The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 25
Capítulo 25




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Ela me olhou com raiva. Seus olhos estavam quase que vermelhos, eu poderia jurar que seus olhos estavam ficando rubros. Poderia ser coisa da minha mente, mas podia ver as chamas tomando seus olhos enquanto as lágrimas caiam em cascata pelo seu rosto liso.

 -Ainda pergunta?! – gritou ela se levantando lentamente, como se transferisse todo peso de seu corpo para seus braços e eu me levantei gradativamente junto com ela.

 Ela estava mais alta que eu, mas demorei um tempo para assimilar que ela estava alguns degraus acima dos meus.

 -Claro! Não entendo porque estraguei tanto sua vida... – falei um pouco assustada com o rosto pavoroso que ela fazia a me ver pronunciar tais palavras.

 -Porque desde que você chegou, nada é como era antes. – Notável! – pensei. – Você estragou a vida de todos nós! Agora temos que correr por aí para te proteger! – eu podia sentir uma pontada de inveja talvez, em sua voz, mas nada que comprovasse aquele sentimento.

 -Porque não, simplesmente, vai para casa e me deixa aqui?! Não é bem mais fácil?! E você pararia de encher o meu saco! – não dava mais para controlar as palavras. Eu não agüentava mais essa garota! Eu estava ficando sem controle! Minha pulsação era mais rápida do que meu raciocínio e podia sentir meu braço formigando.

  Controle-se! Controle-se! – falei para mim mesma, mas estava ficando insustentável! Estava me machucando por dentro. Por mais que por fora eu estivesse quase que serena e conformada, por dentro eu gritava.

 -Cala a boca sua vadia fétida! – gritou Catherine com uma das mãos levantadas, pronta para me dar um tapa.

 Quanto ódio... – pensei.

 Eu não sentia que era eu ali. Era o meu corpo, mas não a minha mente.

 Dei um sorriso que foi instintivo, como se eu fosse um animal, bem melhor, mais ágil e mais capaz do que ela.

 Ela pareceu se surpreender quando sorri, mas não era um simples sorriso, era um sorriso diabólico, maroto e matreiro. Eu sentia em meus ossos que eu podia derrotá-la com um simples assopro.

 Eu nunca tive nenhum inimigo, mas sentia que ela seria uma pedra em meu sapato.

 -Se eu fosse você, não faria isso. – disse antes que sua mão pudesse tocar minha pele e fazer um barulho estalado.

 Baixei meus olhos para o chão.

 Eu sabia que deveria fechar os olhos e esperar o tapa, mas não foi isso que fiz.

 -Não tenho medo de você! – gritou Catherine com a mão a milímetros de meu rosto.

 -Pois, deveria ter. – podia ouvir minha gargalhada abafada no fundo de minha mente.

 Era como se eu estivesse vendo televisão, vendo meu corpo agir por conta própria, enquanto eu ficava sentada em uma confortável poltrona, comendo pipoca e assistindo a Catherine ser derrotada.

 Pude me ver pegando seu braço rapidamente e entortando-o, jogando-a longe de mim.

 Seus olhos não estavam mais vermelhos, e sim fechados, até que pude sentir minhas mãos e pernas novamente. Corri até ela, com lágrimas nos olhos, tentando entender o que havia acontecido naquela fração de segundos em que eu fui desligada e outra coisa assumiu o controle de tudo.

 Catherine estava parada, deitada na escada, completamente desconjuntada.

 Levantei-me rapidamente e fui para a porta gritar por Lara, Peter e Matthew. Os três estavam de costas para o portão, conversando, até que ouvi a voz de Catherine flutuando pelas minhas costas.

   -Eu te odeio! – olhei para ela assustada e estávamos exatamente na mesma posição que em alguns minutos atrás.

 Arregalei os olhos e respirei fundo, como se eu estivesse dentro de um oceano, descendo cada vez mais, sem conseguir respirar e do nada, alguém me puxasse para superfície e eu pudesse assimilar que estava respirando, por tanto, estava viva.

 -Eu... – falei para ela que estava com a mesma expressão assustadora de antes. – Eu não te odeio.

 Foi a última coisa que disse para ela naquele dia.

 Eu estava indo para o carro de Matthew, que era bem bonito. Um BMW preto. Parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta.

 Eu estava tentando entender o que havia acontecido ali, mas eu não poderia comentar com ninguém, pelo menos não naquele momento. Estava muito abismada, confusa e até mesmo um pouco chorosa ao poder ver o que teria acontecido.

 Sentia o cheiro de chuva que havia no ar, o céu estava nublado e com grandes nuvens cinza escuro, a grama recém cortada ainda estava fresca e o caminho por onde eu andava estava frio, eu conseguia sentir o vapor batendo contra minha calça jeans. O vento estava forte e eu escutava o bater dos galhos das árvores.

 Cheguei ao portão e deixei-o aberto para que Catherine pudesse passar, logo depois de mim. Matthew havia aberto a porta para mim, entrei, sentei, me acomodei e logo depois Catherine entrou no carro, ao lado de Matthew, no banco do carona. Partimos viajem. Para onde? Eu não sabia, mas chegaríamos em Alídea.

 Passei toda a viajem quieta, com testa encostada no vidro frio e gélido do carro. Todos pareciam muito empolgados, falando o quanto o sol de lá é quente e como a cidade é bonita ao anoitecer.

 Eu estava enjoada com toda aquela situação, queria que minha avó estivesse ali para me ajudar, me orientar, me dizer o que fazer, como agir e como falar, mas infelizmente ela não estava e era tudo culpa minha! Se eu tivesse avisado a ela, vovó nunca teria falecido e o pior é que eu sabia quem era.

 Eu conseguia imaginar a terrível cena de vovó tocando a campainha e se vendo no reflexo da janela para ajeitar seu cabelo, esperando alguém abrir a porta, Charlie chegava por trás de mancinho e dava dois ou três tiros certeiros e fugia. Que ódio dele!

 Nunca pensei que eu pudesse sentir o verdadeiro ódio, mas eu sentia esse terrível sentimento por Charlie. Ele era mal, desprezível, abominável e não merecia nem o ar que ele respirava tão dificilmente.

 Acabei adormecendo no carro, mesmo com a gritaria de Lara e Peter cantando Parry Rock, eu consegui dormir tranquilamente e infelizmente acordei com o cutuque de alguém em minha cabeça.

 Abri os olhos e vi os enormes olhos de Lara com um sorriso bobo no rosto. 


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