Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 5
Imprinting? – Parte II




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― Você é linda! – Sorri encantado.

Leah instantaneamente fica desconcertada, quando foi a última vez que fora elogiada mesmo? Nossa, nem se lembrava mais… Ele a desarmou com mais rapidez e mais facilidade que todos os garotos quileutes juntos.

― Sou Lucian, você é?

― Leah, a garota do voto decisivo e blá, blá, blá – responde, tentando retomar sua forma carrancuda e defensiva.

― É um grande prazer conhecê-la.

Lucian estende a mão para a garota, que o analisava receosa. Leah aperta a mão que lhe era oferecida e sente uma onda elétrica invadir o seu corpo, que droga toda era aquela afinal? No segundo seguinte, uma imensa vontade de chorar inundou seu coração, seus olhos se umedeceram e sua garganta se fechou como se tivesse dado nó, mas ela não sabia o porquê.

A loba, depois da morte de seu pai, estava decidida a nunca mais chorar, a ser forte pela sua família e por ela mesma, e depois de tanto atormentar os garotos do bando, não queria chorar e dar a eles um motivo para caçoarem. Por isso, com um movimento rápido, ela solta a mão de Lucian, engole o nó em sua garganta e entra rapidamente na casa.

― Coitado! Tenho dó dele – disseram alguns garotos quileutes.

Entretanto, Lucian não se deixou abalar. Entrando logo em seguida, ele envia uma mensagem telepática a Hana, que sorri e confirma com a cabeça.

Sam não estava satisfeito com o acontecido, mas pôde relaxar consideravelmente ao se lembrar de que Leah estava congelada no tempo, uma menopausa forçada pelos genes lupinos e que, por isso, talvez nunca encontrasse alguém compatível. O bando não ousava comentar sobre o ocorrido, pois era algo que precisava ser discutido dentro de seu bando, sem ouvidos ou mentes de terceiros escutando a tudo, mas no fim das contas, não conseguiram evitar alguns cochichos e os deboches.

Kiary assistia a cena inconformada, era para ser ela ali, tendo um imprinting com o alfa mais poderoso que já existiu na tribo cherokee, o que aquela “Maria-homem” tinha a oferecer a ele afinal? Ela nem sequer era um lobisomem de verdade.

― E então? – questiona Leah, já do lado de dentro. – O que faremos quanto à parte dos “assassinos”?

― Precisava lembrar isso? – retruca Seth, com medo da briga recomeçar.

O fato é que Leah queria ver o ambiente ferver, ou melhor, queria ver Emily ferver em seus nervos e ser crucificada com as broncas do bando, porém, para a sua infelicidade, nada aconteceu. Para encerrar o assunto e acalmar os ânimos, Sam se desculpou pela esposa, Lucian aceitou e logo tudo estava como era antes: um completo tédio.

A escala de patrulha foi montada com rapidez, um lanche foi servido, mas Leah se recusou a comer. Em seguida começaram a discutir sobre o melhor dia para apresentá-los aos famosos Cullens, entretanto, Lucian estava tenso demais para participar daquela parte da reunião e não segurou o impulso de sair da casa.

O tempo realmente havia voado, La Push havia sido dominada pela escuridão da noite. O rapaz cherokee coloca as mãos no bolso da calça e fita o céu nublado, era uma pena que ali não conseguisse enxergar as estrelas, pois era algo que o fazia recordar de sua terra natal.

De dentro da casa, Jacob o observava desconfiado:

― Algum problema com ele? – pergunta, chamando a atenção de Hana para o irmão.

― Não – responde serenamente, o analisando por alguns instantes. – Ele só está preocupado e com a cabeça fervilhando. Lucian quer muito que nossa moradia aqui de certo – Pausa, percebendo que todo o bando se calou para ouvi-la. – Acho que vocês não sabem o porquê não podemos retornar para nossas terras…

― Por que não podem? – pergunta Quil, envolvido com o assunto.

― Já não existe mais vida lá. – Suspira. – Nosso pequeno bando era formado de três famílias, umas dez pessoas no total. Conhecíamos outros bandos, porém, só nos comunicávamos na forma humana… Certa vez, nosso pequeno acampamento foi atacado, tentamos pedir ajuda, mas não sabíamos que os bandos vizinhos já haviam sido exterminados naquele mesmo dia. Foi uma grande chacina! Lutamos com toda força que tínhamos, contudo, não foi o suficiente… Nossos pais foram mortos, desde então Lucian se tornou o alfa e os que nos atacaram se tornaram nossos perseguidores.

― Me desculpe, eu não sabia! – murmura Quill.

― Não tem importância. – Sorri Hana. – Já fazem mais de 70 anos.

― Setenta? – pergunta Leah incrédula. – Quantos anos vocês têm, afinal?

― Na época eu tinha 16 anos e Lucian tinha 22, é só fazer as contas.

― Lucian mencionou que vocês não envelhecem na presença constante de vampiros – analisa Sam –, e levando em consideração que você ainda aparenta 16 anos, quer dizer que estão em contato com eles desde então?

― Sim – responde Kiary –, mais exatamente sendo perseguidos desde então. Eu entrei no bando há 40 anos e na época eles ainda estavam sendo perseguidos, sem tréguas… Foi um grande milagre termos conseguido despistá-los, queríamos muito nos fixarmos em algum lugar.

A situação estava cada vez mais clara para os lobos quileutes: se os visitantes realmente tinham pretensão de fazer aquilo dar certo, então eles também fariam.

Do lado de fora, Lucian pedia aos céus que pudessem permanecer ali sem causar problemas, que pudessem ter um lugar para chamar de lar novamente. Entretanto, neste pequeno momento de meditação e oração, o alfa sentiu um olhar intenso sobre si. Se olhar se voltam para a casa, mas sua intuição lhe dizia que não vinha de lá, então, ao retornar sua atenção para as árvores, o cherokee vê um par de olhos vermelhos cintilarem em meio à escuridão, o encarando fixamente.

O espião estava contra o vento para que seu cheiro não fosse detectado e fugiu antes que o alfa pudesse ler seus pensamentos. Lucian sente a tensão aumentar na musculatura de seu pescoço, e tal coisa não passou despercebida por Hana, que logo abandonou o aconchego da casa sem levantar suspeitas e o seguiu.

― Oi, sinto que você está tenso, quer conversar?

― Muitas coisas na cabeça – desconversa, percebendo que a irmã não notara a presença do espião. – Fez o que te pedi?

― Sim, a analisei e posso dizer com toda a certeza que Leah é uma pessoa muito machucada, senti uma forte mistura de raiva, amargor e tristeza a dominando por completo. Tem certeza que teve um imprinting por ela?

― Toda a certeza do meu coração cherokee!

― No momento em que a tocou, pude sentir o corpo dela estremecer e um sentimento de tristeza preencher seu coração, por um instante achei que choraria, mas errei em meu julgamento. – Pensa. – Ela não pareceu corresponder ao imprinting, será por que ela é a única fêmea do bando e por isso é diferente?

― Não, tenho certeza que não… Você sabe que o imprinting une pessoas com melhores chances de continuar o gene lupino, eu fui designado a ela, então ela também foi designada a mim. – Respira profundamente. – Vi as fases marcantes da vida dela e posso afirmar que não eram tão agradáveis, não foram marcantes de um jeito bom. Se estiver certo, terei um grande desafio pela frente.

― Qual a sua teoria?

― Acredito que esses sentimentos ruins estejam influenciando em algo, eu não sei, como se formassem um escudo ao redor de seu coração, não deixando que o imprinting se concretize.

― Como um escudo para protegê-la de mais momentos ruins? Nossa! – surpreende-se. – E se for verdade, o que pensa em fazer?

― Eu? – Sorri esperançoso. – Pretendo perfurar este escudo! Não vou deixar o amor da minha vida escapar de minhas mãos!

Hana se anima e, juntos, os irmãos logo retornam para a casa. A apresentação à família Cullen seria realizada na manhã seguinte, pois Sam não queria prolongar o inevitável, visto que uma hora ou outra eles teriam que saber “quem” os Cullens realmente eram. E, encerrada a reunião, o bando cherokee rapidamente colocou-se a caminho da hospedaria, junto a Seth e Leah.

Seth e Hana andavam emparelhados a frente, conversando animadamente e cogitando possíveis lugares onde poderiam passear juntos. Logo atrás vinham Kiary e Lucian, todavia, o lobo não pensou duas vezes em mandar a garota seguir em frente e diminuir seus próprios passos, até que pudesse ficar lado a lado com Leah.

― Que incômodo – pensa ela.

― Oi de novo, Leah, me desculpe se estou incomodando!

― Jacob me deixou a par de seus poderes telepatas, poderia me fazer o favor de ficar fora da minha cabeça? – O encara. – Tenho problemas demais em ter de compartilhar meus pensamentos com o bando, não quero ninguém xeretando minha mente enquanto estou na forma humana.

― Ok – concorda sem graça –, eu fico fora de sua cabeça, mas quero que saiba que tive um imprinting por você e…

― Incrível, mais um idiota obrigado a se apaixonar por alguém – responde com raiva, deixando claro que aquele era um assunto que a incomodava. – Lamento dizer que não sinto o mesmo por você, portanto, me deixe em paz.

Lucian solta uma gargalhada alta, deixando Leah completamente surpresa. O que dissera de tão engraçado? A quileute não pôde deixar de tremer com o som de sua risada e de sentir seu coração bater mais rápido e mais lento ao mesmo tempo, mostrando estar completamente fora de controle… A essa altura, o grupo já estava à frente da hospedaria.

― Você é engraçada. – Sorri. – Eu sou um Filho da Lua, meu imprinting não é como dos outros “idiotas”, como você diz… Eu não sou obrigado a me apaixonar, se fosse obrigado, estaria em prantos agora por ter sido rejeitado, não concorda? – Leah pensa por alguns instantes. – Eu sou um alfa e por isso tenho alguns privilégios, meu imprinting mostra quem é a única pessoa qualificada para me completar, mas, cabe a mim concordar ou não com a escolha da magia lupina.

Leah arregala os olhos surpresa, então ele tinha o direito de escolha? Que incrível...

― Só existe uma pessoa qualificada para cada Filho da Lua, se o alfa recusar sua parceira, ficará sozinho pelo resto de sua vida. É triste, mas isso ainda lhe dá o direito de escolha.

― Isso quer dizer que… – recomeça Leah, ofegando com o pensamento que viera a sua mente.

― Que eu escolhi me apaixonar por você, eu escolhi você… Você, Leah, é minha metade, feita para me completar!

Lucian se aproxima da loba e lhe dá um beijo estalado na bochecha, fazendo a pele morena de Leah se avermelhar. Ela estava confusa, muito confusa: por que ela? E por que ela não sentiu nada? Será que suas suspeitas quanto a sua menopausa eram verdadeiras? Por que ela tinha que ser a única loba defeituosa do mundo, tornando tudo ainda mais difícil?

Leah sente mais uma onda de choro ameaçar explodir de seus olhos e rapidamente prende a respiração, torcendo para que Lucian não percebesse, não querendo passar vexame na frente dele, temendo que a achasse uma louca, ou até mesmo bipolar. Sem pronunciar mais nenhuma palavra, ela o observa adentrar a hospedaria, sendo seguido por Kiary, que a encarou furiosamente pouco antes de sumir de vista.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... No próximo capítulo teremos a apresentação dos Filhos da Lua à família Cullen... Este encontro promete!
.
Duas coisas que me impulsionaram a adiantar a postagem:
— primeiro a Taylline Alves que está implorando pelo capitulo, kkk
— segundo é que a fanfic já recebeu muitos recadinhos e duas recomendações (obrigada a lanaMasen e a Evee pelo carinho) adoreeei *---*