Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 27
Bebê a Bordo!




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Lucian abre os olhos e observa a mulher aninhada em seu peito, dormindo tranquilamente. Já era de manhã, mas que horas exatamente seriam? Seus olhos focam o teto por alguns instantes, enquanto seu dedo indicador desenhava pequenas espirais nas costas de Leah, que logo se remexe em seus braços e abre os olhos, respirando fundo para inalar o máximo que podia daquele cheiro tão bom.

― Bom dia, Leah.

A quileute arregala os olhos e sente o coração disparar ao constatar que a noite anterior fora mesmo real. Ela se apoia nos cotovelos, puxando o lençol para cobrir o tronco nu e logo nota o calor emanando da pele de Lucian.

― Você ainda está com febre, acho melhor ir embora e deixá-lo descansar.

― Fique mais um pouquinho, por favor. Quero ficar aqui, agarradinho com você um pouco mais – Sorri zombeteiro.

Leah deita-se novamente, sorrindo e se aconchegando no colo do cherokee.

― Leah, você sabe que eu te amo, não sabe?

― Sim – responde estranhando a pergunta.

― Sabe que pretendo ficar ao seu lado para sempre, não sabe?

― Sim.

― Sabe que, não importa o que aconteça, eu sempre voltarei para você, não sabe?

― Sei, mas por que está me dizendo isso?

― Por nada. – Beija sua testa com carinho. – Era só para confirmar.

A verdade é que Lucian tinha medo do que estava por vir. Ele sabia que Aro não desistiria de pegá-lo, mas a situação era mais fácil de enfrentar quando não tinha onde morar, quando ninguém dependia dele... Agora Leah dependia, dependia de seu amor, de sua existência e ele precisava deixá-la tranquila quanto a qualquer coisa que viesse a acontecer.

O tempo passa rapidamente enquanto o casal conversava. Era incrível como os assuntos triviais fluíam com naturalidade quando estavam juntos, Leah nunca se imaginou falando de marshmallows ou de sapatos com ninguém, nem mesmo com sua mãe... Opa! Sua mãe...

― Essa não, minha mãe! – Levanta-se rapidamente. – Ela definitivamente vai me matar.

― Eu vou com você.

― Não, você fica! Está doente e precisa se cuidar... Volto mais tarde para saber como você está.

A quileute corre para o banheiro, toma um banho rápido e salta em cima do cherokee para um beijo de despedida. Ela não podia sair pela porta, já que o dono da hospedaria estaria na recepção e ele não estava ciente de sua presença ali, então, resolve sair pela janela.

Já passava das dez horas quando Leah chega em casa e vê a janela de seu quarto ainda fechada. Tudo o que teria de fazer era entrar, fechar a janela sem fazer ruído e deitar-se na cama, para fingir que estava dormindo até àquela hora. Ela entra no cômodo e fecha a janela silenciosamente, como o planejado, mas quando se vira, encontra Sue encostada no batente da porta.

― Onde você estava?

― Fui tomar um ar – disfarça.

― Não minta para mim, Leah, ninguém arruma a cama para fingir que tem alguém, se a intenção é somente “tomar um ar”... Responda-me, onde você estava? Ou melhor, onde passou a noite se Jacob te dispensou da ronda?

Seria justo mentir para ela? Seria justo ser grosseira com a mulher que a gerou, que a alimentou e esteve ao seu lado quando ficava doente? Não, na verdade, seria muito injusto... Por mais que já fosse maior de idade e uma loba poderosa, era Sue que continuava a alimentá-la e lhe dava um teto para morar, não seria justo mentir para ela ou confrontá-la...

Leah respira fundo, estufando o peito, e resmunga algumas palavras de forma incompreensível.

― O que você disse? – pergunta Sue confusa.

― Eu disse que eu estava... – resmunga as palavras finais ainda de forma estranha.

― Fale direito, por favor, pare de enrolar a língua, não estou entendendo nada!

― Eu disse que... – Suspira, encabulada por falar de sua intimidade tão abertamente. – Eu estava com Lucian... Eu passei a noite com ele.

― O quê? – grita histérica. – Oh céus, acho que vou enfartar! – Corre até a cama para se sentar. – Por favor, diga-me que não aconteceu nada demais, diga-me que apenas dormiram como bons anjinhos...

― Bem que eu queria. – Olhando para o chão, tentando disfarçar um sorriso. – Mas não foi bem isso que aconteceu.

― Leah, eu não acredito que você... – Pensa. – Ele vai ter que casar! – grita decidida.

Sue marcha em direção à sala, decidida a ir atrás de Lucian e obrigá-lo a um casamento, nem sequer parecendo a mulher que, há poucos minutos, dizia enfartar no quarto da filha. Leah a segue, achando engraçada a mudança repentina de seu semblante e comportamento.

― Mãe, relaxe – pede com carinho –, não é como se eu tivesse engravidado. – Sorri sem graça. – Mas me desculpe se te decepcionei, sei que não era este tipo de atitude que esperava ou que sonhava pra mim.

― Eu fiquei decepcionada sim, não foi isso que lhe ensinei, não esperava que se entregasse a ele, afinal, vocês se conhecem a pouco mais de um mês.

― Eu sei, mas já parece uma vida inteira.

― Já vi muitas meninas se entregarem aos seus namorados, achando que seria para sempre e fazendo juras de amor, para no fim, descobrirem que o “para sempre” terminou e que o rapaz não era o homem de sua vida... Só tolerarei o que fez por dois motivos: primeiro, porque sei que vocês não são humanos comuns, que o imprinting os une de forma poderosa e que ele nunca vai largá-la por causa disso; e segundo, porque o “bem-bom” já feito mesmo, não dá para voltar atrás...

― Obrigada – sussurra.

― Mas nada é mais estranho para mim, do que o seu pedido de desculpas cheio de sabedoria, por um instante pensei que alguém havia se apossado de seu corpo.

― Está me gozando, Sra. Clearwater? Está me chamando de burra?

― Ow, não exatamente – brinca –, só acho que você não utiliza seu cérebro com muita frequência.

― Você está definitivamente querendo apanhar. – Ri.

― Essa sim é a Leah que eu conheço! – Passa pela filha, indo em direção à cozinha. – Mas ele vai se casar com você custe o que custar ou não me chamarei Sue Clearwater! – Levanta o dedo indicador, dando mais ênfase às suas palavras.

A loba revira os olhos, estava impressionada com a capacidade que sua mãe tinha de mudar de assunto e humor tão depressa. Ela reconhecia que havia sido um pouco imprudente e que se não fosse pelo imprinting, poderia ser mais uma das meninas mencionadas por sua mãe, mas por outro lado, não se arrependia de nada...

― Mãe – chama uma última vez, fazendo-a se virar –, não conte para o Seth, não quero que ele banque o macho imperador para cima do meu namorado.

― Está bem, não contarei. – Sorri. – Você tem sorte por ele preferir ficar na companhia de Hana e mal parar em casa, será fácil deixá-lo fora disso.

― Obrigada de novo.

Naquela mesma tarde, Leah retornou à hospedaria para cuidar de Lucian, com Sue logo atrás. A saúde do cherokee não demorou a se restabelecer, já que elas não o deixaram chegar a um estado crítico. E para não deixar passar batido, Sue não parou de falar do casamento do casal, alegando que o cherokee teria que se casar com Leah ou ela mesma se transformaria numa fera e arrancaria as presas dele.

Leah não sabia onde se esconder, desejando seriamente ser uma avestruz em vez de uma loba, para afundar a cabeça num buraco, tamanha era sua vergonha. Lucian não resistiu a uma risada, mas também não repudiou a ideia de assumir compromisso com ela diante da sociedade. Com certeza ele providenciaria aquele pedido, só precisava se preparar para fazê-lo!

Dois dias se passaram e Sue estava de olhos bem abertos em Leah, numa vigilância constante para que sua filha não cedesse aos encantos de Lucian novamente e ganhasse fama de imoral nas línguas afiadas da reserva.

Eram sete horas da manhã quando a loba sente algo estranho em sua barriga e desperta de seu sono pesado. Ela retira as cobertas e se levanta rapidamente, abrindo as janelas e se irritando por ter acordado tão cedo.

― Acho que o jantar não me fez bem – resmunga ainda sonolenta.

Leah fuçava despreocupadamente em algumas gavetas, procurando algo bonito para vestir, quando uma forte dor atinge seu baixo ventre fazendo-a arcar e levar as mãos ao local. A dor desaparece com a mesma velocidade com que surgira, despreocupando-a novamente, mas quando a quileute continua a remexer suas roupas, uma fisgada ainda mais forte a atinge no mesmo lugar... O que estaria acontecendo?

― Ai – geme –, como dói. Por que isso agora? Será cólica?

Outra pontada se segue, ainda mais forte que das outras vezes, fazendo a loba cair de joelhos, gemendo alto e encostando a cabeça no chão, como se pudesse diminuir a dor com daquela forma.

― Leah, o que aconteceu? – pergunta Sue, entrando de repente no quarto.

― Não é nada... Apenas uma dor de barriga – responde, levantando a cabeça do chão para encará-la.

― O que é isso em sua perna? – pergunta assustada.

A loba olha para baixo e vê linhas de sangue descendo pelo interior de suas coxas, por baixo de sua bermuda. O que era aquilo? Como era possível? Ela estava na menopausa lupina, não poderia ser seu ciclo menstrual...

― Mãe – chama assustada –, o que está acontecendo comigo?

― Eu não sei, minha filha. – Ajoelha-se em frente à loba, abraçando-a. – Mas iremos descobrir... Tome um banho e vamos ao médico.

― Não posso ir ao médico, a primeira coisa que dirão é que estou com febre alta, vão querer me internar.

― Você tem razão... Teremos que ir atrás de Carlisle, ele é o único médico que sabe de seu segredo, com certeza saberá o que está acontecendo com você.

― Sim, talvez ele saiba... Vou tomar um banho.

Leah corre para o banheiro, queria se lavar antes que Seth tomasse ciência do que estava acontecendo e passasse a informação para todo o bando. Um irmão fofoqueiro era tudo o que menos precisava naquele momento.

Ela liga o chuveiro e deixa a água fria cair em sua nuca e escorrer pelo seu corpo. Outra fisgada lhe acerta o baixo-ventre, fazendo-a morder os lábios, tentando não pronunciar som algum que pudesse trazer mais preocupações à sua mãe.

Algumas lágrimas lhe escapam dos olhos, era horrível saber que havia algo errado e não ter a mínima ideia do que era. Uma frase ecoa por sua mente de repente, fazendo-a arregalar os olhos, já tinha ouvido aquela frase antes, mas será que era aquilo? Justamente aquilo?

― Os filhos da Lua não precisam de condições humanas para nascer – repete a frase num sussurro.

Na sala, Sue aguardava ansiosa pela filha, não conseguindo ficar parada, nem tampouco deixar de cogitar inúmeros motivos para àqueles estranhos sintomas. Leah surge no cômodo, séria e com olhos avermelhados, fazendo a mãe finalmente parar de caminhar.

― Acho que estou grávida! - lança de repente.

― Como? – surpreende-se.

― Eu acho que estou grávida. – Respira fundo, tentando manter o autocontrole.

― Mas você... E os genes lupinos? Como?

― Os filhos da Lua não precisam de condições humanas para nascer... Eu estou grávida, mãe, eu estou grávida! – repete já perdendo o controle de suas lágrimas.

Sue corre e a abraça, não sabendo ao certo se aquela era uma notícia boa ou ruim. Leah, por sua vez, se desmanchava em lágrimas. Alguns poderiam dizer que eram de tristeza ou de medo, mas tudo o que preenchia o seu coração naquele momento era a felicidade... Felicidade de ter seu sonho realizado, felicidade de não ser realmente defeituosa, felicidade de ser uma mulher normal e poder gerar um filho.

― Vamos manter isso em silêncio por um tempo, tudo bem? Vamos agora mesmo procurar Carlisle no hospital e fazer um exame para confirmar essa hipótese, somente depois disso contaremos a Lucian... E se perguntarem, diga que eu passei mal e você me levou ao hospital.

Leah assente com a cabeça, sorrindo pelo relacionamento com sua mãe ter voltado a ser como antes e por poder contar com ela nessas pequenas conspirações, como numa família normal. Ela enxuga as lágrimas e sai, na companhia de Sue, em direção ao hospital.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
No próximo capitulo daremos inicio ao nosso ÚLTIMO evento. Se vocês acharam o caso Kiary e o caso Sam grandes, é porque não sabem o que está por vir!