Sou a primeira a acordar. Eu me levanto e vou para fora, em busca de comida. Encontro uma barra de cereal em uma das bolsas, e agora percebo que Calina fez certo em me ensinar a comer só folhas, pois acho que é isso que eu vou ter que comer agora em diante. Pensando bem, é melhor falar pro Conquistador conseguir algum animal pra gente comer... Marcos acorda e vem ao meu encontro.

– Bom dia Clove!

– Bom dia Marcos.

– É Marvel...

– Ah, eu me esqueço...

– Eu sei... Ah, eu ouvi uma discursão vindo da sua barraca. Por acaso vocês brigaram?

– Quase... A gente só discutiu mesmo. Mas rolou uns empurrãozinhos.

– Eu não digo nada. Olha o juramento! Não discutir...

O Conquistador acorda e vem na nossa direção.

– Bom dia pessoal.

– Bom dia.

– Será que você podia conseguir algum tipo de carne?- falo.

– Hm... tá. Tem alguma coisa aí pra comer?

– Cereal. – diz Marcos estendendo a mão. Oh, quer dizer, Márcel. Não, não... É Marvel... Que nome! Por que será que a mãe dele não escolheu um nome mais fácil? Eu hein...

– Bom dia pessoal!

– Bom dia Glimmer.

– Mal dia...

– Mal dia pra você também, Clove.

– Vocês juraram que não iriam discutir.

– Ninguém aqui tá discutindo Marcos. Apenas palavras não muito legais...

– É Marvel menina! E também, sem palavras não muito legais. Diga “eu juro”.

– Eu juro.

– Você também, Glimmer.

– Eu juro. Cadê a comida?

– Tem cereal aí. O Conquistador foi conseguir alguma carne.

– Hm... Cereal! – fala a loira azeda

– Bom dia, galerinha.

– Bom dia cara.

– Bom dia, Cato!

– Bom dia. – digo.

– Cereal? – diz Marcos, ops. Argh, que coisa!

– Me da aí. Cadê o Conquistador?

– Foi conseguir carne pra gente. – diz Ginger

– Que bom. Pelo menos ele serve pra caçar.

– E pra encontrar a garota quente. Eu vou acabar com essa menina quando achar ela! - falo

– Quando ele voltar, a gente começa a procurar alguns tributos. – ele responde

Não demora muito e ele volta com dois esquilos. Ele é bom nisso. Também, vindo do 12 tem que saber se virar para não morrer de fome. Ainda bem que eu não passo e nunca passei por isso. Ele coloca os esquilos em cima da mesa e diz:

– E agora?

– Agora, é a gente que vai caçar. – diz Cato.

– Quer vir? – pergunta Marcos.

– Aham...

– Ótimo, então. Peguem suas armas e vamos. Ah, Marcos, pega as garrafas com água que estão dentro daquele saco ali.

– MARVEL! M-A-R-V-E-L! MARVEL! MAR-VEL!

– Se liga colega, eu nunca vou aprender...

Nós arrumamos o acampamento, enquanto Ginger pegava as águas. Depois de tudo pronto, partimos em busca de tributos. Andamos, corremos, e nada. Parece que não há ninguém. Olho as copas das árvores, para ver se algum tributo se esconde, mas não vejo nada. Sentamos em algumas pedras e descansamos. Ginger tá toda suada! Como alguém pode achar ela bonita, se ela sua feito... Algum animal nojento que eu não lembro o nome. Ta aí! Ela sua feito ela mesma, tipo, animal nojento... Estamos em silêncio, e ela tá tentando ficar sexy mesmo sentada. Marcos olha pra ela e ri. Acho que ele tá tentado lançar um olhar 43 pra ela... Eu não aguento, e começo a rir.

– Acho que não tá dando certo queridinho. – falo.

– Eu também acho... – diz ele.

Ginger bebe um pouco de água e oferece a todos, menos a mim. Para provocar, puxo a garrafa da mão dela e bebo.

– Juramento, Clove. – lembra Marcos.

– Vamos ficar parados aqui? – comenta Cato.

– Não amor, vamos correr feito doidos atrás de alguém, que possivelmente não vamos encontrar. - respondo

– Não iremos saber se não tentarmos. – ele diz

– Então vamos, galera! – diz Marcos.

Corremos, e nada. Andamos, e nada. Ficamos nisso, até pararmos para descansar.

– Não sei vocês pessoal, mas eu tô com fome. – fala Marcos.

– Minha barriga tá roncando... – diz Ginger.

– Conquistador, pega aqueles esquilos e acende uma fogueira. – Cato fala

– Tá.

O menino sai, e a Ginger começa a reclamar de uma dor no dedão... Gente, quem é que sente dor no dedão? Só uma pessoa muito sem noção como ela.

– Para de tutucar isso daí. Pode inflamar. - falo

– Surgiu uma bolha e eu tô tentando estourar, sua intrometida.

– Sou mesmo e daí? Eu tento ajudar, e ela se faz de ignorante... – digo olhando para o vento.

– Tá falando de mim é?

– Não queridinha, porque você é ignorante, e não simplesmente se faz...

– Parem meninas! Já vi que nosso juramento não ajudou muito, né?

– Quieto Marvel! Eu quero ver é essas duas rolando pelo chão... Quem será que ganha essa briga? – pergunta Cato

– Você ainda pergunta? – Marcos responde

Lógico que os dois estavam falando de mim. Ginger fica com raiva, e me atira algo que acho que é uma pedra.

– Não acredito, colega! Você tá tentando provar que é melhor do que eu? Queridinha, nós duas, quer dizer, nós cinco sabemos que eu sou melhor do você.

– Você quer ver?

– Querida, nós não podemos ser aquilo que não somos...

– E quem disse que eu não sou melhor do que você?

– Eu disse.

Ela puxa uma espada me desafiando. Rapidamente pego minhas facas e dou um sorrisinho. Ela vem na minha direção, e eu lanço uma faca, mas acabo errando o alvo propositalmente.

– Você não consegue me acertar, amorzinho?

– Eu não quero te machucar...

– Sério? Por quê?

– Porque se eu te machucasse, eu te mataria.

Ela sabe que falo a verdade. Sério, eu não deixaria nem um fiozinho de cabelo dela vivo. Ela também sabe que eu sempre acerto o alvo, então, não ousaria ir contra a minha palavra. Rapidamente ela guarda a espada, e se senta. Não me dou o luxo de provocá-la por ser uma covarde. Eu até quero, mas o Conquistador chega com os esquilos bem assados, e eu perco a vontade de humilhá-la rapidinho.

– Essa gororoba tá boa. – diz Cato

– Obrigado. Eu aprendi na estação de sobrevivência.

– Ei, você é bom com alguma arma? – pergunto.

– Como assim?

Lerdo demais! Odeio gente com esse tipo de raciocínio...

– Sabe, facas, espadas, arco e flecha, machados...

– Na verdade, eu sou bom com pesos.

A Ginger solta uma gargalhada inesperada.

– Pesos? Tipo, carregar coisas? Isso não serve pra nada!

– Aliás, Ginger, você é boa em alguma coisa, além de assuntos de beleza?

– É Glimmer, engraçadinha. Sou sim, eu sou muito bom com lanças.

– Sério Glimmer? Eu nunca vi você manejando uma lança... – diz Cato

– É porque ela tirou oito com essa grande habilidade, e tem vergonha de mostrar pra gente. – falo

– É sério, eu sou boa. Só não deu tempo de pegar na cornucópia. Alguém tinha sido mais rápido.

– Fala sério, todo mundo é mais rápido que você!

– E você, é boa em que?

– Se você ainda não reparou o que eu acho impossível, eu sou boa com facas.

– Eu sou bom com machados! – diz Marcos totalmente do nada.

– Todos já acabaram? Podemos seguir em frente?

– Espera, Cato... Esse esquilo tá bom. – diz Ginger.

O esquilo realmente tá bom. O Conquistador aprendeu a cozinhar nas estações de sobrevivência? Que coisa... Ele só ficou lá o tempo todo... Não queria mostrar sua grande habilidade. O que será que ele aprendeu mais? Talvez remédios com plantas e se camuflar... Remédios são úteis. Tenho que me lembrar de pedir pra ele me ajudar nisso. Hm... Que esquilo bom, rapaz! Quais os temperos que ele usou? E nada a ver... Acabo rindo da minha própria tolice. Não tem temperos aqui!

– Do que cê tá rindo, Clove? – pergunta Cato

– Nada de importante... Foi um pensamento meu.

Não demora muito e já estamos de pé, prontos para caçar novamente. As bolsas parecem mais pesadas agora, e eu não sei por quê.

– Nossa, colocaram chumbo aqui dentro foi? – diz Ginger

– Talvez, carregar pesos seja uma habilidade... – diz o Conquistador, pegando a bolsa da mão dela, sendo que já está carregando outras duas.

– Me dá uma aí – falo rindo pacas da cara da idiota da Ginger.

– Não precisa, tá bom aqui...

– Eu não tô pedindo, tô mandando.

– Então tá, né?

Ele me dá uma bolsa. Jogo uma das três que estou carregando para Ginger, pois se ela pensa que não vai carregar nada, está totalmente enganada. Ela pega a bolsa e diz um “ai”. Como essa garota é fresca!