Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 30
Um Dia Sem Ele




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Teria cena pior do que aquela? Ver o amor de sua vida ser levado sem poder fazer nada? Sem ninguém para lhe ajudar? Nem mesmo a tragédia com Sam tinha causado tamanho impacto ao coração Leah, quanto aquele acontecimento: a captura de Lucian.

Os Volturis se afastam gradualmente, até sumirem de vista por completo. Um imenso abismo parecia ser aberto no coração da quileute, que deixa seu corpo cair sobre seus joelhos e as lágrimas fluírem de seus olhos de forma ininterrupta, no início, silenciosas, depois com gemidos, até se tornarem um pranto doloroso.

Sua cabeça borbulhava, seus pulmões pareciam querer parar de puxar ar e seu coração estava apertado, como se quisesse desistir de trabalhar. Sua vontade era a de correr e se atirar do penhasco de La Push, sumir, evaporar... Mas não podia, não podia entrar em desespero, não podia enlouquecer agora, tinha que ser forte pelo seu bebê!

As horas passam lentamente e, quando o Sol finalmente despontava no horizonte, as lágrimas da quileute cintilaram com os seus raios. Leah permanecera imóvel por horas, no mesmo lugar em que se ajoelhara durante a noite, não movendo um músculo.

― Leah, você está bem? – pergunta uma voz masculina. – Leah? – chama novamente.

A loba desperta de seu transe e observa o rosto preocupado de Embry, olhando, em seguida, para o lado onde outrora estava a lobisomem cor de areia. Ela havia retornado à forma humana, mas ainda estava apagada devido aos três dardos de tranquilizantes em suas costas. Seth a pega no colo com cuidado, se perguntando o que havia acontecido.

― Leah, por que não se transformou? – pergunta Jacob preocupado. – Estávamos esperando seu contato, o que aconteceu por aqui?

― Eles o levaram – responde com grande pesar, já sentindo o nó se formar em sua garganta. – Eles levaram o meu Lucian.

― Quem o levou? – pergunta Embry.

― Os Volturis – responde numa voz chorosa. – Eles tinham tudo planejado, o pegaram enquanto estava sozinho, tinham correntes e dardos tranquilizantes. – Chora novamente. – O prenderam e o arrastaram como um animal.

Os quileutes se entreolham por alguns instantes, observando a loba com olhos aflitos. Eles sabiam que a dor de perder um imprinting era enorme e não sabiam o que fazer ou dizer, porque tudo parecia ser errado ou inconveniente naquele momento...

― O que está fazendo? – pergunta Paul, ao ver Embry se agachar ao lado da loba.

― Vou levá-la para casa, ela está grávida e não pode ficar aqui para sempre!

O rapaz estende os braços para apanhá-la no colo, mas ela o rejeita e se levanta sozinha, ignorando os joelhos doloridos.

― Quer que eu a acompanhe? – oferece Embry.

― Não... Quero ficar sozinha!

Leah caminha pela floresta solitária, tentando imaginar como sobreviveria sem ele. Ela olha ao redor e logo reconhece a rota para a campina, onde o levara em seu segundo encontro. Não tinha como fugir, tudo a lembrava dele...

As flores a lembravam do episódio em que ele colocou uma delas atrás de sua orelha, e a terra a lembrava da primeira vez que ele a viu em sua forma lupina, logo depois de conhecer os Cullens...

A reserva logo aparece na visão de Leah e, com ela, mais lembranças. A hospedaria lhe lembrava o primeiro beijo estalado que ele lhe dera no rosto, deixando-a encabulada. Também a lembrava de sua primeira noite de amor e de como ele a fizera se sentir a mulher mais incrível e linda do mundo.

Leah não conseguia permanecer ali, aquelas lembranças geravam saudades e ela não conseguia suportar aquele sentimento sem chorar. Ela corre em direção à praia, mas para o desespero de seu coração, ali estavam mais e mais lembranças: o dia em que ele a beijou no pescoço deixando suas pernas moles como geleia, o píer onde ele trabalhava sem camisa e deixava as garotas babando e à noite em que o imprinting aconteceu.

Ela respira profundamente, fechando os olhos e deixando as lágrimas silenciosas escorrerem por sua face, pensando estar sozinha, mas se assustando ao sentir uma mão tocar-lhe o rosto, enxugando-o.

― Embry? O que está fazendo aqui? Já disse que quero ficar sozinha...

― E você achou mesmo que eu a deixaria só? – A abraça. – Ficarei perto de você...

Um calafrio sobe pela espinha de Leah com os lábios dele sussurrando em seu ouvido, mas não era um calafrio prazeroso como o que Lucian lhe proporcionava, era um calafrio estranho, como se aquilo representasse perigo e não devesse acontecer.

― Acho que é hora de voltar para casa, Leah – pigarreia Sam, atrapalhando a conversa. – Vou acompanhá-la até lá.

― Não precisa – rebate Embry o afastando com a mão. – Você não faz mais parte do bando, deixe que eu a acompanho. Vamos Leah...

― Não preciso de babá, já disse que quero ficar sozinha! – esbraveja.

A quileute caminha a passos largos para sua casa, sendo seguida por Embry, que ignorava completamente a sua vontade de ficar só. Sam fica para trás, o encarando desconfiado, sabia que tinha algo estranho acontecendo e tinha que descobrir o que era.

Assim que chega a sua casa, Leah corre para o quarto de cabeça baixa, se jogando na cama. Tudo o que queria era ficar a sós com seus pensamentos, mas Embry parecia não querer deixá-la. Sue os segue logo em seguida, reconhecendo que algo estava errado e que não seria uma boa hora para conversar, preferindo sair em busca de um copo de água com açúcar.

― Fique bem – pede Embry, beijando a testa da loba e acariciando seus cabelos, fazendo-a estranhar o gesto e virar o rosto para o outro lado.

O quileute desliza o polegar sobre o braço de Leah e, quando se vira para sair, assusta-se com Seth, encostado no batente da porta o observando, também desconfiado.

― Obrigado pela ajuda Embry – responde secamente. – Acho que pode ir agora.

― Embry, obrigada por acompanhá-la – agradece Sue, aparecendo de repente. – Pode voltar mais tarde se quiser, para visitá-la.

― Ele não pode – corta Seth, furioso –, estará muito ocupado!

Era estranho para ele ver tais demonstrações de afeto surgirem tão de repente, ainda mais com Lucian estando ausente e Leah tão abalada. Seth sabia que Embry estava escondendo algo, mas estava disposto a cuidar da irmã e não deixá-lo se aproximar dela, em respeito ao cherokee.

Embry se vê forçado a ir, e assim o faz. Seth leva um pequeno sermão a respeito de sua grosseria, mas nada tão colossal, afinal, as atenções de Sue estavam em Leah e em Hana, que dormia no quarto do rapaz.

Todo aquele dia estava sendo perdido pelo estado em que Leah se encontrava: sem comer, sem se mover e sem se lembrar que esperava um bebê. Tudo o que ela conseguia fazer, era observar a aliança prateada em seu dedo, repassar as lembranças que tinha de Lucian e chorar...

Já era noite quando uma lembrança em especial lhe veio à mente: “Grave bem isso: Eu sempre vou voltar pra você!”. A frase ecoa alto em sua cabeça, de novo, de novo e de novo, fazendo com que um raio de esperança brilhasse em meio aquele dia tão obscuro.

― É claro. Você vai voltar pra mim – conclui, levantando-se subitamente.

Leah deixa o quarto determinada, como se as horas que passara inerte não tivessem existido. Ela corre em direção à cozinha e toma as panquecas da mão do irmão, estava faminta e só agora se dava conta disso. E depois de devolver o prato vazio para Seth, a quileute corre em direção à porta, ignorando completamente a presença de Sue e Hana na sala.

― Aonde vai? – pergunta Sue preocupada.

― Vou para a fronteira da reserva esperar Lucian voltar...

― Leah, querida. – Suspira tristemente. – Seth me contou o que houve, ele não vai voltar.

― Lucian foi capturado pelos Volturis, você não se lembra? – pergunta o rapaz preocupado.

― Eu me lembro, mas ele me garantiu que sempre voltaria para mim.

― Minha filha. Sei que isso tudo foi um choque para você, mas ele não voltará – confessa Sue já em prantos, não querendo cultivar nela uma esperança que nunca se concretizaria.

― Mãe! – Sente o nó apertar-lhe a garganta. – Ele vai voltar sim, acredite em mim. Lucian me disse isso, me disse que sempre voltaria para mim. Ele me garantiu com...

― Toda a força de seu coração cherokee – completa Hana se levantando do sofá. – Você tem certeza de que ele vai voltar? – pergunta com olhos agoniados.

― Ele nunca mentiu para mim, tenho certeza que voltará! – Suspira, tentando conter suas próprias emoções. – E quando isso acontecer, quero estar lá para recebê-lo...

― Vou com você! – diz Hana.

― Se for assim, eu também vou – emenda Seth.

― Se a família toda vai tomar partido nesse raio de esperança, então, eu vou junto. Vamos nos revezar, assim, sempre terá alguém esperando pelo seu retorno.

Leah sorri com o apoio recebido. Em seu peito ainda martelava a saudade e, com certeza, sempre martelaria. Não ter Lucian por perto era como ter a metade de seu coração arrancado, mas ela não podia desistir dele, e se a sua família queria ajudá-la, com certeza aceitaria...

Ali começava uma nova jornada para a quileute. A jornada de uma mulher apaixonada, esperando pelo retorno de seu amado, sem saber ao certo se estava vivo ou morto!


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Notas finais do capítulo

Confesso que fiquei com um nó na garganta por escrever este capítulo e imaginar todas as reações da loba... Espero que tenham colocado uma musica bem romântica no fundo, ajuda a dar ênfase aos acontecimentos ♥
No próximo capitulo focaremos nossa atenção em Volterra, para sabermos o que aconteceu ao nosso lobisomem preferido!



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