The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Para: Gabrielle Mariano =3



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Olhei de forma confusa para Matthew, esperançosa que ele me dissesse alguma coisa que fizesse sentido.

 Repentinamente me lembrei de vovó. Uma lembrança feliz em que eu já tinha escutado aquele nome estranhíssimo antes quando era bem criança.

 Estava em um balanço de pinel preso por uma corda de marinheiro em uma grande árvore que ficava atrás da casa de vovó. Ela estava sentada em um banco de madeira que vovô havia feito para ela observar o sol ao amanhecer, ela adorava fazer isso.

 -Querida... – ouvi sua voz ecoar pela lembrança, enchendo-a de afeto e carinho.

 -Fala vovó. – minha voz era super infantil, eu parecia ter uns cinco anos de idade. Balançava-me suavemente no pinel.

 -Você será uma linda Alideana. – sussurrou ela, mas só agora eu pude entender o que ela quis dizer.

 Na época eu ignorei o que ela tinha dito, mesmo escutando e continuei a me balançar cada vez mais rápido e forte, enquanto ela sorria para mim.

 -Mel... – ouvi a voz de Matthew ecoar pela minha mente, me fazendo reparar que lágrimas deslizavam pelo meu rosto.

 -Desculpe, eu só tive um devaneio. – disse com um sorriso e secando minhas lágrimas ao me lembrar de vovó e de sua linda voz.

 -Eu senti que se lembrou de sua avó. – disse ele colocando sua mão envolta das minhas. – Eu sinto muito. – sua voz era tristonha e seus olhos condescendentes.

 -Também sinto... – sussurrei triste e com a cabeça baixa. Mas, não adiantava ficar triste daquele jeito, eu sabia que minha avó estava onde quer que fosse torcendo por mim e querendo que eu fosse feliz, então sacudi a poeira e me forcei a dar um largo sorriso. – Então, o que é Alídea? – perguntei sorridente, mesmo com a boca trêmula ele pareceu não querer me magoar ainda mais falando de minha avó.

 Ficamos longos minutos conversando sobre o maravilhoso e perigoso mundo de Alídea. Matthew me contava que lá era como se fosse o mundo em que estávamos, mas só havia criaturas de outras dimensões como Nirhaquianos, Vampiros – que ele particularmente chamava de sugadores de espíritos – Sim, também me perguntei por que não de sangue, mas antes que eu pudesse abrir a boca ele já disse que em Alídea os Vampiros sugavam almas, enquanto Nirhaks sugavam sangue. Aquilo deixou meu estômago dolorido e remexido, mas preferi não fazer nenhuma cara de ânsia ou pensar sobre nada do gênero. Enfim... Ele disse também que existiam Fictílias, adoráveis criaturinhas peludas com bracinhos curtos, sem pernas, apenas pés, olhos esbugalhados e uma boca minúscula com orelhas enormes que também eram seus narizes, mas também eram traiçoeiras e vingativas, então tinha que se tomar muito cuidado com elas.

 -Então, vamos? – ouvi a voz de Peter vindo por trás de meus ombros.

 Ele havia interrompido um assunto tão... Mágico e assustador e que me intrigava tanto que o olhei em câmera lenta e estressadamente.

 -O que foi? – disse ele após ver meu olhar.

 -Absolutamente nada! – falei trincando os dentes.

 -Bem... – falou ele dando de ombros e não se importando com minha voz. – É melhor ir se arrumar logo, temos que partir o mais rápido possível. O portal não ficará aberto por muito tempo. – disse ele colocando sua enorme mochila de campin nas costas. Ele estava com uma calça camuflada, um casaco enorme e preto e sapatos de guerra. Ele estava se preparando para a Terceira Guerra mundial? – pensei.

“Ou só está querendo chamar a atenção de Catherine”  - Matthew novamente.

 Sorri para ele.

 -Então, que portal seria esse? – falei me levantando e indo para as escadas perguntar para Lara se ela poderia me emprestar algumas vestes dela.

 -Acha que Alídea é só virar a esquina fofa? – olhei para cima e vi Catherine descendo com uma mochila transversal e outra nas costas, com os cabelos presos, como sempre, uma blusa branca e preta, calça jeans clara e coturnos cinza.

 -Não, mas... – eu me sentia ridiculamente inferior a ela. Ela tinha um tom de superioridade e ela não gostava nem um pouco de mim, agora... O por quê é que eu não sabia! 

 -Vá logo! - gritou ela pondo seu rosto perto do meu, dando para ver seus olhos fritando de raiva.

 A pele dela parecia sempre flamejante, mas eu nunca teria a oportunidade de tocar, ainda mais porque seria assustador.

 Respirei fundo, contendo minha indignação e subi as escadas com pressa e com passos bem pesados, fazendo o barulho ecoar pela casa.

 -Mel... – estava tão ocupada xingando Catherine de todas as palavras possíveis que me assustei ao ver Lara com dois sacões de roupas dentro de mochilas transparentes.

 -Você me assustou! – falei colocando uma das mãos no coração e respirando profundamente, mas ao mesmo tempo de forma rápida e contínua.

 -Desculpe. Imaginei que quisesse algumas roupas emprestadas, então as coloquei nesta mochila. – ela estendeu seu braço para mim.

 -Obrigada. – falei pegando a mochila e sorrindo.

 Imaginei se ela haveria alguma resposta a respeito de Catherine, então espiei pela escada e ela não estava na sala, então comecei a falar com Lara.

 -Lara, o que aquela... – respirei fundo para não chamá-la de vadia. – Menina tem contra mim? – eu estava com vontade de vomitar, porque eu não conseguia engolir minha saliva de tanta raiva que estava sentindo dela. Ela mal me conhecia! Como poderia me odiar tanto?! Casete! Que vadia dos infernos!

 -Tudo. – ela riu e andou até a escada.

 Fiquei ali paralisada tentando entender o que o “tudo” significava.

 *

 -Finalmente! Ela está pronta! – ouvi a voz arrogante de Catherine enquanto descia as escadas.

 Eu estava com uma trança que descia até meus seios, uma blusa branca com um casaco antigo de couro por cima, calça Jens e meus all stares. Até que eu consegui arrumar alguma utilidade para as roupas de Lara.

 Não consegui me controlar, as palavras estavam em minha garganta esperando para serem cuspidas para fora, eu não agüentava mais segurá-las, até que...

 -Cala boca! – falei ao descer as escadas.

 -Ferrou! – ouvi Lara dizer pondo as mãos no rosto.

 Notei que Peter e Matthew não estavam mais na sala. Deveriam estar indo para o portão principal da casa de Lara que ficava a uns vinte metros dali.

 -Com certeza! – escutei Catherine falar com passos rápidos, punhos cerrados e sobrancelhas quase que juntas. Ela realmente me odiava e se eu não poderia fazê-la gostar de mim, iria odiá-la também. Por que não?

 Vi que Lara logo foi para a porta, em direção ao portão principal, me deixando sozinha com Catherine.

 Não que eu estivesse com medo, afinal eu era mais forte, o que me intimidava mesmo era a experiência que ela tinha com sua serpente e sua cara de malvada. Eu podia parecer um pouco infantil e retardada, mas era a verdade, o rosto dela me intimidava! É claro que eu jamais contaria isso para alguém.

 -Qual é o seu problema comigo?! – quase gritei, encarando seus olhos. Eles pareciam arder em ódio e raiva, mas parecia que bem lá no fundo havia tristeza e mágoa.

  -Todos! – gritou ela.

 Fui em direção a porta, mas Catherine me puxou e olhava-me com certo fervor que me assustou.

 -Eu te odeio! – gritou ela. Podia sentir seu hálito frio em meu rosto.

 Estava pronta para receber um tapa a qualquer momento, mas o impossível aconteceu. Catherine começou a chorar desesperadamente se debruçando nos degraus da escadaria.

 Seu choro era triste e profundo. Ela chagava a soluçar.

 -Por que está chorando Catherine? – falei me agachando para vê-la melhor, mas não a encostei.

 -Foi só você entrar na minha vida que tudo desmoronou! Por isso eu te odeio tanto! – gritou ela com as mãos no rosto, fazendo sua voz ficar muito abafada.

 -O que quer dizer com isso?! – eu nunca tinha visto ela antes em toda a minha vida! Como eu poderia estragar sua vida assim?! Não faz o menor sentido! 


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