Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 19
O Passado de Lucian




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Como assim “matou o melhor amigo”? Lucian matou uma pessoa? O seu Lucian? Leah estava chocada e boquiaberta, custava a acreditar que ele tivesse matado uma pessoa, afinal, tinha uma grande diferença entre matar vampiros – que são inimigos naturais e monstros sugadores de sangue – e matar um amigo, alguém de sua própria espécie...

― O que está dizendo? Isso é sério? – pergunta a loba.

― Eu nasci numa terra de imenso calor, totalmente o oposto de La Push. Foi lá que aprendi os costumes e lendas da minha tribo. – Sorri, lembrando-se de sua terra natal. – Vivia com meus pais e minha irmã, além de manter contato com outras famílias que moravam na região... Eu estava interessado numa garota de uma família vizinha, mas não sabia como me aproximar dela, então, confidenciava meus sentimentos ao meu melhor amigo, Piatã, que a conhecia e poderia me ajudar.

Lucian sorri com as doces lembranças de sua terra e Leah não pode deixar de sentir ciúme, principalmente ao vê-lo se lembrar de outra garota. O que ela não sabia, era que ele sorria por se lembrar de seu antigo amigo e não de sua primeira paixonite, cujo nome nem se lembrava mais.

― Um dia, Piatã manifestou seus genes lupinos e assim que colocou seus olhos sobre ela, teve um imprinting. Ele tentou me explicar – dizia ele com voz chorosa –, mas eu não acreditei, não aceitei, pelo contrário, eu o odiei muito por isso! – Uma lágrima escapa de seus olhos. – Não fizemos mais nada além de brigar e discutir depois disso, e depois de um mês, foi a minha vez de me transformar. – Chora, não conseguindo mais conter as lembranças dolorosas. – Meu ódio foi letal durante minha transformação. Eu o cacei! O cacei como um coelho, como uma mera presa. Ambos éramos lobisomens inexperientes, mas o meu sangue de alfa me permitia ser mais forte que ele – Cai de joelhos soluçando e chorando. – Eu o matei, Leah... Eu matei meu melhor amigo! Eu sou um monstro, um assassino...

Leah o olhava angustiada e ofegante, não conseguindo mais ver tanta dor em seu olhar. Nunca imaginara que por trás daquele rapaz alegre e simpático, se escondia um passado tão doloroso e trágico... Leah estava se sentindo sufocada pela tristeza do cherokee e se ajoelha diante dele, o abraçando e o confortando.

Muitas pessoas o julgariam por suas atitudes, provavelmente o condenariam por colocar sua raiva na fera, consequentemente a colocando contra Piatã, mas a loba não pensava assim. Apesar de suas dores serem diferentes, ela sabia como era horrível carregar feridas e não ter ninguém para ajudar, para o acalmar.

Lucian chora descontroladamente nos braços de Leah, sentindo o carinho da loba em sua cabeça, que o acariciava gentilmente. E quando se sentiu capaz de falar, continuou:

― Quando o Sol raiou e eu voltei ao normal, olhei ao redor para saber onde estava e vi o corpo mutilado de meu amigo, corri até ele desesperado e quando o toquei, percebi que minhas mãos estavam cobertas de sangue. Era o sangue de Piatã que foi derramado através das garras da minha fera, derramado por minha causa... Fiz um túmulo de pedras ao seu redor, pois ele sempre dizia que queria ser enterrado assim, em contato com a nossa terra. – Suspira. – Mal consegui chorar sua morte, pois naquela mesma noite fomos atacados por seres que temiam nossa força...

― Os Volturis – afirma Leah ainda o abraçando.

― Como sabe? – pergunta, desfazendo o abraço e a encarando.

― Você fala demais quando está doente. – Sorri torto. – O que aconteceu depois disso?

― Eles eram muito fortes. Meus pais lutaram, mas não eram páreos para seus poderes especiais, principalmente para a garota loira que parecia sentir prazer em nos machucar. Eles tentaram pedir ajuda para as famílias vizinhas, mas elas já haviam sido exterminadas... Eu ainda era inexperiente e tudo o que consegui fazer foi fugir com Hana, que ainda não havia manifestado os genes lupinos. Enquanto corríamos, pude ouvir os uivos de meu pai, sendo torturado pelos poderes da menina Volturi...

― Isso é horrível – comenta Leah num sussurro.

― Para sobreviver e proteger minha irmã, tive de assumir meu papel como assassino. Matei muitos vampiros e até mesmo humanos, que nos viam na forma lupina e tentavam nos caçar... Aqueles malditos Volturis nos caçaram como ratos, transformaram nossas vidas em um inferno! Durante nossa fuga Hana se transformou e décadas depois Kiary se juntou a nós. Fugimos por anos e, quando cansamos, acabamos nos refugiando aqui na reserva. E foi aqui que eu encontrei um motivo para viver de verdade, foi aqui que eu encontrei você. - Encara a loba com receio. – Este sou eu, Leah, o meu "eu" que desejaria que não existisse, um assassino...

― Você não é um assassino – rebate a loba com convicção, segurando o rosto do lobo com as duas mãos –, a morte de Piatã foi um acidente, você era um recém-transformado e não sabia como lidar com a fera. Os outros foram apenas por instinto de sobrevivência, era eles ou você, não era? – Lucian medita nas palavras da loba e assenti com a cabeça. – Você não os atacou por puro prazer, portanto, nunca mais repita isso!

O cherokee tinha que concordar com veracidade de suas palavras. Os caçadores foram aniquilados por questões de sobrevivência e Piatã, foi apenas o alvo de sua inexperiência e talvez, somente talvez, não fosse culpa dele afinal... Lucian sente o coração ficar mais leve, o fardo que carregava pela morte do amigo parecia se esvair com as palavras de Leah, percebendo que, apesar de ser ele a se responsabilizar por curar as mágoas dela, era ela quem estava fazendo isso primeiro, ao cicatrizar suas feridas.

― Ei, sorria! – pede ela.

― O quê?

― Sorria – cantarola Leah, esticando os lábios dele com os dedos, tentando desenhar um sorriso –, as pessoas que gostam de você não vão querer vê-lo triste.

― E quem seriam as pessoas que gostam de mim? – pergunta ele, em meio à careta que Leah fazia em seu rosto.

― Vejamos! – pensa, se afastando e preparando as mãos para uma contagem – Hana, Seth, Sue, os pescadores, que são muitos então vamos generalizá-los num único dedo e Jake, que mudou de ideia a seu respeito.

― A mão esquerda ficou cheia e eu não ouvi o nome que queria. – Força um sorriso. – Talvez esteja na mão direita...

Leah sabia a quem ele se referia e precisava responder. Esta era a hora em que precisava demonstrar coragem para dizer o que sentia, para se declarar. Por mais difícil que lhe parecesse falar sobre seus sentimentos, a loba sabia que se fosse covarde agora, corria o risco de perdê-lo para sempre.

Ela podia sentir o coração bater forte, as mãos ficarem trêmulas e as bochechas queimarem. Sua mente estava ficando entorpecida, como se pretendesse apagar a qualquer momento, mas ela não podia permitir isso, tinha que continuar. Nada podia dar errado...

― A pessoa da mão direita... – Respira fundo. – Sou eu, Leah Clearwater – confessa finalmente, sendo levada pelo nervosismo e erguendo o braço direito.

― Precisava erguer o braço tanto assim? – pergunta Lucian deixando-a sem graça, a quileute abaixa o braço devagar, mas é detida pela mão do cherokee, que segura seu pulso. – Eu não me lembro de ter pedido para abaixá-lo!

Os olhos de Lucian eram intensos sobre ela e a hipnotizavam. Ainda com o braço erguido, o cherokee desliza seus dedos do pulso para a mão feminina, onde a segura com força. Leah desvia o olhar de seu rosto, encarando suas mãos unidas, não conseguindo deixar de sorrir com aquilo... As mãos se abaixam devagar, mas ainda atreladas. Lucian leva o braço para trás de seu corpo, levando também a mão da quileute e a obrigando a se aproximar.

― Eu te amo Leah!

― Eu te amo Lucian ♥ – confessa ela, perdida no profundo de seus olhos, fazendo-o finalmente sorrir.

O cherokee envolve sua cintura com a mão livre, enquanto ela instintivamente envolvia seu pescoço. A campina parecia se tornar um cenário mágico, surreal, tornando aquele momento único. Olhos se fitando, corações acelerados, borboletas no estômago, respiração descompassada, a loba mordendo o lábio inferior de forma convidativa, uma aproximação, olhos se fechando, mais um pouco de aproximação e um rosnado...

Espere! Um rosnado?

― Que droga – resmunga Lucian –, outro intrometido para estragar tudo.

― Não podemos apenas fingir que não ouvimos? – clama Leah ansiosa, ouvindo outro rosnado.

― Acho que isso é um não! – Olha para o lado, sem mover um músculo para se afastar de Leah. – Precisa de algo, Sam? – pergunta ao imenso lobo negro que os fitava, fazendo questão de invadir a mente dele e sondar cada um de seus pensamentos...


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Notas finais do capítulo

Aqui esta mais um capituloo. Este foi um pouco dificil de escrever, espero que esteja bom!
Não deixem de conferir o trailer 2 da fanfic. O endereço já esta disponivel na página principal da história!!
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Próximo capítulo: Confronto Entre Alfas