Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 4
Imprinting? – Parte I




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― Mãe – grita Seth, ainda do lado de fora.

A casa parecia bem aconchegante à primeira vista, devido ao seu visual inteiramente de madeira, com plantas e alguns enfeites tamanho GG na varanda, talhados em madeira pelo falecido Harry. Hana observava as belas figuras de madeira quando Sue apareceu repentinamente, estancando de repente ao avistar as estranhas pessoas que acompanhavam o seu filho, não deixando de temer pela vida dele ao deduzir que aqueles deveriam ser os temidos Filhos da Lua.

― Boa tarde, Sue – começa Sam –, estes são nossos visitantes: Lucian, Kiary e Hana, o imprinting de Seth – explica, novamente repetindo os apontamentos conforme os nomes iam sendo pronunciados, ao mesmo tempo em que os cherokees acenavam silenciosamente com a cabeça.

Sue não pôde conter o olhar arregalado e a boca aberta diante daquela revelação. Havia sido pega totalmente desprevenida com o chamado de Seth e ainda mais com aquela notícia, e agora, as dúvidas borbulhavam em sua cabeça como água fervente: Como? Onde? Quando? E ela, correspondia?

― É recíproco – diz Lucian, respondendo sua última pergunta. – Eu garanto!

O coração da pobre mãe se aquieta e seus olhos rapidamente analisam o semblante doce da menina, que parecia ter um coração tão bondoso quanto o de seu filho, o que a acalmou com mais facilidade do que esperava. De alguma forma Sue estava segura e acreditava nas palavras do jovem, uma empatia muito forte parecia brotar entre eles, fazendo-a vacilar em sua opinião de que eram pessoas perigosas. Seu olhar volta-se novamente para Hana, fazendo-a corar no mesmo instante, reação esta que deu boa impressão a Sue.

― Bem-vindos a La Push. Se precisarem de algo, não hesitem em me pedir – inicia, aproximando-se de Seth e acariciando seus cabelos bagunçados –, agora vocês fazem parte da minha família, principalmente você Hana.

― Eles provavelmente precisarão de um favor, Sue – diz Sam. – Precisam de um emprego, pensei na possibilidade de emprestar a oficina de Harry, para que eles possam ter algum tipo de renda...

― Você pode nos alugar se quiser – emenda Lucian –, assim não sairá no prejuízo.

Seth sorri com a novidade e Sue aprova rapidamente a ideia do aluguel. Ela precisava mesmo de algo para completar a renda da família e se o rapaz não se importava com o aluguel, quem seria ela para recusar? Ainda mais empolgada com a visita, que se mostrara tão promissora, a Clearwater convida o grupo para um lanche, mas Sam recusa educadamente. E quando o grupo estava prestes a partir, puderam ouvir um barulhento e ignorante movimentar no interior da casa.

― Acho que Leah acordou. Gostaria muito que vocês a conhecessem, afinal, foi o voto dela que permitiu a entrada de vocês em La Push. – Sorri. – Entretanto, ela sempre acorda de mau-humor, assim que estiver mais sociável eu a aviso sobre a reunião em sua casa, Sam.

― Ela vai gostar de conhecer vocês, de saber que existem outras garotas lobisomens no mundo – ironiza Jacob, falando pela primeira vez naquela visita. – Em nosso bando ela é a única.

Sue joga o peso de seu corpo de uma perna para a outra, incomodada e desconfortável com a maneira de se referir à garota, pois, por mais ignorante e instável que Leah tenha se tornado, ela não deixava de ser a sua filha querida, mas ninguém além de Hana e Lucian – com seus dons especiais – perceberam seu desconforto.

O grupo se despede, partindo rumo à casa de Sam enquanto Sue adentrava a própria casa, com ânimos renovados, para enfrentar a filha mal humorada que preparava algo para comer.

― Sam disse que...

― Já sei mãe – interrompe –, eu ouvi daqui... Ouvi também a piadinha a meu respeito.

― Hana teve um imprinting com seu irmão – diz ela, com voz compreensiva e esperançosa –, e ele por ela. O irmão da menina garantiu que é mútuo talvez você também possa...

― E você acreditou? – interrompe novamente. Ela não gostava de falar daquele assunto, odiava lembrar-se do que era e da existência do imprinting, e quanto antes colocasse fim àquela conversa, melhor. – Eu duvido. Estou saindo, tenho mais uma reunião tediosa para ajustar a patrulha.

Leah sai sem se despedir, deixando mais uma vez uma mãe entristecida e preocupada para trás. Há muito tempo a loba não se importava com nada, nem mesmo com a reunião a que estava se dirigindo, atrasando-se sempre que podia, e, quando possível, procurava comer antes de sair de casa para não precisar usufruir as “generosidades de Emily” – apesar de não conseguir resistir vez ou outra. Ela vivia apenas por viver, sem empolgação, sem alegria, sem amor, sem nada...

Depois de muito tempo de caminhada e de ter se atrasado o suficiente, a casa de Sam entra em seu campo de visão. Leah revira os olhos por mais uma vez estar naquele lugar, suspira profundamente e se aproxima da varanda para entrar. Entretanto, antes mesmo que seus pés alcançassem a porta, a loba é empurrada por uma garota enfurecida, que saiu da residência como um tornado e seguiu caminho sem se desculpar.

Leah acompanha a garota furiosa com o olhar e quando tenta entrar novamente no que, segundo ela, era o pior lugar de todos os tempos, tromba com um tórax masculino coberto por uma camisa branca, cujo dono se desculpa rapidamente e corre sem olhá-la.

― Mais que droga, esse povo é cego por acaso? – retruca, finalmente entrando na casa.

― Não faremos mal ao seu filho, nem sequer nos aproximaremos dele se você não quiser – dizia a estranha menina, com uma pontada de angustia na voz –, mas, por favor, não nos chame assim, você não sabe o que passamos por sermos Filhos da Lua.

― Isso não foi justo Emily, você não poderia ter dito isso – diz Sam à esposa.

― Bravo! – Aplaude. – Uma minibronca ultrapassou as barreiras do imprinting.

― Agora não Leah, a situação está um pouco tensa no momento – diz Seth, aproximando-se da garota ressentida e tocando os seus ombros com suavidade. – Hana, por favor, não fique assim...

A loba não pôde deixar de se lembrar da notícia que sua mãe lhe dera. Seria possível uma loba ter um imprinting? Mas ela era uma Filha da Lua, era diferente em muitos sentidos. A resposta certa talvez nunca aparecesse, afinal, quem em sã consciência a levaria em consideração?

Sua atenção logo se volta ao ambiente, captando a tensão no ar. Sam tentava persuadir Emily, que estava agarrada protetoramente ao filho, Seth consolava a tal de Hana, havia alguns garotos calados no sofá e outros bisbilhotando pela janela. Curiosa com toda a movimentação, Leah retorna a varanda, interessada em saber o que despertara a atenção dos rapazes.

Mesmo de longe, era possível ver a garota furiosa gesticulando incessantemente, provavelmente soltando milhares de palavrões enquanto o rapaz tentando acalmá-la.

― Que showzinho todo é esse? O que aconteceu por aqui?

―Emily se desagradou com a presença dos Filhos da Lua aqui – sussurra Quil da janela –, mas quando Nicolas se aproximou deles e Hana acariciou a cabeça do menino, ela explodiu e disse que não os queria perto do filho. O ápice da paciência deles foi serem chamados de assassinos.

Agora tudo estava explicado, apesar de, na mente de Leah, eles realmente não saberem o que era ser insultado. A loba continua a observar a cena do casal que julgava ser de namorados, vendo atentamente o momento em que a garota estressada se aproximou de uma estrondosa árvore e a derrubou com um único soco, deixando todos os espectadores espantados. O rapaz de camiseta branca a puxa pelo ombro, parecendo igualmente zangado, apontando em direção a casa como se ordenasse o seu retorno, mas ela parecia não querer obedecê-lo.

De certa forma, era uma situação interessante de se assistir, visto que os casais do bando nunca chegavam a brigar com seus imprintings até aquele ponto. O casal volta a discutir e o rapaz agarra a menina pelo pescoço... Opa! Isso já não estava mais parecendo coisa de namorados e Leah rapidamente concentrou-se em sua audição para captar alguma parte da conversa, sem muito sucesso. O homem diz mais algumas palavras, solta a garota e aponta para a casa novamente, fazendo-a se encolher e retorna de cabeça baixa.

Kiary passa por Leah ainda cabisbaixa e obediente, sufocando sua raiva devido à ordem alfa que pesava sobre seus ombros. A loba novamente a acompanha com o olhar e, no minuto seguinte, volta-se para observar o rapaz que se aproximava de cabeça baixa, massageando a nuca.

― Dia difícil?

― Nem me fale – murmura esfregando o rosto.

― Bem-vindo a La Push, onde seus pesadelos se tornam realidade.

Ele ri, levantando o rosto para conhecer a pessoa sarcástica com quem conversava, e neste momento, quando os olhares se cruzaram, ambos se sentiram incapazes de se mover. Lucian sente seu corpo se anestesiar quando as imagens da garota adentraram sua mente como flashes: sua infância, seu sorriso, sua época de escola, seu namoro, sua decepção, sua transformação e a morte de seu pai... Agora ele sabia de tudo, a conhecia mesmo sem nunca tê-la visto antes, e sentia tudo o que a garota sentiu em suas lembranças mais marcantes como se fossem as dele próprio.

― Jake – chama Embry –, dá uma olhada nisso, acho que temos mais um imprinting!

Os garotos do sofá se amontoam na janela para apreciar o fato inédito. Era mesmo possível? Justamente com Leah? Não podia ser verdade, não com uma garota nada feminina, de all star sem meias, bermuda jeans velha e uma regata creme sem graça, uma tatuagem grotesca no ombro, cabelos bagunçados e semblante sério, sem maquiagem ou nada que a deixasse mais bonita.

Lucian via tudo o que os garotos quileutes viam, e muito mais. Via as coxas bem torneadas que a bermuda deixava à mostra, os lábios carnudos e sedutores, o olhar intenso, a pele macia e feminina, o cheiro agradável e convidativo, e o que ele mais desejava em sua parceira, uma lupina.

― O que foi, perdeu alguma coisa na minha cara? – pergunta Leah rispidamente.


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Notas finais do capítulo

Uaaaau, finalmente aconteceu o tão precioso encontroo... Lucian sentiu o imprinting acontecer, tinha certeza de que ela era o eixo de sua vida, mas e Leah? O que será que deu errado? Por que continuava rispida? A resposta vira no próximo capítulo...