Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 31
Volterra – Parte I




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― Acorde, monstro, mestre Aro quer ver você! – grita o capataz dando um forte chute na jaula.

O cherokee abre os olhos com dificuldade, mal conseguindo mantê-los abertos. Ele dormira por dois dias seguidos, estava com fome, com sede e totalmente desorientado. O cheiro adocicado do vampiro entra em seus pulmões, queimando todo o seu interior e o ajudando a ficar mais alerta, seu corpo estava tão enfraquecido pela falta de comida que mal reagia à presença do sanguessuga.

― Como vim parar aqui? – pergunta com voz arrastada.

― Está perfeito assim – diz Jane, ignorando a pergunta do cherokee. – Vamos levá-lo até o mestre Aro.

― Aro? – Pensa Lucian. – Estou em Volterra? Mas como?

O capataz mexe em algo que pareciam ser fios e empurra a jaula, que se encontrava sobre um suporte com rodas, enquanto a vampira loira ia logo à frente, abrindo caminho até o seu mestre. A porta do grande salão se abre e Lucian observa as figuras imponentes dos três vampiros, sentados em suas poltronas luxuosas com suas vestes pomposas. Toda a Guarda Volturi estava presente naquele salão, curiosos para conhecerem o alvo da cobiça do mestre.

O cherokee torce o nariz para cada vampiro que enxergava e, quando vê Aro se aproximando, sente certo medo por sequer conseguir se manter em pé.

― Ah, que admirável criatura! – começa Aro enjoativamente feliz. – Tão perigosa e, ao mesmo tempo, tão importante... Vocês estão de parabéns, meus queridos, fizeram um excelente trabalho.

― Seja lá o que queira de mim, não vai ter – resmunga, ainda sentindo a voz meio arrastada.

― Todos os outros disseram a mesma coisa, mas serviram de cobaias para meus experimentos da mesma forma. – Sorri. – Não está curioso para saber o que pretendo fazer com você?

― Sim, estou – confessa.

― Antes de revelar isso, quero lhe contar uma historinha. – Começa a andar de um lado a outro, gesticulando. – Era uma vez uma aldeia de seres grotescos. Imensos e perigosos lobisomens cherokees. Um dia esta aldeia foi atacada pela Guarda Volturi, que procurava exterminar esta horrível praga da face da Terra... Jane, minha querida criança, fez um ótimo trabalho torturando os monstros até a morte.

Aro sorri com as lembranças de horror que roubara da vampira na época, seus olhos vermelhos cintilam de prazer pelo sofrimento das feras e Lucian sentia seu coração apertar, pois reconhecia naquela história, a forma com que seus pais morreram.

― Em meio ao ataque – continua –, um lobisomem em especial se destacou, pois nenhum poder da Guarda Volturi conseguia penetrar sua mente. Este lobisomem bloqueava a todos com sua telepatia e, por causa disso, conseguiu fugir, levando sua irmã consigo. – Respira fundo. – Os bonzinhos, que são as minhas crianças, é claro, caçaram o lobisomem especial por vários e vários anos, sem sucesso algum, pois ele era um alfa muito habilidoso e sempre os despistava.

Jane resmunga algumas palavras ininteligíveis, lembrar-se dos longos anos em que ele a fizera de idiota. Era realmente revoltante.

― Confesso que estava ficando enfadado com todo aquele jogo, então, pedi reforço. – Faz sinal para que alguém se aproximasse. – Essa é a rastreadora que o localizou, acredito que já tenham se conhecido.

― Ainda não, mestre Aro – responde a vampira. – A situação não era apropriada...

― Ah, que lastimável, mas nunca é tarde para fazê-lo, não é?

― Olá Lucian, lembra-se de mim?

O cherokee analisa a figura da moça por alguns instantes, ela era bonita, com corpo bem modelado pelas roupas coladas, vestia botas médias e um sobretudo negro, com correntes de ouro nos bolsos e mangas. Os cabelos soltos da vampira eram negros e compridos, seus olhos faiscavam num vermelho sangue e seu rosto era incrivelmente bem decorado com a tatuagem floral em torno do olho esquerdo.

Lucian força seu corpo a se levantar, queria estar à altura daquela apresentação e mostrar a todos que, apesar de capturado, não abaixaria a cabeça para um sanguessuga.

― Lembro-me de você, mas naquele dia não quis me dizer seu nome...

― Não era o momento apropriado, mas agora posso fazê-lo... Sou russa, uma rastreadora de elite, de um clã de caçadores de lobisomens, fui contratada pelos Volturis especialmente para procurá-lo... Meu nome é Vic Salles.

― Clã de Caçadores? Vampira de Elite? Isso explica muita coisa – resmunga.

― Agora que já estão devidamente apresentados – continua Aro –, creio que posso revelar como foi apanhado, é um relato muito interessante! – Sorri. – Vic ficou responsável por encontrá-lo, mas tivemos o auxílio de outra pessoa para capturá-lo.

― Não me interessa quem seja, estou farto de ouvi-lo...

― Não! – Faz uma negativa com a cabeça. – Você vai desejar muito me ouvir. Essa pessoa nos contou tudo sobre você: seus pontos fortes, fracos e a melhor maneira de pegá-lo... Acho que você vai ficar feliz em revê-la. – Sorri com olhos faiscantes.

Aro estende o braço em direção a porta do imenso salão, fazendo com que os olhos do cherokee se desviassem para aquela direção. Lucian não podia acreditar no que via, não podia acreditar que fora traído daquela forma...

― Olá, Lucian, quanto tempo!

― Kiary? – pergunta incrédulo.

― Eu mesma.

― Você contou a eles sobre mim? Como pode me trair assim?

― Você não me interessa mais – rebate –, por isso falei tudo a eles. Disse sobre o esquema da Lua cheia e de como ficávamos sozinhos enquanto os quileutes protegiam os Cullens. Entreguei a eles informações valiosas sobre nossa transformação e ainda arquitetei o plano de captura... Lembra-se das correntes e dos dardos tranquilizantes? Foi tudo ideia minha.

― Traidora! – grunhi, subitamente sentindo um gosto amargo na boca, o gosto da traição. – Vai pagar por isso...

― É você quem vai pagar – ameaça. – Está tão fraco e com fome que mal consegue manter-se em pé, eles sabem que se você não comer regularmente, enfraquecerá e não conseguirá atacá-los. – Volta-se para Aro. – Minha parte do trato está cumprida, agora é a sua vez...

― Trato? – pergunta o cherokee irritado.

― Kiary veio à Volterra nos propor um tratado, ela entregaria você a nós e seria nosso cão de guarda, e em troca...

― Em troca? – incentiva Lucian, desconfiado.

― E em troca teríamos de massacrar a garota quileute.

O chão parecia se desmanchar abaixo de seus pés. Kiary estava entregando o objeto da cobiça de Aro, em troca da morte da loba? Da sua Leah?

― Se tocar nela, eu te mato – grita furioso.

Lucian agarra as barras de aço com ira e é atingido por uma grande descarga elétrica. A jaula estava eletrificada, fazendo-o urrar com a dor que sentia, entretanto, ele não fazia menção de soltá-las.

O cherokee força as barras de aço tentando escapar, porém, a eletricidade misturada ao corpo enfraquecido fez com que suas mãos começassem a queimar e a sangrar...

― Deixe de ser idiota e largue a jaula, Lucian – esbraveja Kiary.

― Não – grunhi. – Vou sair daqui e acabar com todos vocês!

As barras de aço começam a sair do lugar, para o desespero dos vampiros, que observavam a cena atônitos. O capataz apanha um pedaço de ferro e acerta o peito do rapaz, fazendo-o soltar a jaula e cair para trás.

― Deixe Leah em paz, por favor – murmura ele, repentinamente mostrando-se desolado. – Você já tem a mim, não precisa continuar com este tratado.

― Eu sempre cumpro minha palavra, é minha responsabilidade como líder. Sem contar que Kiary será de grande valia em meu exercito particular.

― Como poderá usá-la se seu corpo reage com a presença de vampiros? – pergunta, ainda deitado.

Finalmente a mente do lobo estava processando os sinais: a lobisomem estava com os Volturis desde que saíra de La Push e estava forte e esbelta – sinal de que estava se alimentando bem –, como, então, ela não estava reagindo à presença de tantos sanguessugas?

Jane e Alec riem em uníssono, achando graça da ignorância e do raciocínio lento do cherokee.

― Kiary foi nossa primeira experiência bem-sucedida. Como ela se voluntariou a ser nosso bichinho de estimação, tivemos de mexer em seu olfato, para que seus instintos não nos reconhecessem e não reagisse.

― Eles fizeram experiências com você? – pergunta chocado.

― E farão o mesmo com você – retruca ela –, mas para um objetivo diferente.

― Com você, meu caro Lucian, pretendo fazer algo distinto. Primeiramente, quero estudar a fonte de seus poderes, para assim, estimulá-los em alguns humanos e transformá-los em vampiros poderosos para a Guarda...

― Você é um monstro! – cospe Lucian, levantando o tronco para encará-lo.

― Acalme-se! Ainda não terminei... Também farei algumas experiências em você, para aperfeiçoar nossa vacina contra os genes lupinos. Como pode ver... – Aponta para Kiary. – Já conseguimos inibir o olfato, mas ainda temos muito no que trabalhar. – Caminha em direção a sua poltrona. – Vic, sinta-se livre para escolher os vampiros que quiser para atacar a quileute; em seguida, estará dispensada para retornar ao seu clã... Jane, leve nosso prisioneiro ao laboratório.

― Sim, mestre Aro! – respondem as vampiras em coro.

O capataz volta a empurrar a jaula, mas, desta vez, para a saída do salão. Lucian passa por Kiary lançando-lhe um olhar frio, como se nunca tivessem se conhecido ou se visto em suas vidas.

― Eu definitivamente te odeio! – sussurra o cherokee.

Kiary sente seu coração se apertar com aquelas palavras. Por mais que estivesse se vingando, não conseguia deixar de amá-lo, e, por um instante, se arrependeu da decisão que tomara. Contudo, mas era tarde demais para voltar atrás.

― Me perdoe – gesticula ela com os lábios, sem emitir som.

― Não – responde ele da mesma forma.

Aquele ato era grande e maligno demais para ser perdoado e esquecido tão facilmente. A porta do salão se fecha novamente, rompendo o contato visual dos cherokees e enterrando para sempre qualquer tipo de afeto fraternal que ele tinha por ela.

O prisioneiro é levado às presas para o laboratório, onde o acertam com novos dardos tranquilizantes e o amarram a uma maca. Com os braços, tronco e pernas bem atados, o lobisomem estava totalmente entregue às experiências da Dra. Valeska, uma vampira formada em medicina – enquanto viva – e que depois de transformada, entregou seus conhecimentos às vontades de Aro.

― Então essa é a peça valiosa que mestre Aro me contou – murmura para si mesma, após a saída de Jane e do capataz. – É ainda mais bonito que o outro!

Valeska coloca suas luvas brancas e rodeia a maca, analisando o físico do lobo, alisando seu abdômen e seus lábios.

― Muito bem, Lucian! Quando acordar, não sentirá o cheiro de mais nada... Aqui começa a sua vida como minha cobaia!

A doutora apanha duas seringas, estrategicamente colocadas numa mesa ali perto e as aplica, uma em cada lado da narina do cherokee, fazendo a agulha penetrar em sua carne, bloqueando para sempre seu olfato apurado de lobisomem.


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Notas finais do capítulo

Bem vinda a fanfic Vic Salles :D
Espero que tenham gostado...
No próximo capitulo continuaremos a ver o que acontece com nosso lobinho, em Volterra. Acalmem os corações, pois muita coisa ainda está por vir...