Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 38
De Volta ao Lar




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Eram sete horas da manhã, quando Leah despertou de seu sono e pousou suas mãos na enorme barriga, cujo tamanho beirava aos nove meses de uma gestação normal. Passara-se muito tempo desde a captura de Lucian, muitas notícias agradáveis surgiram sobre o bebê, dando-lhe forças para aguentar toda aquela situação: o seu sexo; seu estado de saúde; seus chutes; os sustos que Seth teimava em dar na loba, somente para ver o bebê se remexer; o quanto ele cresceu em tão pouco tempo...

Realmente eram muitas novidades e, mesmo que Lucian estivesse sendo privado de todas elas, a quileute fazia uma nota mental sobre cada uma delas, guardando-as na memória, para que, quando ele retornasse, pudesse assistir a todas elas como se estivesse presente.

O bebê se mexe debaixo de suas mãos, fazendo-a despertar de seus devaneios e finalmente se levantar. Leah abre a janela do quarto para observar o tempo, não havia nuvens no céu e o dia prometia ser bastante agradável, e, como sempre fazia pelas manhãs, ela toma seu café e caminha até a fronteira – acompanhada do irmão –, sentando-se debaixo de uma árvore como de costume, onde ficaria o máximo que seu corpo aguentasse.

Há quanto tempo ela o aguardava mesmo? Leah já havia deixado de contar os dias. O bando quileute já havia perdido a fé, depois de tanto tempo; Sue e Seth se esforçavam para continuar a acreditar na volta de Lucian, mas era realmente difícil manter aquele fio de esperança intacto... Somente Hana e Leah tinha fé em seu retorno, e aguardavam ansiosas pelo tão esperado dia.

Seth permanecia em forma de lobo e cutucava a barriga da irmã com seu focinho gelado, somente pelo prazer de ver e sentir o bebê se remexer.

― Você é realmente um tio muito chato!

O lobo geme de forma divertida, achando graça em tudo aquilo; ele realmente estava adorando a ideia de ter um sobrinho.

Leah fica a observar o fim da clareira por alguns instantes e logo cai no sono. Não era nada fácil caminhar uma longa distância carregando um peso extra, sem contar na diminuição de suas habilidades e reflexos, que estavam todos sendo transmitidos para o filhote de lobo. Segundo Carlisle, o bebê estava realmente grande e por isso sugava suas energias de forma intensa, a teoria do vampiro era de que o acontecimento estava ligado ao fato de ser o filho de um alfa.

A quileute dormia tranquilamente, quando um ganido baixo ressoa como um eco em seu sonho, fazendo-a despertar. Ela olha para o lado, impaciente. Por que Seth não parava quieto? Por que parecia sapatear sem sair do lugar? Aquilo já estava a irritando...

Olha! Olha! Olha! Olha!— grita ele, tentando alertá-la.

― Seth, por favor, o bebê me deixa cansada e você sabe disso, por que não me deixa dormir?

Um rosnado impaciente salta dos lábios do lobo, que tentava a todo custo fazê-la olhar para frente. Leah não estava entendendo nada e, revirando os olhos, vira a cabeça para frente...

― Não pode ser – comenta confusa –, será isso mesmo?

A loba não conseguia acreditar no que via, estava esperando há tanto tempo para ver aquela cena, que quando ela finalmente acontece, nem sequer parecia real. Leah se levanta com dificuldade e esfrega os olhos com força, mas quando os abre, continua a enxergar a mesma cena: o lobisomem negro parado no meio da campina, olhando ao redor e parecendo desorientado.

― Ele voltou pra mim – fala de repente, já sentindo as lágrimas se formarem no canto de seus olhos.

Leah caminha a passos rápidos em direção a ele, não podia correr, mas seguia o mais rápido que conseguia. E quando estava próxima o suficiente, grita o seu nome, recebendo um rosnado em troca. Ela chama novamente, porém, outro rosnado se segue.

― Lucian, sou eu, a Leah – chama, com um tom de urgência na voz.

O lobisomem permanece em silêncio, parecendo pesar as palavras da garota e decidindo se acreditaria nela ou não... E, realmente, era isso que ele fazia! A verdade é que Lucian estava confuso e cansado, não havia se alimentado o suficiente para aquela viajem e, mesmo assim, correra dias e noites seguidas, sem comer, sem beber e sem dormir, tudo pela ansiedade de voltar para ela.

Ele não sabia há quanto tempo estivera correndo, já havia perdido a noção do tempo e, devido à vista cansada, também perdera a noção de espaço. Não tinha muita certeza sobre onde estava, sua audição e seu faro não lhe ajudavam muito, sua mente estava cansada e seus olhos fadigados pareciam querer lhe pregar uma peça, será que aquele vulto à frente era realmente a sua Leah?

Lucian realmente não estava conseguindo identificá-la. Teorias e pensamentos bombardearam sua mente cansada com força, fazendo-o apertar os olhos rapidamente e os abrir devagar, forçando sua vista a enxergar algo além de um vulto.

― Lucian, isso não é um sonho, você está em casa. – Chora. – Você está realmente em casa.

Com muito esforço, a imagem da quileute entra em foco diante de seus olhos, fazendo um ganido agudo vibrar de suas cordas vocais. Agora ele tinha certeza: era mesmo a sua amada Leah!

Leah – geme ele, entre um ganido e outro. – É você mesma!

― Sou eu, meu amor – responde ela, como se pudesse ouvir seus pensamentos.

A pelagem negra começa a se desmanchar, trazendo de volta o homem que um dia fora capturado, e, sem pensar duas vezes, Lucian diminui o espaço entre eles, agarrando o rosto da quileute com certa força, querendo ter certeza de que era real.

― Você voltou pra mim, eu sabia que voltaria! – confessa Leah, não conseguindo controlar o timbre de sua voz. – Eu te amo tanto...

― Você é mesmo real – afirma, já embargado pelo momento e deixando-se levar pelo choro. – Você é mesmo real, estou finalmente em casa!

― Está sim, está em casa.

Leah levanta suas mãos trêmulas e acaricia o rosto do cherokee, enxugando suas lágrimas e fazendo-o fechar os olhos ao sentir seu toque quente. Lucian puxa seu rosto com carinho, mas toca seus lábios com urgência, se deleitando mais vez nas maravilhosas sensações que os beijos de Leah lhe proporcionavam.

Saudade, amor e desejo se misturavam num único beijo, beijo este que parecia não querer terminar. As mãos da quileute deslizam para a nuca de Lucian, percebendo de imediato a ausência de seu cabelo comprido, o que haviam feito com seu imprinting?

Ele, por sua vez, deslizava as mãos do rosto de Leah para a lateral de seu corpo, percebendo não estar tão próximo de dela quanto gostaria. O cherokee interrompe o beijo e olha para baixo, contrariado, mudando suas feições repentinamente ao deparar-se com a perfeita barriga de grávida que ela carregava.

― Oh, céus! – resmunga ele, caindo de joelhos diante dela e chorando novamente. – Como você está mudada, como nosso bebê cresceu... Eu perdi tudo. – Termina num fio de voz.

Suas mãos percorrem toda a superfície da barriga de Leah, sentindo através do tato o coração de seu pequeno filhote bater. Um chute forte por parte da criança acerta as mãos de Lucian, fazendo seu coração disparar, ele havia sido privado de todo aquele crescimento e agora tudo o que lhe bastava era se lamentar.

Ao perceber a tristeza em seu semblante, Leah se abaixa lentamente, ajoelhando-se a sua frente. Ela segura uma das mãos do cherokee em seu ventre e, com a mão livre, segura sua nuca de forma a colar suas testas.

― Está tudo aqui dentro, eu guardei cada detalhe pra você, basta você ler meus pensamentos.

― Mas você disse que...

― O que eu disse não importa mais, eu quero que veja, quero partilhar com você tudo o que estou sentindo e pensando. – Chora. – Quero lhe mostrar tudo o que aconteceu em sua ausência, quero que saiba de tudo, como se estivesse presente o tempo todo!

Lucian não resiste a mais um beijo, e outro, e outro, e outro. E depois de apanhar os lábios da quileute, de forma lenta e prazerosa, pela última vez, ele fecha os olhos, incentivando-a a fazer o mesmo.

Leah passeia em suas lembranças, mostrando a ele tudo o que lhe acontecera: o problema com Embry, a defesa de Sam, o cuidado de sua família e da matilha, a luta com os vampiros e a preciosa ajuda de Evi, as manhãs que estivera a sua espera, seu bebê crescendo cada vez mais na tela do ultrassom, a imagem da loba sem camisa em frente ao espelho...

― Olha, papai – dizia ela em suas lembranças, enquanto se virava de um lado a outro –, nosso filhotinho está enorme, cresce mais a cada dia!

O cherokee não pôde deixar de sorrir com isso. Ver sua amada Leah se exibindo no espelho era realmente uma ótima lembrança, e, vê-la com a barriga já avantajada, era ainda mais prazeroso. Lucian realmente sentia como se estivesse lá, como se presenciasse a cena com os próprios olhos.

A próxima memória mostrava Carlisle e novamente a tela do ultrassom, o médico examinava o monitor do aparelho com atenção e sorria abobalhado.

― Parabéns! É o futuro alfa dos filhos da Lua... É um menino! – explica ele, virando o monitor e apontando para o local do sexo do bebê.

Lucian ri abobalhado, pois, mais uma vez, sentia-se presente naquela consulta. Sabia muito bem que um largo e bobo sorriso estava estampado em seu rosto, mas não ligava, não queria esconder sua satisfação... Durante todos aqueles dias, em nenhum momento sequer ele havia parado para imaginar tal coisa, e agora estava ali, formado, o seu primogênito.

Mais algumas lembranças dançam pela mente da loba e, quando elas terminam, Leah fala em pensamento, abrindo os olhos em seguida.

― Eu também te amo! – responde Lucian encarando seus olhos intensos.

Ainda com as testas coladas, o cherokee acaricia a barriga da quileute novamente, seguindo para seus braços, suas mãos, seu rosto, seus cabelos um pouco mais compridos do que antes. E Leah não ficava para trás, pois há muito tempo vinha desejando tocá-lo novamente, no rosto, no tórax despido, nos braços, nas mãos... Todas aquelas carícias não pareciam ser suficientes para derrubar as saudades que sentiam um do outro.

Leah desliza o rosto para o ombro do rapaz, repousando a cabeça ali e puxando-o para um abraço. Lucian entrelaça os dedos nas costas da quileute, e ela repete o gesto, arrancando-lhe um gemido.

― Você está bem? – pergunta Leah, desfazendo o abraço.

― Estou bem, não é nada!

― Está mentindo – rebate, puxando o ombro direito do cherokee e fazendo-o mostrar a ferida em suas costas. – Seth, chame Carlisle agora mesmo! – grita afobada.

― Não! – corrige o lobo. – Eu quero o leitor de mentes.

― Chame os dois, mas seja rápido.

― O que aconteceu com você – sussurra ela, enquanto Seth uivava a procura de Jacob.

― Calma – tranquiliza, colocando o indicador nos lábios femininos –, eu vou ficar bem.

Lucian não sabia se ficaria bem, tinha ciência de que a ferida estava aberta há muito tempo e, por seu corpo estar debilitado e não conseguir se curar sozinho, provavelmente estava infeccionada. Mas isso era algo que ela não precisava saber, não precisava se preocupar.

Não demora muito para que Carlisle e Edward chegassem ao local, acompanhados de Jacob e dos demais lobos do bando. O doutor corre para examinar as feridas do cherokee, enquanto Edward se aproximava ainda cauteloso.

― É muita coisa para contar e explicar, por favor, me ajude com isso.

O vampiro assente com a cabeça e penetra na mente do lobo, que começa a bombardeá-lo com as informações e acontecimentos de Volterra. Era coisa demais, imagens fortes e marcantes que faziam o leitor de mentes estremecer da cabeça aos pés; ele tenta parar, mas Lucian o força a ver tudo enviando suas lembranças para a cabeça do vampiro à força, através de sua telepatia. E quando o último fato é enviado para a mente de Edward, a vista de Lucian escure e sua mente se desliga, fazendo-o fiar inconsciente no colo de sua loba!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^
Não percam o próximo capitulo, pois ele será nosso ULTIMO e trará consigo as duas surpresinhas que preparei a vocês ♥