Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 32
Volterra – Parte II




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Lucian abre os olhos, atordoado. Dormira apenas algumas horas, já que a quantidade de tranquilizantes aplicada fora bem menor que da última vez, mas sua mente continuava a funcionar em câmera lenta.

O cherokee olha para um lado e não vê nada além de mesas repletas de equipamento médico e de pesquisa, olha para o outro lado e encontra Kiary, encostada à parede. Ela se aproxima da maca, apanhando um tecido qualquer de uma bancada, e começa a limpar o nariz de Lucian, que sangrava devido à reação da injeção.

― Seu olfato está diferente agora, um pouco abaixo da média de um humano comum. O cheiro de um vampiro será nulo para você de agora em diante.

― Saia daqui, não preciso de sua ajuda! – Vira o rosto, sentindo-se ainda dopado.

― Pare de reclamar! – agarra o rosto masculino, terminando de limpar o sangue. – Prepare-se, pois as experiências não terminam por aqui...

Valeska entra no laboratório silenciosamente, mas Kiary não se deixa intimidar pela presença da vampira e continua o que estava fazendo.

― Pode ir agora, Kiary, sua vigilância não é mais necessária! – ordena.

A cherokee lança um olhar furioso para a doutora, mas resolve sair, não seria viável gerar desconfianças quanto a sua lealdade a Aro.

― Muito bem, Lucian! Estamos novamente a sós. – Apanha outra seringa da bancada. – Este é o experimento para bloquear a audição aguçada, meu objetivo é deixá-lo como o de um humano... Estava perto de conseguir aperfeiçoar a vacina, mas o último lobisomem morreu antes do teste final, agora é a sua vez de experimentar a versão aprimorada dela.

A vampira se aproxima do lobisomem, agarrando seu rosto e virando-o de lado com violência, sentindo que Lucian fazia força no sentido contrário, tentando impedi-la de aplicar o conteúdo da seringa.

― Se ficar calmo e colaborar comigo, sua resistência de lobo não permitirá que seus tímpanos se danifiquem quando aplicar a injeção, mas se não ficar parado, os furarei e ficará surdo para sempre. A escolha é sua...

Lucian deita a cabeça de lado, vencido. Nenhuma das opções era agradável, entretanto, optara por deixá-la fazer seu trabalho antes que algo pior lhe acontecesse... Valeska introduz a agulha dentro do ouvido do lobo até alcançar seus tímpanos e aplica o líquido ali, segurando-o alguns minutos naquela posição, para depois repetir o processo no outro.

Não demora muito para o cherokee sentir o torpor em seus ouvidos, como se alguém os tivessem tapando ou algo assim. Era certo que aquela vacina já estava aperfeiçoada e que, agora, sua audição se igualava a de um humano normal... Até quando isso duraria? Até quando ficaria vítima daquelas experiências? Será que nunca mais veria seu imprinting? E o seu filhote, será que nunca chegaria a conhecê-lo?

Uma lágrima solitária escorre de seus olhos ao lembrar-se de Leah. Quanta saudade sentia de sua garota, quanta tristeza sentia por ser privado do crescimento de seu filho, que vazio imenso a distância lhe causava...

― Está me ouvindo agora? – sussurra a doutora próxima a ele, retirando-o de seus devaneios.

― É claro que estou não sou surdo.

― Tecnicamente, você ficou surdo se comparar ao seu estado antigo. Estou sussurrando desde o outro lado do laboratório e somente agora é que me ouviu... O inibidor de audição está aperfeiçoado, pode descansar por hora, amanhã começaremos os estudos sobre a fonte de seus poderes... Sem injeções, eu prometo! – Sorri irônica.

Valeska se afasta, sentando-se em sua mesa de estudos, onde fica a analisar tudo o que descobrira e conseguira fazer até aquele momento. Lucian, por alguns instantes, achou que o deixariam em paz, mas logo constata que não, ao ouvir a porta do laboratório se abrir de forma barulhenta.

― Como vai nossa pesquisa, Dra. Valeska?

― Excelente, mestre Aro. Seu olfato e sua audição apurada não existem mais – relata a médica sem sair do lugar. – Iniciarei a pesquisa de seus poderes assim que amanhecer.

― Bravo! Então posso me aproximar da besta sem que ela se transforme. – Se aproxima, fascinado, tendo o seu olhar sustentado seriamente por Lucian.

Aro percorre toda a extensão da maca com segundas intenções, e quando finalmente alcança a cabeça do lobo, para.

― Me pergunto se as suas habilidades telepáticas podem bloquear o meu dom – cogita.

― Que pergunta idiota, é claro que sim!

― Mas seu corpo está debilitado. – Sorri vitorioso. – Talvez a falta de comida e água façam alguma diferença.

O vampiro toca a cabeça do lobisomem com as pontas dos dedos, invadindo sua mente no mesmo instante. Lucian podia senti-lo ali e esforçava-se para bloquear sua entrada, mas em vão, pois seu corpo enfraquecido realmente influenciava negativamente em suas habilidades.

Foram apenas alguns segundos de resistência, até que Aro tivesse total acesso ao seu passado e às suas lembranças. Toda a sua vida começa a saltar em sua mente rapidamente: a infância, os pais, Hana, Piatã, o ataque Volturi, Kiary, lutas, fugas, La Push... Leah...

Uma tristeza profunda invade o coração de Lucian quando as imagens de sua amada surgem em sua cabeça. Os momentos juntos, os beijos, os abraços, a atração, o sorriso, tudo isso o deixava com ainda mais saudades dela.

― Interessante – conclui Aro, se afastando do lobo, pensativo.

Com o afastamento do vampiro e a privacidade de sua mente restaurada, Lucian medita sobre uma das lembranças que Aro lhe trouxera a tona, a preciosa memória do que dissera a loba. Ele dera a sua palavra de que sempre voltaria para ela e não poderia falhar agora... Ele tinha que escapar, mesmo que levasse muito tempo tinha que retornar, custe o que custar.

― Mestre Aro – chama Vic, adentrando o laboratório –, os vampiros selecionados para o ataque já estão reunidos, aguardo apenas sua permissão para partirmos.

― Que ótima notícia, Vic, perfeita e rápida como sempre em seus afazeres. Mas darei um novo objetivo a você e ao exército. – Sorri. – eu quero a quileute viva!

― Como? – pergunta a rastreadora confusa, atraindo a atenção de Valeska para a conversa.

― Ela está grávida do Filho da Lua e eu quero aquela criança! – Seus olhos cintilam com sua ambição por aquela cria. – Quero aquele bebê em minha Guarda, talvez possa domesticá-lo como fiz com Kiary.

― Não! – grita Lucian furioso, debatendo-se para se livrar das amarras – Deixe Leah e o meu filho em paz – rosna.

― Que adorável – responde sarcástico –, instinto paternal, mas não a nada que possa fazer por eles no momento. – Vira-se para Vic. – Junte um exército ainda maior e ataque daqui a cinco dias, matem todos que se colocarem no caminho e traga a quileute para mim!

― Sim, senhor.

Vic deixa a sala às pressas, pois precisava recrutar ainda mais vampiros e cuidar dos preparativos do ataque rapidamente, o tempo era curto, se considerasse o período que gastariam de viajando...

Aro se aproxima do cherokee novamente, olhando no profundo de seus olhos.

― Não se preocupe, Lucian, eu me encarregarei de unir a família novamente. – Sorri com seu modo enjoativo de sempre.

Lucian, que não se permitia desviar o olhar, pisca uma vez mostrando à íris negra de sua fera interior. Seus caninos se salientam e suas garras se sobressaltam com rapidez, pois estava disposto a transformar-se voluntariamente, somente para acabar com todos os que ameaçavam sua família.

Aro recua alguns passos com o susto, não conseguindo acreditar que o rapaz ainda tivesse forças para uma transformação. O corpo do lobisomem cresce consideravelmente, fazendo as amarras estourarem e as pernas da maca envergarem com o seu peso.

Pelos começam a surgir em todo o seu corpo e o focinho já se alongava, mostrando ferozmente os dentes para o vampiro. Diferentemente da transformação com a Lua cheia, esta não lhe acarretava dor e tampouco a perda de seu lado racional.

Lucian desce da maca lentamente, sentindo vertigem devido ao corpo debilitado. Sua intenção era a de triturar o causar de toda a desgraça de sua vida e fugir, mas antes que pudesse dar mais um passo, uma forte dor se apodera de seu corpo fazendo-o cair de joelhos. Era como se milhares de facas acertassem os membros de seu corpo, causando-lhe uma dor descomunal.

Aro suspira aliviado ao constatar que Jane estava o atacando. Por um momento o vampiro realmente sentiu medo da grande fera, mas depois, se enfureceu por um descuido daquele ter acontecido.

― Prenda-o direito, Valeska, ele é um alfa, não pode querer segurá-lo com amarras tão miseráveis.

― Sim, senhor, farei isso imediatamente...

A doutora apanha mais tranquilizantes e lança sobre o corpo do lobisomem, que se contorcia pela ilusão de dor, fazendo-o apagar novamente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :)
No próximo capitulo, voltaremos à La Push, onde acompanharemos o ataque dos vampiros à Leah...