Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 29
A Queda de Lucian




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A primeira semana de gestação passa com extrema euforia. Lucian contara a novidade a todos os seus amigos pescadores, mas o bando em si, nem sequer sabia. E como pedido por Carlisle, Leah fizera seu primeiro ultrassom para verificar o crescimento do bebê, mas ainda não havia sinal dele, como previsto pelo vampiro.

A gravidez entra em sua segunda semana e nada do bebê aparecer. A essa altura Seth já estava ciente da novidade e, depois de quase colocar a casa abaixo por Lucian ter tocado na sua “irmãzinha”, ele se alegrou com a ideia de ser titio e espalhou a notícia, fazendo todo o bando quileute se reunir na casa dos Clearwater para comemorar a notícia.

A princípio, Jake ficou receoso quanto a criança ser um filho da Lua, mas relaxou após Lucian lhe explicar que os genes cherokees só corriam o risco de se manifestar após os quinze anos. E com a preocupação adiada, o alfa do bando quileute pôde aproveitar as boas novas e festejar...

Porém, na terceira semana:

― Opa! – exclama Carlisle de repente. – Temos algo diferente aqui.

― O quê? – pergunta Leah, curiosa para ver a tela do ultrassom.

― Os bebês costumam aparecer no ultrassom somente a partir da quinta semana de gravidez, pois começam a adquirir um tamanho identificável pelo aparelho... Mas parece-me que seu filhote está crescendo muito rápido, estamos na terceira semana e ele já está aparecendo na telinha. – Vira o monitor em direção a ela. – Este é o seu bebê!

A loba analisa a pequena mancha na tela do ultrassom e sorri abobalhada.

― Sua gravidez não será tão rápida como a de Bella, mas também não levará o mesmo tempo de uma mulher comum. Se com três semanas seu tamanho equivale a um feto de seis, acredito que nascerá em quatro meses, aproximadamente.

― Quatro meses? – espanta-se.

― Ele realmente é um lobinho bastante apressado. – Sorri.

A consulta se encerra e Leah retorna para a reserva juntamente a sua mãe, que insistia em acompanhá-la em todos os seus encontros médicos, já que Lucian não podia se aproximar do vampiro.

Naquela mesma tarde, os quileutes realizaram uma reunião de emergência, a fim de acertar os detalhes da noite de Lua Cheia, que aconteceria ainda naquela noite... O plano arquitetado, com base na experiência anterior, era o de manter Leah na floresta com os cherokees, enquanto os quileutes protegeriam os Cullens, apenas por precaução.

A esperança era a de sequer os verem durante toda a noite. E, horas depois, o Sol começa a se pôr, era hora de colocar o plano em prática. Os quileutes correm para o encontro com os vampiros, como na primeira vez, enquanto o trio se preparava no meio da floresta.

― Você vai ficar atrás daquela árvore. – Aponta Lucian. – Não quero que veja isso, pode não gostar.

― Sem problemas pra mim – concorda Leah.

A loba dá um último beijo em seu amado e caminha em direção a árvore que ele escolhera, sentando-se em sua raiz. A noite não tarda a cair, mas o tempo parecia não passar aos olhos de Leah, que estava ansiosa com a nova experiência.

Lucian já podia sentir a influência da Lua sobre o seu corpo, mas continha seus gemidos para que a quileute não ouvisse, pois o que menos queria no momento, era assustá-la com o quão cruel sua transformação poderia ser. Entretanto, conforme o tempo passava, a dor por conter a fera se tornava insuportável.

― Ah, droga! – reclama Hana antes de cair de joelhos. – Está difícil de segurar, Lucian!

― Pare de segurar então – responde entre dentes.

Hana obedece e ergue os olhos aos céus, encontrando a Lua e deixando-a a envolver com sua magia. Um último grito de dor salta de suas cordas vocais e a lobisomem cor de areia explode de dentro de seu corpo, olhando ao redor e correndo pela floresta, sem notar a presença da quileute.

Agora era a vez do alfa. Seu monstro já pulsava dentro de si, quando uma forte pontada acerta-lhe o peito, arrancando um urro de sua garganta e fazendo os cabelos da nuca de Leah se arrepiarem. Era realmente horrível ouvir o som de sua dor...

Lucian não queria prolongar aquilo por mais tempo, não queria submeter Leah ao seu sofrimento, e, por isso, deixou seus olhos serem atraídos pela Lua. Outro urro ressoa do profundo de sua garganta, transformando-se num uivo forte e amedrontador. A loba se levanta com o susto, sabia que ele já estava transformado e que agora era a vez dela...

Com os olhos fechados, a quileute se concentra no calor de sua própria transformação, como sempre fazia, bastando deixá-lo arrebatar seu corpo humano e transformá-la numa loba... O fogo cresce em seu peito e começa a se espalhar, irradiando por seus membros, mas retorna de repente, como se tivesse sido empurrado de volta.

― O que foi isso? – pergunta-se confusa.

Ela tenta novamente, sentindo o calor crescer dentro de si e se espalhar até certo ponto, retornando e fazendo uma leve tontura afetar sua cabeça.

― Não consigo me transformar, será por causa da gravidez? Que droga, Leah, por que não pensou nisso antes? Deveria ter feito o teste antes de aceitar este plano absurdo!

Um ar quente sopra em sua nuca, fazendo-a sair de seus devaneios e ficar cara a cara com a fera negra. Outra lufada de ar quente sai das narinas do lobisomem acertando o seu rosto, ele levanta os lábios deixando suas presas à mostra e solta um alto rosnado. Como ele a reconheceria sem a transformação? Aquele realmente parecia ser o fim!

― Lucian – chama por impulso –, por favor, você precisa me reconhecer! – A fera recua um passo, a analisando. – Sou eu, sinta meu cheiro.

Leah estende o braço em direção à fera, que avança contra sua mão tentando uma mordida. Ela recua alguns passos, assustada, tropeçando na raiz da árvore e caindo de costas no chão, achando que aquilo só podia ser um pesadelo... O lobisomem avança alguns passos, encurralando-a contra o solo e se aproximando do rosto da quileute, com os dentes à mostra, fazendo-a fechar os olhos, amedrontada.

A loba permanecia imóvel, o que fez a fera se acalmar, pois já não a via como uma ameaça. Ele a encarava com desconfiança, respirando profundamente a fim de analisá-la melhor, como um bichinho que deveria ser estudado. Uma grande quantidade de ar entra em suas narinas, levando consigo o cheiro característico de Leah, fazendo-o finalmente reconhecê-la e lamber sua face.

― Que nojo – esbraveja.

Leah abre os olhos, sentindo a baba escorrer por seu rosto. Estava cara a cara com o monstro que já não parecia odiá-la. O lobisomem esfrega o focinho na curva de seu pescoço como se a abraçasse e levanta em seguida, dando liberdade para ela se saísse do chão.

― Achei que não iria me reconhecer – confessa, esquecendo-se que a fera era irracional e não conseguia compreendê-la. – Venha, vamos dar uma volta.

A quileute se vira com rapidez e acaba por tropeçar em outra raiz da grande árvore, mas antes que pudesse alcançar o solo, os braços fortes da fera negra a envolvem com carinho, amparando-a. Leah olha ao seu redor, reparando na pelagem macia do lobo e no cuidado que ele tivera de manter as garras longe de seu corpo, impressionando-se com a força que o imprinting também sobre a fera.

― Obrigada – acaricia os pelos negros do lobisomem, fazendo-o bufar, provavelmente a repreendendo pelo descuido.

Humana e lobisomem caminham lado a lado pela floresta. Leah pretendia se aproximar do bando para explicar o porquê de não se transformar e mandar notícias, mas seus planos foram interrompidos pelo uivo de Hana, que corta o silêncio da noite.

Outro uivo urgente ecoa pela floresta fazendo a fera negra erguer as orelhas em atenção, algo parecia estar errado. Um terceiro uivo é ouvido, mas este fora interrompido na metade, o que fez com que um rosnado escapasse do lobisomem.

Leah abre a boca para pronunciar algo, mas a fera dispara ao encontro do uivo deixando-a para trás. A quileute o persegue por alguns segundos, mas ele logo desaparece de seu campo de visão, pois era realmente veloz. Tudo o que podia fazer agora, era segui-lo através do cheiro...

Muito a frente de Leah, estava o lobisomem negro, diante do corpo desacordado de sua irmã de bando, empurrando seu rosto com o focinho numa falha tentativa de despertá-la.

― Bravo! Apareceu rápido, Lucian – diz a voz feminina em meio às árvores. – E está completamente sozinho, como ela disse...

Jane aparece na visão da fera com sua velocidade vampírica, seguida de Alec, Demitri e Felix. A reação do lobisomem foi imediata, ele se coloca em posição de ataque e avança em direção ao quarteto disposto a fazê-los em pedaços, pois os reconhecia muito bem.

Ele se aproxima com velocidade, mas a vampira permanecia estática, enquanto os outros três se afastavam. Tratava-se de uma armadilha, mas a fera não percebia, não raciocinava, e quando estava perto o suficiente, salta em direção ao corpo miúdo da Volturi, com as garras miradas em sua cabeça.

Uma grossa corrente voa pelo ar com habilidade, laçando a cabeça do lobisomem e puxando-o para trás. Félix ri com o sucesso de seu lançamento e se diverte com o animal caído, sufocado pela corrente... A fera encara o autor do ataque de modo furioso e avança em sua direção, logo sentindo outra corrente enlaçar o seu braço direito, o impedindo de atacar.

Agora era a vez de Alec sorrir com o bom andamento do plano de captura, surpreso que uma estratégia tão banal fosse tão viável contra o cherokee. E como da primeira vez, o lobisomem encara o dono da corrente e avança contra ele, sendo rapidamente detido por Demitri, que captura seu braço esquerdo com uma terceira corrente, e o puxa com força, derrubando-o.

Três correntes, vindas de três lugares distintos. O lobisomem estava preso e indefeso, não tendo mais o domínio completo de seu corpo e não conseguindo correr para lugar nenhum. Ele se debatia com fúria, recusando-se a se render.

― Segurem firme, vou lançar os dardos!

Os vampiros seguram as correntes com força, tentando mantê-las bem esticadas para que a fera não pudesse alcançar nenhum deles. O prisioneiro era forte e, às vezes, conseguia puxá-los, mas a Guarda Volturi era habilidosa e se recompunha com rapidez.

Jane corre para perto de Alec e lança um dardo com suas próprias mãos, fazendo o projétil romper o ar com velocidade e acertar o pescoço do lobisomem de forma certeira. A vampira se aproxima de Demitri e lança outro dardo, acertando as costas largas do monstro...

― Não adianta lutar, você não vai escapar das correntes – provoca Alec.

― E os dardos tranquilizantes logo farão seu trabalho – emenda Félix.

A garota de olhos avermelhados repete a estratégia, várias e várias vezes, e logo os efeitos dos dardos começam a aparecer. A fera negra cambaleia alguns passos, sentindo-se mole e sonolenta, seu corpo já não o obedecia e sua mente estava ficando entorpecida.

― Onze dardos – começa Jane, com sua voz baixa e cortante. – Você é realmente um monstro! Se não fosse pelo mestre Aro, eu o mataria agora mesmo... Ser desprezível.

― Vamos enrolá-lo! – sugere Alec com um toque de maldade na voz.

Demitri e Félix assentem com a cabeça e começam a correr ao redor do lobisomem, fazendo com que as correntes o enrolassem por completo.

― Agora é só assistir ao show! – conclui Jane sem esboçar sorriso.

O lobisomem cambaleia mais alguns passos e logo sente o cheiro de canela pairar no ar. Ele vira o rosto em direção ao aroma e vê a imagem desfocada de Leah, sua querida loba, que finalmente conseguira alcançá-lo.

Leah sente seus olhos umedecerem com a visão da fera acorrentada, não acreditando que tinha corrido tanto para assistir à sua queda diante dos Volturis. Um ganido arrastado escapa dos lábios do lobisomem, pouco antes de seus olhos se fecharem e seu corpo ir ao chão, desacordado.

― Não!!! – grita Leah, correndo em direção a ele, mas sendo bloqueada por Félix, que se colocara à sua frente com sua velocidade vampírica.

― Ele vem conosco – anuncia com fúria.

O quarteto se coloca ao redor do corpo da fera negra, segurando as correntes e o arrastando, deixando a garota desolada para trás. Leah tinha ciência de que não podia detê-los, que não podia tentar nada contra eles, pois certamente colocaria seu filhote em risco.

A única coisa de que sabia, naquele momento, era que naquele último ganido, o seu Lucian chamando pelo seu nome!


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Notas finais do capítulo

E aqui se inicia nosso ULTIMO grande evento da historia, não me matem pelo que fiz com ele, ou nunca conseguirão ver a continuação, rsrs.
.
No próximo capitulo Leah sente que poderá surtar a qualquer momento, seria ela capaz de continuar a viver sem Lucian ao seu lado?
Próximo capitulo: Um Dia Sem Ele



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