indo para lá, então ela deveria ter mais confiança em seu juramento. Por mais bronco que ele fosse, não a desapontaria. A Sakurai sabia perfeitamente disso. Por isso, antes mesmo que sentisse a velocidade diminuindo e que sua queda fosse amortecida por uma esfera anti-gravitacional, Nadeshiko já estava bem mais tranquila.

– Fala sério, você poderia ficar cinco minutos sem se meter em problemas?

A esfera foi desfeita e a garota pousou tranquilamente no chão. Sorriu.

– É você que está atrasado, Deivid.

–--

Fiore, X849, algumas semanas atrás...

Nadeshiko estava dedicando sua tarde ao seu pequeno jardim, como já era de costume. Embora ela não tivesse muita coisa, a alegrava cuidar de suas flores e plantas com todo o carinho. Como sempre Neko cochilava sob uma sombra enquanto ela trabalhava. A surpresa naquele dia foi a visita de Deivid.

O mago entrou tão sorrateiramente que quase matou Nadeshiko de susto.Seu gritinho não abalou o sonolento Exceed, mas causou uma careta em Deivid.

– Sou tão assustador assim?

– Não! Você só me pegou desprevenida. – Ela se levantou para olhá-lo melhor. – O que faz aqui?

Deivid deu de ombros.

– Estava entediado, então...

–... Então decidiu procurar a minha casa?

– Esquece, não deveria ter vindo.

Ele já se virava para ir embora quando Nadeshiko segurou seu braço.

– Espera! Pode ficar. – Então lembrou-se de que suas luvas de jardinagem estavam cobertas de terra e soltou o rapaz. Este fez uma rápida careta e limpou a camisa, mas não pôde fazer nada com a mancha marrom que foi deixada. – Desculpe! Mas pode ficar, é sério. Sua presença não me incomoda – completou Nadeshiko com um meigo sorriso.

Deivid a fitou, deu de ombros e se sentou sob uma árvore.Fechou os olhos e relaxou.

– Deivid-kun?

– Que foi?

– Hã... Por que aqui?

– É que... – Ele abriu os olhos suspirou. – Tenho mesmo que dizer? – Nadeshiko assentiu. – Certo. Você disse... Que me ajudaria a voltar a ser quem eu era.

Os dois tornaram a se encarar em silêncio até a garota começar a rir. Deivid revirou os olhos.

– O que tem de tão engraçado nisso?

– Desculpe, desculpe. Mas acho que você me entendeu errado. Não quero que você se torne uma pessoa totalmente diferente do que é agora. Na verdade... E desculpe por isso... Acho que isso nem seria possível.

Era difícil decifrar a expressão de Deivid, mas algo em seu rosto deu à Nadeshiko a certeza de que ele tinha ficado desapontado.

– E então?

– Bem... Acho que o jeito é tentar trazer a alegria que você tinha antes e incrementá-la no seu eu de agora.

– Tá. Como?

Nadeshiko sorriu de novo e se sentou de pernas cruzadas diante do rapaz. Notou alguma diferença na feição de Deivid, mas nenhum dos dois comentou sobre isso.

– Sabia que sua magia pode dizer muita coisa sobre você? O Ace-kun e o Luke-kun, por exemplo. Não tem magia que combine mais com o jeito agitado e esquentado deles que a Fire Magic. – Ela deu uma risadinha. – A Yume-chan é acolhedora como a Mãe Terra. Os ventos da Ammy-san são bravos e fortes, no melhor sentido. Fel-chan é linda e gentil como sua magia. Yui-chan é suave e pura como sua água. Mia-chan está sempre ali por perto para receber e dividir o que sentimos. Nick-kun, e isso você só pode perceber quando luta com ele, produz um gelo tão gentil e forte ao mesmo tempo que é quase caloroso. Sua magia, Deivid...Não me entenda mal, mas ela é... Pesada. Não importa como eu a veja, a Gigano Obscure Fear é totalmente negativa.

– Então não tem jeito. Essa é a única magia que domino.

– É claro que tem jeito! Se você pode dominar magia de gravidade, também pode dominar seu oposto. Anti-gravidade. Já pensou nisso?

Deivid pensou um pouco e balançou a cabeça.

– Parece loucura.

– Quando você faz parte de uma guilda como a Fairy Tail, a loucura passa a fazer parte do dia a dia. – Deivid permaneceu inexpressível mesmo com sua risada. – Não custa nada tentar, Deivid-kun. Pode dar certo.

Ele ficou calado por um tempo. Nadeshiko não desviou o olhar dele em nenhum momento. Apesar da opinião do pessoal sobre ele, Deivid não incomodava, muito menos a assustava. Sua companhia era bem agradável, na verdade – embora ela não soubesse explicar muito bem isso. Sentia que algo os ligava, talvez a mesma dor por verem suas famílias sendo destruídas, talvez o que compartilharam na missão das Light Guilds.

–... Tem certeza de que isso pode ajudar?

Nadeshiko assentiu. Deivid deu de ombros.

– Por que não? Não tenho nada para fazer mesmo.

– Ótimo! – A garota se levantou num salto. – Vamos começar já!

Tirou as luvas, ajudou Deivid a se levantar e o puxou consigo.

–--

Ela não esperava que em algumas semanas o rapaz já teria dominado o oposto de sua magia de gravidade.

Neko já tinha sido posto sob uma árvore, o mais afastado possível da área da batalha. Evergreen não avançou contra eles, permaneceu no meio do ar com o mesmo ar esnobe de antes. A chegada de mais um oponente pareceu lhe abalar nem um pouco.

Quando Nadeshiko voltou para o lado de Deivid, este se aproximou e tocou sua bochecha. A garota sentiu seu rosto esquentar imediatamente.

– O... O que...

– Você está sangrando. – O rapaz esfregou um pouco do sangue dela entre seus dedos. – Devia tomar mais cuidado.

Nadeshiko sacudiu a cabeça na tentativa falha de espantar sua vermelhidão.

– Eu... Eu estou bem. Devíamos nos concentrar apenas na Evergreen-san.

– Não precisa tratar sua inimiga com respeito, baixinha. – Ela corou levemente. – De qualquer forma, você tem razão. Vamos subir.

– Como...

Ela nem precisou terminar de formular a pergunta. Logo uma esfera anti-gravitacional envolveu cada um de seus pés. Deivid fez o mesmo nos dele, agarrou o braço da maga de fogo e a puxou enquanto subia. Nadeshiko imaginou até onde eles subiriam com aquilo, mas assim que se pararam diante de Evergreen entendeu que só iriam até onde Deivid quisesse. Céus, o quão bom ele podia ser?

– Quer dizer que a pequena donzela foi socorrida por seu príncipe? – Zombou Evergreen.

Nadeshiko corou. Deivid respondeu:

– Se eu fosse você eu pensaria seriamente em parar de brincar e se preocupar um pouco mais com seus oponentes.

A moça ergueu uma sobrancelha.

– E por que deveria?

Deivid deu de ombros. Um sorriso maléfico e debochado se formou no rosto de Evergreen e ela se inclinou para avançar com mais um ataque. Porém ela mal saiu do lugar de tão lenta que estava.

– O que...

– Você devia mesmo se preocupar mais com a gente – Deivid repetiu. – Eu ainda uso magia de gravidade, sabe.

Evergreen virou o rosto lentamente para trás para ver as paredes roxas atrás de si, atraindo-a e diminuindo sua velocidade. O rapaz da Eletro Magic suspirou. Ergueu a mão, agora envolta por um brilho roxo, e com um golpe nas costas da oponente a jogou no chão.

– Deivid-kun... Você... Como... Quando... – Gaguejou Nadeshiko.

– Mesclar gravidade com a anti-gravidade. Foi isso o que você sugeriu, certo?

– Sim... Mas...

– Bem – Deivid virou o rosto para ela –, eu gostei mesmo da ideia.

A garota assentiu devagar, sentindo o rosto esquentar gradativamente. Então balançou a cabeça a fim de recuperar o foco.

– Temos que tomar cuidado. Ela não vai cair tão facilmente assim.

Deivid esboçou um pequeno sorriso.

– Eu sei.

Então, a empurrou para frente exatamente um segundo antes de Evergreen subir com mais velocidade do que na última vez e puxar o rapaz pela camisa. Nadeshiko se assustou.

– Deivid-kun!

Com mais facilidade do que previa, subiu para chegar até os dois. A veterana parou metros acima e fez as esferas luminosas brancas apareceram em torno de si mais uma vez. Mas quando ela as liberou, Nadeshiko já estava a suas costas com um bola de fogo segura em suas duas mãos. A prensou contra a oponente e a deixou que a bola se expandisse ali até se transformar numa grande broca flamejante.

Flare Drill!

A essa altura Deivid já tinha se livrado das mãos da inimiga. Nadeshiko sabia que precisava derrotá-la, mas o grito de dor de Evergreen a fez se sentir mal. Vacilou sem querer. De repente o grito da adversária cessou e ela se cobriu numa esfera preta e branca que, ao estourar, cancelou a magia de Nadeshiko. Por sorte Deivid já estava pronto para um rebote. Antes que a moça de asas pudesse comemorar a liberdade, um feixe roxo gravitacional foi em sua direção.

Zangu Mareisu!

Evergreen conseguiu se equilibrar e não levou um ferimento realmente grave, mas o feixe raspou em sua perna e abriu um corte nela. Ela gemeu, mas parecia mais furiosa do que dolorida.

– Eu não acabei – falou Deivid. E criou mais uma bola de gravidade, dessa vez em torno de Evergreen. – Nyuuborutsu Shin Gurabirei!

O campo de gravidade ficou ainda mais concentrado, e felizmente sufocou os gritos de Evergreen. Nadeshiko ficou enjoada com o pensamento de que toda aquela gravidade pudesse estar esmagando seus ossos. Por fim, a esfera explodiu.

– Por favor, Deivid-kun, não pegue tão pesado!

– Sakurai, devo lembrá-la de que estamos lutando contra um espírito. Um espírito do mal. Acha mesmo que devemos pegar leve com isso?

Lá de cima, Nadeshiko sustentou seu beicinho irritado e cruzou os braços. Deivid suspirou.

– Entendi, entendi. Vou maneirar.

Mas então correntes de pontos pretos e brancos prenderam ele e Nadeshiko e Evergreen reapareceu no céu, com uma veia saltando na testa. Estava mais furiosa do eu nunca. Ela girou, uma mão segurando cada corrente, e jogou Nadeshiko com uma força brutal no chão. A neve não ajudou em nada. A garota ainda pôde ouvir quando a outra corrente explodiu e o som doloroso de Deivid caindo próximo a ela. Foi rápido demais. Quando a maga conseguiu se concentrar no que estava acontecendo, todo o seu corpo doía e tinha a desagradável sensação de estar caída com o rosto sobre uma poça. Desesperou-se com o pensamento de ser uma poça de sangue, então tentou se consolar dizendo a si mesma que a neve abaixo de si tinha derretido de alguma forma. Não é nada mais que água. Fiquei calma.

– Nadeshiko...

Ouviu lentos e esforçados passos vindo em sua direção. Não precisa ver para saber que eram de Deivid. Mas ele parou tão de repente que seu coração saltou. A próxima coisa que viu foi a voz de Evergreen:

– Agora você é meu objeto, príncipe.

Foi o suficiente. A preocupação e frustração de Nadeshiko a fizeram se levantar. Foi difícil desprender seus membros do buraco com seu formato no chão, mas foi pior ainda ver o estado de Deivid. Seu corpo ferido era aos poucos transformado em pedra.

– Deivid-kun!

– Você tem um bom cavalheiro. Forte, protetor e muito bonito. Quero ele para mim – disse a veterana, logo acima.

Nadeshiko a ignorou. Correu o mais rápido que pôde até o companheiro. Este tinha no rosto manchado de sangue uma expressão de dor agonizante.

– Eu vou ficar bem – ele conseguiu dizer. – Apenas derrote-a.

Ela queria muito prometer isso, mas a dor em seu corpo era forte demais e sentia que seu poder mágico tinha diminuído. Era como se aquela corrente a tivesse sugado.

– Não sei se consigo.

– Você tem que consegui. – O corpo de Deivid já era pedra do peito para baixo. O processo devia estar retardando por uma força de vontade enorme de sua parte. – Se eu pudesse te dar um pouco do que tenho de poder mágico, eu daria...

Nadeshiko enrubesceu de repente e o garoto percebeu. Ignorando sua expressão interrogativa, começou a pensar na que parecia ser a única alternativa que restava, que só a fazia ficar cada vez mais vermelha. Por fim, suspirou. Teria que jogar sua timidez fora pelo menos por enquanto.

– Na verdade, tem um jeito.

– Então seja rápida. – Deivid agora só era animado do pescoço para cima. – Meu tempo está acabando.

Nadeshiko olhou para cima. Evergreen continuava para no ar, de braços cruzados, petulante e irritante ao extremo.

– Eu posso... Roubar a magia de alguém. Posso usar uma pedra especial para isso, mas não estou com ela aqui agora e demoraria muito. Só tem mais uma forma, mas...

Faça logo.

Nadeshiko soltou um suspirou profundo. Se pôs nas pontas dos pés, depositou as mãos em seus ombros de pedra, fechou os olhos e o beijou o mais profundamente que sua vergonha permitiu.Deivid ficou sem reação o tempo todo até seus lábio e o resto de sua cabeça serem petrificados.

A garota se afastou, vermelha e um pouco tonta. Respirou fundo e se concentrou. Acima de sua cabeça, Evergreen parecia estar se divertindo. A vontade de tirar o sorriso sonso de sua cara falou mais alto e lhe deu energia para concluir aquela batalha infernal de vez. Estendeu o braço para lado e fez um círculo mágico roxo surgir, seguido de um tridente brilhante da mesma cor.

– Isso acaba agora, Evergreen.

– Ah é? Como? Seu namoradinho virou pedra e seu gato não deve nem estar vivo. Como vai subir aqui?

Nadeshiko sorriu.

– Eu não preciso subir. Você é que vai descer.

A moça nem teve tempo de indagar. Antes que pudesse se dar conta Neko, em sua jovial forma humana, já estava atrás dela com seu bastão de metal erguida. Ele o bateu em sua cabeça e Evergreen foi jogada ao chão do mesmo jeito com que Nadeshiko foi jogada.

A garota agradeceu seu Exceed, que agora acelerava pra carregar o Deivid de pedra para longe, e fincou seu tridente pesado pela gravidade no chão forrado de neve. O céu noturno pareceu escurecer ainda mais. Um círculo mágico enorme surgiu sob ela e Evergreen, e dentro dele apareceram outros pequenos círculo e no meio uma grade cruz. Pôde ver, antes mesmo de concluir o golpe, que a calma e a confiança da veterana tinham se perdido. Mas, por mais estranho que fosse, Nadeshiko notou um breve sorriso em seu rosto – não um sorriso esnobe, e sim de aprovação. Porém não deixou isso não tirar sua concentração.

Grand Crux: Gurabirei!

O círculo todo e tudo o que estava dentro dele brilhou intensamente. Nadeshiko fechou os olhos com a luz, mas o grito da moça a sua frente lhe deu a certeza de que tinha conseguido.

Quando abriu os olhos novamente, a área onde tinha formado seu círculo mágico tinha se transformado numa cratera. Evergreen jazia inconsciente no centro dele. Nadeshiko se sentiu esgotada imediatamente e caiu.

– Nadeshiko-sama!

Neko, novamente na forma felina, voou para seu lado, radiante e preocupado ao mesmo tempo. A garota sorriu para tranquilizá-lo e tentou levantar a mão para lhe acariciar, mas não conseguiu se mexer.

O próximo a aparecer foi Deivid. Ele parou no lado oposto ao de Neko e levantou delicadamente seu trono com as mãos machucadas. Nadeshiko encontrou um vestígio de preocupação em sua expressão quase inalterável.

– Você... Foi incrível.

Nadeshiko, vermelha, conseguiu alargar o sorriso.

– Mas... Você me beijou mesmo?

A garota desfez o sorriso. Agora a vergonha voltava e a cena do beijo passava repetidamente em sua cabeça. Nunca sentiu o rosto ficar tão quente, o que piorou quando se deu conta de que tinha sido seu primeiro beijo.

– Bem, não conta, certo? – Disse um Deivid ligeiramente vermelho. – Quero dizer, você fez isso por puro interesse de pegar meu poder emprestado. Não conta como um beijo de verdade.

Nadeshiko se sentiu aliviada e um pouquinho decepcionada ao mesmo tempo.

– Claro. Não vale.

– Mas temos que deixar uma coisa bem clara aqui.

– O que é?

– Você tem que parar de cair dessas alturas. É sério. Estava me deixando assustado.

Os dois se fitaram por um longo momento até Neko quebrar o clima:

– E se você cogitar em beijar a Nadeshiko-sama de novo, vai levar uma peixada!


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Notas finais do capítulo

No próximo... (narrado por Mia)
Cana-san é forte demais. Suas cartas são mais destrutivas do que parecem. Por mais que eu esteja cansada disso, vou lutar. Ainda há pessoas que preciso proteger, pessoas que quero ver bem. Que se dane o que eu sinto sobre essa batalha. O que importa agora é o que eu sinto pelos que amo.
Não percam o próximo!
"Os Sentimentos de Todos"
Soreha, sayounará!



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