Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 17
Uma Demonstração de Afeto




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― Jacob – chama Carlisle –, Leah precisa limpar as feridas! As partes mais profundas vão demorar a cicatrizar e não é bom correr o risco de uma infecção.

Jake assente com a cabeça e chama a loba, que logo salta o riacho e se deita no chão, um pouco afastada do grupo e sentindo o ferimento latejar. Carlisle corre em direção à sua casa, não muito distante dali, para pegar o material necessário, com Esme, Quil e Embry na retaguarda. O lobo avermelhado tenta se aproximar de sua subordinada, mas se detêm ao ouvir o rosnado do lobisomem negro, que estava de volta e a vigiando.

― Como Carlisle poderá cuidar dela, se ele não deixa? – resmunga Rose.

A fera negra salta o riacho, se aproximando de Leah, com a fêmea cor de areia em seu encalço. Ele rosna para que Jacob se afastasse e, quando sente que sua fêmea estava realmente segura, se aproxima dela de orelhas baixas.

Leah estava receosa por tê-lo ali, tão perto, estando naquela forma irracional. Ela sabia que aquele não era Lucian de verdade, era somente a fera e o temia por isso. O lobisomem se aproxima de seu rosto e toca seu olho esquerdo com a palma da mão, fazendo-a se encolher por causa do ferimento. Ele se ajoelha ainda de orelhas baixas e segurando, seu focinho com carinho, lambe o ferimento de seu olho esquerdo.

Eca! Que coisa nojenta— resmunga Sam mal humorado.

― Olhem, está cicatrizando! – Jasper chama a atenção de todos para o fato.

O ferimento no olho começa a se fechar e logo desaparece, mas o lobisomem não faz menção de parar, continuando a lambida em direção à orelha, fazendo-os cicatrizar de forma ainda mais acelerada do que o corpo dela poderia fazer.

― Que coisa mais linda – comenta Bella com os olhos cheios de carinho –, ele reconhece que ela está ferida e está tentando ajudá-la.

― Ah, que fofo! – cantarolam Nessie e Alice ao mesmo tempo, fazendo Emett e Rose revirarem os olhos.

― Parece que cheguei um pouco tarde – diz o doutor com tom zombeteiro –, acho que Leah encontrou um médico particular! – Ri.

Faça-o parar de rir, Jake— retruca Leah –, não estou vendo graça nisso!

Ei, Leah, a lambida de um cão não é a mesma coisa que um beijo?— zomba Seth, fazendo Edward rir também.

Feche essa boca, Seth— resmunga. – Isso é tão embaraçoso.— Fecha os olhos, envergonhada.

Todo o ferimento do rosto da loba é curado pela saliva do lobisomem, mas, ainda assim, ele não a deixava ir, não queria tirar os olhos dela com receio de alguém feri-la novamente. Ele se levanta e encosta o corpo nas costelas de Leah, apoiando os braços e a cabeça nas costas da loba, pretendendo ficar ali, de sentinela, tendo outro lobisomem como apoio.

Parabéns, Leah, bom trabalho, assim não teremos problemas com eles o resto da noite!— caçoa Jacob, fazendo a loba revirar os olhos.

Os primeiros raios de Sol despontam no horizonte, fazendo a loba cor de areia se levantar e uivar para o céu nublado. Logo, seus pelos começam a se desfazer, transformando-se em pó, deixando a garota cherokee surgir novamente...

Hana estava de pernas bambas e logo cai de joelhos, amparando o tronco com as mãos e sentindo-se mais cansada que o normal. Seth, com a permissão de Jake, retorna a sua forma humana e aproxima-se de seu imprinting cautelosamente, tomando-a nos braços e levando-a para casa, onde seria cuidada com carinho por Sue.

Como na noite anterior, um ganido escapa da garganta do lobisomem, fazendo-o levar as mãos à cabeça e recuar alguns passos. Ele uiva intensamente, deixando que os pelos se desfizessem em forma de poeira, terminando tudo com o grito de Lucian, que também vai ao chão devido ao cansaço da luta.

― Que fedor de vampiros – Foi a primeira coisa que saltou de seus lábios exaustos, junto a uma careta.

― Acho que é uma indireta para irmos embora – brinca Edward, sabendo que o cherokee estava cansado demais para atacá-los.

Os Cullens finalmente se veem livres para retornar para casa, assim como Sam e sua parte do bando. Jacob se aproxima de Lucian, que parecia ainda não ter tomado ciência de onde estava e do que fizera para estar tão fatigado. A mente do cherokee estava cansada e raciocinando lentamente sobre tudo o que lhe acontecera.

― O que eu aprontei dessa vez? – pergunta à Jake.

O rapaz se senta de maneira mais confortável, cruzando as pernas e apoiando os cotovelos nos joelhos, enquanto o lobo avermelhado lhe passava as imagens da briga com Kiary. Ele afunda o rosto nas mãos, estaria chateado pela partida da garota?

― Fiz o que tinha de ser feito, não me arrependo de nada – afirma finalmente. – Como minha cabeça dói. – Suspira. – O que aconteceu depois disso? – Encara Jacob.

Leah conversa algo com Jake, mas o cherokee se retira da mente do lobo assim que ouve a sua voz, antes que pudesse processar e compreender o conteúdo de sua mensagem, afinal, havia prometido não mais ouvir os pensamentos dela.

Leah disse que vai te contar o resto— Ri, partindo em seguida para a reserva.

A loba passa pelo cherokee devagar, o analisando, mas ele não a olhava nos olhos. Ela retorna a forma humana atrás de algumas árvores, se veste e se aproxima de Lucian novamente, sentando-se a sua frente para obrigá-lo a encará-la, aquele joguinho de evitá-la já estava a irritando.

Seus olhares se cruzam. O cherokee parecia um tanto sem graça, com certeza se lembrava e ainda estava magoado pelo dia anterior. A loba precisava se retratar, pois sentia falta daquele sorriso em seus lábios, o sorriso que afastava os maus sentimentos de perto dela...

― Oi – começa ele –, seu rosto está curado. – Aquilo não era uma pergunta e sim uma afirmação, carregada de curiosidade sobre “como” aconteceu.

― Sim. Você me lambeu – desabafa sem rodeios.

― Eu o quê? – pergunta incrédulo.

― Você ouviu, não me obrigue a ficar repetindo toda hora – rebate constrangida. – Você não deixou ninguém se aproximar de mim e lambeu o ferimento do meu rosto, pronto, foi isso...

― Ah, droga...

Leah encara o rapaz que escondia novamente o rosto nas mãos, era possível perceber o quanto ele estava vermelho e envergonhado.

― Me desculpe por isso, acho que te constrangi de novo.

― Me constrangeu sim, foi bem embaraçoso e estou com baba de lobisomem na cara. – Pensa, fazendo um leve semblante de confusão. – Espere, por que “de novo”?

― Hoje e ontem, não se lembra?

A quileute se encolhe. Lucian estava magoado por pensar que estava forçando a barra? Por achar que ela se sentia coagida? Nossa, as coisas estavam realmente distorcidas, mas como ela poderia esclarecê-las? Não conseguira dizer a verdade nem mesmo para Kiary, quanto mais para o objeto de seu prestígio.

― Eu não fiquei constrangida ontem... Foi apenas um reflexo, do susto que levei com o grito.

Lucian arregala os olhos levemente, compreendendo o que acontecera mesmo com tão poucas palavras. Ele impulsiona o corpo para frente, jogando-se sobre ela e a derrubando para trás, abraçando-a. Leah sente o cheiro amadeirado invadir seus pulmões e logo corresponde ao abraço, envolvendo o tronco despido de Lucian e sentindo os deliciosos choquinhos que o contato entre eles lhe proporcionava.

― Isso quer dizer que você queria aquilo? – sussurra em seu ouvido fazendo os cabelos de sua nuca arrepiar. – Me diga, Leah, o que você sente com relação a mim?

― Eu não quero falar sobre isso – hesita ela, mordendo o lábio inferior.

O cherokee levanta a cabeça, observando-a, percebendo sua inquietação com o assunto e não querendo forçar a situação, afinal, sabia que ela escondia uma forte história de decepção.

O fato é que Leah ainda não estava preparada para falar de seus sentimentos. Talvez pudesse falar sobre raiva ou vingança, mas não sobre amor, alegria, sofrimento ou tristeza... Ela não sentia-se a vontade para relatar os sentimentos que tanto sufocou por causa de sua história com Sam, não queria trazê-los a tona e correr o risco de sucumbir ao choro diante do cherokee.

― Tudo bem, não precisa me dizer agora, eu espero. – Sorri. – Mas você me chateou, devia compensar isso com um segundo encontro!

― Pode ser – responde, fingindo indiferença –, acho que te devo essa. Mas me diga uma coisa, o que tem em sua saliva para minhas feridas se curarem tão rápido?

― Quer mesmo falar disso? – Rola para o lado da loba, rindo. – A saliva de um lobisomem tem alto poder de cura, nosso corpo se regenera automaticamente dos ferimentos, mas de forma lenta. Com a saliva eles cicatrizam com mais rapidez e ficamos inteiros novamente...

Lucian encara o céu nublado e logo sente o sono dominá-lo, conversar com Leah era muito prazeroso, mas não era o suficiente para espantar o cansaço de uma noite inteira de transformação e luta.

― Vamos embora, estou com sono.

― Acha que consegue chegar até a sua cama?

― Provavelmente não, ainda mais depois de ter lutado durante a noite. Acho que dormirei no meio do caminho de novo, mas não custa nada tentar chegar até lá. – Ri.

― Ei – chama ela, antes de se levantarem –, obrigada por me curar – agradece timidamente. – Fiquei com medo de ficar com... Você sabe... Com cicatrizes – conclui receosa, não deixando de se lembrar de Emily.

― De nada.

― Sua baba é realmente poderosa – caçoa ela, fazendo-o rir.

Eles se levantam com dificuldade. Leah o ajuda a atravessar o rio, visto que estava cansado demais para saltar, e, ultrapassado o primeiro obstáculo, os lupinos caminham por alguns metros até Lucian render-se à fadiga e recostar-se contra uma árvore.

Leah ri com a resistência nível zero do cherokee e senta-se ao seu lado, como da primeira vez.

― Quando iremos sair? – pergunta ele sonolento, deitando-se no ombro da garota.

― Depois de amanhã, só para termos certeza que não haverá Lua cheia.

― Isso parece bom pra mim – comenta num fio de voz, pegando no sono logo em seguida.

Feliz por tê-lo tão próximo novamente, Leah apoia a cabeça na de Lucian e desliza o braço para perto da mão masculina, que estava apoiada na coxa, enlaçando o dedinho dele com o dela, como se aquilo pudesse garantir que ele não se afastasse nunca mais.


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Notas finais do capítulo

O capitulo está bem ligth, é apenas uma ponte para começarmos a falar do segundo encontro do casal, sem deixarmos o evento anterior sem um final :)
.
Assunto Kiary já foi resolvido. Agora partiremos para o obstáculo nº 2: Sam Uley! Aguardem...